- Lílian está quase na minha. – Tiago falou observando a menina que estudava numa mesa do Salão Comunal.
- Ah...verdade? – Remo respondeu distraído.
- É, verdade. Tão na minha que não para de olhar pra mim... - Tiago acrescentou passando a mão nos cabelos e sorrindo com todos os dentes.
- Deve ser porque você está com bigode de chantilly. – sugeriu Pedro com timidez.
- Quê?! – Tiago olhou para seu reflexo na janela. – Droga!
Tiago se levantou e disparou para o banheiro, Pedro logo atrás.
- Eu iria com eles se essa poltrona não fosse tão gostosa. – disse Sirius para Remo, afundando ainda mais na poltrona vermelha.
- Eu iria com eles se não estivesse com... dor nas costas. – Remo respondeu.
Sirius se levantou da poltrona imediatamente, parecendo irritado. Agarrou Remo pelo pulso, fazendo-o largar um pergaminho, que escorregou para o chão devagar.
- Não vou mais ficar vendo você reclamar de dor nas costas, Aluado, seus problemas acabaram – Sirius falou puxando o amigo para o dormitório masculino.
Os dois subiram as escadas, Sirius empurrou Remo para dentro de qualquer dossel e fechou a porta do quarto.
- Tira a camisa. – ele disse dobrando as mangas e tirando um ou dois anéis dos dedos.
- Vai me estuprar? – Remo perguntou irônico.
- Não dê idéias. Tira a camisa?
Remo soltou u muxoxo.
- Que foi? Já disse que não vou te estuprar, senão já teria o feito.
Remo tirou a camisa numa velocidade impressionante e a atirou na cara de Sirius cruzando os braços e se virando de costas.
- Pronto, pode começar. – ele disse depois de ter certeza que Sirius não podia ver suas costelas do ângulo que estava.
Sirius bufou e fez Remo se sentar na cama com as pernas cruzadas. Sentou-se logo atrás.
- Relaxa os ombros.
- Quê?
Sirius colocou as mãos nos ombros de Remo e os empurrou para baixo. Soltou o amigo e começou a esfregar as mãos. Colocou uma das mãos agora quentes no pescoço de Remo.
- Melhor assim?
- ...é. Melhor.
Sirius começou a massagear os ombros com força e foi escorregando para o meio das costas, seguindo a coluna vertebral de Remo.
-Hm... –Remo sorriu e se aconchegou na cama.
-Ainda tá doendo?
- Mais pra cima.
- Aqui? – Sirius perguntou com as mãos um pouco acima do meio das costas.
- Não, mais para o pescoço.
Sirius subiu devagar esperando Remo falar onde era. Sentia os pelos claros do amigo se arrepiando à medida que sua mão deslizava por suas costas.
- Remo?
O menino demorou a responder.
- Sim?
- Você está com frio?
- Frio?
Sirius não respondeu e resumiu sua pergunta escorregando o indicador pela coluna do amigo, fazendo seus pelos se arrepiarem ainda mais. Não estava com frio. Quisera ele saber com que estava.
- Ah. – disse Sirius. – Já entendi.
Entendeu? Entendeu o quê?
- Não passo mais a mão nelas. – ele se desculpou.
Remo demorou um pouco para entender que Sirius se referia as cicatrizes em suas costas.
- Ah. Não, não tem problema. – ele respondeu.
- Não?
- Não.
As mãos de Sirius, então, tomaram mais liberdade e foram quase automaticamente para a curva entre o ombro e o pescoço de Remo, que era, por uma coincidência infeliz, o local da mordida do ataque de Greyback.
- AH, não, mas aí não! – o garoto exclamou dando um pulo na cama.
Sirius se assustou e soltou o amigo imediatamente.
- Desculpe. – ele disse constrangido.
Remo cobria a marca com a mão e fazia uma careta de dor.
- Remo?
- Tudo bem.
Não muito contente com a resposta, Sirius tirou cuidadosamente a mão de Remo do ombro do mesmo e analisou a mordida.
- Sirius, não mexe aí. – Remo pediu.
- Confia, eu sei o que fazer. – Sirius disse se aproximando.
- Não... Sirius, não mexe aí!
Sirius ignorou os apelos. Antes que Remo pudesse dizer qualquer coisa a mais, o rapaz sentiu todos os seus pelos se arrepiarem, o coração disparar e uma sensação estranha no estômago. O machucado que ardia agora formigava de um jeito quase relaxante, e a sensação se espalhava lentamente por todo o corpo do menino. Quando Sirius finalmente afastou os lábios do pescoço do amigo, Remo sentiu que ia cair da cama.
- Sirius?
- Que foi? – mais uma vez, Remo duvidava da capacidade de Sirius de distinguir o normal do esquisito.
O rapaz não respondeu, esquecendo-se do que falava. Sirius não entendera o que havia feito e Remo não entendera o que havia sentido.
- Passou? – Sirius perguntou finalmente, ainda olhando para a mordida.
- Passou. – Remo admitiu nervoso.
- Eu sabia. Funciona com tudo. É para dores em geral.