(Isabella)

— Então se sabem de tudo, porque é que me estão a olhar como se quisessem explicações? – perguntei.

— Porque as queremos. Ou então porque é que achas que deixamos o nosso posto no Japão para vir para aqui? – declarou Catarina.

— O Petrus está aqui, vocês não precisam de se preocupar. Bastava um telefonema. Para além disso, as minhas ações estão relacionadas com a minha família, não vos devo muitas explicações.

Maldita a hora em que disse tais palavras! Catarina começou a argumentar comigo aos gritos, Zach ficou calado, mas o seu olhar julgava-me pior que palavras e Petrus… Petrus teve que me amparar, senão eu tinha caído direitinha no chão devido às tonturas.

— Vá, não comecem! Vocês não sabem o esforço que ela está a fazer só para estar de pé! – Petrus poisou-me no sofá.

— Até parece que sentes tudo o que ela sente… – murmurou Zach.

Íamos de mal a pior!

— Parece que a nossa Rainha se esqueceu, infelizmente, de te dar umas quantas informações sobre nós. – apesar de o tom de voz de Petrus não ser elevado, sentia-se a ameaça a cada palavra que era proferida pela sua boca. – Tudo o que ela sente, eu sinto, apesar de não ser com tanta intensidade. A nossa relação é diferente de todas as relações que já foram vistas até hoje por todos os Voice’s. Não julgues antes de saber os verdadeiros factos.

Viu-se perfeitamente na expressão de Zach que as afirmações de Petrus não lhe caíram bem. Zach já tinha sofrido muito, eu sabia-o, mas… Petrus tinha razão.

— Já chega, Petrus. – a minha fala estava entrecortada devido à dificuldade em respirar. – Eu sei que fui rude, mas estou cansada de dar explicações, estou cansada de tudo isto. Zwei, por favor, compreende…

Zwei… Há muito que não a tratava assim. Reparei que a sua respiração parou por segundos ao ouvir as minhas palavras. Não era algo que eu pedisse com frequência, muito menos naquele tom. Deu um leve suspiro e um sorriso abriu-se nos seus lábios. Eu sabia que já não necessitava explicar mais nada. Quanto a Zach… Ela trataria dele com certeza. Antes que pedisse a Petrus para me levar para o quarto, este já ia a meio do caminho sem que nada lhe dissesse. Tratei de encostar a minha cabeça ao seu peito e ouvir os seus batimentos cardíacos sincronizados com os meus. No entanto, a minha paz terminou rapidamente. Um ardor horrível percorreu-me o corpo, como se lava estivesse a ferver dentro de mim. Ofeguei, arqueando as costas devido às dores. Petrus chamava-me, mas eu não reagia. Não conseguia mexer sequer um dedo, tal era o medo que tinha de que, se o fizesse, pudesse derreter. Para além das dores, o meu coração só sentia sede de vingança.

“Vingança?! O que é que fiz?!” – questionei-me, chorosa.

“Tu desfizeste-te de nós, desprezaste-nos!” – ouvi uma voz furiosa na minha mente.

Eu conhecia aquela voz. E a vingança não era minha, mas sim dele. Tinha-a ouvido há muitos anos, logo no início. Tinha sido aquela voz que me tinha advertido de tudo o que iria acontecer, de tudo o que estava prestes a começar. E mesmo assim…

O meu corpo amoleceu, fiquei sem ar. Eu só ouvia a voz dela… “Eles não te vão acompanhar mais…” Não era possível, não podia ser… Talvez tivesse sido minha imaginação, mas tive a sensação quando olhei ao redor de que o meu corpo fumegava…