Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 1
Ovo achado


Notas iniciais do capítulo

Uma nova história que me veio a cabeça. Espero que fique boa...



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Dean estacionou o Impala em frente ao Motel. Conseguiu enxergar do estacionamento a janela do quarto que dividia com seu irmão. Olhou o relógio. Eram três horas da manhã. “Que merda”, pensou. O que Sam estava fazendo acordado àquela hora?

O rapaz saltou do carro e andou em direção ao quarto. Assim que abriu a porta viu Sam arrumado, prontinho para sair.

– Sammy, o que você está fazendo? – reclamou o mais velho. – São 3h da manhã... Deveria estar dormindo...

Sam olhou para o irmão com um misto de irritação e alívio.

– Dean! Você demorou demais... Achei que tivesse acontecido alguma coisa. Eu te liguei um milhão de vezes, por que não atendeu? Eu já estava indo te procurar!

Dean lembrou-se do monstro bicudo engolindo seu celular. Sam não deixava de ter razão, afinal ele teria feito o mesmo se o caçula houvesse saído para caçar e o deixasse sem notícias. Entretanto, não deu o braço a torcer.

– Sam, matar um Bicudin é moleza, você sabe disso! Eu poderia matá-lo de olhos fechados. Não tinha nenhum motivo para preocupações...

– Por que não atendeu o celular? – Sam perguntou com irritação.

– O Bicudin comeu... – disse o louro um pouco sem graça. Afinal deixara seu celular cair no bico do monstro por um ligeiro descuido.

Dean lembrou do animal deitado em seu ninho. Era uma criatura bem estranha, com o corpo arredondado e viscoso, muitos pelos saindo da região dos glúteos e para completar, um bico bem grande, parecido com o de um pato. O Bicudin estava aterrorizando uma região pacata no interior do Arizona, caçando carne humana para comer.

Quando Sam e Dean souberam da matança e das marcas de bicada, logo imaginaram do que se tratava. Partiram imediatamente para o Arizona. John já havia matado Bicudins antes, era uma tarefa bastante fácil inclusive. Bastava localizar o ninho e cortar a cabeça do monstro quando estivesse dormindo. Para facilitar, eles nunca andavam em bando. Então o que esperavam encontrar era uma criatura solitária, ou, no máximo, com um filhote.

Após um dia se embrenhando pela mata, os irmãos Winchester acharam o ninho: era uma toca meio úmida com resquícios de carne humana. Dean quase vomitou ao ver dedos de mãos e pés espalhados por ali. Teriam de voltar a noite quando a criatura estivesse de volta e dormindo.

A noite chegou. Sam não estava se sentindo bem, com dor de cabeça. Dean garantiu ao irmão que não tinha problema nenhum ir sozinho, pois tinha total condição de matar o bicho sem ajuda.

– Como deixou que ele comesse seu celular, Dean? Você acordou o bicho? Meu Deus, eu deveria ter ido com você! – Sam então disse, cortando os pensamentos do irmão.

– Eu matei ele em seguida – disse o mais velho, tentando amenizar seu descuido. – Eu saí totalmente ileso.

– Mas demorou demais... – completou Sam.

– Sammy, vai dormir, está tarde! – o mais velho então ordenou. Sam notou que existia um certo nervosismo em seu tom de voz.

– Está tudo bem, Dean? – ele perguntou com a voz mansa.

– Está tudo ótimo, mas eu preciso de um banho e quero que você vá dormir. Está tarde! Você devia estar na cama.

Sam não gostava quando Dean o tratava como criança, mas engoliu suas frustrações. O irmão devia estar cansado... O moreno então se livrou das roupas de sair e se jogou na cama. Não custou a adormecer.

Dean se fechou no banheiro e vigiou o relógio. Sam precisava dormir depressa... Ele não entenderia...

Quando Dean enfrentou o Bicudin, aliás, a Bicudin, se desconcentrou ao notar que a monstra estava choca. Logo após arrancar-lhe a cabeça, Dean pretendia destruir o ovo também. Mas ele era tão grande, tão belo... Quando o caçador encostou suas mãos naquela superfície branca e macia, ele sentiu o calor que a mãe emprestara ao ovo. Por algum motivo, o rapaz não conseguiu fazer nada contra ele.

Em um impulso, Dean carregou o ovo e colocou-o cuidadosamente no banco de trás do Impala. Parou pelo caminho a cada cinco minutos para se certificar que não havia ficado frio demais. Pretendia mostrar o ovo ao irmão quando chegasse. Sam não haveria de ter coragem de matá-lo também, e ajudaria a decidir o que fazer com ele. Entretanto, conforme o tempo foi passando, Dean foi se afeiçoando o ovo mais e mais. Quando chegou ao motel, seu amor por ele já era tanto que temeu que o irmão não concordasse em mantê-lo vivo, ou que não deixasse que Dean criasse seu filho em paz.

Quando percebeu que Sam estava dormindo finalmente, Dean saiu sem fazer barulho. Abriu o Impala afoito e verificou que o ovo estava frio. O rapaz cobriu-o com um casaco e levou-o para dentro. Depois pensaria no que dizer a Sam, por enquanto só sabia que o seu pequeno precisava de conforto e calor.

Dean deitou-se na cama e cobriu a si mesmo e a seu filho com um edredom bem macio. Abraçou o ovo para lhe dar calor. Há muito tempo não se sentia tão feliz e tão preenchido. Ele nunca imaginou que haveria de ser pai um dia... Ou melhor, pai não, mãe... Afinal ele é quem chocaria o ovo...

– Boa noite, meu pequeno – o caçador sussurrou baixinho, dando um beijo na casca branca – Mama Dean te ama.


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Notas finais do capítulo

Por favor, me digam o que acharam!