Uma Nova Chance escrita por Lady Padackles


Capítulo 6
Capítulo 6




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Sam entrou em seu quarto e fechou a porta com força. Estava confuso, sem saber exatamente como descrever o que sentia. Por alguns minutos, enquanto estivera junto a Dean, sentiu como se seu amor estivesse de volta. Era como se o Dean real e o de seus sonhos fossem a mesma pessoa. Ao seu lado, estava completo e feliz, como há muito tempo não se sentia. Mas não podia se iludir. Ele mal conhecia aquele menino... Como podia amá-lo? Ele e o amor de sua vida compartilhavam o mesmo corpo, nada mais...

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Os dois meninos haviam passado uns bons minutos se beijando e se abraçando na biblioteca, escondidos entre as estantes. Os carinhos cessaram quando os dois ouviram passos de alguém se aproximando. Era a bibliotecária, que checava o local para poder fechar a sala. Aos sábados e domingos fechava a biblioteca às cinco horas da tarde.

 Dean e Sam arrumaram o material sem trocar nenhuma palavra. Quando já andavam em direção à saída da biblioteca, Sam perguntou se poderiam se encontrar novamente no dia seguinte às 9h no mesmo local.

- Sim, claro – respondeu Dean, corando. Encontrar no mesmo local significava que ficariam se beijando de novo?

Dean saiu de lá e foi correndo para o seu quarto. Podia ouvir seu coração acelerado dentro do peito. Nunca havia sentido aquilo antes. Pegou-se sorrindo, de uma orelha a outra. O menino mais lindo do mundo o havia beijado! O mundo era mágico... Ele mal podia esperar para ver Sam novamente no dia seguinte.

Sem conseguir pensar em outra coisa, Dean cantarolou musiquinhas de amor. Abraçou e beijou o seu maior travesseiro, fingindo que ele era Sam. Riu sozinho imaginado o que o moreno acharia se o visse se comportando como uma garotinha apaixonada. Bem, pelo menos apaixonado ele estava... Pela primeira vez na vida... Não havia sombra de dúvida.

Sam enfiou a cabeça debaixo do chuveiro. Era natural que ele gostasse de beijar Dean... Sentira-se atraído por ele assim que o vira pela primeira vez, mesmo que de forma inconsciente. Afinal, usara o corpo do louro para vestir o seu grande amor, não era mesmo? O doce Dean de seus sonhos... Sam engoliu em seco. Tinha medo de esquecê-lo. Real ou não, Sam o amara do fundo do coração.

Sam voltou a lembrar-se dele. Ele e o Dean real não eram de fato a mesma pessoa... Pobrezinho do seu amor... Era tão sofrido... Perdera a mãe e o irmão, tinha um pai covarde e cruel, e estava terminalmente doente... E quanto ao Dean real?  Aquele garoto parecia viver em um mar de rosas... Tinha mãe, era saudável e provavelmente tinha um pai legal também, quem sabe até um irmão, ou uma penca deles... Sam não pôde deixar de sentir raiva. Por que ele podia ter tudo que seu amor não tivera?

Pensou um pouco. Seu Dean tinha apenas uma coisa que o outro não tinha. Uma coisa que apenas ele poderia dar: seu amor. Tudo bem beijar e abraçar o novo Dean... Por que não? É para isso que servem os garotos bonitos... Sam sorriu. Era bom chegar a uma conclusão antes de dormir: o primeiro Dean era o seu amor, o segundo, um mero “ficante”. E assim seria.

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Eram 9h em ponto. Dean e Sam chegaram à biblioteca exatamente no mesmo momento. Dean não sabia como se portar diante do colega. Seria muito atirado de sua parte lhe dar um abraço? Seria muito frio um aperto de mão? O que Sam esperava dele depois que trocaram momentos tão íntimos e apaixonados? Esperou que o moreno se manifestasse primeiro. Sam cumprimentou Dean apenas com um “olá” e um aceno de cabeça cortês.

Sam estava decidido a fazer o trabalho, já que não tinham até então conseguido avançar em muita coisa. Depois poderiam trocar mais caricias se o tempo permitisse... Estava curioso, entretanto, em saber como Dean se comportaria diante dele depois do que acontecera. O que será que o louro lhe diria? Talvez alguma coisa carinhosa? Ou quem sabe um elogio? Ou insinuaria que poderiam se divertir juntos mais tarde... Sam teria que deixar bem claro que não haveria nada entre eles além de algumas ficadas. Seus pensamentos foram cortados pelas palavras de Dean, assim que se sentaram a mesa da biblioteca.

- Hoje está frio, não? – O louro perguntou. Sentia-se nervoso, totalmente sem saber o que dizer. O que ele queria mesmo era poder dizer a Sam o quanto tinha sido bom ficar com ele na tarde do dia anterior, mas era muito tímido para isso.

- Mais ou menos... – respondeu Sam.

Então era essa a primeira coisa que Dean lhe diria? Isso era hora para falar do tempo? Sam não pôde deixar de ficar irritado.

Dean notou o semblante fechado do moreno. Ficou mais nervoso.

- Eu não imaginei que o tempo fosse virar, mas está ventando bastante. Acho que vai chover... – ele disse. Depois se arrependeu. Por que sempre que ficava nervoso acabava falando de assuntos banais? Sam com certeza o achava imbecil. O semblante desgostoso do moreno confirmava isso.

Sam permaneceu calado. Talvez Dean fosse tão vadio que aquela “ficada” não significasse absolutamente nada para ele. Problema, porque ele, Sam, também era vadio. A “ficada” também não significava nada para ele...

O silêncio de Sam deixou Dean inseguro. O que Sam esperava que ele fizesse? O que Sam esperava que ele falasse? Precisava cortar o silêncio de alguma forma ou teria um troço.

- Vamos começar a trabalhar então? Eu vou pegar os livros. Você quer continuar com o mesmo livro que você estava lendo ontem? Ou quem sabe mudar para algum outro assunto mais interessante? Você que sabe... – ele disse apressado, atropelando as palavras.

- Tanto faz – respondeu o moreno. A verdade é que queria falar sobre a noite anterior, mas Dean parecia nem se lembrar que tinham estado juntos. Então que fosse para o inferno...

Dean foi até a estante e começou a examinar os livros e outras publicações que estavam dentro do escopo do trabalho. Pegou várias revistas e jornais que citavam o colégio, além dos livros habituais. “Será que Sam vai gostar desse? Será que ele vai preferir aquele?”, pensou enquanto separava uma infinidade de livros. Teve que fazer três viagens para poder carregar tudo até a mesa onde estavam.

- Para que tudo isso? –Sam perguntou irritado quando o louro finalmente se sentou.

- Eu não sei o que você está a fim de ler... – Dean respondeu, quase se desculpando.

A verdade é que Sam não estava com vontade de ler nada... Por que será que Dean estava fingindo que nada acontecera entre eles? No mínimo ainda não o tinha perdoado. Provavelmente  continuava pensando que ele era um maluco e que a “ficada” na biblioteca era apenas a confirmação desse fato.

- Você me acha um louco... – Sam então disse bruscamente cortando o silêncio.

Dean se assustou:

- Eu?! Claro que não, Sam...  - Dean disse com a voz trêmula. O que Sam acabara de dizer não era verdade... Ele nem sequer tinha se lembrado mais das maluquices do moreno. Por que Sam estava falando nisso agora?

Sam grunhiu baixinho e não falou mais nada. Já estavam em silêncio por quase um minuto quando o moreno, arregalado, viu um velho de barbas brancas aparecer do nada diante de seus olhos.

- Ahhhh!!!! – berrou o garoto – Olha um velho, ali!!! – ele disse, apontando para o nada.

O velho pareceu se espantar com o grito, encarou Sam com seus olhos azuis profundos e desapareceu. Dean se assustou também. Olhou, mas não viu nada.

- Que velho, Sam!?

“Que merda!” – pensou o menino. Agora estava também vendo coisas... Talvez ele fosse mesmo louco...

- Ah, deixa para lá... – o moreno falou mal humorado. Pegou uma das revistas e começou a ler, ou pelo menos tentou.

Sam estava esquisito. Será que tinha mesmo visto um velho? Ou será que queria que Dean voltasse a acreditar que ele era louco? Apenas de uma coisa o louro tinha certeza: Sam estava arrependido de tê-lo beijado ontem, ou não estaria tão ranzinza...

Dean abriu um dos livros, mas, assim como Sam, estava sem nenhuma concentração. Seus estudos não estavam sendo nada proveitosos. Sam acabou desistindo.

- Dean, vou levar algumas coisas para o meu quarto... Amanhã a gente se encontra depois das aulas e vê o que cada um fez – sugeriu o menino.

O louro concordou, talvez fosse melhor que trabalhassem separados mesmo. Ambos selecionaram alguns livros e revistas e carregaram para seus respectivos quartos. Nenhum dos dois previra um domingo tão desagradável.

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Dean estava triste. Tanta expectativa de viver uma paixão, e tudo o que tinha agora era um coração partido. Quando fitou seu travesseirinho Sam nos olhos teve vontade de chorar. Mas quem mandou ser tão boboca? É claro que Sam não gostava dele de verdade... Sam devia ser o maior pegador daquela escola, lindo daquele jeito... Sentiu-se um idiota por ter se apaixonado assim tão facilmente. Que vergonha...

Sam conseguia estar se sentindo ainda pior. Pelo menos Dean tinha clareza sobre os seus sentimentos. Já o moreno, era um poço de confusão. Enquanto Dean engolia suas lágrimas, Sam debulhava as dele sem nem mesmo entender por quê. Dean havia ignorado o que acontecera no dia anterior falando apenas de coisas banais. Mas por que isso mexia tanto com ele? Não estava decidido a não gostar daquele garoto? Então porque queria que Dean gostasse dele? Será que estava com o orgulho ferido? Ou será que queria ver o louro sofrer? Seria ele um sádico?  Ele não queria ser mau, mas talvez fosse... Ou talvez fosse mesmo um louco, depois de ver um velho surgir e sumir no ar.


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