Stay Alive escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 2
Colheita - Distrito 1


Notas iniciais do capítulo

Gente, antes de mais nada, peço que sempre leiam as notas iniciais e finais dos capítulos, porque eu não as escreveria se não fossem importantes. Dessa vez, tenho alguns comunicados:

1 - Quem pediu para que eu reservasse uma vaga, mande a ficha logo! Eu reservo, sim, mas não para sempre. Se não receber as fichas nos próximos dias, vou liberar a vaga novamente.
2 - Ainda existem sete vagas, todas masculinas, para quem quer que queira participar. Para ser franca, desejo especialmente que ocupem a vaga do Distrito 3, pois já estou escrevendo a colheita do Distrito 2, e se eu acabá-la e não houver alguém no Três, vou preencher a vaga com um personagem original como eu tinha avisado. E estou dizendo isso porque, naturalmente, prefiro que tenha alguém de verdade na vaga.

Espero que gostem do capítulo!



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Reyna Mackenzie


Fortes batidas na porta. Um grito:

- Reyna!

A garota de dezessete anos Reyna Mackenzie, que já havia vestido o traje que usaria na colheita – seu vestido preto rendado e sapatilhas brancas – e que agora estava sentada diante à penteadeira de seu quarto passando delineador, ergueu as sobrancelhas, tentando não perder a concentração na atividade enquanto dizia à Taylor – sua irmã mais nova, dona da voz que chamou o nome dela – que ela podia entrar.

Ela entrou, e Reyna olhou o reflexo dela em seu espelho, para não ter de se virar.

- Você ainda não se arrumou, Tay? – Perguntou no tom carinhoso que só usava com um pequeno grupo de pessoas, já que a irmã ainda estava vestindo um roupão.

- Não. Eu queria saber se você poderia me emprestar aquele seu vestido laranja que você usou na colheita do ano retrasado para eu usar hoje.

- Claro. Pode até pegá-lo para você, se quiser. Não serve mais em mim.

Taylor, muito satisfeita com a resposta, foi até o armário de Reyna e o vasculhou até encontrar o vestido em questão, que pegou.

- Obrigada, Rey. Espero ficar tão bonita quanto você nele.

Reyna sorriu. Não era incomum comentarem sobre sua beleza – ela tinha lindos cabelos negro, compridos e encaracolados, e olhos azuis impressionantes. Sempre chamou a atenção de todos por isso, embora não fosse alguém muito interessada na opinião alheia.

- Tenho certeza de que vai.

Taylor começou a caminho para fora do quarto, mas ao chegar à porta, parou e falou:

- Eu vou te dar algo em troca.

- Não precisa.

- Precisa sim. Espere. – E saiu correndo.

Reyna acabou de passar o delineador e deu uma boa olhada em sua aparência. Já ia se levantando quando Taylor voltou, com uma joia em mãos, e a entregou à irmã mais velha.

Era uma pulseira com a insígnia do Distrito 1, que Reyna prendeu ao redor do pulso.

- Ela é muito especial, Tay.

Era. A partir do momento em que Taylor lhe deu a pulseira, ela se tornou muito especial para Reyna, como a menina.

*********

Ryan Ferdinand


A caminho da praça do Distrito 1, onde ocorreria a colheita, Ryan Ferdinand parou em frente à uma loja.

Não entrou, afinal, ela estava fechada. Sem abrir as portas a nove anos, desde que Ryan era um menino de oito.

Antigamente, ela pertencia a Justin, irmão mais velho dele. Até o dia em que foi invadida por assaltantes, que não só levaram quase tudo como também o mataram. E o garoto não conseguia deixar de imaginar como seria sua vida agora se aquilo não houvesse acontecido.

Ryan havia saído de casa para a colheita antes dos pais, porque estes, que eram empresários muito importantes, tinham coisas para resolver antes de saírem também, mas agora já o alcançavam. Ele, como sempre, passou mais tempo que imaginava parado pensando no irmão.

- Ryan, o que você está fazendo aqui? Pensei que você já estaria na praça. – Disse Kyara, a mãe dele. Na verdade, ela sabia muito bem o que ele estava fazendo, mas fingiu que não porque pensar na morte do primogênito a perturbava.

- Eu já estava indo.

- Bem, vamos juntos, então. – Jonah, o pai, falou, pousando uma mão no ombro direito do filho e lhe dando um leve empurrãozinho para que andasse.

Mas os Ferdinand percorreram apenas poucos metros juntos, até Jonah, ainda segurando Ryan, ir diminuindo o passo, deixando Kyara ir à frente. Ryan sabia que isso significava que eles dois iam ter uma conversa.

- Ryan, você nunca pensou em se voluntariar aos Jogos, não é? – Perguntou ele.

- Eu não venceria.

- Não fale assim!

- Mesmo que eu treine todos os dias, pai, eu nem de longe sou tão forte como os outros garotos.

- Mas você tem várias outras qualidades. Por exemplo, você é rápido. – Jonah hesitou. Apesar do fato de ter um filho tributo ser uma grande honra no Um, ele já tinha perdido um filho. Não queria perder outro. – Ou talvez você esteja certo.

Ryan assentiu. Ele tinha milhões de qualidades, sim. Mas o que isso adiantava sem a força?

*********

Evus, o representante do Distrito 1, caminhou até o centro do palco após o prefeito ter feito a abertura do colheita, e olhou para a multidão à sua volta com seus olhos laranjas muito brilhantes.

- É bom estar aqui com vocês mais uma vez, “uns”! – Disse, rindo sozinho da piada que fazia todos os anos: chamar a população do Um de “uns”. – Hoje, mais “unzinho” e “umazinha” serão selecionados para os Jogos Vorazes! – Ele não percebia que não tinha graça. – Comecemos com a menina.

Antes de o primeiro “Eu me ofereço como tributo!” pudesse ser dito, Evus meteu a mão na bola com o nome das meninas e puxou um.

- Taylor Mackenzie!

Na plateia, a menina Taylor nem teve tempo de reagir ao chamado – dezenas de vozes de garotas se voluntariando soaram ao mesmo tempo:

- Eu me ofereço como tributo!

Mas uma voz foi mais alta e mais clara. A voz de Reyna, que sequer pensou que outras garotas iam se voluntariar para ir no lugar de sua irmã. Era Reyna quem devia protegê-la, e ponto. E foi ela quem Evus chamou.

Ela subiu no palco, e ele perguntou seu nome.

- Reyna. – Respondeu.

- Reyna o quê?

- Mackenzie. – Sua voz era fria, irritada, e Evus deu uma risadinha antes de mandá-la para seu lugar no palco e ir sortear o garoto.

- Ryan Ferdinand! – Outra risadinha. – Reyna e Ryan. Só pode ser brincadeira.

“Cale a boca, seu nome é Evus”, pensou Reyna, mas nada falou.

Ryan, por sua vez, mal se importou com o comentário do representante. Ele não ficara especialmente surpreso por ter sido sorteado, e já que havia acontecido, ele tentaria vencer aquilo. Seria determinado, e venceria. Afinal, mesmo que ele não fosse muito forte, aparentava ser, com seus 1,85m de altura e seu corpo definido. E como o pai havia dito, tinha várias outras qualidades.

Ele caminhou até o palco com confiança, e parou ao lado de Reyna. E eles sequer olharam um para o outro enquanto Evus cedia seu lugar no palco para o prefeito, que leu o Tratado da Traição, e enquanto o hino nacional tocava. O primeiro momento em que realmente olharam um para o outro foi quando tiveram de apertar as mãos.

O dia era quente, mas o cumprimento foi frio.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!