O Conto da Holy Serenity escrita por Marjyh


Capítulo 24
Arquimídia - Parte 4


Notas iniciais do capítulo

E ai gente, sei que demorei um bocado... E peço desculpas se ficou ruim, eu estava meio sem inspiração na maior parte D:
Mas, no fim eu acabei conseguindo recuperar um pouco e consegui escrever algo com um pouco mais de qualidade ^^"
Desejo uma boa leitura!



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Parte 4: Traidor

Apertei a mão do Caxias quando me foi estendida, ainda em choque com tudo aquilo. No fim, realmente encontramos a Torre das Ilusões, mas... Ao olhar ao redor, percebo que fomos os primeiros. Suspiro, sentindo medo de que todos os outros não tivessem conseguido... O elfo soltou a minha mão, ajeitando os óculos.

- Ah! – Exclamei, despertando dos meus pensamentos. – Me chamo Holy Serenity!

- Eu sei, Grandark me disse.

Suspirei, coçando meu braço, sem jeito. Acho que não causei uma boa primeira impressão... Quando olhei novamente para o Caxias, ele continuava e olhando, mas dessa vez parecia atento a algo.

- Diga-me, senhorita Holy, você se machucou?

- Ahm? – Pisquei os olhos, surpresa. – Não.

Grandiel suspirou, fechando os olhos como se estivesse preocupado e decepcionado ao mesmo tempo. O que raios estava acontecendo?

- Diga-me... Por acaso Grandark usou alguma magia especial perto de você?

- Bem...

- Se eu não usasse iriamos cair e morrer! – Grandark gritou, antes que eu terminasse.

O elfo olhou de forma dura para o demônio de olhos verdes. Senti um frio na barriga, olhando para ambos, confusa. Caxias voltou-se para mim novamente e se abaixou para ficar na minha altura como se eu fosse uma criança.

- Holy... Você sabe que o Zero não está bem, certo?

Acenei positivamente com a cabeça.

- Existe um motivo pelo qual Grandark estava naquela espada antigamente. – Ele me olhava seriamente nos olhos. – Um corpo, seja asmodiano ou humano, não aguenta o tamanho do poder que ele possui... Quando ele usa os seus poderes, o corpo do Zero se machuca cada vez mais por não suportar sua potencia...

Senti meu coração apertar no peito, já entendendo o que ele estava querendo dizer. Olhei para Grandark, ele estava com as mãos na cabeça e virado de costas para mim, mas não parava de mexer as pernas, como se inquieto. Voltei a olhar para Caxias, que continuava a me olhar atentamente.

- Eu não sei as situações que vocês estavam quando ele usou magia... Mas... – Ele levou a mão então ao meu ombro, puxando o tecido, ao olha-lo, vi sangue.

Arregalei os olhos ao ver o liquido vermelho já seco na minha roupa. Me lembrei então, quando Grandark tossiu por cima do meu ombro quando fechou as asas da Investida Destruidora ao meu redor. Olhei para o demônio de olhos verdes, que estava de braços cruzados, ainda de costas.

- Ele... Está morrendo?

- Se ele continuar a usar suas magias, ele vai morrer sim.

Por isso ele não usava nenhuma tática mais elaborada ou algum tipo de magia mais forte... Abaixei o olhar. Caxias se levantou e olhou para fora. Eu não sei o que pensar agora, eu gostaria de ter palavras para dizer mas... Eu realmente não sei o que dizer.

- Ei, vocês conhecem ele? – Ouvi o elfo dizer e levantei a cabeça, confusa.

- Ele..? – Grandark enfim falou algo, mesmo que ainda meio irritado.

Olhei para trás, vendo um rapaz de cabelos brancos saindo dos arbustos. Reconheci imediatamente as roupas e os olhos vermelhos, era Azin. Sorri de leve, sentindo-me grata por ver algum conhecido bem... Ele olhou ao redor, visivelmente perdido, mas... Ele estava bem mais sério do que o normal...

- Sim, ele é! – Imediatamente corri para fora da barreira.

- Holy, não! – Ouvi Grandark gritar antes de sair.

Do lado de fora, levantei o braço, acenando.

- Azin!

O “novato” me olhou, sorrindo imediatamente e correu na minha direção.

- Holy, que bom que está bem!

Sorri para Azin, observando-o. Ele parecia cansado, apesar de parecer perfeitamente bem.

- Onde está o Grandark? – Ele me perguntou, olhando ao redor.

- Ele está dentro da barreira da torre.

Azin soergueu as sobrancelhas, visivelmente surpreso, olhou ao redor. Não consegui conter um risinho, identificando a reação dele com a que eu tive ao ouvir sobre “chegamos e a torre está aqui”.

- Ela está invisível, vem cá.
Chamei-o com a mão, adentrando na barreira que eu havia acabado de passar. Ao terminar de entrar e olhar para a dupla do lado de dentro, eles estavam terrivelmente sérios. Estranhei, ajeitando minha postura.

- O que foi?

- Esse rapaz... Ele não passa da barreira. – Respondeu Caxias.

Olhei para trás, vendo Azin tocando na barreira como se fosse uma espécie de vidro. Eu senti no meu interior que aquilo não era bom, mas... Não podia ser verdade. Meu coração apertou novamente enquanto olhava aqueles olhos confusos fitando o nada.

- O que isso significa?

- Ele é um servo do Maligno.

- Eu sabia que não deveríamos acreditar nele. – Grandark rosnou, caminhando na direção do Azin com a espada em mãos.

- O que você vai fazer?! – Exclamei, sentindo um terror tomar conta de mim.

Meu protetor me olhou friamente quando parou ao meu lado, eu o olhava, sentindo um desespero crescente de imagina-lo fazer algo que pudesse machucar Azin. Aquilo não podia ser verdade.

- Uma coisa que deveria ter feito a primeira vez que eu o vi.

Após dizer isso, Grandark desferiu uma estocada com sua arma na direção do rapaz que ainda estava parado em frente a barreira. Senti meu coração se apertar ao ver aquilo, corri para segurar o braço do meu protetor, numa tentativa de tentar impedi-lo.

- Não!

Quando olhei na direção do Azin, vi que ele havia pulado para trás a tempo, senti meu coração ficar um pouco mais leve, mas quando olhei para Grandark, ele me olhava furiosamente, me afastando com um movimento brusco do braço. Sem conseguir me segurar, cai para trás, libertando-o da minha tentativa de mantê-lo parado. Assim que o vi novamente, estava do lado de fora da barreira, encarando Azin, que estava com a cabeça baixa, quieto. Eu precisava parar aquilo.

Mas, quando fui correr na direção deles, senti uma mão me conter pelo braço, ao olhar vi que era Caxias. Cerrei os dentes.

- Me deixe ir!

- Calma... Observe antes.

Voltei meu olhar para o lado de fora.

- O que foi, novato? – Inquiriu Grandark, apoiando a espada no ombro. – Ficou com vergonha de termos descoberto sua verdadeira face, eim?

Azin suspirou, erguendo o rosto devagar. Seus olhos estavam sem brilho humano algum, como se tivessem se tornado dois poços obscuros, uma sombra cobria seu rosto e... De alguma forma, senti uma aura maligna. Não lutei mais contra Caxias, eu não conseguia parar de olhar aquela face transformada em um monstro em sentimentos.

- Eu estava tão perto... – Azin suspirou, dando de ombros, com um sorriso sádico nos lábios. – Com certeza o Maligno iria ficar orgulhoso de mim...

- Seu imbecil!

Sem dizer mais nenhuma palavra, Grandark pulou na direção do traidor, manejando a espada de baixo para cima. Com um sorriso convencido nos lábios, Azin pulou para trás, desviando do golpe sem nenhum problema, até com as mãos nos bolsos. Meu protetor o olhou com uma fúria verdadeira. Senti meus olhos começarem a se encher de lágrimas, algo dentro de mim se remexia, eu não posso negar que eu temo o resultado dessa luta. Cerro meus dentes, fechando os olhos.

- Holy... – Escuto Caxias falando com uma voz calma ao meu lado, colocando a mão em meu ombro. – Olhe-me.

Hesitantemente, abro meus olhos, fitando o elfo que me olhava de maneira calma, novamente abaixado para ficar à minha altura.

- Grandark me contou sobre quem você é... Sim, você não é desse mundo, eu e ele sabemos disso, e é bem capaz de até mesmo Ryan saber disso, apesar agir de uma maneira descontraída, ele tem uma ligação profunda com as energias da natureza: sua energia é diferente desse lugar. – O elfo respirou fundo, passando a mão pelo meu rosto para enxugar minhas lágrimas. – Esse mundo não é o lugar puro que você conheceu, tenho certeza que já percebeu isso, e por mais que aquele teimoso não queira dizer isso, Grandark se preocupa com você. Mas, sei que você não viria parar aqui por acaso, você tem a força, Holy. Não tenha medo, acredite em você.

Caxias sorriu ao terminar. Senti meu coração um pouco mais leve ao escutar aquelas palavras, porém senti uma onda de tristeza tomando conta de mim. Apertei minha saia e abaixei a cabeça, numa tentativa de esconder meu rosto com meu cabelo. Não acredito que deixei que a escuridão daquele mundo tomasse um espaço no meu coração. Sim, sempre estive cheia de dúvidas que lentamente se transformaram em revolta e minaram minhas certezas. Respirei fundo, expulsando aqueles pensamentos ruins da minha mente e olhei para Caxias, sorrindo como eu podia.

- Obrigada.

Um som de madeira quebrando chamou nossa atenção e me lembrei da luta que ainda acontecia. Olhei para fora da barreira, vendo Grandark se apoiando em uma árvore que estava quebrada na altura das suas costas, um filete de sangue escorria da sua boca e arfava extremamente cansado. Azin sorria de uma maneira sádica se aproximando do homem que me protegia.

- Ele usou magia... Droga! – Murmurou Caxias, já se levantando.

Apertei meus punhos, pegando o pequeno cubo azulado e o apertei em minha mão direita, tornando-o novamente na minha arma. Eu não vou deixa-lo tirar mais ninguém de mim. Corri na direção do Azin, sentindo minhas pernas até mesmo respondendo mais rapidamente aos meus instintos. Quando eu estava prestes a atingi-lo, ergui meu martelo, acertando o rapaz que estava machucando Grandark. A força que usei junto com o peso do martelo lançou Azin contra uma árvore. Com o impacto meu oponente expeliu todo o ar de seus pulmões, atordoado, me olhou.

Não pude impedir um sorriso, sentindo meu corpo transbordar de energia. Apoiei meu martelo no chão e apontei meu dedo para ele.

- Prepare-se, a justiça divina cairá sobre você!

Azin riu, mexendo os pulsos e estralando o pescoço. Soergui as sobrancelhas, vendo uma energia azul cobrindo o corpo do meu oponente, tomando forma de orelhas de raposa no alto da sua cabeça e de um rabo cheio da mesma cor saindo no fim da sua espinha. Senti um arrepio cruzar meu corpo ao me lembrar do que a Amy disse quando voltávamos para Vermécia.

“Raposa azul”

- Não... – Murmurei em choque. – Não pode ser você.

Azin riu, entrando em uma postura ofensiva um pouco diferente das que vi ele usar quando lutamos juntos.

- Agora você entendeu?

Cerrei meus dentes, sentindo uma ira enorme tomar conta de mim. Ainda me lembro do sorriso do Jin, sinto falta de conversar com ele. Era meu amigo, meu melhor. Esse maldito tirou do meu alcance o Jin desse mundo... Apertei meu martelo.

- Por quê?! Por que você fez isso?!

- Por que ele era inferior a mim, e eu tinha que provar isso para meu mestre.

- Ho... Ly... – Ouvi Grandark murmurando ao meu lado, e ao olha-lo, vi que ele estava tentando ficar de pé. – Vai para a barreira, ele é meu.

Acabei sorrindo de leve ao ver que ele continuava um grande teimoso, mesmo claramente ferido demais, continuava querendo bancar o durão. Respirei fundo, fechando meus olhos e rezei brevemente, sentindo uma energia se acumular em minha mão, estendi-a para cima, lançando aquela magia sobre mim e sobre Grandark.

- Benção!

As feridas pelo corpo do Zero começaram a se curar lentamente, enquanto ele se olhava, impressionado. Sorri contente por tê-lo surpreendido. Enfim me virei para Azin, a raposa azul, o traidor... Por que as coisas tinham que terminar daquela maneira? Poderíamos ter trabalhado juntos para deter o Maligno... Apertei o cabo do meu martelo.

- O que foi, “limãozinho”? – Azin falou num tom de deboche, rindo. – Mudou de ideia?

- Não... – Sorri, sentindo um aperto no meu peito. – Eu não mudei de ideia, mas... Você pode! Não precisamos lutar, Azin, você pode se redimir pelos seus pecados, pagar por eles, não precisa ser assim!

O sorriso sumiu dos lábios do guerreiro, que me encarava de uma maneira fria. Um vento soprou na copa das árvores, derrubando algumas folhas arroxeadas pelo ambiente. Pude notar, por um momento, um brilho infeliz nos olhos avermelhados do guerreiro, uma centelha humana que logo desapareceu em um mar de fúria.

- Eu não vou voltar atrás.


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