Meu Acampamento de Verão escrita por Diva Fatal


Capítulo 28
Capítulo 28: Inicio da perdição


Notas iniciais do capítulo

Demorei pra postar por que estou de castigo. Tive de ir a casa da minha colega escrever a fic.



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Os vidros se quebravam e os bicos de ferro dos pássaros eram postos para dentro tentando comer tudo em sua frente.

A sala estava completamente tomada, o andar de cima era o único que não havia sido tomado. Eram como um enxame de abelhas cobrindo a luz. Vultos sob as janelas cobertas e tampadas com caixas de papelão, colchões de mola, cortinas e meu armário que segurava a porta.

-Esses pássaros não estão normais... –Observei sentindo o medo subir a espinha.

-Acho que estão de TPM. –Drew correu abrindo o meu closet. –Vamos, para de baixo da roupa! –Ela gritou e se enterrou por entre alguns vestidos, bolsas, sapatos e enfeites felpudos.

-Isso não é hora de brincar. –As garras das aves cortavam a porta e estilhaçavam o colchão.

Graças as molas da cama, eles foram retardados e lutavam para libertar as patas das muitas molas duplex.

O meu armário estava balançando, provável que as aves já tivessem penetrado a porta e agora faltava apenas um armário de carvalho e isso não os seguraria.

Corri paras o closet me juntando a Drew num montinho de roupas. Derrubei o cabideiro fazendo muito mais coisas caírem a cima de nós nos soterrando sob aquele monte.

-Oh, gostei desse vestido. –Ela pegou o vestido vermelho com decote gola V, bem chamativo pela cor forte e por ser muito aberto.

O vestido descia até a ponta dos pés fazendo babados leves e sutis.

-Oh, é uma Marchesa! –Ela quase babou em cima do vestido vermelho.

-Drew!

-Que foi?

-Não é hora pra isso, larga o vestido. –Usei meu tom de advertência que era apenas reservado para Drew e Mary.

-Mas é uma Marchesa...

-Nada disso, você prefere morrer bem vestida ou sobreviver e poder usar outros vestidos? –Perguntei-a.

-Ambos. –Ela respondeu.

-Drew! –Cravei as sobrancelhas com meu olhar sério, fuzilando-a.

Ela soltou o vestido floral vermelho e soltou um gemido.

-Marchesa, sobreviva.

Eu podia jurar que ela estava chorando com dor do vestido. Revirei os olhos e ouvi o estrondo dos pássaros invadindo o quarto. O som agudo de corvos roucos berrando procurando por carne de semideus.

Um dos pássaros voou muito depressa passando pelo armário e batendo numa das estantes que estavam prendendo o colchão na janela. Minha bolsa em cima da estante caiu e eu juro que chorei assim como Drew.

-M-minha Prada... –Choraminguei sentindo as lagrimas virem aos olhos. –Tudo menos minha Prada.

O pássaro debateu-se e cravou as garras na bolsa vermelha, lápis de olhos, extensão de cílios, chapinha portátil, escova elétrica. Tudo, tudo começou a cair, mas quando vi o meu brilho labial de cereja quebrando no chão... A raiva tomou conta.

-Ninguém meche na minha Dolce E Gabbana e sobrevive para contar a história! –Pulei do monte de roupas. Peguei a primeira coisa que vi pela frente (Uma das prateleiras de vidro que seguravam meus batons na parede como se fosse uma vitrine). Corri para cima dos pássaros com toda o ódio que eu tinha. –Morra fera maligna, destruidora de Prada, volte para o inferno de onde saiu!

Bati com tudo no pássaro. O vidro partiu-se cortando minhas mãos e meu pulso esquerdo. Lascas de vidro quebraram e penetraram não só a asa do monstro, mas também toda a extensão do seu corpo.

O bicho grunhiu e mancando tentou se afastar. Segurei com força um dos estilhaços em minha mão, isso fez sangue jorrar, mas não me importei, já tinha sentido aquela dor antes. Perfurei sem dó o pássaro. Da ferida sangue verde brotou melando o chão e a mim. A fera não se desintegrou, até que saquei o chicote e fustiguei-o contra a fera, na mesma hora sua cabeça voou e se pulverizou em areia dourada.

-Isso é pela Prada. Seu asqueroso. –Rugi, mas não tinha me dado conta de que estava cercada, havia sido tomada pela raiva e não percebi que estava numa sala cheia de pássaros da Estinfália.

As feras pareciam atordoadas e ressentiam com um certo medo. Tinha de agir antes que o susto deles passe. Girei o chicote em minha mão direita fazendo-o rodar imitando um furacão. O fogo ao decorrer fazia uma cortina vermelha e amarela. Os pássaros se aproximaram investindo e na mesma hora foram pulverizados em areia dourada.

Um deles foi mais esperto e se abaixou fazendo um rasante por baixo da minha perna, as penas de ferro bateram na batata da minha perna e na mesma hora eu desmoronei. O chicote investiu queimando uma parte do chão deixando a madeira onde tocou preta.

Todos partiram para cima de mim, minha visão completamente preta, era um mar de preto. As bicadas perfuravam com voracidade, senti o puxão na minha perna direita e logo vi o buraco fundo de onde deveria estar a carne da minha coxa; um furo ensanguentado na minha perna. Meus braços continuavam sendo arranhados e perfurados por bicos.

-Aaahhh!! –gritava de dor sentindo os bicos cravando em minha carne.

Ouvi um barulho como um grande e pesado bater de asas, era um som quase musical, intenso, sutil e gracioso. Corri as mãos protegendo o rosto o máximo possível. O travesseiro estilhaçado na minha janela voou para longe seguido por uma ventania como se um furacão tivesse invadido o meu quarto. Tudo se revirou aglomerando-se na direção da porta batendo contra a parede.

-Gaah! –Drew gritou dentro do closet.

Uma grande luz brilhou em prata, meus olhos foram segados. Só tive tempo de ver os pássaros se desintegrando virando areia dourada. Minha pele se aqueceu como se estivesse começando a pegar fogo. A luz lentamente abaixou, senti toques leves como pinceis pincelando minha pele bem nas regiões feridas.

Dor? Nenhuma. Nada mais importava, aquilo fez-me entrar em puro êxtase. Meus braços e pernas não sangravam mais, porém, meu vestido nunca mais seria o mesmo, estava chamuscado e esburacado. Senti as pinceladas seguirem até o fundo do fígado, onde um dos pássaros havia feito um tremendo furo e arrancado um pedaço.

Aquilo era intoxicante. Um veneno que me deixava estável e completamente vulnerável. Não, não era veneno, era um toque delicado de leve. Era o toque de um anjo.

Quando a luz se dissipou, observei quem era o meu salvador. Gabriela Alencastro se encontrava parada com um casaco moletom tricô preto e branco. Por baixo uma camisa branca de algodão. Calças jeans azuis junto a um salto alto preto.  Em sua mão estava um livro capa dura todo preto com um cisne negro voando um palco encoberto por luzes fortes, nele escrito estava: “Cisne Negro” .

Ouvi passos subindo as escadas. Uma garota ruiva parou na porta com a mão sobre o peito, ela suspirava e parecia cansada.

Cabelos ruivos que desciam até um pouco a baixo dos ombros. Olhos marrons escuros. Seu nariz e suas maçãs do rosto estavam cobertas por sardas. Pele bem clareada. Trajava um casaco marrom com quatro bolsos zíper. Calça jeans, que antes era preta, agora estava rabiscada e cheia de desenhos a caneta colorida. Lábios finos num tom rosado. Suas unhas estavam sujas de tinta de tela amarela. Seu sapato preto velcro fazia um som leve contra o chão de madeira queimado quase ao ponto de transformar-se em brasa.

-Rachel...

-Gabbe. Phoebe. Drew. –Ela encarou cada um naquela sala com imensa preocupação. –A perdição acaba de começar.


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