Uma Nova Chance escrita por Lady Padackles


Capítulo 23
Capítulo 23




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– Alô.

Uma voz masculina, um quê infantil, titubeou, mas finalmente respondeu do outro lado da linha.

– Alô... Errr... É da casa do Senhor Oliver Queen?

Sam olhou a sua volta para certificar-se de que estava realmente sozinho. Quase uma semana havia se passado desde que descobrira o telefone do velho amigo, e só agora conseguira ficar sozinho e juntar coragem para ligar novamente. Várias ideias haviam surgido para que ele tentasse iniciar uma conversa bem sucedida com Oliver. Sam até pensou em ser sincero, mas depois desistiu. Precisava ser convincente para não arruinar a oportunidade que tinha.

– Sim... Quem deseja? - A voz feminina soou curiosa.

– É... bem... Eu sou aluno do Colégio Saint Peter, a escola que o Sr. Queen estudou, e estou fazendo uma pesquisa...

– Sim... sobre o quê?

– Eu gostaria de falar com ele...

– Desculpa garoto, mas o Sr. Queen está muito velhinho. Ele não tem condição de ficar respondendo questionários pelo telefone...

– Por favor, senhora! É muita importante... – suplicou o menino.

– Desculpa, filho. Não vou poder te ajudar.

– Se não puder ser pelo telefone, posso fazer as perguntas pessoalmente... Posso ir até aí?

– CLICK

A senhora nem respondeu. Sem paciência, desligou o telefone na cara do garoto. Que raiva! Sam queria matar aquela mulher. Custava alguma coisa ter lhe deixado falar com Oliver? Mas vai ver seu velho amigo estava agora surdo e esclerosado... O que fazer agora? O menino sentou-se em um banco próximo ao telefone e baixou a cabeça decepcionado. Estava triste. Adiantaria insistir? Adiantaria ligar novamente e tentar outra desculpa esfarrapada? O pior de tudo era não ter nenhum amigo com quem desabafar. Pensou em procurar Seu Romero, mas o homem andava atarefado demais por aqueles dias.

Sam olhou em volta e contemplou o silencioso pátio vazio. Dean tinha ido treinar basquete. Clark, Garth. e vários outros garotos estavam aproveitando o tempo livre para estudar e fazer trabalhos. Era impressionante como conseguira de fato ficar completamente sozinho. Uma situação ideal totalmente desperdiçada. Sam sentiu seu coração apertar, entristecido. Sentia-se um fracassado. Alguém que bateu a bola na trave no finalzinho do segundo tempo e perdeu a chance de vitória.

Assim que tomou coragem, Sam se levantou. Precisava de Dean. Precisava de seu carinho e apoio. Apesar de muitas vezes não entender o que se passava com ele, o louro era sempre capaz de fazê-lo sentir melhor, com um simples abraço ou palavra carinhosa. Já era hora do treino terminar, e Sam seguiu em direção a quadra de basquete ansioso por encontrar seu amor.

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Dean estava cansado, porém entusiasmado. Com a proximidade do primeiro jogo do qual participaria, os treinos haviam se tornado para ele eventos de grande importância. Era só sobre isso que Dean e seus colegas de time conversavam. Iriam se ausentar do Colégio no sábado seguinte para jogar em uma cidade vizinha, onde enfrentariam o time da casa.

Brian e os outros integrantes antigos do time contavam para os novatos, assim como Dean, das grandes aventuras de jogos passados. Sair do Colégio era sempre motivo de muita alegria, ainda mais quando saiam em grupo, fazendo bagunça dentro do ônibus.

– Então, depois daquela grande derrota, o técnico estava uma fera... – Brian contava a história e ria ao mesmo tempo. Dean andava ao seu lado, divertindo-se muito, quando viu um rapaz enorme e descabelado andando em sua direção. Parecia um pouco fora de controle. Reconheceu logo seu namorado e estremeceu.

– Dee! – Chamou o menino em voz alta, já interrompendo a conversa dos dois. Ele tinha avistado Dean de longe. E como estava lindo... Seu lourinho parecia tão entusiasmado que brilhava como um pedacinho de sol.

Dean sorriu ligeiramente, como sinal de reconhecimento, porém não interrompeu sua conversa com o colega de time, e continuou andando. Aquela atitude de Sam o envergonhava... Por que o moreno não podia ser um pouquinho mais discreto? Por que tinha que chamá-lo de "Dee" na frente dos outros? Dean não podia deixar que Brian desconfiasse da relação amorosa que existia entre eles...

– Hey, me espera! – Insistiu o moreno, acenando os braços compridos.

Dean parou, mas pareceu desconfortável. Trocou olhares indagativos com Brian, e então dirigiu-se a ele secamente.

– O que você quer, Sam?

– Nada em especial... – o moreno então respondeu, ligeiramente sem graça. Afinal o que ele queria era apenas estar perto de seu namorado. E o que tinha isso de mais?

Sam olhou para Brian e para Dean em seguida. Era impossível não ficar enciumado... Seu amado parecia estar cada vez mais próximo daquele garoto metido, e andava cada vez mais estranho com ele. Talvez Brian quisesse algo mais que amizade...

– Vamos, Dean – Brian chamou, puxando o menino novamente para longe de Sam.

Ridículo... Brian poderia tentar o que fosse... Estava escrito nas estrelas que Dean seria seu. Sam, sem pensar duas vezes, aproximou-se novamente e abraçou o namorado por trás. Dean era seu, e isso haveria de ficar claro.

– Me larga, Sam! Que brincadeira sem graça! – Dean pareceu irritado e deu-lhe um safanão.

O clima ficou esquisito. Tão esquisito que o próprio Sam decidiu se retirar.

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Assim que Sam saiu, Brian ficou pensativo. A pergunta que se seguiu foi inesperada para Dean.

– Dean, você já teve uma namorada?

– Não... – o menino respondeu meio sem jeito. – Eu estudo aqui há muitos anos, aí nunca conheci ninguém... – justificou-se, sentindo seu rosto enrubescer.

Brian olhou para ele e sorriu.

– Está na hora de conhecer alguém, nem que seja para dar uns beijinhos...

Dean não entendeu. Como poderia conhecer alguém? Lendo seus pensamentos, Brian respondeu em seguida.

– No Sábado... Com certeza vai ter um monte de meninas assistindo ao jogo. O outro colégio está cheio delas! A gente sempre convida algumas para nos encontrar depois da partida. Meninas adoram jogadores de basquete...

Dean forçou um sorriso, apesar de sentir seu estômago embrulhar. Recebeu um tapinha no ombro como um sinal de encorajamento. Dean era como um irmão mais novo para Brian, e ele pretendia lhe ensinar a se comportar como um homem.

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Por que Dean fizera aquilo? Por que o tratara com tanto descaso? Era sempre assim quando o louro estava perto de Brian. Estava claro que Dean não gostava que Sam se aproximasse dele quando estava de conversinha com o imbecil do Brian Scott. Brian Scrotto... O apelidinho surgiu naturalmente... Sam o odiava.

O menino respirou fundo e voltou a se concentrar em seus afazeres. Estava terminando de telefonar para a lista de números telefônicos que separara com nome de Campbell. Esquecendo-se um pouco da decepção de não ter conseguido ainda falar com Oliver, o garoto tentava se concentrar em achar o telefone de Roger. Mas a nova atitude de Dean não lhe saia da cabeça... Precisava ter uma conversa séria com seu namorado.

– É da casa o Senhor Roger?

– Não, é engano.

– Desculpe...

Sam ligou para mais um número e depois outro. Nenhum Roger. Ligou para o último número da lista, e, decepcionado, descobriu que todas as suas tentativas haviam sido em vão.

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– Dean, porque me tratou daquele jeito?

– Eu não gosto que você fique me agarrando na frente dos outros, Sam... Eu fico com vergonha! Já te falei mais de mil vezes.

– Na frente dos outros ou do seu amiguinho Brian Scrotto? – Sam perguntou de maneira acusatória e debochada.

Estavam os dois sentados na cama de Dean, e mal se olhavam. Naquele dia, após a aula, não trocaram beijos nem abraços. Assim que Sam chegou ao quarto de Dean para o encontro habitual, começaram a discutir.

– Sam, para com isso! Ele é meu amigo. Não gosto que fale assim dele.

– E eu sou seu namorado! Ele não é nada, Dean! Que droga! Por que você se importa mais com o que ele vai pensar do que com os meus sentimentos? – Sam fez beicinho.

– Deixa de ser dramático! – Dean estava irritado. - Nós não precisamos exibir nosso amor em público. Eu não gosto de exibicionismo...

– Não era exibicionismo. Eu estava triste e queria um abraço, só isso.

Sam baixou a cabeça e deixou as lágrimas rolarem livremente. Ele não havia conseguido falar com Oliver, nem achara o telefone de Roger. Perdera todo aquele tempo para nada. Deixara Dean se afastar dele, e agora ele só se importava com Brian.

Dean olhou para Sam em silêncio. Ele estava sendo dramático, não estava? Estava exagerando como sempre... Mas aquelas lágrimas lhe partiam o coração. Ele havia magoado seu namorado...

Dean sentiu-se culpado, mas assumir sua homossexualidade para Brian era difícil demais. Nem que ele quisesse ele conseguiria.

– Desculpa, Sam... É que eu tenho vergonha, já falei... – A voz de Dean agora saiu mais doce e apologética.

– Você gosta desse Brian, não gosta? Fala a verdade!

– Só como amigo, Sam! – Dean se surpreendeu. Não imaginou que Sam estivesse pensando dessa forma. Brian era como um irmão mais velho, nada mais do que isso. Não havia nada de romântico em sua relação com ele.

Sam enxugou as lágrimas ainda fungando.

– Eu tenho ciúmes em pensar que você vai sair da escola com ele no Sábado... – o moreno falou sincero.

Dean abraçou o namorado e afagou seus cabelos.

– Deixa de ser bobo, Sammy... Eu vou jogar no Sábado, só isso. Não tenho um encontro amoroso com Brian Scott... – Dean sorriu.

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Minutos mais tarde, a tensão entre Dean e Sam já havia se dissipado totalmente. Estavam bem até Sam lembrar-se de Oliver e Roger de novo.

– Dee, você nunca me perguntou por que eu estava triste...

Dean então se lembrou. Sam dissera mesmo ter estado triste antes do episódio com Brian.

– E por que você estava triste?

Sam então contou que tentara entrar em contato com seu bisavô, mas que não obtivera sucesso. A história era estranha e muito mal contada, mas o menino sentira a necessidade em falar no assunto. Segundo Sam, seu bisavô, o velho Oliver, havia brigado com toda a família e se afastado de todos quando ele, Sam, era criança. Ele sentia falta do biso (como chamava Oliver), e por isso havia tentado arduamente descobrir uma forma de entrar em contato com ele. Contou das várias ligações que fizera.

– Mas a moça não deixou você falar com ele? – Dean ficou penalizado.

– Não... Ele disse que o biso está muito velhinho...

– Ahhh... – Dean suspirou. Talvez o "biso" estivesse surdo e esclerosado, mas Dean achou melhor não comentar. Não queria chatear seu namorado com isso. Estranho Sam nunca ter comentado sobre o velho Oliver antes...

– E você? Nunca tentou encontrar seu pai, Dean? – Sam aproveitou para perguntar.

– Não, Sam... Nunca.

– Você não tem nem ideia de onde ele esteja?

– Não. – Dean não queria conversa sobre aquele assunto. Sam, por sua vez, precisava de alguma pista. Encontrar Roger e reconciliá-lo com Dean era de grande importância para ele.

– Você tem tios, tias, do lado do seu pai?

– Tenho. Para que você quer saber isso?

– Curiosidade...

Dean ficou calado.

– Tem contato com eles?

– Não.

– Dee... Não fica chateado. Mas eu acho que você deveria procurar seu pai... Eu posso te ajudar se você me der mais informações... – Sam resolveu então se abrir. Dean monossilábico não estava ajudando em nada...

– Não! Já disse que não quero! Esquece o meu pai! - Dean parecia estar perdendo o controle. Sam resolveu não insistir, não queria provocar outro desentendimento. Apertou o louro em um abraço forte.

– Desculpa meu amor, deixa isso pra lá...

O moreno olhou ao redor. Quem sabe não pudesse encontrar pistas no quarto do namorado? Sábado Dean não estaria lá, e ele poderia dar um jeitinho de entrar e vasculhar suas coisas. Iria encontrar Roger com ou sem a ajuda de Dean.


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