Naquela calma manhã de primavera, as aulas já estabilizadas e os grupos sociais minimamente se definiam. As cerejeiras soltavam suas viçosas folhas rosadas sobre os bosques ao redor, e naquele calmo sol nascente que ousava a ultrapassar seus leves raios de harmonia sobre as janelas de uma determinada sala de aula repleta de alunos alegres, imperativos ou até esperançosos, logo se avisava que uma garota havia sido transferida para aquela turma.

O professor dava algumas instruções a todos, enquanto logo a apresentava, era uma menina de estatura mediana, cabelos médios castanhos, caminhando de maneira séria e firme dentre a sala, até parar-se e virar para frente, fitando a todos os presentes. Ela reclinava acima da cintura para frente, cumprimentando os alunos da forma mais tradicional. – Me chamo Tachibana Mei... Não tenho mais nada a declarar.

Todos a olhavam, confusos e meio assustados, a garota não parecia querer fazer contato com ninguém, talvez sua vontade maior fosse se sentar sem ser notada, mas como aquilo era algo de tradição, era obrigada a se apresentar. O professor lhe recepcionou e indicou um lugar vazio, próximo à janela no último lugar da sala, próximo à Kurosawa Yamato, o garoto mais popular da escola, aquilo deixavam todos desconfortáveis, pois daria o que pudessem para sentar-se perto dele, isso deixava a menina incomodada, muitos olharem à apontavam como confronto.

– Olá, eu me chamo... – ele logo era interrompido por uma voz grosseira e rouca.

– Eu sei que você é, e não me interessa saber mais. – Ela virou o rosto, empinando-o, olhando em direção ao professor que ministrava a aula.

Ele a fitava por certo tempo, confuso, mas logo retomava a atenção para o professor, sendo que seguidas vezes ele à encarava de canto de olhos, demonstrando persistência. Pouco tempo depois, Mei escrevia em um pequeno papel e entregava para Yamato.

– “Continue me olhando assim e eu arrancarei seus olhos, apenas me deixe em paz.” – Ele se assustava ao ler o que a menina havia escrito, mas logo soltava uma pequena gargalhada, o que fazia o professor para a aula por um momento, perguntar se ele estava bem, ele acenou com a cabeça enquanto o professor retomava. Ele escrevia atrás daquele papel que a mesma havia mandado, entregando para ela.

– “Então, Tachibana Mei... Eu apenas queria ser seu amigo, não precisa me tratar assim.” – Ela terminava de ler o papel, amassando-o e jogando dentro da bolsa, bufava e voltava à atenção no livro.

Passavam-se alguns minutos e o sinal tocava, anunciando que o intervalo começava, Tachibana se levantava de seu assento, caminhando entre o vagão de divisão das cadeiras, quando era surpreendida por Yamato que a segurava pelo braço.

– Tachibana... Por que está fugindo? – Ele falava em um tom calmo, tentando acalmar a garota.

– TSC... O que pensa que está fazendo? – Ela puxava o braço e o empurrava forte, como se desse um soco em seu peito, afastando-o para trás. – Me deixe em paz, eu nunca quero você como meu amigo, eu não quero amigos... Eles só nos machucam e nos magoam e são falsos, eu odeio essas pessoas. – Ela logo corria para fora da sala, seguindo rumo às escadas.

Yamato ficava catatônico, ouvindo as palavras da garota, logo dava um leve sorriso de canto de lábios, suspirando. – Você é interessante... Tachibana Mei. Acho que devo mudar seu ponto de vista em relação às pessoas... – ele levemente massageava o peito que a mesma havia batido, entusiasmado. – Seu soco foi tão... Único...