Stay Alive escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 32
Sessões Individuais - I


Notas iniciais do capítulo

Olá! Agora, estou quase de férias!
Quem se lembra do meu self-inserction? Eu o usei em um capítulo apenas, e, agora, ele está de volta! No entanto, mais uma vez, não ficará por muito tempo.
Tenham uma boa leitura!



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Todos os Idealizadores dos Jogos tinham uma boa ideia do que havia acontecido com Giullia Lepiane para convencê-la a ser a Idealizadora-Chefe naquela edição dos Jogos Vorazes.

Parte da história dela era conhecida em toda Panem – uma adolescente, que idealizara uma arena na escola para um concurso, fora chamada para exercer aquele cargo tão importante por uma única vez, como forma de dar mais novidades e atrativos à 58ª Edição.

Mas, embora muitos pudessem imaginar, ninguém tinha de fato ouvido o que realmente tinha acontecido com aquela menina, que inicialmente recusara a proposta, para que ela estivesse lá naquele momento.

A verdade estava escrita em seus olhos, mas não havia quem ousasse lê-los. Estava por trás dos movimentos trêmulos dela, de sua postura assustada e receosa, e de todos os outros sinais de tortura que Giullia apresentava. E era tudo tão evidente que a única forma de os Idealizadores ignorarem era ignorando-a.

Não que eles parecessem ter algum problema nisso. Já fazia alguns dias que a ignoravam com maestria, cumprindo com seus deveres normais como se ela sequer estivesse entre eles, embora ela estivesse lá para comandá-los. E Giullia também não se incomodava com aquilo, não tendo olhado para ninguém por mais de alguns segundos desde que chegara lá.

E agora, faltava pouco tempo para o horário de dar início às sessões individuais, e todos os Idealizadores estavam sentados em torno da grande mesa repleta de comida que fora posta lá para eles, comendo e conversando, não só sobre os tributos como também sobre muitos outros assuntos paralelos.

Sentada no centro da mesa, Giullia Lepiane apenas encarava a gelatina à sua frente sem parecer preocupada em prová-la. Sua expressão vazia deixava evidente que sua mente estava em outro lugar longe dali, e ela já permanecia nessa mesma posição, sem se mover, por vários minutos quando finalmente pegou seu bloco de notas e, após rabiscar algumas coisas, declarou:

– Está na hora.

Ela falou baixo, mas todos os Idealizadores ouviram e pararam para olhar para ela por um segundo – um erro que foi rapidamente reconhecido, e que logo eles consertaram desviando os olhares novamente. Os que estavam de pé sentaram e, quando todos se serviram de mais vinho, a treinadora-chefe prontamente se dirigiu para o aposento onde os tributos aguardavam, para chamar o primeiro deles.

Dentro de alguns segundos, ele chegou. Um garoto de dezessete anos de idade, alto e forte, de cabelos negros e bagunçados que anunciou:

– Ryan Ferdinand, Distrito 1.

Todos tinham os olhares presos nele – Ryan tinha definitivamente muita sorte por ser o primeiro, porque além de ficar livre mais cedo, os Idealizadores também ainda não estavam dispersos – e ele se dirigiu à seção de lanças.

Selecionou duas delas, grandes, pesadas e afiadas, e carregou cada uma delas com uma mão. Voltando-se para um boneco de treinamento, ele logo atirou uma das lanças contra o coração dele, e ela o atravessou, por pouco não saindo pelo outro lado. A segunda lança foi arremessada logo em seguida, e dessa vez, perfurou o crânio do boneco.

Ryan, então, pegou um facão e, se aproximando do boneco, partiu as duas lanças ao meio em um só golpe. Um lado delas permaneceu preso, e o outro caiu no chão, inutilizado.

– Obrigada, Sr. Ferdinand – Disse Giullia, e o garoto usou a deixa para se retirar.

A segunda pessoa a entrar foi uma garota que, coincidentemente, também tinha dezessete anos e cabelos negros. E como seu parceiro de distrito tinha feito, ela parou em frente à mesa dos Idealizadores dos Jogos e falou:

– Reyna Mackenzie, Distrito 1.

Apesar de todas as semelhanças com Ryan, Reyna não foi para a seção de lanças, e sim para a se arco e flecha. Jogou uma aljava sobre o ombro, pegou um arco e foi para o circuito das cordas.

Mesmo com tantas coisas em mãos, ela conseguiu fazer a escalada até o topo em poucos minutos, sem cair. Uma vez lá em cima, tomou cuidado para se firmar antes de sacar a primeira flecha e, com cuidado, encaixá-la no arco e atirá-la em um boneco, metros abaixo dela. Quando conseguiu, repetiu esse processo mais três vezes, sem errar.

Terminando isso, fez menção de voltar a descer, mas antes pareceu ter ideia melhor. Pegando mais uma flecha, apontou o arco diretamente para a grande bandeira de Panem que ficava presa a uma parede e atirou a flecha bem para o centro dela. O tecido tremulou quando foi acertado, e os Idealizadores ficaram sem reação enquanto Reyna descia e devolvia seu equipamento ao lugar em que o tinha pegado.

Mas nada foi dito a ela. Ela foi dispensada normalmente, e o próximo tributo foi chamado.

O rapaz tinha uma boa aparência, apesar da cicatriz que tinha sobre uma sobrancelha. Tinha dezesseis anos de idade, e se apresentou como “Daryl Dixon, Distrito 2”.

Com uma espada em uma mão e uma lança em outra, Daryl mostrou movimentos muito precisos e bem treinados enquanto destruía boneco atrás de boneco. Os Idealizadores o assistiram e tomaram algumas nota e, assim que ele terminou, Giullia balançou a cabeça lentamente.

– Está liberado, Sr. Dixon.

Sem demoras, chegou o quarto tributo, cujos olhos verdes penetrantes haviam chamado a atenção da Capital, assim como a mecha rosa em seus cabelos castanhos. Não era sempre que se via um morador de um distrito com o cabelo colorido – isso era um hábito comum apenas entre os residentes da Capital.

E a garota de quinze anos, assim como todos os outros Carreiristas, pareceu segura de si ao falar:

– Louise Clewater, Distrito 2.

Ela foi arranjar uma espada em seguida, e passou o tempo seguinte destroçando bonecos, como o companheiro de distrito dela havia feito antes. Alguns Idealizadores comentaram entre si, com um sorriso, sobre o quanto Louise e Daryl sempre pareceram não se entender bem, mas tinham tantas semelhanças – como ter escolhido a mesma apresentação para suas sessões individuais.

Na hora, Louise não pareceu tê-los ouvido – a tarefa com a espada, que ela cumpria com destreza, exigia muita concentração, e ela seguiu sem se interromper por mais alguns momentos. Mas ficou claro que ela tinha, sim, escutado, no instante em que foi dispensada, e saiu praguejando baixo, jogando a espada com força no chão em frustração.

Eles ainda não tinham parado totalmente de rir quando o tributo alto e loiro de dezessete anos de idade entrou e, após passar um tempo parado esperando que lhe dessem atenção, finalmente cansou daquilo e disse, de uma vez:

– Hunter Wayne, Distrito 3.

Os Idealizadores olharam para ele que, mais satisfeito, foi para a seção de arco e flecha.

Hunter passou os primeiros instantes de sua apresentação testando o arco e selecionando as melhores flechas, e então foi até os alvos circulares, que tinham sido negligenciados pelos outros tributos, por terem preferido os bonecos. Posicionou-se, e começou lançando uma flecha no primeiro alvo.

Depois disso, ele prosseguiu com uma velocidade impressionante. Com um intervalo de apenas quatro segundos entre cada flechada, acertou três alvos bem no centro, duas flechadas em cada, e finalizou com um sorriso simpático para os Idealizadores quando eles o liberaram.

A próxima a entrar foi uma garota de dezesseis anos com cabelos compridos e escuros. Ela já tinha sido bem comentada nos dias anteriores por ter formado uma aliança com os Carreiristas – era o primeiro caso de um tributo de um distrito que não o Um, o Dois e o Quatro conseguir tal proeza antes mesmo da abertura dos jogos – mas mesmo assim, como era de praxe, a primeira coisa que ela fez foi dizer:

– Elizzy Viscovt, Distrito 3.

E pouco tempo depois, já estava com facas em mãos.

Ela andou dos alvos circulares para os bonecos algumas vezes, como se tentando se decidir qual deles usar na apresentação, e parecia estar prestes a escolher os bonecos quando subitamente se virou e atacou um Pacificador.

Ele reagiu imediatamente, tentando segurar Elizzy, mas ela já esperava aquilo e desviou. Uma breve luta se seguiu, em que ele tentava contê-la enquanto ela insistia em combatê-lo, e só não durou o suficiente para chegar a um desfecho porque logo foi dito:

– É o bastante, Srta. Viscovt.

Elizzy pareceu um tanto decepcionada pela dispensa antes da hora, mas devia ter sido instruída a obedecer aos Idealizadores, porque soltou as facas e deu um passo para longe do Pacificador. Não parecia se importar com o fato de aquele homem provavelmente estar para perder o emprego por causa daquilo.

Quando ela estava saindo, ainda exclamou:

– Eu tomaria muito cuidado se eu fosse os outros tributos!

Alguns Idealizadores se entreolharam antes de mandar que o próximo tributo fosse chamado.

Ele tinha cabelos loiros e olhos verdes, assim como uma cara de poucos amigos. Aos dezoito anos, mais parecia um adulto do que um adolescente.

– Carter Trent, Distrito 4. – Ele falou, em bom tom, já a caminho da seção de lanças.

Embora ele não tenha se envolvido com Pacificadores, não poupou nenhum tipo de alvo: tantos os circulares quanto os bonecos foram brutalmente perfurados por lanças que voavam de todos os lados. E o que ele demonstrava não era apenas treinamento e agilidade, como os outros tributos: também havia uma fúria gélida em seus movimentos que chegava a poder ser considerada intimidadora.

Mas o mais impressionante sobre a apresentação de Carter talvez não tivesse sido isso, e sim o fato dele ter vendado os olhos antes de começar, com um pedaço de tecido que conseguiu na seção de primeiros-socorros. Sem ver, ele era tão habilidoso quanto qualquer tributo que estivesse enxergando.

Quando o tempo da sessão dele se esgotou, o próximo tributo a entrar foi a garota do distrito dele, também de dezoito anos e com cabelos ruivos e encaracolados. Sua aparência era meiga, mas ela já havia sido assistida nos últimos dias, e já fora observado o quanto ela podia ser mortífera.

E, após ela se apresentar como “Rebekah VonRison, Distrito 4”, ela passou a se dedicar a mostrar esse lado dela.

Pegou dois machados pesados e foi até os bonecos, apoiando um deles sobre o ombro e girando o outro sem dificuldades. Preparou-se, e então começou a destruir três bonecos ao mesmo tempo.

Depois de poucos golpes de machado, os bonecos já estavam em pedaços no chão, mas não foi o suficiente para Rebekah, que não parou de trucidá-los até eles não passarem de lixo irreconhecível. Em seguida, fez alguns movimentos graciosos com os machados antes de arremessá-los em direção a um alvo que estava relativamente longe.

Pelo tamanho e peso deles, não parecia possível que atingissem o alvo, mas eles o fizeram. Um deles ficou preso e o outro arrancou uma lasca antes de cair pesadamente no chão.

Rebekah foi, depois disso, dispensada.

Tomou o lugar dela outro garoto ruivo, este tendo dezessete anos e olhos azuis.

– Tobias Lapworth, Distrito 5. – Ele falou, e foi o primeiro tributo a não seguir para uma seção de armas, e sim para a de venenos.

Ele selecionou, dentre todas as plantas que lá havia disponíveis, uma de nome Baccalius dromederia, conhecida por ser extremamente venenosa e já ter sido usada em diversas edições dos Jogos Vorazes.

Com a ajuda de poucos equipamentos básicos, Tobias extraiu o veneno da planta e o colocou em um frasco especial. O liquido era de um doentio tom de amarelo.

Ele foi até um boneco já destruído por outro tributo antes dele e derramou o veneno lentamente por toda sua extensão, e por alguns segundos, nada aconteceu. Parecia que a apresentação havia sido um fracasso.

Mas então, começou. O veneno passou a corroer inteiramente o material do boneco e, dentro de não muito tempo, ele tinha se dissolvido.

Tobias deixou o frasco, agora vazio, de volta na seção de venenos antes de se retirar.

O décimo tributo a aparecer foi uma garota de quinze anos, cabelos curtos e escuros e altura mediana. Ela visivelmente estava assustada, mas tentou se controlar para dizer com a voz firme:

– Vexy Kruz, Distrito 5.

Ela também não foi até as armas, e sim à seção de armadilhas. Usando muitas ferramentas de diversos tipos e aparências diferentes, começou a montar muitos equipamentos criativos.

Levou certo tempo, mas no final, ela já tinha criado armadilhas eficientes, tanto para humanos quanto para animais. Vexy finalizou demonstrando o uso delas, reaproveitando bonecos já mutilados para serem presos ou até mesmo imediatamente “mortos” por suas armadilhas.

Quando ela foi embora, deu lugar a um garoto magro de dezessete anos e olhos verdes brilhantes. Ele ajeitou a franja antes de anunciar:

– Benjamin Carter, Distrito 6. – E foi para as espadas.

Ele dividiu sua apresentação em duas etapas: na primeira, fez diversas manobras com a espada de aparência mortífera que tinha escolhido, girando-a, cortando o ar, fazendo movimentos de ataque e de defesa por minutos a fio.

Já na segunda etapa, Benjamin usou os bonecos. Ainda com a mesma arma, ele acertou e desmembrou alguns deles durante todo o tempo que lhe restava, até ser liberado.

Quem veio em seguida foi um dos tributos mais jovens daquela edição. Era uma menina de treze anos que, apesar da cara de criança, possuía alguns músculos, sinal de que, como muitas crianças de distritos menos abastados, trabalhava na função de seu distrito.

– Hazel Davis, Distrito 6. – Ela disse, e sua voz também ainda soava infantil.

Ela foi para a seção de armadilhas e pareceu um tanto confusa ao ver as que Vexy montou. Devia estar esperando ser a primeira a ter a ideia de fazer aquilo.

Hesitou, mas, sem tempo para pensar em algo novo, acabou sentando no chão e montando uma armadilha mesmo assim.

Não fez uma muito complicada, mas ela funcionou quando testada. Os Idealizadores estavam prestes a mandar Hazel embora quando ela correu para a seção de camuflagem e voltou com algumas tintas.

Trabalhou por algum tempo em pintar a armadilha, com cuidado para não ser presa. No final, era impossível distingui-la do chão, e Hazel precisou desmontá-la em seguida para que ela não machucasse um tributo que ainda viesse a passar por lá.

– Obrigada, Srta. Davis. – Falou Giullia, e a menina saiu.

Com isso, metade dos tributos já havia sido assistida – faltava agora a outra metade.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!



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