Gina estava internada há cinco dias e sua aparência já estava extremamente assustadora. Os cabelos ruivos e sedosos haviam se transformado em um emaranhado rebelde, seus olhos azuis brilhantes agora estavam azuis sombrios, haviam olheiras enomes debaixo de seus olhos, sua sobrancelha grande e bagunçada, suas unhas longas haviam sido cortadas no toco, sua boca estava rachada e de tanto a ruiva morder os lábios estavam sangrando, suas roupas sempre perfeitamente limpas e passadas haviam sido trocadas por uma roupa branca do hospítcio que agora estava encardindo, seus pés descalços e sua pele pálida.
A ruiva estava sentada na cama, que estava posta no canto do quarto, ali naquele cômodo enorme só haviam ela, a cama e uma cadeira encostada no lado oposto á cama.
–Senhorita Weasley? –O enfermeiro que entrara no quarto, tinha uma aparência amigável. Baixo, olhos castanhos, alguns fios brancos entre os fios castanhos claros, aparentava ter uns trinta e cinco anos talvez.
–Ele veio? –Era a segunda vez que Gina falava desde que havia chegado ali.
A primeira vez havia sido no dia anterior no qual Gina perguntou se Harry Potter havia ido visita-la.
–Não, infelizmente ainda não. –O enfermeiro deu á ela um medicamento.
A ruiva voltou a posição de antes, com os pés em cima da cama, cobertos pelo vestido amarelado, braços abraçando os joelhos e o cabelo tapando um pouco de seu rosto, os olhos gélidos e fixos ao nada.
Á tarde...
O enfermeiro caminhava á passos apressados indo em direção ao quarto onde a ruiva Weasley se encontrava.
–Senhorita Weasley olhe para mim, tenho uma ótima notícia. –O homem chamou atenção da ruiva.
–Ele veio? –A ruiva levantou a cabeça.
–Sim, ele veio. –Ele deu o braço e a ruiva caminhou até ele.
O homem á levou para uma sala onde haviam mais dois pacientes conversando com seus familiares.
Harry mal pôde acreditar no que estava vendo, a garota pela qual sempre fora apaixonado, a garota que havia sido inteligente o suficiente para ser -GG, estava destruída.
–Sabia que viria. –A ruiva sentou na cadeira em frente ao moreno.
–Você está... –Procurou algo pra dizer.
–Deplorável, eu sei. –Suspirou pesadamente.
–Tenho perguntas e preciso que me responda todas. –Estava tão sério, falava tão duramente.
–Preciso que confie em mim. –A ruiva o encarou.
–Confiar em GG? –Balançou a cabeça.
–Você confia em mim, se não confiasse não estaria aqui. –Garantiu.
– Como.... Como vocês sabiam de tudo? Isso é impossível! –Exclamou assustado.
– Harry... Por favor. Somos -GG. A gente sabe de tudo. Vejamos lá do começo, no primeiro pergaminho, sobre a Hermione. Como eu sabia? Simples. Levantei no meio da noite, e fui tomar banho, pois estava com calor. O que eu acho na janela? Isso mesmo! A Hermione. Era perfeito para botar meu plano em ação. Senti o cheiro do vômito. Vi ela se cortar. Vi ela mentir. A situação estava armada. Peguei! –Falava como seu tudo aquilo fosse normal.
– Como vocês escreviam tantos pergaminhos em uma noite? –Perguntou e a garota revirou os olhos.
– Escrevíamos um, e copiávamos. Simples. Fácil. Rápido. Vamos ao segundo pergaminho: Cho. Foi fácil para Luna. A loira viu a japonesa sussurrar o nome dele no sono, e começou a observar todas as ações dela. Ele se aproximava, ela suspirava, empinava os peitos e blábláblá. Quando ela tentou me incriminar, que eu soube pelo próprio Dumbledore, ouvindo conversas na sala dos professores, eu já tinha tudo contra ela. Era só agir. Segundo pergaminho feito! Raciocine Harry, raciocine! Qual foi o terceiro? –Disse divertida.
– Foi... Sobre você mesma! Isso é... –Frase incompleta.
– Um golpe de mestre, admita. Quem desconfiaria de mim, se eu fosse uma das atingidas? Eu sei tudo sobre mim. Então, terceiro pergaminho feito. - disse rindo, adorando contar tudo de uma forma cruel. - Diga-me Harry, e o quarto? Eu facilito. Eu desmentindo o que disse, e perguntando a todos a descobrirem o meu segredo. Ninguém descobriu. Somente Pansy... Agora Harry, diga-me: e o quinto? Você deve pensar! –Gabou-se de seu grande plano.
– Foi... Quando você incriminou a Luna. Falou sobre eu, a Hermione e você. Nossa tentativa de te desmascarar. Como você sabia disso, para vocês foi fácil. Passe essa. –Lágrimas brotando.
– Palmas Harry! Palmas! - e riu - Vamos ao sexto. Qual foi? Quando defendemos o Draco. Foi tão óbvio. Eu estava lá. Vi tudo acontecer. –Sorriu sarcasticamente.
– Mas como vocês sabiam do beijo que eles deram? Somente eu vi! –Estava mais do que assustado.
–Você não se lembra? Esbarrou na Luna quando saiu. Estava nervoso. Ela te perguntou de onde você vinha para estar tão nervoso. Você disse enfermaria, achando que ela não daria bola. Ela disse que ia para os dormitórios, e você, tão nervoso, nem percebera que ela ia na direção contrária. A da enfermaria. Basta. Você deu de bandeja para ela. Pobrezinho. Pronto. Sexto pergaminho feito. –Mordeu o lábio inferior.
– Tem lógica... - Harry disse rouco.
– Sétimo, agora. Cho. Revelação do ano, depois da minha é claro. Por Deus. Se nós já havíamos reparado antes, agora foi mais fácil. Ela viu Jorge usando minha capa. Deu um gritinho. Ele olhou. Ela correu. Ele tinha segundos para desmascarar as fotos do celular no chão, e ainda escrever um bilhete. Coisa de mestre. Primeira coisa que ele tentou? O aniversário do professor. E não é que deu certo? Tudo estava lá. Jorge é quase um maroto cara. Ele imitou a letra do Rony, que sabia sobre eu. Meu irmão sempre me defenderia. E depois assinou. -GG. Infelizmente ele cometeu a burrice de assinar com a letra dele. mas já era tarde demais. Ele precisava ir escrever novos pergaminhos. Os outros já não valiam de nada perto da notícia quentinha que tínhamos. Oitavo pergaminho: sobre o seu beijo com a Chang. Eu vi. Certo. Beijo com o Draco e Hermione: Jorge viu. A do Rony foi simples. Ele falou o mesmo para Luna, mas ele não sabia que a loira estava envolvida. Perfeito. –Arqueou a sobrancelha, satisfeita.
– Tudo faz sentido até agora. Continue. –Abaixou a cabeça, estava confuso.
– Nono. Foi trabalho total de Jorge. Fred ficou o diário da Parkinson. Jorge viu. Leu. Viu a paixão secreta dela com o Fred. Escreveu um bilhetinho. Okay. Isso foi somente para ela. Ninguém sabe dele. Mas mesmo assim foi o nono. Décimo: nem foram segredos. Foram coisas que todos viram.Depois desse, nenhum era segredo meu amor. Viu? Simples. –Deu de ombros.
– Como você pôde ser tão cruel? –Perguntou abismado.
– Sabe. Quando pessoas são crueis com você, se deve aprender a viver com a crueldade. –Nessa hora seus olhos transmitiram um pequeno sentimento, tristeza.
– Você se esqueceu de um. O pergaminho sobre os avós da Hermione. Sobre o namorado e tudo mais. –Lembrou-se.
– Foi na sala do Dumbledore. Eu fiquei sozinha na sala por alguns minutos. Consegui olhar a ficha dela, e até mesmo o celular. Vi as mensagens em que a amiga dela confessava que era amante do namorado. Na ficha dela falava sobre a morte da avó dela, por falta de ar. Nas mensagens anteriores, de alguns meses antes de ela vir para cá, ela falava com a amiga sobre achar que os pais haviam matado a avó. Então, foi somente questão de sorte. Peguei o celular de um aluno na caixa de celulares, e anotei o número do hospital, e dos pais da Hermione. Liguei e chequei algumas informações necessárias. Tinha tudo na minha mão. Foi mais fácil do que parece. Se Dumbledore viesse, eu poderia dizer que procurava meu celular, e me desculparia. –Encarou-o.
–E sobre o recado que você deixou para mim? –Harry perguntou.
–Luna. Fogo. Hogwarts. Mentira. -GG. –Gina disse pausadamente.
–O que isso significa? –Inclinou-se para frente.
–Use a cabeça Harry, vamos. –Incentivou.
–O que Luna poderia fazer? –Procurava em sua mente.
–Luna ama Ronald e Ronald ama Pansy. –Incentivou mais uma vez.
–Ela quer... –Assustou-se com seu pensamento.
–Vingança. –Gina completou sem paciência.
–Fogo? –Arqueou a sobrancelha.
–Pegue fogo e adicione Hogwarts, queime todas as mentiras e pense como GG. –Levantou-se.
–Você não me disse exatamente o que quis dizer. –Harry levantou-se também.
–Talvez a primeira GG deva fazer sua saída triunfante e seus seguidores poderão queimar as lembranças mentirosas. –Deu enfânse.
–Senhrita Weasley a visita acabou. –O enfermeiro avisou.
–Pense Potter, você é mais inteligente que isso. –Virou-se para sair.
–Só me diga mais alguma coisa. –Pediu.
–Yeah we got the fire, fire, fire.And we gonna let it burn, burn, burn, burn. –Cantarolou enquanto se afastava.
Harry saiu do hospício, sentou na calçada, seus pensamentos estavam bagunçados, precisava arruma-los para achar uma resposta.
–Luna. Fogo. Hogwarts. Mentira. -GG. –Falou baixo. –Pegue fogo e adicione Hogwarts, queime todas as mentiras e pense como GG. –Lembrou-se do que Gina falou. –Se eu fosse GG tivesse sede por vingança, pegasse fogo e adicionasse Hogwarts, queimasse toda as mentiras, o que aconteceria? –Se perguntou. –Não! –Exclamou depois de alguns minutos de raciocinio.
Harry correu dentro do hospício e acelerou até onde o enfermeiro que cuidava de Gina estava.
–Diga á ela que descubri tudo e que eu a agradeço pela ajuda. –Disse rapidamente. –E que eu a perdoo. –Gritou enquanto corria para fora do lugar.
Entrou no primeiro táxi que parou para ele e pediu para o motorista correr para Hogwarts, ele poderia mudar as coisas ainda.
*
O enfermeiro foi até o quarto de Gina e entrou no lugar, logo que ele entrou a ruiva olhou para ele.
–O garoto disse que descubriu tudo e agradeceu á você pela ajuda. –Disse. –E que lhe perdoa. –Finalizou.
Ao ouvir a última frase Gina deixou que algumas lágrimas escorressem, seus olhos transpareciam culpa e alívio, mas logo voltaram ao estado gélido de antes.
*
O táxi parou em frente ao internato, Harry jogou pagou a viagem e desceu correndo e foi apressadamente na direção de Hogwarts.
Será que tudo daria certo? Daria tempo de ele conseguir contar o que estava acontecendo? Acredite ou não, -GG sabia da resposta, ela sempre sabia de tudo.