People With Problems escrita por MrsHepburn, loliveira


Capítulo 26
Emoções


Notas iniciais do capítulo

oi gente td bem enfim eu já tenho toda a fic planejada yayy e também quero falar que a fic vai ter três "fins". O primeiro, o epílogo e o último fim que vai fechar com chave de ouro a fic e acho que vai ser o ponto final mesmo. bem, esse cap ficou idk legal eu acho espero que gostem



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Então eu desligo. E cinco segundos depois eu ligo de volta. Não sou uma bebê. Posso enfrentar. E isso vai me ajudar a não pensar em... tudo. 

-Alô? -É estranho, que depois de tanto tempo, a voz dele ainda pareça familiar pra mim. Como se nada tivesse mudado. Como se ele não tivesse mudado. E eu, também. Esse é um problema que eu preciso resolver de uma vez, para poder passar pro próximo. O.K.

-É a Emerson. -Não falo grossa, mas minha voz é neutra. 

-Emerson... oi... -Ele diz, hesitante, esperando que eu exploda. Pra falar a verdade, é exatamente isso que eu faço. É aquela coisa da raiva de novo. Talvez seja desespero, tanto faz, eu só cuspo as palavras para fora da minha boca -e do meu coração- enquanto eu ainda posso.

-Por que você disse aquela coisa sobre a mamãe? Você realmente quis dizer aquilo? Você pensa na gente? Ou já conheceu uma mulher nova? Você lembra de TUDO que disse pra mim e Mack, sobre sempre estar lá pra gente e nos apoiar, você lembra de ter prometido ir na minha formatura? Eu sei. Eu sei que eu estava brava com você, mas você prometeu. Você continua quebrando promessas toda hora e me fazendo te odiar cada vez mais. -Se ele fala alguma coisa, eu não sei. Minha própria voz me deixa surda. -Mas você é o meu pai. Não consigo te odiar completamente, mas eu quero. Você fica decepcionando a gente, e Mack fica tão triste. Ela chorou um monte depois que saímos daquele lugar. Eu sei que você correu atrás dela, mas não é você que fica pra ver o resultado mais tarde. Olha onde eu estou. Olha o que você fez me causou. Eu sinto como se todo mundo fosse me decepcionar e como se eu fosse uma decepção por causa de você. Isso está me matando. Matando. -Quero acrescentar a palavra pai, mas não tenho coragem. 

-Continue. -Ele diz, quietamente, e posso ouvi-lo respirar no telefone. 

-Eu não entendo. Por que você traiu ela? O que ela tem que a mamãe não tem? Por que você não podia ser feliz com a gente? Podíamos ser uma família. Mack não ia precisar dizer pra todo mundo que a irmã está numa clínica disfarçada de Fim de Mundo se você não tivesse traído a mamãe. Podia ser diferente. Você não quer nossa família de volta? -Enquanto falo, sou atingida pelo quanto eu sinto falta dele. Não me permito pensar nisso. Não me permito pensar em nada. -Quem vai estar lá quando Mack tiver seu primeiro namorado? Você? Ou vai estar ocupado demais em Nova York? E quando casar com a Outra Mulher, vai fingir que a gente não existe? Quem vai estar lá pela Mack? 

Quem vai estar lá por mim?

-Por que parece que foi tão fácil desistir da gente? Eu sei que eu sou difícil.E chata, e a maior parte do tempo ajo como uma babaca, mas isso realmente é ruim o bastante pra você ir embora? Você era meu pai! Você é meu pai! Isso não significa NADA? Por que você não ama a gente? Por que você me odeia? -A última pergunta não havia sido planejada, mas é uma pergunta pesada o suficiente, e sinto que é hora de parar. -É só isso que eu tenho a dizer. -Então, desligo. Não ligo de volta, só respiro muito fundo, como se tivesse acabado de voltar para a superfície estando na água há muito tempo. Mas parece que estou afundando cada vez mais, não tenho certeza. 

A senhora Kowki entra na cozinha -suspeito que estava ouvindo desde o começo - e me guia até uma cadeira porque estou tremendo. Ou melhor, chorando. Cubro meu rosto, enquanto ouço mais passos vindo, mas ninguém entra na cozinha. 

-Quero que você faça uma coisa. -Ela diz, firme. 

-O quê? -Minha voz sai fraca. 

-Quero que você ligue pra sua mãe. -Olho para a senhora Kowki, curiosa. Sua expressão é firme. -Quero que ligue para ela e pergunte "você ama meu pai?". Vamos. Agora. Não me olhe assim. -Ela replica, percebendo minha careta e cara de confusa. Mas mesmo assim, quando ela estende o telefone, eu pego. E disco o número da minha mãe. 

-Emerson! Como você está? Melhor? Eu sinto tanto, querida. -Fecho os olhos.

-Mãe. Não é disso que eu quero conversar com você. 

-Então o que é? 

-Você, hmm... ama o papai? 

-Filha...

-De verdade. Não minta pra mim. -Ouço ela respirar fundo. 

-Não. Não amo mais ele. Há um tempo venho me sentindo assim. O que está acontecendo? Por que está perguntando? Sua voz está estranha. Andou chorando? 

Resolvo resumir minha conversa com ela, e digo que ligo depois. Olho para a senhora Kowki e ela está com uma expressão de "Eu sabia.". Sinto que consigo respirar normalmente, e uma luz acende.

Não importa se meu pai não ama mais a minha mãe. O sentimento é recíproco. Não há nada entre eles e eu duvido que ainda desejam que tenha. Eles estão... acabados. 

Agora, só me resta aceitar. 

Meu pai não liga de volta. E eu continuo sentada na cadeira, enquanto a senhora Kowki mexe nos meus cabelos. Um tempo depois, quem entra é Kristin. Ela senta na nossa frente.

-Você está bem?

-Mais ou menos. -Ela só concorda, balançando a cabeça. 

-Também. Ouvimos a conversa com o seu pai. Quer conversar sobre isso?

-Ouviram... você e quem mais? -Ela parece desconfortável. Já sei a resposta.

-Perry. Ele estava passando por aqui e viu que eu estava parada, ouvindo, então veio mais perto. Você estava gritando então era meio difícil não ouvir. Desculpa. -Não tinha percebido que estava gritando. E também não estou brava. Agora que sinto que as coisas começaram a evoluir -que comecei a entender essa coisa com a minha família, sinto que o que preciso fazer em seguida é lidar com Danny. Mas Danny no momento não está em algum lugar em que eu possa alcançá-lo, então passo para o próximo assunto, que é Perry.

-Não tem problema. Sabe onde ele está? 

-Perry? 

-É. 

-Na floresta, eu acho. Ele mencionou a ponte Nola quando saiu, mas eu não estava prestando muita atenção no que ele estava falando. -Ele dá de ombros, esperando minha reação. Levanto. 

-O.K. Eu já volto. -Saio antes que as duas respondam. Estou cansada -física e emocionalmente -mas vou a procura de Perry. Aquilo que aconteceu foi estranho, e Perry é estranho e confuso comigo, e preciso de alguma luz quando o assunto é ele. Me abri com ele, no parque, e ele se abriu comigo, mais do que eu jamais pensei que ele se abriria. E, quando ele não é um cretino, até que é legal. E profundo. A julgar pelos bíceps (e abdômen), nunca ia acreditar que ele era o tipo de cara profundo. Mas, meu Deus, ele é. Então, claro, tem a coisa da mãe dele. Imagino como ele era antes. E se ele só é intenso como é agora por causa dela, ou do que aconteceu com ela. Uma parte de mim fica realmente curiosa. 

-Jesus Cristo, pare de andar ou você vai morrer. -Uma voz me tira dos devaneios e eu percebo que é Perry. Quase morro de susto. Olho brava para ele.

-Você...

-Tá, tá, pode me dar um soco por ser um cara. -Ele diz, em um tom que eu não entendo e olha pra frente, pra copa de árvores se estendendo a metros na nossa frente. 

-Quê? Eu ia dizer que você me assustou. 

-Ah.

-O que quis dizer com isso? 

-Com o "ah"? -Reviro os olhos, sem sair do lugar. 

-Não. A parte de ser um cara.

-Eu estava falando do que aconteceu, hm, mais cedo. -Ah, Deus. Ele parece constrangido. 

-Pra falar a verdade, estou meio cansada de dar socos. 

-Ah.

-É.

-Então...

-Tá, eu sei que aquilo é... normal. Eu acho. Sei lá. Não estou... brava. Estou... normal. Tão normal quanto é possível estar aqui. Só fiquei meio... apavorada. -Para minha surpresa, deixo escapar uma risada. Céus, esse dia está sendo tão emotivo. Ele me olha, com a sobrancelha erguida, surpreso. Olho para o seu moletom. Está escrito "Não é um moletom". A risada para, mas deixo um sorriso, quando termino de ler. -Me sinto tão esquisita.

-Não sei o que falar. -Ele diz.

-Podíamos não falar nada. 

-Ou você podia ir. -O.K.

-É. Tá certo, tchau. -Foi melhor do que eu esperava, e fico contente por isso. Mas ele me chama. 

-Ouvi o que você falou pro seu pai.

-Kristin me contou. -Paro no lugar, sem olhar pra ele. O barulho dos pássaros é a única coisa que escutamos por um momento.

-É bonito, o jeito que você se preocupa mais com a sua irmã do que com você. 

-Eu...

-Mas odeio como você acha que ele não te ama. Óbvio que ele te ama. Você está aqui porque ele te ama e quer o melhor pra você. Não consegue acreditar nisso? -Sinto a sua raiva vindo a medida que ele fala. Talvez eu não seja a única com problemas de raiva por aqui. Decido não piorar as coisas. Tive emoções demais pra um dia só. -Tipo, abra seus olhos. Já está na hora.

-Vou tentar.

-Desde quando você concorda comigo? Isso também é irritante. -Suspiro, relaxando meus ombros. 

-Só estou cansada de brigar. De viver com raiva. Sei lá. E não custa tentar. Fiz uma promessa para mim mesma que ia ser melhor pela Mack. Essa sou eu, tentando. 

-Você sabe que a sua irmã te ama mesmo quando você é um saco. 

-Eu sei, só quero que ela ame a melhor versão de mim. Não a versão que é um saco. Sinto que consigo fazer isso. Um dia. -Estou falando demais. A conversa parece tão automática que não dá tempo de ficar surpresa pela duração dela. -Eu só estou tentando fazer alguma coisa certo. -Termino. Outro momento de silêncio. -Tudo bem, vou ir embora agora. Obrigada por falar comigo. -Ele faz uma careta.

-Olha, se quer concordar comigo em tudo, pode concordar, mas não precisa ser tão educada. -Deixo escapar mais uma risada, mas dessa vez não respondo, e faço meu caminho de volta para a casa da senhora Kowki. Meu fardo de tristeza ainda está ali, e eu tenho plena consciência disso, mas é quase como se a tristeza fosse inofensiva. Quieta no seu canto, apenas observando enquanto eu caminho de volta, completamente em silêncio, razoavelmente bem. 


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