O único som que se ouvia na casa era uma risada feminina baixa e alegre. O quarto, não muito grande, mas claro e arejado, estava naquele momento na penumbra. Algumas velas proporcionavam a maior parte da luz do local. Duas taças de hidromel estavam na mesinha de cabeceira ao lado da cama.

– James. - Lily sussurrou.

Ele a beijou mais ardentemente, a puxando para cima dele e correndo as mãos por sua cintura. Ele foi, devagar e carinhosamente levantando a leve blusa que ela ainda usava e a apenas parou de a beijar para tira-la.

Lily não foi tão delicada. Ela puxou a camiseta do marido rapidamente e desabotoou a calça dele em segundos.

– Com pressa, Lils? - Ele riu baixinho.

– Não é pressa. - Ela sorriu.

Menos de um minuto depois James estava completamente despido, Lily apenas com roupas de baixo. Ele a puxou para ainda mais perto, a beijando mais profundamente, correndo as mãos agora pelas costas da ruiva, até chegar ao fecho do sutiã e começar a desabotoa-lo com uma mão só. Ele estava quase conseguindo quando foi interrompido.

– Ah! Meu olhos! Meus olhos! - Sirius gritou na porta, tapando o rosto com a mão e correndo em círculos.

Lily saiu rápido de cima de James, se jogando para o outro lado da cama e puxando o lençol para cima de si, também tapando o rosto com a mão.

– Socorro! Socorro! Eu estou cego! Merlin! Socorro!

– Cala a boca Sirius! - James gritou.

Mas o amigo só parou quando correu de encontro à parede, bateu nela e caiu de costas no chão.

– Ai! - Sirius berrou. - Socorro! Moony, vem me ajudar aqui!

– Ótimo! Chama mais gente. - James resmungou.

Lily tinha uma expressão homicida no rosto, apesar de ainda cobri-lo com a mão.

– O que foi? - Remus apareceu na porta do quarto com a varinha na mão. - Pads, porque você está deitado no chão? O que... Ow! - Ele falou finalmente olhando para James e Lily.

– Eu estou cego! Me ajuda!

– Cala a boca, Black! - Lily falou entre os dentes. - Eu vou matar vocês dois!

– Porque tão nervosa, ruiva? Você devia estar super relaxada em um momento desses.

– Ok! Será que vocês podem sair daqui?

– Para vocês continuarem o que estavam fazendo? Não obrigado. - Sirius disse, ainda sentado no chão. - E Prongs, faz o favor de cobrir o seu amiguinho bem animadinho ai?

James puxou o lençol mais para cima de si fazendo careta, o rosto muito vermelho. Sirius olhava com um sorriso para James e Lily e Remus fazia o máximo que podia para não começar a gargalhar. Lily contava até um milhão para não matar ninguém.

– E vocês dois são pais muito desnaturados. Onde deixaram o Harry? - Sirius perguntou.

– Ele está dormindo, mas a grande pergunta é: o que vocês estão fazendo aqui?

– Só viemos visitar nossos queridos amigos.

– No nosso quarto? - James exclamou.

– É. Não acha que...?

– Dá para vocês pararem de discutir e saírem daqui para eu colocar minha roupa e matar vocês? - Lily berrou.

Um choro de bebê ecoou pela casa depois do grito dela. A ruiva se afundou mais no travesseiro, suspirando frustrada. Os quatro continuaram parados no quarto, um olhando para o outro enquanto Harry chorava, acordado pelo grito da mãe.

– Ok. Ok. Eu vou ser um amigo muito legal e pegar o Harry enquanto vocês colocam uma roupa. - Remus disse ainda suprimindo uma risada e saiu do quarto.

– Pads? - James chamou apontando para a porta.

– Ah, eu estou bem aqui. Não se preocupem comigo. - Ele falou esticando as pernas e apoiando o corpo um pouco para trás sobre as mãos.

– Sai daqui! - Lily falou tentando controlar a voz.

– Já disse que... Ah!

Sirius pulou do chão e saiu em disparada pela porta no exato momento em que Lily pegava um vaso da mesa de cabeceira e jogava em direção a cabeça dele.

– James, eu odeio os seus amigos. - Falou se afundando outra vez no travesseiro.

– Eu também.

Os dois se olharam por alguns segundos e começaram a rir alto, até que Lily balançou a cabeça e levantou da cama, buscando as roupas espalhadas pelo quarto. Cerca de cinco minutos depois, devidamente vestidos, James e Lily desceram as escadas até a sala, onde Remus brincava com Harry no seu colo e Sirius disparava feixes de luz coloridos pela varinha para entreter o afilhado.

– Olha quem apareceu! Por que demoraram tanto? Não estavam terminando o que estavam fazendo, não é? Não com visita em casa!

– Um dia, Black, eu ainda vou matar você e depois rir histericamente sobre o seu corpo sem vida. - Ela disse o fuzilando com o olhar e se sentando na frente dele.

– Sério, Lily, você realmente devia estar mais relaxada. - Sirius disse sorrindo descaradamente. - Prongs, tem certeza de que sabe fazer isso direito?

James jogou uma almofada na cara de Sirius, fazendo Harry rir alto, e se sentou no sofá ao lado de Lily.

– Por que vocês estão jogando tantas coisas em cima de mim hoje?

– Realmente não consigo ver um motivo para isso, Pads. - Remus riu, ainda brincando com Harry em seu colo.

– Eu também não. Eu que devia estar irritado. Chegar aqui e ser recebido com uma cena daquelas, tsk tsk...

– Sabe, Sirius, a maioria das pessoas, quando chegam na casa de alguém e não encontram os donos da casa, vão embora. - Disse Lily. - As pessoas não saem andando pela casa e abrindo todas as portas.

– Pads, você sabia o que eles estavam fazendo, não sabia?

– Não! É claro que não. Eu sou um homem inocente! - James, Remus e Lily começaram a rir ao mesmo tempo de Sirius e sua falsa cara de inocente. - Mas, sabe, essa vai ser uma história engraçada de se contar no futuro.

– Não, não vai. - James falou.

– Ah, vai sim! Mal posso esperar para contar essa história para o Harry.

– Você não vai contar essa história para o Harry, Pads! - Lily riu.

– Quer apostar, ruiva?

– Não vai contar se eu matar você!

– Já posso até imaginar a cena "Ah, Harry tenho uma história engraçada para te contar...”

– Pad...

– Um dia, enquanto você estava dormindo, seus pais resolveram aproveitar esse tempo da melhor forma possível...

– James, eu vou matar seu amigo.

– Tudo teria sido muito legal, mas eu e o Monny resolvemos visitar vocês aquele dia...

– Você não vai contar isso para ele. - James falou rindo.

– E eu, muito inocentemente, e muito preocupado em não achar meus amigos na casa, resolvi procura-los...

– Se eu fosse vocês manteria o Harry afastado do Pads de agora em diante.

– Fiquei ainda mais preocupado quando passei na porta do quarto deles e ouvi barulhos estranhos, com gemidos e suspiros...

– Ninguém estava fazendo barulho nenhum! - Lily falou tentando não rir.

– Então abri a porta, Harry, e a cena que vi machucou muito meus olhos, sua mãe estava quase sem roupa em cima da cintura do seu pai, que estava muito feliz, se é que você me entende...

James riu e em seguida jogou outra almofada no amigo, fazendo Harry rir outra vez. Sirius o observou e sorriu para o afilhado.

– Viu? Ele está gostando da história! Vem cá, Harry. - Completou estendendo os braços para o menino.

Lupin colocou Harry no chão, e o bebê engatinho rápido até os braços de Sirius, que o pegou no colo e o jogou uma vez para o alto, fazendo-o rir ainda mais.

– Essa é a melhor história que você já ouviu, não é, Harry?

O menino continuou rindo e bateu palmas, olhando para Sirius.

– Aposto que isso é um sim. E isso prova que eu sou o melhor padrinho do mundo e que conta as melhores histórias. - Sirius disse olhando para os outros três com um ar convencido, como se estivesse os desafiando a contradizê-lo.

Ninguém se deu ao trabalho de discutir com Sirius.