Teresa Lisbon

Já faz três dias que eu estou no hospital e hoje vou receber alta... Um monte de gente que eu nunca vi na vida vem me visitar e ficam me olhando com uma cara estranha, quase de dó. Odeio isso.

Da onde surgiram essas pessoas? Onde estão meus pais? Como que eles nem me ligaram pra saber se eu estou bem?

Ninguém quer me responder ou contar nada... O médico disse que a memória deve voltar sozinha, então ninguém pode me contar nada.

Patrick Jane entra no meu quarto. Ele parece ser gentil... Preocupado comigo. Além do que, ele é muito bonito e charmoso... Aiai... Eu tento não pensar essas coisas perto dele, porque me disseram que ele sempre sabe o que você está pensando.

 - Oi – ele diz e me observa por um momento – Fique tranquila, eu não vou tentar ler a sua mente... Bom, exceto por agora...

 - Como você faz essas coisas?

 - Ah, se você olhar atentamente para as coisas, terá as respostas que procura.

 - Então, que respostas eu estou procurando?

 - Eu não sei... Prometi não ler sua mente – Ele sorri e eu sorrio de volta

 - Patrick? – eu pergunto mudando minha expressão de riso para uma mais séria

 - Sim

 - Se eu te fizer uma pergunta, você será honesto comigo?

 - Claro Lisbon. Pode perguntar o que quiser.

 - Por que os meus pais não vieram me visitar, ou nem ligaram para saber se eu estou bem?

 - Lisbon... Eu... Os seus pais... eles... - ele para de falar por alguns segundos – Você não queria preocupar seus pais, então não deixou que contássemos pra eles...

 - Ahh... Neste caso, tudo bem então – eu sorrio para ele, e ele me devolve um sorriso um pouco triste, mas eu não ligo... Talvez seja só impressão minha. Ando os dois passos que nos separavam e o abraço, como forma de agradecimento pela honestidade. Ele me abraça de volta um pouco desajeitado.

Nos separamos e saímos do quarto do hospital, e fomos cada um para sua casa. Grace me deu uma carona até lá, e eu a convidei para entrar, mas ela recusou, disse que eu precisava descansar.

Entrei em casa, me joguei no sofá e liguei a televisão, mas não tinha nada de interessante passando. Como já eram quase nove horas da noite, tomei um banho e me troquei para sair.

Assim que eu abri a porta do meu carro, um Citroën azul estacionou atrás. Fechei a porta do carro e fui ver quem era.

Um sorridente Patrick Jane saiu do Citroën azul e me olhou de cima a baixo.

Era uma noite de verão, eu estava usando uma saia jeans, uma camiseta básica branca, sapatilhas e uma maquiagem normal.

Me senti um tanto quanto constrangida com os olhares indiscretos do loiro.

 - Uau, Lisbon! Aonde você vai?

 - Oi. Eu vou sair... Dar uma volta

 - Mas Lisbon, o médico disse que você deveria descansar...

 - Bom, ele provavelmente disse isso pra você também, e você está aqui...

 - Eu nunca obedeço aos médicos... Mas você sim, e deveria descansar!

 - Não tem nada de interessante pra fazer em casa... Eu não quero descansar - Eu digo, desanimada pela insistência dele.

 - Bom, então, sorria. Sua diversão chegou! – eu fico com uma cara de confusa, mas ele parece não se importar, e pega na minha mão e me puxa pra dentro de casa – Vem, eu vou cuidar de você!

Eu não tento lutar, afinal, ele está sendo tão atencioso comigo. Ele pede que eu me sente no sofá, e, após fuçar em minha prateleiras, põe um filme no DVD.

 - Hm, que filme é?

 - Surpresa, Lisbon. Mas garanto que você vai gostar!

 - Por favor, você pode me chamar de Teresa? Me incomoda todo mundo me chamando pelo meu sobrenome sempre.

 - Oh... Me desculpe, eu não sabia. Você nunca reclamou disso antes – ele disse. Parecia surpreso com o meu pedido.

Ele se sentou do meu lado e começamos a assistir um filme antigo qualquer que eu nunca vi antes na vida. Ou talvez já, e só não me lembre.

Quando acabou o filme, Patrick disse que ia embora e que eu tinha que ir dormir, pois amanhã ia voltar ao trabalho. Não faço ideia de como me portar lá...

 - Não se preocupe! Eu vou te ajudar a recuperar sua memória Teresa...

 - Obrigada, Patrick. Eu vou precisar! – me aproximo dele e dou um abraço de despedida. Percebo que ele ficou desconcertado com a minha atitude, igual naquela hora no hospital. Eu tenho a leve impressão de que ele gosta de mim, e por isso fica desorientado com o jeito que eu me visto, e com os abraços. É até bonitinho.

Me despeço, fecho a porta, tranco, apago as luzes e vou dormir. Amanhã será um grande dia...