Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 26
Se livrando da névoa




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Sam fitava aquela cena com os olhos cheios d’água. Enquanto ele e seu irmão tiveram ideias estapafúrdias que não deram certo, Cass, o anjo amigo, havia feito milagre. O rapaz olhou para Hilary, que parecia também emocionada. Diante de seus olhos viam Dean, chorando como um bebê, emocionado ao ver sua pequena monstra transformada em uma linda menina.

– É como a história de Pinóquio... – suspirou o Winchester mais jovem.

Castiel também conhecia a história do boneco de madeira que virou menino. Fora a vovó quem lhes contara, não tinha nem muito tempo... E se Samantha era Pinóquio, e Dean era Gepetto, ele, Cass, era a fada Azul... O anjo sorriu bobamente, embevecido.

– Filhinha, você está se sentindo bem? – Dean então perguntou quando finalmente conseguiu fazer com que sua voz saísse.

A pequena Bicudin olhou assustada.

– Sim, Mama... Por que você tá chorando? – a pobre criança não estava entendendo nada, já que a névoa não afetava seus olhos de maneira alguma. Continuava se vendo como sempre fora.

Vendo que sua pequena parecia bem, o louro suspirou aliviado. Em seguida, seu semblante pareceu mudar bruscamente.

– Nada não, minha filha, foi só um cisco que caiu no meu olho... Não se preocupe. Volte a brincar com suas bonequinhas.

Dizendo isso, o ex-caçador afastou-se da menina e começou a xingar baixinho, visivelmente irritado. Saiu do quarto. Sam, Castiel e Hilary foram atrás dele, sem entender muito bem o que estava se passando com o homem.

– Bruxa filha da puta! Quem mandou mudar a aparência da minha filhinha? Vou torcer aquele narigão verruguento até que lhe caia do rosto! – esbravejava ele.

O que? Então depois de todo o trabalho que teve, Dean, mal agradecido, ainda o chamava de bruxa? Logo ele, que já se considerava a própria fada Azul? Castiel, definitivamente não conseguia entender os humanos. Talvez fosse por isso também que não conseguia agradá-los... Desmaterializou-se ali mesmo, ofendido.

Sam então chamou o irmão e lhe contou toda a verdade. Samantha tinha mudado de aparência graças à névoa de Percy, e graças a Castiel. A bruxa Bruxonilda nada tinha a ver com a história...

– Cass? E por que ele faria essa maldade comigo? – admirou-se o rapaz. Hilary e Sam tentaram fazer com que ele entendesse. Castiel tivera boas intenções e trabalhara bastante para conseguir a tal névoa. E além de tudo, Samanthinha estava até mais bonitinha agora...

– Eu quero o bico da minha filha de volta! – esbravejava o ex-caçador, inconformado.

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Enquanto isso, no hospital, Seu Sebastião olhava assustado o enorme grupo de pais que o fuzilavam raivosos.

– Então esse que é Sebastião? – berrou uma mãe, vermelha de ódio. – Esse homem precisa pagar pelo que fez!

O pobre corcundinha, sem entender nada, encolheu-se em seu canto e estremeceu. A sua sorte foi que o segurança do hospital intercedeu em seu favor quando viu que os os pais preparavam-se para atacá-lo.

– Calma! – disse ele. – Esse pobre homem não apresenta os mesmos sintomas de seus filhos! Talvez seja só um mal entendido...

Pais e mães se entreolharam... Não é que o segurança tinha razão? Sebastião não tinha bico, asas, pelos... Uma mãe baixinha soltou um gritinho abafado. Em seguida tornou público o seu temor:

– Mas a corcunda e a cara exageradamente feia não são normais! E se for o próximo estágio da doença? E se nossos filhinhos amanhecerem desse jeito amanhã?

Kailey, que havia fugido da ala psiquiátrica, ouviu a teoria preocupada da outra mãe. Rosemary com bico, tromba e rabo já era ruim demais, mas corcunda e verruguenta passava dos limites... Com um grito de guerra, tirou o sapato de salto do pé, e lançou contra o segurança que protegia o corcunda. O sapato atingiu a testa do homem com tamanha força que derrubou-o desmaiado no chão.

Vendo-se desprotegido ao lado de Sebastião, Astolfo gritou:

– Corre, meu amigo, que essa gente enlouqueceu!

Seu Sebastião, desesperado, saiu em velocidade, mexendo suas perninhas curtas destrambelhadamente. Astolfo correu com ele, com medo de que lhe sobrassem pauladas também. Logo disparou à frente do corcunda, esticando suas pernas compridas. Não queria apanhar... Não sabia o que o colega havia feito para irritar tanta gente, mas isso não era problema seu. Não iria apanhar em solidariedade a ele.

O homem olhou a sua frente e viu uma porta fechada. Ótimo, iria se esconder ali... Rapidamente adentrou o aposento fechando a porta atrás de si. Respirou fundo, aliviado. Estava seguro agora...

Meu Deus, que gente maluca... Perto daquelas pessoas, ele, Astolfo, era o retrato da sanidade mental... A recepcionista tinha razão, ele não precisava de tratamento algum... Confundir os alunos com monstros havia sido apenas um pequeno lapso de sua mente sã. Não aconteceria novamente...

Foi então que o pobre homem ouviu uma vozinha infantil chamando por ele.

– Tio Astolfo?

Surpreso, o rapaz olhou em direção à criança. Com certeza algum aluno que estava doente e internado, o reconhecera... Sim, ele também reconheceu o rostinho do pequeno. Se chamava Ricardo e era do segundo ano. Mas... Astolfo coçou os olhos nervosamente. Não podia ser. Ricardinho agora tinha corpo de cobra!?

Desesperado, o porteiro reparou nas outras crianças que ali estavam e sorriam para ele. Cada uma mais horripilante que a outra... Gritou. Desesperou-se. Estava cercado. Estava louco...

– Preciso de remédios! Socorro! – Berrava o homem. – Sou esquizofrênico! Psicótico! Lelé da cuca! – Começou a arrancar seus cabelos nervosamente e a babar. Logo a equipe psiquiátrica chegou prendendo-o em uma camisa de força.

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– Castiel! Castiel!

O anjo reconheceu a voz de Dean que o chamava, mas fingiu não ser com ele. Jogou uma carta na mesa.

– Castiel... Você não vai atender o humano? – perguntou Samandriel um tanto incrédulo. Estava acostumado a ver seu irmão parar o que quer que estivesse fazendo para atender seus amigos humanos, especialmente o dono daquela voz meio rouca que agora o chamava.

Cass murmurou qualquer coisa, mau humorado. Não iria interromper o jogo de cartas. Dean poderia esperar.

– Vocês estão brigados? – indagou Samandriel curioso.

– Eu faço um favor a ele, e ele me chama de bruxa... Disse que iria torcer meu nariz verruguento... – respondeu o anjo sério, visivelmente ofendido.

Samandriel ficou confuso. O nariz de seu irmão não tinha verrugas... Bem, melhor assim... Eram raros os momento que podiam jogar cartas em paz, e não gostaria de ser interrompido.

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Muito longe dali, Dean, desesperado, tentava descobrir como afastar a névoa de sua filha, mas parecia uma tarefa impossível. Ele assoprava, abanava... Mas nada conseguia. Onde estava Castiel para ajudá-lo? O anjo, depois da besteira que fizera, se retirara e agora se recusava a atender seu chamado...

– Ahh, meu filho, deixa a criança assim mesmo... Está tão bonitinha... – sugeria Hilary. Sam concordava com ela, porém permaneceu calado. Sabia que o cabeça dura do seu irmão queria o bico e as asas de Samantha de volta...

Dean nem respondeu. Foi pegar um ventilador para colocar em frente à Samantha. Talvez o vento forte pudesse resolver o problema.

Sam estava impressionado. A névoa de Percy era mesmo poderosa... Foi só aí que ele finalmente atentou-se para um importante fato: se Castiel espalhara a névoa por toda a cidade, era possível que as lindas criancinhas que ele se seu irmão viram no colégio mais cedo fossem monstrinhos “disfarçados”. Talvez fosse melhor averiguar...

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Enquanto isso, no colégio, Dona Euvira e todos os professores e funcionários estavam apavorados. As crianças eram tão indisciplinadas e enlouquecidas que eles não sabiam mais o que fazer. Estavam agora todos no pátio brincando de roer uns aos outros sob protesto da diretora. Malditos pais que não haviam deixado um número de telefone sequer... A mulher mal podia esperar o horário da saída, em que finalmente pudesse enviar as pestes para casa.

– Bash! Bash! Bash!

Todos então ouviram barulhos desesperados na porta. Será que era um dos pais que havia chegado mais cedo? Uma batida mal educada daquelas só podia vir de um deles... Dona Euvira sorriu satisfeita. Ótimo! Uma criança a menos para lhe importunar... Mas quando abriu a porta, qual não foi a sua surpresa ao ver Seu Sebastião completamente suado e sem fôlego, com as roupas rasgadas e arranhões pelo corpo.

– Dona Euvira, fecha essa porta! – berrou o corcundinha, enquanto ele mesmo batia com força o portão atrás de si. Mal podia acreditar que conseguira correr a frente de seus perseguidores por tanto tempo, levando apenas algumas pauladas no processo. Agora finalmente estava seguro, protegido dentro da fortaleza que era o colégio.

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Aliviado também, estava Dean. Conseguira finalmente livrar sua pequena monstrinha da névoa maldita... Sugara tudo com um aspirador de pó muito potente que encontrara na casa da vovó. Já ia levar a filha para casa, feliz da vida, quando percebeu que lentamente a criança já começava a apresentar características humanas de novo.

– Maldita névoa! Eu aspiro e a praga volta a se espalhar... – Esbravejou o ex-caçador.

– Acho que está espalhada pela cidade toda... – ponderou Hilary.

Dean suspirou. A vovó tinha razão. Daria trabalho, mas o único jeito era dar cabo de toda aquela fumaça do mal... E teria que fazer sozinho, porque agora, além de Castiel, Sam também havia sumido. Acabara de sair dizendo que iria fazer não sei o quê, não sei onde... Dean estivera muito ocupado para prestar atenção.

O ex-caçador então deu um jeito de colocar uma bateria no aspirador de pó, e saiu dirigindo com ele pelas ruas da cidade, sugando tudo que era fumaça.

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– Sebastião, o que aconteceu? – Todos estavam tão curiosos que até as crianças calaram-se para ouvir o que o homem tinha a dizer. Já era possível ouvir uma multidão enlouquecida do lado de fora.

– Estão dizendo que eu emonstreci os filhos deles... Fiz criar dente de vampiro, rabo de cobra, asa de morcego... – Disse o pobre, tentando recobrar o fôlego. – Vê se pode, Dona Euvira? Esse povo enlouqueceu!

A diretora arregalou-se. Nunca ouvira história tão estapafúrdia. Talvez aquelas pessoas estivessem com a mesma doença de Astolfo... Vendo coisas... Em seguida não pôde conter um risinho discreto. Pobre Sebastião... Onde já se viu pensarem que aquele pobre e tolo funcionário teria poderes para transformar quem quer que fosse em monstro...

– E por que estão acusando você, Sebastião? – perguntou incrédula.

– Não sei não, Dona diretora... Logo eu, que gosto tanto de criança... – E dizendo isso o funcionário aproximou-se dos meninos e meninas que corriam pelo pátio.

Pobre corcundinha... Quanta injustiça... Os professores e funcionários da escola voltaram seus olhares para o homem, que agora afagava sorridente os cabelos de uma das crianças.

Sebastião finalmente sentia seu coração desacelerar. O que o corcundinha não podia imaginar é que a sua paz estava com os segundos contados... Do lado de fora, um belo rapaz de cabelos alourados e olhos verdes passeava pelos arredores do colégio sugando a névoa de Percy com um aspirador de pó potente.


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