(Isabella)

Quando chegamos a casa, fui para o quarto e enviei uma mensagem à minha mãe a contar tudo o que tinha sucedido naquele dia, lamentando também que não podia ligar-lhe, pois tínhamos que traçar um plano, mesmo que simples, para derrotar aquele ser.

— Isabella estão todos reunidos lá em baixo. – avisou Petrus.

— Estou a ir.

O plano traçado foi bem simples, como o esperado. Não havia muito que planejar. A única solução era cantar e tocar com todas as nossas forças mal encontrássemos Luther. Esperamos pela noite seguinte. Não me sentia confiante, nem me sentia já uma derrotada, apenas pressentia que aquilo não ia ficar resolvido naquela noite e assim, de uma forma tão simples. Desde que tinha visto aquele ser, sabia que algo de errado se passava com ele, para além da sua maldade.

“Parece que quando não é algo muito bom o tempo passa depressa, hein…?” – pensei ao olhar o relógio.

Saímos de casa pouco antes das onze e dirigimo-nos ao grande campo de relva onde tínhamos encontrado Luther pela última vez. E então, sem que fizéssemos nada, ele apareceu… Tal como tinha feito antes, comecei sem avisar ninguém, esperando que os outros me acompanhassem com as suas vontades.

“If we live our life in fear,
I'll wait a thousand years,
Just to see you smile again.
Calm your prayers for love and peace,
You'll wake the Thought Police,
We can hide the truth inside.
Love is our resistance,
They'll keep us apart and they won't stop breaking us down.
Hold me,
Our lips must always be sealed.”

Muse-“Resistance”

Senti que a música o afetava de uma forma diferente. De todas as vezes que o tínhamos encontrado, só o facto de cantarmos e tocarmos afetava o seu estado físico. No entanto, daquela vez, notei que a letra daquela música contava um pouco sobre ele. Ao cantarmos, ele foi ficando mais fraco e acabou por desaparecer, deixando um grito de desespero e dor no ar, acabando por não fazer nenhuma promessa como das outras vezes. Só me perguntava o porquê daquele grito, o porquê de estar tão fraco todas as vezes que aparecia, o porquê de tantas vezes aparecer, o porquê de tanta insistência. Porém, uma questão mais importante que assaltava a minha mente fez-me esquecer todas as outras.

— Será que morreu? – perguntei.

— É muito provável que sim. – respondeu Simão.

Senti o meu peito a arder e gritei.

— Que se passa, Isabella? Estás bem? – perguntou Petrus.

— Sim, estou. – olhei para o meu peito e tinha novas tatuagens.

Eram lindas! Notas musicais ligadas por finos fios violeta, brilhavam de serem tão recentes. A partir dali, senti que a minha Rainha nunca me iria falhar.

Depois disto, fomos para casa. Eu e Petrus não tínhamos malas para fazer, já que não tivemos oportunidade de levar nada naquela nossa viagem. Liguei à minha mãe a dizer-lhe que estava tudo bem e que em pouco tempo estava em casa.

— Achas que podes comunicar com a nossa Rainha para nos levar de volta a casa? – perguntei a Simão.

— Sim, claro. Quando tudo estiver pronto, eu aviso-a. – retirou-se.

Despedimo-nos de todos, o que foi muito difícil, pois tinham sido uma boa companhia durante três semanas. Mas fiquei com a sensação de que algo tinha ficado inacabado…