(Petrus)

Eu podia não gostar muito de Catarina, mas sabia perfeitamente o que ela tinha passado, aliás tinha presenciado uma vez. Ele provavelmente tinha aberto, nem que fosse um pouco, a ferida. A sua expressão facial mostrava que tinha ficado envergonhado pelo que tinha dito, pois depois de ver a sua reação deu-se conta de que as suas palavras não tiveram nexo algum. Continuei a comer a minha sandes calmamente e a observa-lo, até que ele perguntou:

— O que é que se passou com ela?

— Isso não sou eu que te vou dizer, tens de lhe perguntar a ela.

— Achas que ela me vai falar depois do que eu lhe disse?

— Vais ter que ver por ti próprio.

Não sabia o que se tinha passado com ele, mas Catarina também já tinha sofrido o bastante, não precisava que alguém lhe dissesse aquele tipo de coisas. O meu telemóvel tocou.

— Isabella que se passa? – estava ofegante.

— Petrus, estou preocupada com a Catarina, não a consigo encontrar em lado algum. Procurei nalgumas cavernas por mim mesma, pedi até ao Espírito para me ajudar a encontra-la, mas nada. – o seu tom de voz era desesperado.

— Acalma-te. Respira fundo. Agora, tenta mais uma vez.

Depois de uns minutos de silêncio…

— Nada… – disse muito desanimada.

— Eu vou aí ter contigo, diz-me mais ou menos onde estás. – a nossa tatuagem começou a arder. Tal como uma visão, a sua localização apareceu diante dos meus olhos. – Vou já ter contigo.

Zach estava muito estupefato a olhar para mim. Ele sabia perfeitamente o que se passava, mas mesmo assim perguntou:

— O que se passa? Ela já apareceu? – levantou-se de repente.

— Não, ainda não. A Isabella não consegue senti-la nem com os Elementos. Estás a ver o que arranjaste?

Enquanto eu estava a falar virou-me costas, foi para junto da mota de Catarina e pegou na sua comprida gabardina e começou a correr desenfreadamente. Tentei chama-lo, aliás, eu ainda corri atrás dele, mas não o consegui apanhar. Liguei para a Isabella contando-lhe o que se passou.

— Ele é um idiota chapado, eu não consigo compreende-lo. Primeiro provoca as coisas e depois…

— Tem calma…

— Como é que me podes pedir isso Petrus?

— Eu bem que ia procura-la, mas se o Kiba chega aqui e não vê ninguém ainda pensa que fugimos.

— Tens razão… Eu vou continuar a procura-la. Se souberes de alguma coisa liga-me imediatamente, está bem?

— Claro que sim, mas Isabella…?

— Diz.

— Tem cuidado.

— Como sempre.

Depois da pequena conversa com Isabella acabei por adormecer, mas preferia não o ter feito. Sentia-me quente, aliás, mais do que me deveria sentir. Embora estivesse a dormir, sentia que estava a suar por tudo quanto que era lado. Valéria, embora com pouca nitidez, apareceu diante de mim, dizendo-me:

— Tu tens que morrer. – o seu tom maléfico fez com que toda a minha pele ficasse arrepiada e o meu corpo paralisado. Os meus olhos estavam arregalados, a minha respiração parou. – Mas não vais morrer agora… – disse, aproximando a sua cara à minha e, com uma das suas enormes unhas, fez-me um golpe na minha face esquerda, lambendo depois o sangue que correu.

Depois disto, desapareceu. Acordei a sufocar. Ainda ninguém tinha chegado, mas tinha várias chamadas de Zach. Coloquei a mão na minha face e sentia-a arranhada.

“Afinal não foi um sonho…” – pensei, assustado.

Aliás, ainda podia sentir uma aura maléfica à minha volta. Isabella não podia saber daquilo. Já tinha preocupações que chegassem naquele momento. Talvez, talvez depois do combate com Inugami eu lhe contasse. Retribui as chamadas a Zach.

— Então, já a encontraste?

— Sim, já a encontrei.