Gold escrita por LockedOut


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

"Don´t be ashamed to wear your crown, you're a queen, your're a king inside and out"
Britt Nicole, Gold

**Gold é a banda sonora da fic**

Rapariga = garota não é um insulto



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/403779/chapter/1

- Akemi? Akemi, estás a ouvir-me? - perguntava um médico com uma bata branca e um sorriso radiante.

- S-sim... - Akemi ficou surpreendida ao ouvir a sua voz. A última vez que a tinha ouvido tinha sido à 15 anos atrás naquele carro. Ela riu-se e começou a conjugar sílabas e palavras ao calhas, estava muito feliz.

O médico sorriu ao vê-la: parecia uma criança e de seguida saiu do quarto da rapariga para ir falar com os pais que esperava nervosamente na sala de espera.

- A operação correu bem e ela está a ouvir outra vez, e até consegue falar. - explicou o homem tentando ser explícito.

O casal abraçou-se e a mãe de Akemi derramou umas lágrimas de felicidade e apressou-se a ir para o quarto da filha. A mesma, ao ver a mãe a chorar começou a chorar também. O padrasto exibia um sorriso enorme na cara e embora ela não fosse mesmo filha dele os dois partilhavam um sentimento fraternal igual ao de parentes de sangue.

-Minha querida, finalmente vais poder estudar música! - exclamou a mãe apertando a filha num abraço de emoção.

Akemi ainda não tinha pensado nisso e quando se lembrou soltou-se do abraço e começou a chorar com mais intensidade escondendo a cara nas mãos. Finalmente, ao fim de tantos anos, o seu sonho ia deixar de ser um sonho mas sim a realidade. Ela não podia estar mais feliz.

- Mãe...podes canter aquela música? - pediu ela. Era normal que ela trocasse alguma palavras pois ainda se estava a habituar.

- E se cantares comigo? - perguntou ela sentando-se na cama da filha que assentiu com a cabeça à proposta da mãe. E as duas cantaram a música favorita de ambas abraçadas. Embora pareça estranho uma surda saber cantar Akemi sempre o soube fazer mas ser surda impossibilitou-a de melhorar esta capacidade dela.

- Eu vou-lhe dar alta amanhã de manhã. - O padrasto estava a tratar de detalhes importantes com o médico.

- Okay, nós temos de a levar a uma escola de música. Ela consegui entrar. - O orgulho cobria todas as palavras do padrasto.

- Sim, mas ela vai ter de usar um aparelho auditivo pelo menos durante cerca de 2 anos. - explicou o médico.

- Oh, quando é que ela o leva? - perguntou George, o padrasto de Akemi (ele é americano).

- Amanhã quando sair. Já o temos, vai colocá-lo agora. 

George assentiu com a cabeça e juntou-se ao grupo familiar explicando os detalhes.

- Aparelho auditivo? Não é muito berrante pois não? - perguntou Akemi ao médico. 

- Não, minha querida, é transparente. - respondeu o médico com um sorriso. - Agora trata de descansar para amanhã estares pronta para a tua escola.

A rapariga riu-se e encostou a cabeça na almofada adormecendo quase de imediato.

~

-Querida, tens tudo? - perguntou a mãe de Akemi virando-se para trás no banco de pendura.

-Sim mãe, já perguntaste isso umas dez vezes. - respondeu ela com um sorriso. Ela sentia borboletas no estômago, não só agora mas desde que tinha recebido a carta da Academia.

A viagem duraria cerca de 2 horas e meia e Akemi ia aproveitar para estudar um pouco. Ela tinha de se esforçar para acompanhar os outros, afinal estava em desvantagem. Para alegrar o ambiente o George colocou a rádio com um volume bastante alto.

- Não é preciso estar tão alto, eu não sou surda! - disse a rapariga rindo-se. 

O padrasto e a mãe cantavam juntos formando um som terrivelmente desafinado o que causava risadas na família inteira. Se fosse uma família normal talvez não estivessem tão...alegres. Mas para eles este era um dos melhores dias se não mesmo o melhor.

Ao fim de algum tempo os ânimos acalmaram mas a cada piada que algum membro da família dizia rebentava uma onda de risos. A viagem continuou e passado 1 hora mais ou menos começou a avistar-se a academia.

- Mãe, George, olhem! - exclamou Akemi apontando para a grande construção que se erguia numa colina repleta de árvores e plantas.

- Estamos a ver, querida. - respondeu o George olhando pelo espelho retrovisor e sorrindo.

Quando estacionaram viram que haviam muitos carros parados a deixar filhos, sobrinhos, irmãos que corriam animadamente. Akemi, no momento, sentiu um certo nervosismo. Tinham-lhe dito que ia ter aulas na secção especial por causa da sua situação mas continuava meio que nervosa.

~

- Ran-ran! Já sabes com quem vais ficar? - perguntou Reiji aproximando-se de um rapaz de cabelos esbranquiçados.

- Não me chames assim! E não, não sei. - respondeu ele mal-humorado.

- Os alunos especiais devem ter acabado de chegar, já te deviam ter dado a ficha. - comentou Camus.

- Eu sei, mas não vou ler a ficha. - afirmou Ranmaru com um ar superior.

- E porque não? Sabes lá se pode ter uma doença ou assim! - exclamou Reiji ajeitando o chapéu.

- Até parece que isso vai interferir com o trabalho. - retrucou o rapaz semi-cerrando os olhos.

Reiji e Camus suspiraram e reviraram os olhos, que teimoso! Após isso decidiram ir juntar-se a Ai que estava na sala de espera onde os mentores recebiam alunos.

- Os meus dados indicam que o Ranmaru não leu nem tenciona ler a ficha do "protegido" dele. - disse ela olhando para o trio que se aproximava.

- Os teus dados devem estar certos. - respondeu Camus.

- Como é que vais reconhecer o teu aluno? - perguntou Ai virando-se para o albino.

- São só 4 alunos nesta ala por isso vai sobrar um que vai ser o meu. 

Os outros reviraram os olhos e concentraram-se na ficha que tinham em mãos.

~

-Adeus! Se precisares de algo diz, querida! - gritou a mãe de Akemi do carro despedindo-se.

- Ok, mãe. Eu ligo! - Akemi acenava aos pais que se afastavam.

" Okay, agora estás por tua conta. Concentra-te e..pede ajuda porque não sabes para onde ir ._." pensou ela para consigo. Ao ver uma rapariga de cabelos rosados a passar pela porta decidiu perguntar-lhe.

-Uhh...Desculpa, podias dizer-me onde é a ala especial? - perguntou agarrando-lhe uma manga.

- Também és da zona especial? Nice! Vem comigo. - disse-lhe a rapariga.

" Que simpática!" Pensou Akemi passando as mãos pelos seus cabelos verdes enquanto era arrastada para outro local.

Ao passar pelos portões da zona especial sentiu um nó na garganta que quase a sufocava.

- Tocas o quê? - perguntou a rapariga.

- Um pouco de piano e violoni - respondeu Akemi.

- Violoni? Queres dizer violino? - perguntou. - Sou a Mai.

- Akemi, e sim quis dizer viol...ino. 

Mai sorriu e levou-a até à sala de espera onde estavam quatro rapazes.

-Oh, aquela de cabelos rosas é minha! - exclamou Reiji.

- A de cabelos verdes não sei quem é. Não está na minha ficha.... - disse Camus.

- Nem na minha. - comentou Ai. - Deve ser a tua , Ran. 

Ranmaru avaliou Akemi dos pés à cabeça demorando-se mais no peito da rapariga.

-Humpf... - ele começou a avançar na direção de Akemi que olhava para todos os lados totalmente perdida.

-Anda. - Akemi foi puxada, novamente, mas desta vez por um estranho.

-What? O quê?

- És a minha aluna, vem. Estamos a ir para o dormitório. - avisou Ranmaru relativamente baixo.

- O quê? Não ouvi bem, podes repetir? - pediu Akemi.

Ranmaru revirou os olhos. "Que mimada...aposto que deve ter vindo com cunha" 

Akemi baixou o olhar. Os pais tinham-lhe dito que os professores sabiam da condição dela... "Se calhar pensou que eu estava a ser sarcástica, é melhor perguntar de outra forma".

-Para onde estamos a ir?

Ranmaru largou-a e virou-se furioso.

- PARA O DORMITÓRIO SUA INÚTIL!  - gritou ele assustando Akemi. Ela tapou os ouvidos pois os sons fortes interferiam com o aparelho o que causava um ruído insuportável mas ao rapaz pareceu um gesto de mimada que se recusava a ouvir.

- És mesmo mimada, nem sei como entraste nesta zona. - Ele estava a agarrá-la como uma força exagerada e a magoá-la. Akemi começava a ficar assustada com aquele rapaz que supostamente era o seu "professor".


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acham??? Já estou a escrever o 2ª capítulo, estou cheeeia de ideias *-*