O Que é o Amor? escrita por Aika


Capítulo 2
Capítulo 2




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O Que é o Amor?

Capitulo Dois

- Não há nada mais solitário do que se sentir sozinho em uma multidão.

Um dia você morre e o que você leva da vida para o outro mundo? Nada. Só os seus sentimentos, as suas experiências, suas memórias e lembranças.

 Você não leva a sua casa, não leva o seu dinheiro, não leva a fama que construiu durante a sua vida.

De que adianta tudo isso? Dinheiro é bom? É. Mas dinheiro nenhum substitui as pessoas, o sentimento de se sentir querida, de se sentir especial para alguém.

Você pode ser feliz tendo a sua casa, a sua família, as pessoas que gostam de você por perto. E tudo isso sem precisar esbanjar dinheiro por aí.

O dinheiro traz junto com ele a inveja, o dinheiro só atrai desgraças.

Porque pensa: se você é rico então você tem tudo, menos pessoas verdadeiras. Você só tem por perto pessoas falsas que se aproveitam de você, que te faz bancar todas as saídas.

Dificilmente se encontra um amigo verdadeiro quando se é rico.

A propósito eu me chamo Bruno ok? Eu comecei falando tudo isso por causa de uma garota que encontrei outro dia.

Ela é rica e “filhinha do papai”. Imaginem só: a garota quis me pagar cem reais só porque eu emprestei o meu celular para ela! E ainda disse que não precisava se importa com sentimentos e que o dinheiro resolvia tudo.

Isso me irritou tanto que depois eu até fui embora.

Este pequeno episódio aconteceu a mais ou menos três semanas e não a vi desde então.

Eu espero que ela mude, ou pelo menos tente, porque se não coitada dela que vai morrer sem conhecer o Amor.

                                                                             ~&~

Nessa manhã Lua acordou passando mal e foi levada para o hospital, ela vai ficar lá por alguns dias e durante todo o tempo ficou pensando no que aquele garoto disse.

No dia em que Lua recebeu alta ela pediu para chamarem Bruno, mas acabou adormecendo antes do garoto chegar.


                                                                             ~&~


Onde estou? Que lugar é esse?

Não sei dizer que horas são ou se ainda é dia, o céu está escuro e algumas gotas começam a cair, por algum motivo eu continuo seca.

Vejo poucas pessoas, umas dez no máximo, reconheço alguns rostos como amigos de meu pai, estão todos em volta de um caixão. Um enterro? De quem?

Começo a ver as coisas do alto como se não estivesse realmente lá. Eu vejo apenas uma menina, esta está vestida de preto e com um homem a protegendo da chuva com um guarda-chuva, ela chora e parece implorar por algo, não consigo ouvir sons. A terra começa a ser jogada sobre o caixão o cobrindo enquanto a menina chora ainda mais e ameaça cair, mas é segurada firmemente pelo homem ao seu lado. Quando o guarda-chuva cai e já não esconde mais o seu rosto percebo que conheço sim aquela menina. Sou eu! E o garoto que a segurou é o Bruno, mas então aquele enterro... Não...  Não...  NÃO!


- NÃO!

- Calma Lua!

- Bruno...? Onde...

- Você está no seu quarto.

Ele se senta novamente na poltrona que fica ao lado da minha cama.

- O que você está fazendo aqui... ?- perguntei confusa

- Você me chamou, lembra? – não respondi – O que você tem?

- Nada, por quê?

 - Porque você está assustada.

- Eu... Tive um pesadelo...

- Quer falar sobre ele?

- Eu sonhei que o meu pai havia morrido e não veio quase ninguém para o enterro dele...

- Eu falei que pessoas egoístas morrem sozinhas.

- Eu não quero morrer sozinha!

- Mas é isso que acontece com as pessoas que falam o que você disse! Você nem deve saber o que é gostar de alguém.

- Eu sei sim! Eu sei... – uma lagrima solitária rolou em meu rosto

Ele pareceu preocupado por um instante

- Eu... Eu tive um motivo pra falar aquilo. – ele me olhou sério – Quando eu era pequena... Eu fui rejeitada por um garoto que eu amei muito e isso me traumatizou eu acho. Dois meses depois a minha mãe morreu. – eu estava começando a chorar – Eu tinha onze anos quando ela me deixou. Quem cuidou de mim foi uma criada aqui da casa, o nome dela era Beatriz. Foi a única que eu aceitei no lugar da minha mãe, mas aí quando eu tinha quinze anos ela sofreu um acidente e me deixou sozinha de novo. – ele não olhava para mim – Eu percebi que todas as pessoas que eu amo acabam morrendo e aí eu vi que o amor é uma maldição para mim, eu não quero que o meu pai morra e por isso eu o afasto...

- Nossa, que história...

- Pois é... Vem comigo.

Eu levei o Bruno para o jardim até pararmos de frente para uma árvore antiga

- Era aqui que eu brincava quando elas ainda estavam vivas, depois da morte da minha mãe eu demorei um pouco para conseguir voltar aqui – falei me sentando no balanço.

Conversamos sobre várias coisas até que eu percebi que ele estava fazendo alguma coisa com flores na mão.

- O que é isso? – perguntei curiosa

- Uma coroa de flores – ele disse sorrindo e colocou a coroa em minha cabeça

- Que linda obrigada!

- Sabe Lua, você não é tão fria como aparenta ser, na verdade é só uma menina que quer um pouco de colo e carinho. – começamos a andar pelo jardim – Você me surpreendeu esta tarde.

- ... – sorri também e ficamos caminhando em silencio de volta para a mansão

- Está tarde, é melhor eu ir. – ele disse quando chegamos à porta

- Não quer dormir aqui...? – convidei um pouco insegura

- Eu não trouxe roupas nem nada... – ele disse meio sem jeito

- Bobagem! Eu dou um jeito nisso. – o puxei para dentro e em seguida fui falar com uma das empregadas

- O seu pai não vai brigar?

- Não.

Levei-o até um quarto de hóspedes e ficamos conversando mais um pouco, logo a empregada chegou com roupas e depois com uma bandeja cheia de comida, quando vi já eram duas da manhã.

- Vish, melhor eu ir dormir!

- Concordo.

Me despedi dele e fui para o meu quarto, assim que cheguei lá fui para o banheiro tomar um banho rápido e escovar os dentes, mas antes de fazer isso me olhei no espelho e tirei com cuidado a coroa que recebi.

- Que linda...

Coloquei a coroa em cima do criado mudo e fui tomar banho e depois escovar os dentes para só então ir dormir.


Bruno

Eu nunca poderia imaginar que ela tivesse sofrido tanto quando criança, mas também como pensar isso de uma menina que aparenta ser fria e egoísta?

Ela era pequenina se comparada a mim, aqueles olhos esverdeados pareciam me hipnotizar, me levar para um outro mundo, outro universo!

Lua parecia uma boneca de porcelana com aquela pele que era tão linda quanto a neve e aquela boca fina e avermelhada...

Eu entendo como ela se sente em relação ao amor, mas não concordo em ela afastar o próprio pai só por medo de ele morrer.

E aquela história de ser rejeitada...

Acordei logo cedo e desci para o andar de baixo, o pai dela já estava de saída quando me viu.

- B-bom dia... – agora que eu percebi que não sei o nome dele

- Você é o Bruno certo? – fiz que sim com a cabeça – Espero que tenha tido uma boa noite de sono, a Lua ainda não acordou e eu estou atrasado, se importa de ir lá acorda-la?

- Eu vou lá então...

- Obrigado. – ele parecia ser uma pessoa legal.

Subi de novo indo para o quarto da garota e bati na porta, mas não obtive nenhuma resposta. Bati de novo e nada.

- Lua sou eu, Bruno. Estou entrando.

O quarto dela era bem grande e não, ele não era todo rosa, tinha uma varanda grande que tinha a porta de vidro, uma penteadeira, varias coisas femininas, uma cama e um criado mudo do lado.

A coroa estava em cima do criado mudo.

- Lua?

Percebi que a garota não estava em lugar nenhum do quarto, resolvi arriscar e abrir uma das duas portas de madeira escura que havia ali era um closet gigante e cheio de roupas e sapatos, ela não estava ali.

- Lua?

Ouvi um barulho vindo da outra porta que provavelmente é o banheiro, bati na porta

-Lua? – silêncio e depois algo caindo – Lua eu vou entrar!

Ela estava agachada de frente para a privada e ao que parece estava vomitando

- Lua! Você está bem? Está pálida...

Ela tentou dizer algo, mas desistiu e se levantou. Mal ficou de pé e ela teve que se apoiar na pia para não cair. Peguei-a no colo e a coloquei na cama.

Chamei uma das empregadas e ela rapidamente ligou para um médico que demorou meia hora para chegar.

O médico examinou a Lua e depois disse que era melhor eu ir para casa descansar, eu tentei ficar, mas tive que sair e então resolvi ir para casa.

Cheguei lá e percebi que eu estava mesmo preocupado com ela, comecei a me lembrar da nossa conversa.

Eu tive a sensação de que já conheço aquela garota não sei da onde, mas conheço. O nome dela me é familiar... Lua... Aonde eu já ouvi esse nome?!

Quando eu era pequena... Eu fui rejeitada por um garoto que eu amei muito e isso me traumatizou eu acho.

Essas palavras que ela me disse ficaram rodando em minha cabeça...

Fiquei pensando a noite toda, tentando me lembrar de algo que eu havia esquecido.

Acabei tendo um sonho de quando eu ainda era pequeno, uns onze anos talvez, eu estava conversando com uma garota um pouco menor do que eu, ela tinha cabelos longos e castanho-escuros, não consegui ver o seu rosto, mas ela me pareceu familiar, a garota começou a chorar e saiu correndo.

Na tarde anterior eu tinha anotado o nome do hospital antes de ir embora e resolvi ir até lá falar com Lua. Pedir desculpas talvez, eu precisava falar com ela, explicar o que aconteceu naquele dia.

Mas não foi bem assim que aconteceu...

- Com licença, eu gostaria de saber como está a Lua. –eu perguntei ao pai dela que estava na porta de um dos quartos

- Oh você... Bruno certo?

- Sim, aconteceu alguma coisa?

- A minha filha não lhe contou?

- Contou o quê? O que ela tem?!

-... – ele parecia indeciso – Insuficiência Renal Crônica...

- Ela...

- Ela está fazendo hemodiálise, mas não está adiantando, ela precisa de um transplante.

- E vocês já acharam um doador?

- Creio que isso não será possível.

- Como assim?!

- O tipo sanguíneo dela é O- e não tem nenhum doador com esse tipo sanguíneo na fila, à única pessoa que eu conheço que tem O negativo era a mãe dela que faleceu há alguns anos...

- Eu... O meu sangue é O negativo.

Ele pareceu mais esperançoso.

- Você doaria...

- Sim, só precisamos fazer um teste para ver se é possível certo?

Fizemos o teste que foi pedido com urgência e eu não tive tempo de falar com a Lua, o resultado ficaria pronto no dia seguinte.

Só consegui falar com ela a noite, quando ela já estava acordada.

- Bruno! – ela parecia feliz em me ver

- Por que não me contou?

Ela pareceu confusa

- Então você já sabe...

- Sim, o seu pai me disse.

- Entendo...

- Nós encontramos um doador pra você.

- Sério?!

- Uhum.

No dia seguinte recebemos o resultado e logo estava indo para a sala de operação, eu pedi que não contassem quem era o doador.

Algumas horas depois eu já estava sendo levado para um quarto e só teria alta depois de dois dias.


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