Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 28
Fugindo para bem longe


Notas iniciais do capítulo

Caros leitores,
Desculpa a demora em postar esse capítulo. Muitas mudanças na minha vida ultimamente... Espero poder escrever com mais frequência agora. De qualquer jeito, espero que gostem do novo capitulo!



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– Vovó! Vovó! – chamava a pequena Bicudin.

– O que foi, Samanthinha? – Berrou a velha da cozinha.

– Vem logo! Mama Dean e titio Sam estão na TV. Acho que querem bater neles!!

Hilary correu para perto da criança, e, curiosa, fitou a tela do aparelho de televisão.
Qual não foi a sua surpresa ao ver que a reportagem urgente mostrava os irmão Winchester desesperados, sendo cercados por pessoas com pedras e paus. Praticamente a cidade toda parecia ter se reunido para linchá-los.

O repórter, muito nervoso, falava em crianças monstruosas, linchamento, polícia e um tal de Seu Sebastião, que aparentemente estava traumatizado com alguma coisa. A vovó não pôde ouvir direito. Desesperada percebeu que seus meninos berravam, em vão, o nome de Castiel. Tentavam subir no capô do Impala para fugir dos agressores. Era perceptível que os pneus do veículo estavam murchos... Mas Hilary reconhecera o cenário. Sabia exatamente em que ponto da cidade estavam. Era hora dela entrar em ação...

Hilary desligou a TV depressa e segurou Samanthinha pela mão. Com agilidade e destreza dirigiu rapidamente até a casa dos Winchesters. Sorte que ela tinha a chave... Pegou uma sacola e enfiou uma meia dúzia de coisas dentro. Voltou para o carro. Samantha olhava tudo muito arregalada, sem entender.

– Vamos salvar sua mama e seu titio, Samantha! – bradou a velha.

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Na escola, Dona Euvira, a diretora, arrancava os cabelos. Estava sozinha com as crianças, já que todos os outros funcionários haviam ido atrás de Sebastião para linchá-lo. O que diria ela para os pais, quando chegassem para buscar seus meninos? Eles ficariam horrorizados!

Foi com um misto de terror e alívio que a mulher recebeu a notícia, através de uma mensagem de texto, de que os monstrinhos nunca haviam sido humanos, e que Sebastião era inocente... Tudo culpa de um belo rapaz que havia convidado os seres macabros da floresta para estudar no colégio da cidade... O fato deles terem sido confundidos com humanos, a princípio, tinha a ver com uma névoa mágica...

Dona Euvira notou como os pequenos monstros eram feios e agressivos... Como pudera ter se enganado com eles? Estavam quebrando tudo, e volta e meia mordiam-lha as canelas... A mulher chorou baixinho. Estava com medo...

Quando finalmente os monstrengos chegaram para buscar as crianças, a pobre tremia nas bases. Mas tomou coragem. Respirou fundo, e, gaguejante, lhes informou que seus filhos não poderiam mais estudar por ali.

– Como não podem!? – Rugiu um ser de chifres pontiagudos e garras afiadas. – As nossas crianças também tem direito!!

Um segundo monstro começou a gritar com a voz esganiçada. Foi então que um Bicho-papão grandalhão tirou um cartaz do bolso.

– Aqui! – Ele disse mostrando para Dona Euvira as frases escritas por Sam. – Todas as crianças, de todas as espécies, tem direito a estudo e alfabetização. Abaixo o preconceito!

– Abaixo o preconceito! – gritaram todos.

Dona Euvira sentiu o bafo quente vindo das bocarras gigantescas e dentuças dos seres medonhos. Sentiu seus joelhos tremerem de pavor. Olhou para suas canelas que latejavam. Dois ou três pestinhas mordiam-na sem piedade. Lágrimas insistiam em escapulir de seus olhos. Mas ela não tinha opção...

– Claro... Podem voltar amanhã... – a pobre mulher disse em um fio de voz.

Quando todos os monstros se retiraram, a diretora finalmente respirou aliviada. Em seguida lembrou-se do que teria de enfrentar no dia seguinte e, inconsolável, caiu em prantos.

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Enquanto isso, a alguns metros de distância...

– Socorro! Socorro! – Sam e Dean quase não tinham mais voz, de tanto gritar. Estavam agora em cima do Impala e tentavam se esquivar das pedradas. Foi com agradável surpresa que viram um carro conhecido surgir no meio da confusão. Era a caminhonete da vovó!

Hilary vinha em velocidade. Quem quisesse que saísse da frente...

– Pulem na caçamba, meninos! – gritou a velha, enquanto passava ao lado do Impala.

Sam e Dean se jogaram para cima da caminhonete, ainda protegendo suas cabeças dos objetos que voavam em sua direção. A multidão se enfureceu. Alguns tentaram subir na caçamba também, mas Hilary acelerou, jogando-os contra o asfalto. Outros tentaram seguir a pé, mas logo ficaram para trás. Um terceiro grupo os seguia de carro.

– Obrigado, vovó! Você nos salvou! – agradeceu Dean já sem fôlego. Reparou também em sua filha acenando para ele do banco do carona. Pelo jeito a pequena monstrinha estava gostando da aventura.

– Esse pessoal é muito agressivo... – suspirou Sam. – Para onde está nos levando? – perguntou em seguida, notando que seguiam em direção oposta a de casa.

Hilary, de dentro do veículo, não podia ouvi-los direito. Acelerou o quanto pode até conseguir despistar seus perseguidores. Finalmente parou em um posto de gasolina abandonado na beira da estrada.

– Aqui! Eu trouxe umas fantasias que achei no quarto do Sam. Vistam essas roupas antes que sejam encontrados de novo...

Sam e Dean se entreolharam. Talvez se disfarçar pudesse ajudar um pouco... Em seguida olharam para a sacola que a velha estendeu em direção a eles.

– O vestido cor-de-rosa!!! – surpreendeu-se Dean. – Sam, eu tinha jogado essa coisa no lixo!

Sam franziu o cenho.

– Poxa Dean... Eu achei no lixo e guardei... Você sabe quanto custou essa roupa? Guardei para caso você fosse possuído por uma menina de novo... Nunca se sabe, né?

Dean deu de ombros. Não colocaria aquele vestido ridículo por nada no mundo... Que outra opção tinha?

– Eu fico com essa aqui de padre! – anunciou.

– Nããããooooo!!!! – protestou Sam. – A de padre é minha... Eu guardei da nossa época de caçador e sempre uso quando tenho uma festa a fantasia...

– Pois hoje você vai ficar de vestidinho rosa... – Dean falou apressado enquanto agarrava a batina.

Sam fez cara de cachorro na chuva.

– Mas, Dean... Vai ficar muito curta em mim... E a de padre vai ficar comprida em você...

Dean apenar riu, agarrado à fantasia de padre.

– Vovó, olha ele! – reclamou o moreno.

Hilary ia dizer alguma coisa, talvez em defesa ao caçula, mas Dean jogou o vestido rosa nas mãos do irmão e correu para dentro do estabelecimento para se trocar.

Minutos mais tarde, o louro voltou para perto do carro de batina, segurando a bíblia na mão.

– E então, vovó? Como estou?

– O padre mais lindo do mundo... Espero que não o reconheçam por enquanto, meu filho... – suspirou a velha. Se ao menos aqueles dois tivessem uma beleza um pouco mais comum... Não ia ser difícil que aquele pessoal os reconhecessem.

Em seguida Hilary segurou um palhaço grande e estendeu em direção ao ex-caçador.

– O que é isso? Perguntou o homem surpreso. Aquele brinquedo era uma arma que guardava no quarto contra seu irmão, quando por acaso brigavam.

– Sua filha... – respondeu a mulher resoluta. – Está fantasiada para vocês poderem sair do país incógnitos.

– Sair do país? – surpreendeu-se o louro. – Mas vovó... Você não acha que está exagerando um pouco?

Como resposta a velha ligou o rádio do carro. Só se falavam nos dois: Sam e Dean eram procurados e jurados de morte.

Dean suspirou. Talvez a velha tivesse razão. Não tinham outra saída...

– Quando as coisas acalmarem vocês voltam... – suspirou ela, solidária.

O rapaz então voltou seu olhar para a filha.

– Não tinha outra fantasia para ela? O Sam vai ficar apavorado...

Hilary desculpou-se. Os outros bonecos que tinham eram pequenos demais para acolher Samantha. E ela precisava ir disfarçada de brinquedo, afinal, não era humana e nem tinha passaporte...

Dean pegou uma manta e cobriu a Bicudin. A criança estava sonolenta, e não custou a adormecer no colo da Mama. O rapaz olhou enternecido para sua princesa e colocou-a com cuidado no banco de trás do carro.

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Enquanto isso, longe dali, Dona Euvira, ainda trêmula preparava-se para fechar o colégio quando foi abordada por um homem. Era bastante alto e um pouco acima do peso. Um homenzarrão.

– Sim? – perguntou a mulher, tentando parecer calma e solícita apesar do nervosismo que não conseguia deixar para trás. Pelo menos aquele sujeito parecia humano. Não haveria de lhe fazer mal...

– Vim matricular minha filha... – explicou o homem.

A mulher assentiu. Por que não? Pior que os monstros já matriculados a menina não haveria de ser...

– Qual é o nome dela?

– Gertrudes! – respondeu o grandalhão com um enorme sorriso nos lábios. – Ela tem cinco anos, mas é muito esperta para a idade! Veja... – e dizendo isso Larry tirou a galinha de dentro de uma bolsa que carregava nos ombros.

– Uma galinha???!!! – Berrou Dona Euvira revoltada.

– É minha filha! – retrucou Larry magoado. Importava se era galinha ou não? Os cartazes diziam que todos mereciam ser alfabetizados. Todos, sem exceção. O sujeito tirou o cartaz do bolso e esfregou na cara da diretora.

Chorando, Dona Euvira preencheu a ficha de matrícula do galináceo.

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– Hahahahhahahahah – Dean não conseguiu conter o riso. Não é que tinha ficado curto mesmo? Sammy estava parecendo um travesti desgostoso da vida, com a cara amarrada. Dean limpou as lágrimas que escorriam em seu rosto.

– Não liga para ele não, Sammy... – ralhou a vovó. – Você está muito bonito. Agora venham. Vou tirar vocês daqui...

Hilary e Dean explicaram para Sam que precisavam fugir para outro país. A cidade toda queria jogá-los na fogueira. Dali a pouco estariam sendo procurados por todos nos Estados Unidos.

– E estamos indo para onde? – perguntou Sam assustado. – Para o México?

Dean balançou a cabeça afirmativamente. Para onde mais haveriam de ir? O Canadá estava muito longe...

– Não! Claro que não! – respondeu Hilary, deixando os rapazes arregalados. – Vocês precisam ir para longe... Estamos indo a caminho do Aeroporto! Usem os cartões de crédito fraudulento de vocês para comprar um passagem para bem longe daqui!

– Ahhh não! Eu tenho medo!! Não!!! – protestou Dean. O travesti sorriu por dentro. Talvez um padre dando chilique, com a batina arrastando pelo chão, fosse mais ridículo até que ele.

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Algumas horas mais tarde, dentro de um avião, as pessoas cochichavam. Um travesti de quase dois metros altura, de vestido curto e rodado, sentava-se ao lado de um padre. Este, com cara de assustado, não parava de rezar agarrado à bíblia. Em seu colo levava uma boneca gigante, enrolada em uma manta como se fosse criança. Era possível ver as perninhas de pano, coloridas, saindo para fora das cobertas. Esquisito... Muito esquisito... O que aqueles dois malucos estariam indo fazer no Rio de Janeiro?


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