A luz da aurora iluminava o apartamento de Lucy, a qual retribuía seu calor através de seu sorriso e com a beleza de seu corpo, ainda morno após uma noite de sono proveitosa, dotado de graça e formosura. Apenas com uma toalha envolta em seu busto, Lucy se dirigiu ao banho e, como de costume, lavou e penteou seus cabelos e logo depois vestiu sua roupa.

Antes de partir para a guilda, Lucy fez algo que usualmente não faria. Direcionou-se à janela e proferiu as seguintes palavras para si:

–Farei o meu melhor!

E então saiu, deixando um perfume para preservar o ambiente.

Seus passos ecoavam pelas ruas quando a madeira de seus calçados batia com certa leveza nos paralelepípedos. Seus movimentos demonstravam um intenso equilíbrio em todo o seu corpo, sem contar que seus cabelos loiros ressaltavam o porquê de ser tão desejada pelos homens que a cumprimentavam cordialmente, porém disfarçadamente.

Todos na guilda tem um imenso carinho por Lucy, e sabiam exatamente a hora em que ela costumava chegar. Para muitos, Lucy era quem completava a guilda, o sentimento de amizade e amor pela guida era evidenciado na imagem da dama. Inúmeras vezes os integrantes da guilda relembravam os momentos em que ela derramava suas lágrimas pela tão amada guilda, não tinha uma demonstração de amor tão significativa quanto essa para eles.

Naquele dia não foi diferente. Ao chegar na guilda, Lucy sentia um alívio imenso, mesmo se ela estivesse cheia de bêbados ou encrenqueiros, o alívio era apenas por saber que nada mudou, pelo menos para o lado negativo.

Após alguns assuntos trocados com sua amiga Cana e com Mirajane, Lucy estava decidida a aceitar uma nova missão, afinal, o aluguel se aproximava!

Entre todos os pedidos feitos, havia um que não parecia ser tão comum. Todos os magos ali estavam acostumados a realizar missões com um caráter mercenário, sempre em busca de recompensas, onde um trabalho proposto sem recompensa, estava fora de cogitação. Mas por que motivo um pedido sem recompensa estaria disponível? O que seria tão trivial a ponto de não valer nada pela sua realização?

Ao invés de pegar uma das missões valendo mais de 200.000 Jewels, Lucy apanhou o papel misterioso e foi tirar suas dúvidas com Makarov:

–Mestre...

Makarov, apesar de ser ainda manhã, já estava embriagado:

–Ah Lucy! Está muito linda hoje! Parece que algo te preocupa...

–Eu reparei nesse trabalho e vi que não há recompensa para ele, o que isso significa?

O mestre deu uma rápida olhada para o papel nas mãos de Lucy e disse:

–Se eu fosse você, não me meteria com esses assuntos... E então voltou a beber.

Lucy, antes de perguntar novamente para Makarov o porquê da advertência, leu com mais atenção o papel que tinha escrito:

"Ouço vozes por todos os cantos. Toda vez que acordo, ou quando vou dormir, sinto como se alguém estivesse me observando. Queria ter a capacidade de evitar que o pior aconteça comigo, mas sou muito fraco em comparação a vocês, magos. Peço que me ajudem a acabar com isso, porém não tenho nada para lhes oferecer."

Apenas isso estava escrito no papel. Era uma mensagem simples que não levantaria muito o interesse dos magos presentes, mas para Lucy, aquela mensagem tinha um significado maior e mais expressivo.

Foi ter com Makarov novamente e falou com um tom bem mais questionador:

–Por que não devo me meter nesses assuntos? Parece ser tão simples de resolver! Mesmo que eu não ganhe nada por isso, posso ajudar alguém que realmente precise!

Mestre parou por um instante, deixou sua caneca na mesa e olhou bem no fundo dos olhos de Lucy dizendo:

–A questão não é ajudar ou não alguém, garota! Deve se tomar bastante cuidado com propostas assim. Ás vezes os resultados não são tão solidários.

–Mas mest...

Ouve-se um baque. Makarov se levantou da cadeira e bateu na mesa como quem não suportava mais tamanha insolência. Lucy ficou espantada pela reação de Makarov, que logo depois se acalmou e voltou a sentar.

–Vou lhe contar uma história garota, ela se parece muito com o que você está prestes a fazer...