Uma semana se passou e Raissa estava me ignorando, não tivemos nenhum contato durante a semana, e eu continuava aflito e confuso. Na saída do colégio impus que ela entrasse em meu carro para que a gente conversasse, ela permanecia calada, a implorei para dizer o que estava acontecendo, o que eu fiz de errado, ela disse que nada de errado havia comigo, o problema era com ela, foi o que ela disse. Surpreso com a fala dela demonstrei preocupação e questionei, Raissa respirou fundo e revelou que há alguns meses ela estava com estranhos sintomas de saúde,ela passara por diversos exames e naquele sábado que saímos,ela fez o último exame pela manhã e descobriu que tinha apenas dois meses de vida,era um estágio terminal,uma doença sem cura e sem esperança.Permaneci em choque,logo depois desabei em lágrimas e me senti desesperado,o grande amor da minha vida iria morrer em breve e eu nada poderia fazer.Ela chorava de cabeça baixa, durante todo o caminho permanecíamos sem falar nada,no carro apenas os gemidos de choro ecoavam.

Passando-se os dias Raissa parecia mais debilitada, seus lábios que antes eram vermelhos intensos,estavam pálidos,seu cabelo estava sem vida e a brancura de seus olhos foi trocada por um leve tom amarelado,a doença estava tomando Raissa e eu não podia fazer nada a não ser estar com ela.Ela sentia vergonha de sua aparência,implorava-me para que eu não a procurasse, um pedido impossível de se cumprir,quero estar com ela até onde eu puder.

Raissa estava perto de ser internada para aguardar seu falecimento, não sabíamos ao certo o dia nem a hora exata, sabia-se que a qualquer momento ela partiria. Aos poucos ela enfraquecia-se mais, seus cabelos estavam caindo e sua pele ficava gelada e sem brilho.Chamei Raissa para dar uma volta de carro para ver o dia, ela trancava-se em seu quarto tentando fugir do mundo, ela demorou pra responder mas logo concordou em vim comigo.Raissa, o grande amor da minha vida tinha seus dias definitivamente contados, e isso não entrava com coerência em minha cabeça.No passeio de carro ela assistia á paisagem com muito silêncio, olhos marcados de choro e olhar fixo nas belas paisagens, eu olhava pra ela a cada instante, nenhuma palavra vinha á tona para eu poder conversar com ela.De relance ela olhou pra mim fixamente e logo depois soltou um sorrisinho aparentemente cansado, a todo momento me dava vontade de chorar muito mas eu tinha que me controlar, pois não poderia passar o meu desespero pra ela.Raissa parecia estar gostando do passeio, e logo começou a puxar algumas palavras comigo, eu tinha que ser forte, respirava fundo pra conversar com ela sem derramar nenhuma lágrima.

Paramos em um mosteiro, desci do carro e abri a porta para que ela descesse, a vista pra nossa cidade estava maravilhosa, peguei em sua mãe e fui com ela até o rochedo, passamos alguns longos minutos abraçados olhando os pássaros que passavam pelo céu e o sol que brilhava intensamente sob toda a cidade.Ela me abraçava com força como se ali ela se sentisse segura, aquilo me deixava feliz e ao mesmo tempo bastante triste, seria uma das últimas vezes que eu receberia um abraço tão confortante daquele.Um beijo eu lhe dei, ela tinha vergonha por conta da sua aparência, mas eu não me preocupava como ela estava, o que importa é o interior de cada um.Raissa continuou olhando a paisagem, logo os ventos intensos deixaram ela com frio, daí tirei o casaco preto que eu estava usando e o pus sob seus ombros pra aquecer-lhe, ela sorria de forma tímida.Logo, sentamos no chão de frente á vista, perguntei a ela :

–Amor, você teme a morte?
–Não, a morte é algo em que todos nós estamos destinados, uma hora ou outra ela tem que vim né verdade? -Disse ela
–Vou sentir sua falta... –Disse eu olhando para suas mãos
–Eu também vou sentir muita, meu primeiro e grande amor da minha vida, quero poder lembrar de nós dois onde quer que eu esteja.
–Dois corações que batem como um só, quando você se for uma parte de mim irá e sua memória sempre virá á tona, pois metade de você sou eu, e eu sou metade de você. –Disse eu olhando em seus olhos.
–Quando eu partir, se tudo estiver em trevas e eu não consegui encontrar meu destino, vou lembrar de você e você será a minha luz, o meu guia! Eu te amo Pietro Bilevaschik.
–Eu também te amo Raissa Marverick, meu amor infinito!

Beijamos-nos sem pressa, nada poderia atrapalhar aquele momento. Ficamos ali até que fosse mais que suficiente.