Esses Seus Olhos De Tempestade escrita por jessyweasley


Capítulo 1
Capítulo 1.




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Levantei apressado, passei pela cozinha calçando os sapatos que estavam num canto próximo da mesa e terminando de passar a camisa pela cabeça, catei uns waffles que minha mãe havia preparado e já estava saindo quando ela me chamou.

__ Percy! – chamou minha mãe – Está esquecendo sua mochila de novo garoto, onde você está com essa cabeça?
__ Desculpe mãe – voltei para apanhar a mochila dando-lhe um beijo na testa – Até mais tarde!

Corri até a estação de metrô que não ficava muito longe de casa e entrei com agilidade antes que todos os bancos fossem ocupados. Ainda mastigando o waffle azul, sim, azul, minha mãe desde novo colocava esse tipo de corante na minha comida, segundo ela era uma ótima forma de me obrigar a comer os legumes necessários. Ótima mulher é minha mãe, ela se chama Sally Jackson, divorciada - nunca conheci meu pai, ele nos abandonou quando eu ainda era um bebê – tem seus 40 e poucos anos, mas eu daria menos, ainda mais agora que ela arrumou um namorado novo e vive se embelezando para ele, até os meus treze anos ela trabalhou em uma loja de doces de Manhattan, após isso ela ingressou na faculdade e concluiu o curso de letras se tornando uma escritora até que conhecida e hoje vivemos do dinheiro da venda deles. Eu nunca precisei trabalhar, o dinheiro sempre foi o suficiente para termos uma vida modesta, éramos só nos dois e na maioria das vezes mal parávamos em casa, então a despesa não era lá muito grande. Entrei na faculdade assim que me formei no ensino médio – com algumas dificuldades por sinal – tenho déficit de atenção e hiperatividade, com um tratamento adequado que recebi os sintomas tenderam a diminuir facilitando a minha vida escolar e cá estou no último período de Biologia Marinha, por alguma razão tenho paixão pelo mar, sempre que íamos a praia, minha mãe e eu, era só festa, muitas vezes eu fazia birra para sair da água. Acabou que essa paixão se perdurou até à adolescência e assim decidi cursar isso.

Estação da Universidade de Nova Iorque” – soou o som dentro do metrô

Dirigi-me a porta descendo com vários outros estudantes. Senti um puxão no braço esquerdo e me virei de pressa, Grover, meu amigo desde a infância me puxou para perto dele.

__ Olhe só aquelas garotas Perrrrrcy – sussurrou ele com seu típico costume de carregar o R nas palavras
__ Por favor, Grover, estamos atrasados demais para ficar olhando garotas do curso de moda, você não acha? – olhei pra ele tentando colocar raiva no olhar, mas era impossível agir dessa forma com ele, uma vez que ele emanava bondade ao próximo.
__ Nunca estamos atrasados demais para apreciar a beleza alheia, você devia sair mais com o pessoal que eu ando meu amigo – ele passou o braço pelo ombro de Percy – Vamos logo antes que seus peixinhos sintam sua falta.

Grover e eu nos conhecemos aos sete anos de idade, seus pais haviam acabado de comprar um apartamento acima do meu, como não tinha muitas crianças onde morávamos acabamos nos tornando grandes amigos, infelizmente hoje ele teve de se mudar para o Brooklyn seus pais eram ativistas ambientais e criaram uma ONG por lá, nos víamos sempre que possível, mas em sua maioria era pelo campus da faculdade. Separamo-nos assim que chegamos na entrada, ele estudava na ala norte e eu na oeste. Não havia mais ninguém nos corredores, comecei a correr rumo a minha sala de aula quando uma criatura divina se é assim que podemos chamar, atravessou meu caminho. Sabe quando você se sente o personagem de quadrinhos Flash correndo e que nada pode te parar? Pois então, eu estava nesse ritmo. A trombada foi tão forte que só pude escutar os gemidos da pessoa que eu atropelei. Levantei-me e senti uma dor na minha perna direita, havia papéis espalhados por todo corredor, havia também uma maquete do Coliseu de Roma que felizmente eu não tinha destruído. Virei-me para procurar a pessoa que derrubei e pedir desculpas.

Tomara que não seja um daqueles caras fortões riquinhos que vira e volta esbarravam com força nos estudantes que pareciam ser inferiores a eles. A primeira coisa que eu vi foram os cabelos loiro parecendo ouro derretido que se desfaziam em cachos por suas costas, a segunda coisa que pude reparar é que ela já estava de pé e catava os papéis com uma fúria eminente. Ela virou-se para mim, por um segundo preferi que fosse um fortão que me socasse, seus olhos eram cinza, mas não o do tipo cinza céu nublado, era um cinza tempestade que fez um calafrio percorrer minha espinha.

__ Você não olha por onde anda não? – disse ela amargamente – Você quase destruiu meu trabalho do semestre!

Ela se adiantou antes de mim em direção à maquete, sugeri me abaixar para ajudar a pegá-la, mas ela esticou o braço me afastando.

__ Fique parado ai, antes que você destrua mais alguma coisa – disse ela levantando com a maquete nas mãos e me encarando, provavelmente esperando um pedido de desculpas
__ Desculpe, não vi você, eu estava correndo...
__ Deu para perceber – sussurrou ela, a ignorei
__ Eu estava correndo e não vi que você vinha se machucou? – analisei seu corpo em busca de algum machucado

Ela devia ter em média 1.65 cm de altura, era magra, branca demais, provavelmente não pegava sol havia algum tempo, até que era bonitinha.

__ Não, obrigada pela consideração – disse num tom carregado de sarcasmo

A garota abaixou para pegar a bolsa cheia de papéis remexidos do chão, possivelmente estaria pesada, pois vi um esforço passar pelo seu rosto e saiu andando, deixando-me sozinho. Avancei a passos largos até ela e coloquei a mão em seu ombro, foi como se tivesse sido congelada por ela parou de repente e me olhou pelo canto do olho.

__ O que você quer? – perguntou ela
__ Vou te ajudar com a bolsa – peguei a bolsa em seu ombro e ela deu um puxão, mantive minhas mãos firmes terminando de retirá-la – Eu insisto!

Andamos uns metros de corredor em silêncio, mas como vocês se lembram, eu não tenho a paciência de ficar muito tempo parado então comecei a puxar assunto.

__ Eu nunca te vi por aqui – disse
__ Me transferi esse semestre – respondeu de forma seca
__ Hum... O que você cursa? – tornei a insistir na conversa
__ Você não vai calar a boca não é? – ela se virou para mim, com os mesmos olhos e com uma das sobrancelhas levantadas, dando um ar cômico ao rosto dela.
__ Não – dei de ombros
__ Ok – ela deu um longo suspiro e permaneceu em silencio por uns minutos – Eu curso Arquitetura, último período, tive que me transferi por que... Porque tive uns problemas ai. E você? O que cursa?
__ Biologia Marinha – respondi quando ela parou bruscamente na minha frente, quase que jogo sua bolsa no chão novamente.
__ Bom... Daqui para lá eu sigo sozinha, obrigada pela ajuda... Como você se chama mesmo? – ela sorriu de lado
__ Percy... Eu me chamo Percy Jackson – estendi a mão e ela limitou a um balançar de cabeça, não levei como um insulto por que lembrei que ela tinha a maquete nas mãos – E você chama...?
__ Annabeth Chase, mas pode me chamar de Annie – ela sorriu abertamente, tinha um sorriso bonito.

Coloquei a bolsa de volta em seu ombro e sorri para ela.

__ A gente se esbarra por ai então Annabeth – eu disse passando a mão por minha mochila, um pouco sem graça
__ Claro – respondeu ela com um entusiasmo contido na voz – Até mais!

Annabeth se virou e seguiu andando pelo corredor, fiquei parado observando-a até que ela virou em um corredor que dava pra uma sala e sumiu. Annabeth Chase, eu queria encontra-la de novo.


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Notas finais do capítulo

Deem uma comentadinha, não custa nada. Só assim poderei saber se devo ou não continuar a história.