Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 3
Ladrão!




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– Estranho... ele me parece... hmmmm... choco...

Dean ficou sem reação. Não sabia o que fazer ou o que dizer. Não queria que o seu segredo fosse descoberto.

Sam olhou interrogativo para Castiel. Ele não entendeu...

– Choco!? – o Winchester mais novo perguntou atônito.

O anjo ficou pensativo, tentando explicar em palavras o que sentira ao tocar o caçador. Por fim exclamou:

– Dean tem a mesma vibração astral de uma pata choca...

Sam não pôde deixar de rir. A frase de Castiel era engraçada... E ele não pôde de fato compreender o que ela significava. Dean, por sua vez, ficou nervoso. Precisava sumir com anjo dali o mais depressa possível.

– Cas, deixa eu explicar pro meu irmão... Por favor, nos deixe a sós.

Castiel entendeu que Dean queria privacidade. Não gostava de ser dispensado assim tão depressa, mas assentiu. Além do mais, tinha coisas a fazer no céu. Antes de partir, entretanto, ele olhou para a futura mamãe e avisou aos sussurros: "- Daqui a uma semana, Dean..."

Assim que o amigo alado desapareceu, Sam olhou para Dean a procura de explicações. Com o olhar pesado e triste, o louro explicou.

– Sammy, eu não queria te alarmar, mas o Cas está completamente maluco... Há dias que não fala coisa com coisa..

Sam ergueu as sobrancelhas.

Então era isso... Castiel tinha endoidado de vez...

– Por isso não quis chamar ele antes? – perguntou o caçula.

– É... Assim que eu comecei a me sentir mal, o chamei. – mentiu Dean – mas como você pôde ver ele não está podendo ajudar...

Sam coçou a cabeça e andou nervosamente de um lado a outro do quarto. Dean doente e Castiel maluco... As coisas estavam complicadas...

Dean acompanhou com os olhos a movimentação do irmão pelo quarto, até que Sam subitamente parou.

– Dean, eu vou te levar ao hospital – o rapaz disse então resoluto.

O louro estremeceu. Implorou para que o irmão o deixasse em paz.

– Não, Sammy... Por favor, eu não quero! Eu já estou bem melhor, juro!

Sam olhou para o irmão. Talvez ele estivesse falando a verdade... Dean não estava com má aparência, estava até corado... Talvez fosse a febre...

– Então levanta e arruma as suas coisas, vamos voltar para casa – disse Sam.

A casa a qual Sam se referia era o esconderijo dos homens das letras, que há pouco tempo virara o lar definitivo dos irmãos Winchester. Dean estremeceu. Como poderia manter seu segredo? Castiel dissera "uma semana...". Ele não poderia ficar uma semana inteira de cama... Sam não permitiria. Precisava pensar em alguma solução depressa.

– Estou muito fraco... – Dean disse então ao irmão com a voz queixosa.

Sam fitou-o sem entender o que o louro queria.

– Vamos ao hospital então. – A voz de Sam saiu fraca e impaciente.

– Não... Como você pode alimentar um pobre moribundo apenas com uma sopa rala? Me arranja uma torta bem gostosa que eu como e levanto dessa cama, prometo.

Sam rolou os olhos... Aquilo com certeza soava muito mais como um capricho que como uma necessidade.

– Por que não podemos parar pelo caminho e comprar a sua maldita torta, Dean? Pelo amor de Deus, eu quero ir para casa... Eu não tenho nem mais roupas para trocar. Estão todas sujas e fedidas... Como você quer que eu saia por aí desse jeito?

Sam apontou para um punhado de roupas imundas jogadas no chão e fez cara de cachorro na chuva. A verdade é que haviam planejado passar no máximo duas noites fora de casa, mas sua viagem estava se estendendo. Sam estava vestindo apenas short e camiseta. Estava muito a vontade para sair as ruas...

– Sammy, sem colocar uma torta no estômago não consigo dar nem um passo para fora da cama...

Sam olhou para o irmão infeliz e incrédulo, e Dean completou.

– Mas eu tenho um uniforme de policial limpinho... – ofereceu.

Sam acabou cedendo. Compraria a torta e finalmente Dean deixaria de frescura e sairia da cama. Olhou para o uniforme que vestia. Estava vergonhosamente curto... A calça "pescando siri". O Winchester mais novo deu de ombros. Tudo o que precisava fazer era correr até a lanchonete mais próxima e comprar um maldito pedaço de torta.

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Assim que viu através da janela seu irmão sumir no horizonte, Dean aconchegou o ovo entre as cobertas e correu para fora do quarto. Correu do jeito que estava: cueca boxer e camiseta branca. Precisava arranjar um disfarce para o filho... Ainda não sabia o que, mas nas ruas haveria de encontrar alguma coisa que servisse.

Dean foi ligeiro. Há poucos passos do motel avistou duas garotas caminhando de mãos dadas com uma senhora, que deveria ser a avó. A garota mais velha já era adolescente, usava minissaia e mascava chicletes. A menor aparentava não mais que quatro anos, era loura e faceira, e segurava de maneira displicente um lindo ursinho de pelúcia.

Quando o caçador colocou os olhos no urso, teve certeza de ter encontrado a solução dos seus problemas. Sem hesitar, Dean agarrou o urso das mãos da pequena e saiu correndo dali.

– Ladrão! – bradou a velha.

A velhota saiu correndo atrás do rapaz, sendo seguida pela menina maior. A menorzinha apenas chorava. Além de ter perdido o seu urso estava sendo deixada para trás. Meu Deus, e como a vovó corria... Dean levou umas belas bolsadas no cocuruto antes de conseguir escapar. Ofegante, e com o coração nas mãos, ele voltou para o motel, torcendo para Sam não estar lá... Temia pela saúde de seu pequeno ovo.

Dean abriu a porta do quarto de supetão. Estava tudo calmo, graças a Deus. Nada de Sam ou de nenhum outro devorador de omeletes e ovos mexidos...

O caçador sentou-se na cama e examinou o ursinho. Era perfeito! Ele tirou a roupinha e descosturou as costas do brinquedo, encontrando o enchimento de espuma. Macio e quente!

– Pronto, filhinho. Aqui você estará seguro – ele disse pegando o ovo cuidadosamente e instalando-o na barriga do urso. Depois recolocou a roupa, e o ursinho voltou a ter a mesma aparência de antes.

Dean finalmente sossegou. Olhou seu ovo disfarçado em urso, enrolou-o com um cobertor e aninhou-o no colo. Agora poderia ir para casa montar o quartinho do bebê e não precisava mais ficar preso àquela cama. Sorriu aliviado.

O tempo foi passando. Dean fitou a cama onde mantivera seu filho por tanto tempo. Sam estava demorando tanto... O caçador recostou na cama com o filho nos braços e esperou pelo irmão.

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– Eu quero apenas um pedaço de torta de maçã! – insistiu Sam impaciente após perguntarem pela milésima vez se ele não ia levar nenhuma rosquinha. Jurou nunca mais sair por aí fantasiado de policial.

Mal humorado o caçador se dirigiu apressado para o hotel segurando a torta na mão. Mal podia esperar para se ver livre daquela cidade e voltar para o seu esconderijo. Quando Dean se sentisse melhor precisavam pensar em alguma coisa para ajudar Castiel. A ideia de um anjo esquizofrênico voando por aí não deixava de ser assustadora.

Estava envolto em seus pensamentos quando uma velhota o segurou por trás, aos gritos.

– Seu guarda! – disse ela – um ladrão! – A velha estava ofegante.

Sam estremeceu e se virou para encará-la. Já ia explicar que não era guarda quando se lembrou do uniforme que vestia. Suspirou... Talvez pudesse ajudar.

– O que houve, senhora? – ele perguntou educadamente.

Antes que ela pudesse responder, uma garota de pouco mais de 13 anos apareceu esbaforida.

– Meu Deus! – exclamou. A adolescente pegou seu celular cor de rosa e ligou para alguém, possivelmente uma amiga.

– Kate, nem te conto... O policial que está nos ajudando é tão gato quanto o ladrão... – Fez uma bola com o chiclete.

A avó empurrou a neta de leve, mau humorada. Pôs-se a falar:

– Um rapaz passou por aqui e roubou a gente. Correu naquela direção – apontou a velha. – Eu bem tentei correr atrás dele, mas o desgraçado conseguiu escapar...

– E como ele era? – perguntou Sam. Provavelmente não poderia ajudá-las, mas tinha que fingir fazer seu trabalho.

– Era branco e estava só de camiseta e cueca, o desavergonhado... – disse a avó.

A adolescente rolou os olhos.

– Depois te ligo de novo, Kate! – ela disse, logo antes de guardar o aparelhinho cor de rosa. Depois virou-se para Sam e sua avó.

– Hellooo, vó! Deixa que eu descrevo o bandido. Você não presta atenção em nada mesmo...

Sam viu a garota se chegar mais perto de forma insinuante.

– Ele era alto, mas não tanto quanto você... – Ela disse sorrindo e se apoiando nos ombros do "guarda". - Tinha o corpo atlético e um rosto perfeito. Cabelo assim cortadinho, arrepiadinho, meio louro. Estava só de cuequinha e camiseta branca... Mó gato... Ahhh... – suspirou.

Sam tentou se desvencilhar das mãos da garota.

– E o que ele levou? – suspirou ele.

– Ele levou meu coração. Você pode me dar o seu? – Sam ficou sem graça e a garota soltou umas rizadinhas bastante irritantes. A velha lhe tascou uma bolsada na cara.

– Respeite o policial! – ela disse.

Em pouco tempo a adolescente já estava de novo ao telefone contando de sua façanha à tal da Kate.

– Ele levou o ursinho de pelúcia da minha neta... – disse então a velha mal humorada.

Sam estranhou. Aquela garota já estava muito grande para gostar de brinquedos...

–O ursinho de pelúcia dela? – o rapaz perguntou confuso apontando para a adolescente.

– Não... – explicou a avó – o ursinho é da pequena.

Mas onde estava ela? Sam não tinha visto nenhuma criança... Depois de alguns segundos de pânico, dois escoteiros apareceram com a menina. Ela chorava, com o nariz escorrendo.

– Melody, nunca mais se afaste de sua avó! – ralhou a velha.

Sam interrompeu indignado.

– Então tudo o que roubaram foi o urso de pelúcia dessa criança? – perguntou. Com certeza ele tinha assuntos mais sérios para tratar...

Ninguém pareceu ouvi-lo. O escoteiro que carregava a garotinha nos braços intercedeu a seu favor.

– Vocês saíram correndo de perto dela... Ela não pôde acompanhar... Encontrei-a chorando! – disse o rapazinho.

O outro escoteiro olhou para Sam e riu:

– Sua calça está "pescando siri", seu guarda... – disse o garoto.

Sam ficou envergonhado com o comentário. Já estava doido para se livrar daquela confusão... Então percebeu que ninguém mais estava prestando atenção nele. Um dos escoteiros e a velha discutiam, o outro começou a notar as pernas da adolescente, que por sua vez estava no telefone descrevendo Sam para a amiga nos mínimos detalhes. A pobre criança apenas chorava e limpava o nariz com os dedos.

– Eu vou prender o bandido e recuperar o urso – disse o Winchester apressado, enquanto se retirava sem ser notado.

Talvez o urso de pelúcia fosse mesmo o mais responsável daquela família... Com certeza a criancinha devia estar sentindo falta dele. Sam sentiu pena dela. Se pudesse, traria o brinquedo de volta... Quem poderia ser tão criminoso a ponto de roubar o ursinho de uma criancinha tão inocente? Com certeza deveria ser algum pervertido.

Que dia... Sam jurou mais uma vez nunca mais sair fantasiado de policial pelas ruas. O que mais faltava lhe acontecer. Sentiu-se aliviado quando finalmente chegou ao motel.

Cansado, Sam entrou no quarto carregando a sacolinha com um enorme pedaço de torta de maçã. Tudo estava quieto. Olhou o irmão dormindo sereno sobre a cama: cueca boxer, camiseta branca, cabelos curtos espetados e alourados... Em seus braços, um pequeno e fofo ursinho de pelúcia. Pobre Sam estremeceu.


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Notas finais do capítulo

E então? Será que o Sam vai arrancar o ursinho das mãos do irmão?! Deixem seus palpites!