Minha vez de contar a história- Peeta Mellark escrita por Levi42


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Gente desculpem pela demora, eu não tive tempo pra postar nada, as semanas estavam muito corridas, mas agora eu vou tentar postar com mais frequência. Enfim... enjoy ;)



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O pássaro me observa, um Mockingjay, seus olhos fixam nos meus, não consigo desviar o olhar dele. Não sei onde estou talvez num campo. Sim, um campo, uma vegetação tão extensa no qual quase não consigo ver o cercado marcando o fim do território, plantações heterogêneas cobrem o solo, e o que mais me chama a atenção é a plantação de trigo, a planta no qual o pão é derivado. “Queria encontrar plantas que dêem pães”- Me lembro de um dos últimos momentos realmente bons com Katniss na arena.

O Mockingjay começa a cantar, mas não tem nenhum som para ele imitar, está cantando por conta própria, a canção da campina. A canção que Katniss cantou no nosso primeiro dia de aula na sala. Lembro exatamente desse dia: estava meio ensolarado, o ar agradável, as flores que se abriram lentamente, os pássaros ao redor delas, diria ser um dia perfeito para o primeiro dia de aula de uma criança. Diferente de muitos alunos, eu não comecei a chorar ao chegar à escola, estava com meus irmãos por perto e a voz calmante de meu pai me dissera que ia ficar tudo bem. A professora compreende a nossa apreensão, estamos todos quietos, o nervosismo pairava no ar, quando ela pergunta:

− Alguém conhece a canção da campina? Alguém gostaria de cantar?

E uma menina levanta sua mão e assenta com a cabeça, suas duas tranças são colocadas à frente dos ombros, é Katniss, ela se voluntaria e começa a canção. A música fala algo como um lugar na campina que é seguro e tranqüilo, onde os sonhos são doces, onde há uma cama de grama e um macio travesseiro, “Aqui é o lugar onde sempre lhe amarei.”- Essa é a última frase cantada da música. Essa é a primeira vez que eu sei que amo Katniss Everdeen

O céu está nublado, prestes a chover, e o pássaro continua a cantar. Suas melodias ecoam em meus ouvidos, e ele se desprende do galho da única árvore do campo e levanta vôo. Suas penas antes marrons começam a queimar e tornar-se um preto escuro como carvão, a envergadura de suas asas cresce e logo sua calda também e o Mockingjay fica tão grande e tão feroz quanto uma águia, e assim levanta vôo indo longe de mim.

De repente o pássaro é atingido por uma flecha e escuto a voz dele se transformar na voz de Katniss chamando o meu nome “Peeta!”.

Então eu acordo.

Está chegando uma tempestade de neve, o vento faz as cortinas voarem ao teto, e os trovões já podem ser ouvidos. Chego à janela e assisto um dos meus irmãos colocando alguns de nossos porcos em uma área coberta, posso ouvir os passos de meus pais na madeira para lá e para cá com rapidez para colocar lenha na lareira, fecho minha janela e escuto minha mãe gritar:

− Peeta! Não é porque você ganhou os jogos vorazes que precisa parar de ajudar!- Ela exclama.

Desço as escadas e ajudo a carregarem alguns sacos de farinha para dentro de casa, a padaria não é o lugar mais seguro para aguardar uma tempestade dessas, e aprendemos isso da pior maneira. Quer dizer, não são tempestades terríveis como ocorrem em outros lugares, é que nossas casas são frágeis demais, a maioria delas são feitas de madeira o que as tornam vulneráveis a muitos efeitos climáticos. Esse era para ser meu último dia nessa casa, mas por causa do tempo, tive que continuar ali. O quarto saco de farinha que carrego parece ser de uma tonelada, mesmo com a Capital tendo retirado todas as minha cicatrizes e aparentemente me tornado mais forte, me acostumar com essa nova perna é muito difícil, por isso deixo o saco cair e derramar toda a sua farinha no chão. Minha mãe está furiosa, posso ver seu rosto vermelho de raiva, levanta a mão para me dar um tapa enquanto me encolho para receber, mas não sinto nenhuma dor, com sua mão ainda no ar percebo que ela hesita em me bater e diz somente:

− Se derramar mais um desses, você vai ficar com os porcos!

Depois de tudo, nos sentamos em frente à televisão, a insígnia da Capital aparece na tela piscando. Caesar surge falando o quão excitante assistir a septuagésima quarta edição dos jogos vorazes com a aparição minha e de Katniss. E começo a me lembrar do dia dessa entrevista.

Katniss estava radiante com seu vestido branco e seus sapatos cor de rosa, ela conversara com Caesar

— Quase não consigo te ver. Haymitch parece empenhado em manter a gente afastado. − Eu digo.

— É mesmo, ele tem estado muito responsável ultimamente. – Katniss responde

— Bem, só falta essa entrevista e voltamos pra casa. Aí ele não mais poder ficar vigiando a gente o tempo todo.

Nós nos sentamos no sofá do amor com uma certa formalidade, mas Caesar diz:

— Ah, vamos lá, pode se enroscar nele se quiser. Fica muito bonitinho.

Então, Katniss levanta os pés e eu a puxo para perto de mim.

Alguém faz a contagem regressiva e, e assim, nós estamos sendo transmitidos ao vivo para todo o país. Caesar Flickerman é maravilhoso, implica, faz piada, se engasga quando a ocasião é propícia. Ele e eu já possuímos a cumplicidade que estabelecemos naquela noite da primeira entrevista, Katniss apenas sorri bastante e tenta falar o menos possível.

— Bem, Peeta, sabemos, pelos dias que passamos naquela caverna, que foi amor à primeira vista de sua parte desde quando, os cinco anos de idade? — Caesar pergunta.

— Desde o momento que pus os olhos nela pela primeira vez — respondo.

— Mas, Katniss, que coisa, hein? Imagino que a parte mais excitante para o público tenha sido assistir a você cedendo ao encantos dele. Quando você se deu conta de que estava apaixonada por ele? — pergunta Caesar.

— Hum, essa é difícil...

— Bem, eu sei quando a coisa me tocou. Na noite em que você gritou o nome dele daquela árvore — diz Caesar.

— Foi mesmo, acho que foi lá. É o seguinte, até aquele momento, simplesmente tentava não pensar quais poderiam ser os meus sentimentos, falando com toda honestidade, porque a coisa toda era muito confusa e imaginar que eu realmente sentia alguma coisa por ele só pioraria tudo ainda mais. Mas aí, naquela árvore, tudo mudou.

— Por que você acha que isso aconteceu? — Caesar demanda.

— Talvez... porque pela primeira vez... haveria uma chance de eu ficar perto dele —Katniss diz.

Caesar pega um lenço e precisa de um tempo porque está emocionado demais. Pressiono a testa na têmpora de Katniss e em seguida pergunto:

— Então, agora que estou perto de você, o que é que você vai fazer comigo?

Ela volta-se para mim e responde:

— Vou te colocar em algum lugar onde você não possa se machucar.

E, quando ela me beija, as pessoas da sala dão um suspiro.

Para Caesar, esse é o momento natural para engatar a conversa com todas as formas de ferimentos de que fomos vítimas na arena, queimaduras, ferroadas e perfurações as mais diversas. Mas só esqueço que estou na frente das câmeras quando o assunto passa a ser as bestas. E quando Caesar pergunta a mim como sua “nova perna” está funcionando.

— Nova perna? — Katniss hesita e levanta a barra da minha calça. — Oh, não —sussurra, tocando o equipamento de metal e plástico que substituiu a minha carne.

— Ninguém contou pra você? — Caesar pergunta, delicadamente.

Ela balança a cabeça.

— Eu não tive oportunidade — Eu conto, dando ligeiramente de ombros.

— É minha culpa — diz Katniss. — Porque usei aquele torniquete.

— Sim, é culpa sua eu estar vivo — respondo.

— Ele tem razão — Caesar concorda. — Ele certamente teria sangrado até morrer se não fosse por isso.

Katniss simplesmente enterra seu rosto na minha camisa. Eles levam alguns minutos para convencê-la a tirar o rosto da camisa porque lá ninguém pode vê-la. E quando reaparece, Caesar para um pouco de fazer perguntas para que ela tenha tempo de me recuperar. Me sinto mal por Katniss se sentir assim, queria acabar com a entrevista ali mesmo para poder consolá-la.

— Katniss, sei que você acabou de ter um choque, mas sou obrigado a perguntar. No momento em que você pegou aquelas amoras, o que se passava em sua cabeça?− diz Caesar

Ela faz uma longa pausa antes de responder.

— Não sei, eu simplesmente... não consegui suportar a ideia de... viver sem ele...

— Peeta? Alguma coisa a acrescentar? — pergunta Caesar.

— Não, acho que isso serve para nós dois — digo.

Caesar faz um sinal e a entrevista se encerra. Todos estão rindo e chorando e se abraçando, então Katniss se afasta de mim até alcançar Haymitch.

Não consigo entender o que ela fala somente a resposta de Haymitch:

—Perfeito.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Deem sugestoes tbm, to meio sem ideias... só pra constar demorei 3 hrs pra escrever esse capítulo. kkk okay. até a próxima. Obrigado.