Sangue Rebelde escrita por mrs montgomery


Capítulo 14
Pequenos Detalhes


Notas iniciais do capítulo

Heeey Readers ^-^
Então, hoje temos um novo capítulo ( E grande - É PRA GLORIFICAR DE PÉ) , e tem um MEGA clichê. MAS, esse clichê será importante na história. MUITO.
Mudando um pouco de assunto, acho que a última frase do capítulo vai fazer o coração de pessoas baterem mais forte! Ou não. Ah, eu sinceramente não sei.

Boa leitura ;*

PS: O beijo está próximo *--*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/406464/chapter/14

Os traços no papel eram tão suaves e intensos quanto os reais. O que mais chamava a atenção eram os olhos profundos, que davam uma sensação de cair num abismo. Mortíferos. Os fios do cabelo estavam desarrumados como sempre estiveram, mas elegantes e lindos. Era um charme que só ela teria. A linha do nariz não era tão marcada como as outras, pois Evan não conseguira fazer perfeitamente. Só então tomou conta de que nunca conseguiria desenhá-la perfeitamente, por mais que a imagem dela fosse tudo o que preenchesse sua mente. Sempre que a via novamente havia algo diferente, e que de certa forma não poderia ser pego.

Nunca gostara de desenhar pessoas, pois era como prendê-la ao papel, sem deixá-la livre. E ele não conseguia imaginá-la presa a alguma coisa. Era como um pássaro que não pudesse ser engaiolado, ele concluiu. Traçou mais uma vez o contorno dos olhos com o lápis antes de esconder o desenho embaixo de alguns papéis. Só então saiu, com um sorriso largo no rosto.

–♥-

Donna se acomodou no sofá da sala de Ambrose ao mesmo tempo em que a adolescente veio da cozinha com uma bandeja com chá. Colocou-a na mesinha de centro feita de madeira e se sentou no sofá junto a Donna, pegando uma xícara.

– Então, Donna, o que houve? – perguntou, finalmente. – Aconteceu algo com Matt? Matthew, eu quero dizer.

Donna tentou conter o riso quando Ambrose ficou vermelha e desviou o olhar.

Ah, se Matt soubesse!

– Não, não aconteceu nada com ele – respondeu Donna. – Matt está ótimo. Eu realmente tenho que te agradecer por ter feito aquele feitiço. Mas hoje não é com ele. O problema é comigo.

– O que aconteceu?

– Você sabe mais do que ninguém dos feitiços aos vampiros, principalmente o do espelho.

– Claro que sei – Ambrose colocou uma mecha do cabelo ruivo atrás da orelha. – Vampiros se vêem com a imagem embaçada até estarem completos. Depois disso, nada. Nem mesmo batimentos cardíacos ou coisa assim.

– Pois é – Donna estava com as mãos nos joelhos juntos. – Minha imagem está... Um pouco diferente.

– Como assim diferente?

Donna respirou fundo. Confiava em Ambrose, e ela era a única quem podia lhe ajudar. Sabia que era uma boa feiticeira, e isso bastava.

– Nítida. – despejou.

Ambrose engasgou-se com o chá. Seus olhos verdes estavam arregalados.

– Você mesma pode ver. É só pegar um espelho.

Ambrose fez o que Donna falou. Subiu as escadas do casebre e pegou um espelho pequeno em seu quarto, depois desceu e colocou-o na mesa de centro. Donna posicionou-se em frente ao espelho, e a ruiva pode ver a imagem nítida refletida. Levou a mão à boca, surpresa, com os olhos arregalados.

– Sei que não estou Completa, mas isso não é normal!

A outra garota se dirigira a uma estante e estava com três livros na mão. Folheava-os com pressa.

– Isso é ruim. – disse ela. – Isso é muito ruim, para falar a verdade! Eles vão vir atrás de você. Sabe disso, não sabe?

Ela estava falando dos Noturnos.

– Porque eles viriam atrás de mim? – perguntou inquieta.

– Porque você é diferente. E outras pessoas vão se espelhar em você. E isso não é bom. – Ela estava visivelmente nervosa. – Olhe, quando isso começou?

– Hoje, quando cheguei a minha casa, depois de ter saído e ficado a tarde fora.

Ambrose folheou os livros mais uma vez, até apontar para alguns trechos em uma língua que Donna reconheceu sendo o que seu avô tentava lhe ensinar. Uma linguagem especifica de vampiros, para situações onde precisassem manter sigilo acerca de algo.

– “Até mesmo o ínfimo envolvimento com outra espécie pode trazer consequências, boas ou ruins. Em alguns casos, é permanente; em outros o tempo cuida.” – leu Ambrose. – Donna, com quem você estava? Ver-se no espelho é coisa de humano, embora lobisomens consigam também. Você estava com um humano?

O ar fulgiu dos pulmões de Donna, e a agitação de seu coração. Seu rosto ficou ainda mais branco. Ambrose sorriu.

– Quem é ele? – perguntou com um sorriso torto.

Donna desviou o olhar e colocou uma mecha atrás da orelha.

– Não tem ele. – disse com a voz trêmula.

– Mas é claro que tem. Olhe só o jeito que você ficou só por mencioná-lo. Nunca pensei que te veria assim, ainda mais por um garoto.

– Assim como? Tola?

– Não. – Ela riu. – Frágil.

Donna escondeu o rosto com as mãos. Ouviu a risada de Ambrose ecoando pela sala.

– Está tão na cara assim? – Tirou as mãos do rosto e as pousou no colo.

– Do que você sente por ele?

– Não – disse. – De quanto fraca e previsível estou ficando.

Donna se levantou com os punhos cerrados.

– Você não entende – Abriu as mãos. – O amor só destrói.

– Como você pode ter tanta certeza disso?

– As pessoas tentaram criar um reino a base de amor. E olhe o que aconteceu. Eu simplesmente não acredito que o amor possa trazer coisas boas. Muito menos para mim. Eu sou uma vampira. Em outras palavras, uma assassina. Faz ideia de quantas pessoas já matei?

Ela olhou pela janela. Havia começado a nevar, os pequenos flocos de neve caindo vagarosamente até as folhas. O contraste da neve e das estrelas em relação à escuridão chegava a ser idílico.

– Nem sempre é assim, Donna.

– Eu estou tão cansada de criar expectativas que nunca serão alcançadas, e sonhos que nunca serão realizados.

– Foi por isso que ficou assim? – disse Ambrose. - Tão...

– Rebelde? Insana? Desprezível? – questionou, mais para si do que para a outra.

– Distante.

Donna se sentou, e seu olhar ficou remoto por um tempo, mirando o nada. Depois se voltou para Ambrose.

– Tudo começou quando minha família começou a me desprezar. Quando eu era pequena, meu pai lia para mim e minha irmã toda noite. Eu o amava. Então, quando fiz sete anos, tudo mudou. Eu só sei que ele começou a me desprezar, e ficou distante de tudo. Octavio passou a ser o queridinho. Meu pai começou a falar que tinha dois filhos incríveis, e um desastre que nem parecia ser da família. Minha mãe se afastou completamente. Tios e parentes distantes também começaram a me desprezar. Com exceção de Tia Lauren, minha mãe, prima Morgan, Emma e meu avô, todos da família me odeiam.

– Você odeia seu pai?

– Mais do que tudo. A pressão para ser perfeita me atingiu nos primeiros anos, e tentei me matar várias vezes. Refugiei-me na floresta, e conheci Matt, Thomas e Kevin. Aprendi a lutar e a usar as armas, e isso me ajudou. Comecei a beber sangue humano quando desisti de tentar agradar ao tirano, e então me rebelei de vez. Eu devia ter doze anos quando se tornou oficial. E, em todos esses anos, eu fingi não sentir nada. Era melhor que todos não soubessem que todas as palavras machucavam como facas. Quando as pessoas sabem que você se importa, elas vão usar isso contra você. Aprendi isso com a vida. – Ela suspirou. – Entende agora?

– Entendo. – Sorriu.

Depois dessa conversa, Donna ficou ali mais um pouco e depois saiu, deixando que a neve caísse em seus fios negros.

–♥-

Donna entrou pelos fundos, como de costume, sacudindo a neve da capa. Não percebeu a presença dela ali. Apenas o fez quando levantou o olhar.

Um emaranhando de cachos fechados loiros a encarava, com olhos vermelhos mortíferos e um sorriso mais ainda.

– Brianna – disse Donna sorridente. – Que surpresa te ver por aqui. Você sabe, já que seu lar é o estábulo. Cansou de conversar com Brieta?

– Seu senso de humor ácido é repugnante, Donna. – Seu sorriso se desfez. – Não gostei nadinha de ter matado Jay. Ele era bonitinho, e bom para me distrair. Já em relação à Nathaniel, não sinto muito. Nunca gostei dele. Se quiser saber, Jasley quer te matar por Paige. Ross fugiu para bem longe.

– Escute, Noturna. Pode fazer o que quiser. Eu sou invencível. Inquebrável.

– Eu vou te quebrar. Custe o que custar. – disse entre dentes. – Acha que eu não sei? Paige e Jasley podem não saber, mas Ross me deixou um recado. Eu sou a única que sabe, e vou fazer de tudo para acabar com sua raça nojenta.

– Escute aqui, égua. Acha que eu sinto alguma coisa por ele? Pode matá-lo se quiser. Eu não me importo.

– Maninha – A acidez da palavra fez Donna arquear as sobrancelhas. – Vai dizer que não sabia? Eu tenho todos os direitos que você tem. Ben é meu pai. Meu querido papai. Por isso ele se afastou e passou a te odiar. Eu era melhor. Eu sempre fui melhor, e sempre vou ser.

Nesse momento, a mão de Donna marcou o rosto de Brianna. Ela cambaleou para trás. Donna aproveitou para partir para cima com tudo, arranhando e batendo. Brianna ficou histérica e começou a gritar. Em pouco tempo Octavio e Benjamin chegaram à cozinha e agarraram Donna pelos braços. Brianna se ergueu, o rosto perfeito agora vermelho e arranhado. Um filete de sangue escorria por sua bochecha. Estava com um olho roxo e a boca machucada.

– Você endoidou? Sua psicopata! – bradou seu pai. Ele ia lhe bater, mas antes isso ela o fez. Outro rosto vermelho.

– Canalha! – gritou. – Traidor!

Sem olhar para trás, correu para seu quarto. Bateu a porta com força. Suas mãos estavam trêmulas. Desabou na cama e abraçou os joelhos.

– Por favor, não o machuque, por favor – murmurou. As batidas ecoaram na porta e, sem Donna responder, Emma e Morgan entraram no quarto.

Donna chorava.

Morgan abraçou Donna, que retribuiu. Emma também. As três ficaram em silêncio.

– Porque você está chorando? – perguntou a menininha. Donna secou as lágrimas com a ajuda de Emma.

– Eu não sei. De algum jeito, chorar às vezes é bom.

– Não se preocupe, vamos consolá-la. – disse Emma, finalmente. – Ah, e, a propósito, eu adorei você ter chamado Brianna de égua.

As três sorriram, e Donna se sentiu acolhida.

–♥-

Depois, quando Emma saiu, Donna leu uma estória para Morgan adormecer. Foi assim nas seguintes duas semanas, alternando entre reflexões solitárias nas ruínas e saídas noturnas com os três lobos. A neve continuava a cair. Em nenhuma dessas saídas ela viu Evan. E isso a matou um pouquinho por dentro, porque, por mais que não devesse vê-lo, esse era um de seus desejos mais fortes.

–♥-

– Eu prefiro as loiras – disse Kevin, bebendo mais um – Não sei o que elas têm, mas tem algo.

– Kevin, você não gosta de loiras. Você gosta de garotas. Para você qualquer uma tá legal. – rebateu Matthew. – Aliás, quero ver o que dia em que nenhuma garota vai querer nada com você.

– Sempre tem uma. – disse.

– De qualquer forma, prefiro ficar com uma garota só pelo resto da minha vida do que ficar dois dias com todas. – Deu mais um gole.

– Diz isso porque Donna é imortal – murmurou o outro jogando o cabelo loiro escuro para trás.

– O que?

– Você é apaixonado por ela, e até eu consigo ver – disse e saiu.

Nesse mesmo instante Evan entrou no bar sacudindo seu casaco preto para tirar a neve. Seu cabelo estava bagunçado e ainda havia indícios dos Noturnos em sua face. Matthew o reconheceu imediatamente, e isso só lhe trouxe raiva.

– Olhe só quem está aqui – ele se referiu a Evan, sentado do seu lado. Estava sorrindo maquiavelicamente.

– Nos conhecemos? – perguntou Evan depois de pedir algo no balcão.

– Eu sou Matthew. Matthew Wolff. Amigo de Donna.

– Ah, claro. – Evan estava visivelmente desinteressado na conversa, mas o nome dela pareceu despertar algo nele.

Matthew olhou de soslaio para Evan.

– Quero que se afaste dela. – soltou e bateu o copo no carvalho. – Eu vi vocês dois naquele penhasco

Evan se surpreendeu e se virou para Matthew.

– Ciúmes, lobinho? – indagou, sorrindo. – Eu não tenho culpa se ela me prefere.

– Ela não gosta de você. – Os olhos de Matthew estavam se amarelando. – Está te amolecendo para beber seu sangue. Você não a conhece com eu conheço.

– Você é um idiota – balbuciou. – Junto com os outros dois. Não conseguem simplesmente ver que ela é mais que uma vampira? Que tem sentimentos? - Arqueou as sobrancelhas enquanto se levantava e saia. – Deve ser por isso que ela não tem um pingo de interesse em você.

Matthew estava com os olhos completamente amarelos e se controlava ao máximo para não se transformar. Ele se levantou e foi para cima de Evan, socando seu olho. Seus dedos se sujaram com um pouco de sangue. Evan levou a mão ao olho e cambaleou para trás.

– O que você sabe sobre ela? – rosnou. – Que é uma vampira? Grande conhecimento!

Matthew avançou, mas Evan foi mais rápido e o empurrou para cima do balcão. Uma garrafa se quebrou, e por sorte não o cortou.

– Eu tenho certeza de que você só se preocupou em conhecer seu lado agressivo, e nada mais!

Ele pulou por cima da bancada e ia bater na boca de Evan, que desviou. Mesmo assim, o empurrou até cair em cima de uma mesa. Um círculo já havia se formado ao redor deles. Ninguém se candidatou a separar a briga. Matthew avançou e socou o estômago de Evan, que soltou um gemido baixo de dor. Cambaleou e socou sua boca. Evan quase caiu. No momento em que Matthew se virou para pegar uma garrafa vazia em cima do carvalho, Evan avançou e desferiu um soco em seu rosto, e depois outro em sua testa, o fazendo cambalear. Limpou o próprio sangue que saia da boca e avançou novamente. Para sua surpresa, alguém jogara uma adaga na direção de Matthew, e este avançou em sua direção com o objeto afiado apontando para ele.

– Evan! – gritou alguém. Evan virou; a voz lhe parecia mais familiar do que deveria.

Ela parou do lado de Matthew e empurrou o braço que impunha a adaga, e esta caiu. Ele não a via desde o dia em que a beijou.

Seus cabelos estavam rebeldes como sempre, mas lindos. Seus olhos estavam brilhando de raiva. Evan não pode deixar de admirá-la. Trajava uma blusa branca de mangas compridas com um colete de couro por cima e uma saia marrom. E as botas, como sempre. Suas maçãs do rosto não estavam brancas e sem cor, e sim rosadas. Ele estava certo sobre detalhes novos a cada dia.

– Você ficou louco? – bradou Donna fazendo gestos com as mãos. Não se referia a Evan, e sim a Matthew. – Podia tê-lo matado!

Ela está com raiva dele.

– Você... Você vai defendê-lo? – Matthew estava incrédulo. – Esse humano idiota?

– Não importa ele ser humano ou não! Importa que você agiu como um completo idiota!

Evan sorriu, e depois se encaminhou para fora, onde seu cavalo estava. Donna veio bufando atrás, os pés, afundando na neve. Ainda nevava um pouco.

Donna estava furiosa com ele tanto quando estava com Matthew.

– Eu posso saber o que é que aconteceu lá dentro? – disse ela alterada.

– Eu e Matthew brigamos. – Deu de ombros. – Não viu?

– Ele podia ter te matado! – Estava quase gritando.

– Não confia em mim? – Ele levantou as sobrancelhas e sua voz se elevou a um grito. – Eu sei me cuidar!

– Ah, claro! Sabe mesmo! Olhe só para você. – Ela estendeu uma mão em sinalização. – Seu olho está roxo e sangrando, e sua boca também. – Não estava mais gritando, embora ainda estivesse alterada.

Ele se aproximou um pouco, mas procurou manter certa distância. Resistiu ao impulso de colocar os braços ao redor dela e dizer que estava tudo bem.

– Donna? – chamou suavemente.

– Porque vocês brigaram? – indagou de repente, os braços cruzados sobre o peito.

Evan silenciou por um momento e desviou o olhar.

O que eu digo? Briguei por você?

Não foi isso que disse.

– Ele não te conhece.

Ele se virou em direção ao cavalo e estava quase montando neste quando Donna o interrompeu.

– Evan. – chamou; não havia raiva alguma em sua voz. Ele se virou. – Lembra quando eu te disse que não te beijaria de novo se tivesse chance? – Ele assentiu pesarosamente. Recordar aquilo não era bom. – Bem, eu menti.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hehe, e ai?

mereço reviews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sangue Rebelde" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.