O Caça-Fantasmas escrita por Stella
Daniel acompanhou Julie por todas as áreas do hospital que eram proibidas a acompanhantes. Ficou ao lado da menina enquanto ela tirava raio-x da perna, enquanto ela levava cinco pontos na testa, e estava segurando a mão dela no momento em que o médico apareceu na sala com a chapa fotográfica de raio-x.
Julie estava sentada na maca e tentou prestar atenção quando ele mostrou a radiografia da fratura. O doutor explicou que ela precisaria passar por um procedimento cirúrgico.
– Se tudo der certo, você volta pra casa amanhã à tarde. - disse ele, parecendo otimista.
– O quê? Tem certeza que eu não posso ter alta hoje? - Julie perguntou, relutante em ter que passar a noite no hospital só por ter caído de uma escada. Parecia exagero.
- Infelizmente não, e não é só por causa da cirurgia. Você também teve uma concussão quando bateu a cabeça, então precisa ficar em observação aqui no hospital. Bem, eu vou chamar seu pai. Ele está lá fora, brigando com a recepcionista e insistindo pra ver você.
Antes de sair, o médico sorriu de forma simpática para Julie e acrescentou:
– Tenha mais cuidado da próxima vez em que for descer uma escada, jovem. Você teve sorte em ter quebrado a perna, e não o pescoço.
Julie suspirou, ao mesmo tempo em que Daniel pensava no quanto queria quebrar um certo professor de física em pedacinhos.
– Eu vou matar aquele cara. - rosnou Daniel, referindo-se a Ângelo.
– Relaxa, ele vai ser demitido da escola, mesmo. Nunca mais vamos ter que olhar pra cara dele, certo? - disse Julie, tranquila. Ela havia contado para a coordenadora que o professor de física esbarrara nela, acidentalmente, enquanto eles desciam a escada. Isso não teria sido um problema para ele, se Ângelo não tivesse fugido sem ajudá-la. A coordenadora havia prometido para Julie que o professor seria demitido da escola por isso, mas Daniel tinha suas dúvidas se isso iria realmente acontecer.
– Meu pai deve estar surtando. - ela murmurou, chateada. Sabia muito bem como ele ficava nessas situações.
O pai dela estava surtando. Ele entrou na sala com os olhos arregalados, a abraçou um pouco forte demais, fez dezenas de perguntas ao médico. Julie teve que dizer um milhão de vezes que estava bem, que a cirurgia seria simples, que não ele não tinha motivo para se preocupar.
– O Pedrinho ficou indignado por ter que ficar lá fora, na recepção. Ainda bem que a Bia está lá com ele. Você precisa ver como eles estão preocupados com você. - o pai dela comentou, depois que conseguiu se acalmar um pouco.
– Daniel - Julie sussurrou, no momento em que o pai estava conversando com o médico - Você pode ir lá fora e avisar pra eles que eu estou bem? Meu pai vai fazer o maior drama, quando voltar pra recepção.
Daniel assentiu e desapareceu. Depois de dois minutos, ele reapareceu ao lado dela.
– O Martim e o Félix também estão lá fora, distraindo o Pedrinho. A Bia disse que assim que a cirurgia acabar ela vai te visitar no quarto. Eu falei que você está bem e acho que eles estão mais tranquilos agora.
Depois de pouco tempo, Julie se despediu do pai e o médico avisou que duas enfermeiras iriam chegar em alguns minutos para começar a prepará-la para a operação.
– Vai dar uma volta, Daniel. Daqui a duas horas a gente se fala. - disse Julie, surpreendentemente tranquila, depois que o doutor deixou a sala.
– Não. Eu quero ficar com você. - ele discordou.
– Obrigada por ter ficado ao meu lado esse tempo todo, mas eu realmente acho que você deveria ir passear um pouco, arejar a cabeça... Existe uma lista infinita de coisas mais legais pra fazer do que assistir a uma cirurgia. Não vai ser nada agradável, e, de qualquer forma, eles vão me dopar, mesmo. - Julie argumentou, achando um pouco engraçada a expressão insatisfeita de Daniel.
Quando as enfermeiras chegaram no quarto, Daniel beijou a testa de Julie e a encarou durante vários segundos.
– Você vai ficar bem, não vai? - ele perguntou, por fim.
– É claro que sim. - ela respondeu, sorrindo para ele. - A gente se vê daqui a pouco.
Daniel deixou o quarto, mas não saiu do hospital pela recepção. Não queria ficar respondendo às perguntas de Bia, Pedrinho, Martim e Félix. A ideia de ter que contar com detalhes a história sobre como Julie havia se machucado o deixou enjoado. Pensou em aproveitar o momento para fazer o professor de Julie pagar pelo que havia feito. Mas Daniel chegou à conclusão de que aquilo não o faria se sentir melhor.
Depois de andar meio sem destino, ele se sentou no primeiro banco que encontrou e foi invadido por lembranças. Julie, por algum motivo, estava em todas elas.
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