Acordei com uma dor de cabeça, muito filha da puta que só piorou quando lembrei do porquê estava com ela. Sentei na cama, peguei um remédio na minha cômoda perto da cama e tomei sem água mesmo, tava insuportável. Ainda não podia acreditar no que aconteceu ontem, como ele pôde fazer isso comigo? Que merda. O remédio deixou gosto na minha boca, fui no banheiro, lavei o rosto e desci.

– Bom dia, meu amor.

A Nina estava na cozinha e me cumprimentou sorridente.

– Só se for pra você, Nina.

Disse lhe dando um beijo na bochecha e indo até a geladeira.

– Brigou com o Vitor?

Me virei pra ela assustada, ninguém sabia no nosso namoro e nem que tínhamos algo, a não ser pela raiva que eu tinha dele, mas só isso.

– Você sabe de alguma coisa?

– Lógico, Lia. Posso aparecer aqui só as vezes, mas percebo muitas coisas como você e o Vitor, a tal da Luana que veio morar aqui e tudo isso.

– Ai Nina, nós brigamos e dessa vez nosso namoro acabou.

– O que aconteceu?

Ela perguntou preocupada.

– Ele me traiu com a Luana.

Me sentei em uma cadeira com meu copo de água na mão.

– Nossa, vou dar uma surra nesse menino, ou melhor vou contar pro pai dele.

Ela estava irritada.

– Calma Nina, sei me cuidar, pode deixar.

– Verdade, aposto que ele vai sofrer muito mais na sua mão.

Até ri com o que ela disse.

– Bom dia, Nina.

Escutei a voz rouca do Vitor atrás de mim, ele entrou na cozinha e foi na direção da Nina que segurou em sua cabeça.

– Acho melhor não me abraçar, vai que eu tenho vontade de fazer o que eu estava comentando?

Ela disse e eu ri. Deixei eles lá e fui pro meu quarto, não foi nem porque queria ficar aqui era mais porque queria ficar longe do Vitor, e falando nele...

– Podemos conversar?

Escutei sua voz, ele tinha colocado só sua cabeça pra dentro do quarto.

– Não.

Disse seca.

– Lia eu queria pedir desculpas por ontem, aquilo aconteceu porque eu estava com raiva...

– Não quero falar com você, Vitor. Se ficar por aqui é capaz de eu não me responsabilizar pelos meus atos e não to falando em sexo.

– Mas eu quero conversar com você...

Liguei meu som e aumentei amúsica, nem me ligava no que ele dizia.

Que tal uma salva de palmas?

Uma ovação de pé?

Yeah, Yeah, Yeah, Yeah

Cantava a música alto, ignorando totalmente o Vitor.

– PORRA, TO FALANDO COM VOCÊ.

Ele puxou meu braço me virando pra ele, vi seus olhos vermelhos.

Você parece tão bobo agora

Parado do lado de fora da minha casa

Tentando se desculpar

Você fica tão feio quando chora

Por favor, corta essa

Não me diga que está arrependido

Porque não está

Sei que só está arrependido

Porque foi pego

Fiz questão de cantar para ele.

– ME DEIXA CONVERSAR COM VOCÊ, POR FAVOR.

Ele continuava gritando comigo, o empurrei.

– Cai fora, Vitor.

Me puxou novamente dessa vez unindo nossos corpos e olhou no fundo dos meus olhos, não queria sentir isso, eu realmente estava completamente apaixonada por ele. Que droga.

– Lia... – não acredito que ele ia falar aquela frase, aposto que nunca disse para garota nenhuma, mas isso não vai me fazer mudar nada – eu te amo.

Mas você deu mesmo um show

Realmente me convenceu

Mas agora é hora de ir

As cortinas finalmente estão se fechando

Esse foi mesmo um show

Muito divertido

Mas agora acabou

Vamos lá, faça uma reverência

Ele acabou me puxando em um beijo, o empurrei novamente e dessa vez mais forte.

E o prêmio de melhor mentiroso vai para você

Por me fazer acreditar

Que você poderia ser fiel a mim

Vamos ouvir seu discurso

– Sai, Justin.

O empurrei para fora do quarto, a música continuava rolando. Me deitei na cama e fechei os olhos, comecei a me imaginar em algum lugar distante daqui, qualquer lugar. Escutei a música sendo abaixada, abri os olhos e o Gui me olhava com as sobrancelhas arqueadas.

– Viajando?!

– Eu to bem.

Disse dando um sorriso, ele foi em direção a porta e a trancou.

– Não, você não está.

Veio e sentou na cama, deitei minha cabeça em suas pernas.

– Gui, estou completamente apaixonada por ele e me sinto uma idiota, não me sinto mais a Lia de antes no momento, me sinto uma Lia diferente, vulnerável. E ele acabou de dizer que me ama, o que mais acabou comigo.

Desabafei e senti uma lágrima escorrer.

– DROGA! Disse que nunca mais ia chorar por esse idiota, e aqui estou eu.

– Lia calma, sei que o Vitor  te magoou pela segunda vez, que te traiu e tudo isso, mas pode ter certeza que ele mudou, ou pelo menos todos achamos isso. E eu não quero você assim, vulnerável e frágil, eu quero a Lia que voltou para infernizar a vida do Vitor, ela era muito mais legal.

– Mas agora eu to apaixonada.

Disse fazendo bico e ele riu.

– Mais um motivo, mostre pra ele que você é mais forte, que o único que perdeu de novo foi ele, mostre para a Luana que ela não conseguiu nada com isso e melhor ainda, volte com suas provocações.

– Não sei...

– Não to perguntando se sabe, estou mandando você fazer isso, qual é? Eu me divertia com suas provocações, adorava você dançando...

Ele deu um sorriso malicioso.

– Isso mesmo, Gui. Gostei, é por isso que te amo tanto. Quer saber? Foda-se eles dois.

– Isso mesmo e estamos aí se precisar de ajuda, no que quiser, seja pra aprontar com o Vitor ou pra assuntos pessoais...

Ele piscou.

– Safado.

Ri. Ele me deu um beijo na testa e saiu, escutei meu celular tocar, o peguei e vi SAL" escrito no visor.

– OLÁ!

Atendi toda animada.

– Isso tudo é emoção por eu ligar?

O Sal disse rindo.

– Lógico, ainda mais se tiver boas notícias.

– Pois é, isso que queria falar, sábado to chegando por aí vai ter minha presença como presente de aniversário.

–Verdade, meu aniversário é sábado!

Disse surpresa, nem lembrava disso.

– Só você pra esquecer seu aniversário.

Ele riu.

– Vem arrumado, vou fazer uma super balada.

Pronto, estava começando a planejar.

–Okay, agora tenho que desligar, beijos nessa boca linda.

– Tchau Sal, beijos.

Desliguei o telefone, tudo começando a ser planejado agora. Liguei o som bem alto dessa vez tocando uma música bem mais animada.

PDV Vitor (vadio)

Estou me sentindo o maior idiota do mundo, por ter feito isso com a Lia, por ter chorado, pior ainda ter feito isso na frente dela, por ter falado que a amava quando ela nem se importou, to me sentindo um completo imbecil por estar apaixonado. Que raiva de mim mesmo, acho que por isso nunca me prendi a garota nenhuma. Escutei batidas na porta.

– QUEM É?!

Gritei com raiva

– Sou eu, Vit...

Tinha que ser.

– Ai Luana, vai me procurar na puta que pariu.

Disse grosso e mesmo assim ela entrou.

– Só quero falar com você.

Ela disse com uma cara inocente.

– Fala e dá o vaza.

Continuei deitado na cama e a olhei.

– Poxa Vi, não quero te ver assim, enquanto você ta aí triste a Lia ta lá, pulando, cantando e dançando no quarto, só você não percebe que ela não te ama de verdade.

Ela disse sentada na ponta da minha cama.

– Cala a boca, Lu.

– Fala sério Vi, quantas vezes a Lia disse que te ama desde que começaram namorar?

Pra essa não tive resposta, realmente não lembrava de nenhuma vez.

– Presta atenção, ela fez você desejar ela, pedir ela em namoro e te largou. Tudo por vingança, soube o que você fez com ela anos atrás.

– Luana me deixa sozinho um pouco.

Ela sorriu e saiu. Estava confuso realmente não lembro de nenhum "eu te amo" vindo da Lia, e quando disse que a amava ela nem meu beijo retribuiu. Quer saber? Foda-se a Lia, vou voltar a ser o Vitor de antes, pelo menos não me apaixonava e ficava parecendo um idiota. Fui tomar um banho.

PDV Lia (diva)

Desci pra cozinha, estava fritando ovo pra comer. Os meninos estavam conversando sentados na mesa.

– To saindo, até mais tarde, bem mais tarde.

O Vitor disse falando com os meninos e um sorriso malicioso no rosto. QUE PUTO!

– Vai pra onde?

O Gui perguntou sem vontade, ele estava meio que com raiva dele.

– Almoçar outra coisa.

Vi o Vitor piscar para ele.

– Pra quê sair de casa se tem a Luana aí?

Escondi minha raiva e falei sarcástica com um sorriso no rosto.

– As carnes daqui já estão passadas, prefiro novas.

Ele disse com um sorriso debochado, arqueei uma sobrancelha. FILHO DA PUTA, VOU MATAR ESSE CADELO.

– Concordo plenamente.

Ele riu e saiu de casa.

– Posso matar ele?!

Perguntei dando um sorriso falso e me virando para os meninos.

– Eu não estando por perto, sinta-se a vontade.

O Lucca disse rindo.

[...]

Já estava de noite e o Vitor ainda não tinha voltado. Estava deitada no meu quarto assistindo TV.

– Viu o Vitor?

A LuVaca  disse colocando a cara pra dentro do quarto.

– Pode acreditar que não está no meu bolso, mas ele tinha dito que ia almoçar outras coisas, deve ter ficado pra janta também.

– Ai Lia não precisa se fazer de forte.

Ela disse rindo e entrando no quarto.

– Não estou me fazendo de nada.

– Eu disse que ia te provar.

Respirei fundo.

–Luana na boa, acho melhor ir embora.

– O que vai fazer?

Ela riu. Me levantei, passei por ela e tranquei a porta.

– Não esqueça que você está no meu quarto, vadia. Meu território, vai correr pra onde agora?

Disse me aproximando dela.

– Você não pode me bater, estou carregando um filho.

Ela disse convencida.

– Está carregando na barriga, posso bater em muitas regiões além dessa, como a cara por exemplo.

Sorri.

– Você não seria capaz.

Tentou esconder, mas pude escutar o medo em sua voz.

– Acha isso mesmo?

Ri e lhe dei um soco bem dado na sua cara, ela caiu na minha cama.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAH, ALGUÉM ME TIRA DAQUI!

Ela gritou se levantando da cama e ficando do lado oposto onde estava.

– Pedindo socorro? Nem comecei.

Corri pulando a cama, ela tentou correr, mas a segurei pelo cabelo. Descontei bastante da minha raiva na sua cara, não queria bater em outras partes, podia machucar o bebê. Ela continuava gritando.

– LIA O QUE TA ACONTECENDO?!

O Dinho gritou do lado de fora do meu quarto e tentando abrir a porta.

– NADA, SÓ TENDO UMA CONVERSA COM A LUANA.

Que já estava soluçando de chorar nas minhas mãos, soltei seu cabelo de uma vez.

– AH! SÓ ISSO? DEPOIS EU VOLTO ENTÃO.

O Dinho gritou de volta, por isso amo eles. Ri e olhei para a Luana, que já tava com a cara vermelha, inchada e até saia sangue em alguns lugares.

– Mexe comigo de novo, cadela. Dá próxima vez espero seu filho nascer pra te dar a surra que você realmente merece.

Abri a porta do quarto.

– ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM.

Ela disse quando ia sair.

– Verdade, amanhã sua cara vai estar bem pior.

Sorri e ela bufou de raiva e saiu. Desci e o Dinho e o Lucca estavam jogando videogame na sala.

– Conversou?

O Dinho  perguntou sem desviar o olhar da TV e rindo.

– Muito boa a conversa.

Ri também.

– Nossa, imagino a cara dela.

O Lucca disse fazendo uma careta.

– Ta bem melhor que antes.

Disse e ia me sentar com eles, mas a campainha tocou. Fui atender e para a minha surpresa o Nick estava em pé do lado de fora.

– NiCK!

– Boa noite.

Ele sorriu.

– Entra... – disse ainda confusa – como soube onde eu moro?

– Sophia.

Foi apenas o que disse e saiu entrando, me deu um abraço e um beijo na bochecha.

– Ah ta, vim ver como está, não estava muito normal ontem.

Ele disse rindo.

– Ela nunca foi.

O Dinho disse.

– Cala a boca,Dinho.

Disse e puxei o Nick para a cozinha.

– To bem melhor.

– Percebe-se, brigou com o Vitor  ontem?

– Terminamos.

Disse indiferente.

– E você diz isso assim?

– Quer que diga como?

– Nossa!

Ele me olhou estranho e eu ri.

– Que nada, já pensei muito não vou sofrer de novo pelo Vitor, o único que perdeu foi ele, de novo como disse meu gostoso, Gui.

– O que ele fez?

– Tava quase se comendo com a Luana quando encontrei ele.

– NOSSA! TE TROCOU POR AQUELA SECA?

O Nick disse tão indignado que até levantou da cadeira e eu ri.

– Fazer o que, nem todo mundo dá valor.

Dei de ombros.

– De quem é o carro lá fora?

Escutei a voz do Vitor entrando em casa.

– E falando no traste.

O Nick me olhou e riu.

– MEU!

O Vitor veio até a cozinha encontrando o Nick.

– O QUE VOCÊ TA FAZENDO AQUI, FILHO DA PUTA?

– Ele veio me visitar.

Entrei na frente do Nick.

– PODE DAR O FORA DA MINHA CASA, AGORA!

– Se eu não quiser?

O Nick disse calmo.

– Te tiro á força.

O Vitor também diminuiu a voz, mas continuava ameaçadora e os dois se encaravam.

– Você não vai tirar minhas visitas daqui.

Falei encarando o Vitor que me olhou furioso.

– Quer pagar pra ver?

Ele me provocou.