Até o Fim ~valeu a Pena escrita por Teh Hayashi, T e h


Capítulo 1
One Shot




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Ate o Fim ~Valeu a Pena



O calor era extremo e o barulho ensurdecedor.
Pessoas corriam para todos os lados, a fim de escapar do perigo.

Malditos terroristas.
Haviam seqüestrado um hotel e ameaçavam matar a todos se o resgate não fosse pago. Como sempre a polícia demorou demais, e eles cumpriram sua palavra.
Explodiram o restaurante subterrâneo do lugar e alguns outros andares, e o prédio estava preste a desabar por causa da destruição.
Além de terem disparado suas armas contra os que ali estavam.

As estruturas caíam aos pedaços no caminho dos poucos que ainda não tinham escapado.
Para estes, a saída tornava-se cada vez mais difícil.

Era final de ano, e o colégio havia preparado um jantar comemorativo naquele hotel.
Eu estava lá.
Com meus amigos, professores, inspetores...
E com a pessoa mais importante para mim: Diego.

Eu havia me perdido dele desde a primeira explosão.
Enquanto me assegurava de que todos aqueles que eram importantes para mim estavam seguros, eu o procurava.
Eu sabia que ele não estava a salvo... Eu podia sentir dentro de mim... Ele ainda corria perigo.
E, definitivamente, a vida dele era mais importante que a minha.

Eu não me importaria se eu não saísse viva daí.
Desde que ele estivesse bem, desde que ele tivesse mais uma chance de ser feliz, eu ficaria satisfeita. Fosse qual fosse o meu destino.


Corri novamente meus olhos pelo salão em chamas.
Dei dois passos desesperados para longe da saída e...
Perto do bar, eu vi alguém, uma figura masculina, caída.

Meu coração se partiu em pedaços e meus olhos trasbordaram em lágrimas.
Eu só temia que ele não estivesse bem.
Correndo, me aproximei.

Minha alma se perdeu no momento em que eu identifiquei o homem deitado tentando se proteger do calor.
Joguei-me no chão, ao seu lado, chorando.
Notei os diversos ferimentos em seu corpo: sua perna estava quebrada, um corte em seu rosto sangrava e seus braços tinham diversos ferimentos., além de ter sido atingido por uma bala na barriga.

Ao me ver, ele mostrou-se surpreso, mas a expressão de dor em sua face estava óbvia.
Eu lhe mostrei um sorriso triste, e segurei sua mão com força, deixando uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

Mais alguns escombros caíram, e eu instintivamente coloquei meu corpo em frente ao seu, para protegê-lo contra uma forte onda de calor.

- Vai... Embora! – Ele disse com dificuldade, tentando me empurrar para longe.
- Eu não vou sair daqui sem você! – Eu me recusava a acreditar que ele não sobreviveria àquela noite. Eu queria acreditar que ele ficaria bem.
- Eu já não vou á lugar algum, Esther. – Ele disse, fechando os olhos. Eu não pude deixar de notar uma lágrima escorrendo pelo canto dos mesmos.

Eu o ajudei a sentar-se, e mais uma vez o protegi de pedaços incandescentes de madeira, cimento e tecido.
Eu não conseguia pensar em mas nada além fazê-lo seguro.
Ele era a pessoa mais importante da minha vida, e o seria até o fim.

- Então... Eu vou ficar contigo. Até o fim. – Eu me abracei a ele, encostando minha cabeça em seu peito. Permiti que mais lágrimas molhassem meu rosto.
- Sua boba... – Ele me envolveu em seus braços, acariciou o meu rosto e me fez encará-lo. – Por quê? – Sua voz era gentil, confusa e incrédula.
- Porque eu te amo, Diego. – Eu chorava freneticamente, deixando rastros molhados em minha face. – E eu não vou te abandonar. Você não vai ficar sozinho. Nunca mais.
- Obrigada... – Ele me apertou contra seu peito, e eu pude sentir algumas de suas lágrimas pingarem em minha cabeça.

Eu olhei novamente para ele, e ele retornou meu olhar carinhosamente.
E pela primeira vez, nos beijamos.
O meu sonho finalmente realizou-se, e eu pude demonstrar a ele o quanto eu o amava, o desejava... e o quanto sentiria sua falta.
Um beijo carinhoso, amoroso, grato, saudoso, e o último.
 

Quebramos o beijo ao sentir mais uma forte onda de calor.
Ele gemeu, e eu escondi meu rosto em seu peito.

- Desculpe... Eu imaginava, mas... Nunca falei nada... – Ele confessou, entre gemidos doloridos.
- Shh...! Não fale! – Disse, colocando meus dedos em sues lábios. – Não peça desculpas. Eu que fui boba em não ter conversado contigo...
- Se eu... Soubesse... – Ele sorriu. – Teria te dado uma chance...
- Quieto, por favor, meu amor. – Supliquei, abraçando-o forte. – Não quero pensar no que poderia ter sido. Quero sentir o agora... Com você.

Eu me sentia protegida em seus braços.
Com meu ouvido em sue peito, ouvia as lentas batidas do seu coração.
E meu corpo... sentia a sua pesada respiração.

Eu comecei a recordar-me de tudo, e falava em baixo tom de voz para que ele pudesse escutar.
O primeiro dia... As apresentações... A primeira aula... O ódio e depois o amor.
A primeira conversa... Os primeiros risos... O primeiro abraço... A despedida e o reencontro.
Todas as lágrimas... Todo o sofrimento... Toda a dor...
O primeiro e último beijo.
Tudo. Tudo valeu a pena.

O fogo estava à nossa volta e, por fim, o prédio desabou sobre nós.
Senti-o sorrir.
E, também sorrindo, sentir meu corpo morrendo.
E pude escutar a última batida do coração daquele que foi tudo pra mim.


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Notas finais do capítulo

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