Clarity - Primeira Temporada escrita por Petrova


Capítulo 39
Capitulo 38


Notas iniciais do capítulo

Ok, este é o penultimo capitulo, postarei na quarta-feira se puder, ou até mesmo ainda na terça. Então, vamos lá, Light terá uma segunda temporada como vocês dizem, eu ainda estou em duvida com o nome, mas pode ser Broke. Vou dizer como vai ser mais ou menos o enredo da história:
Terá novos personagens e Lauren e Suzanna terão outros amores, Nathalie será sempre do Andrew, não esqueçam disso. Vai ter o negócio da faculdade e tal, todos irão estudar num campus fora da cidade, que é a faculdade da familia do Lewis. Todos os jovens tecnicamente vão morar lá, estou pensando em adicionar outras criaturas mágica na história (nade de lobisomens com certeza), como por exemplo pessoas iguais a Nathalie, ok? No ultimo capitulo darei um resumo melhor.



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Depois que fechei a porta atrás de mim, parecia ser somente eu e minhas lembrança. O quarta estava da mesma maneira que havia deixado alguns dias antes de ir para a mansão, afinal, eu só tinha ficado dois dias no hospital, porém, tinha sido o suficiente para sentir falta disso. A perda é mais dolorida do que o esquecimento, e dói da pior forma possivel, a vontade que consome e a memória eminente de que seu tempo acabou. Circulei pelo quarto, olhie algumas fotos, deitei e fiquei olhando para o teto desenhado, depois de alguns minutos, a sensação de estar em casa finalmente voltou, não era um sonho, eu já tinha acordado do pesadelo e agora eu estava viva. Nós estávamos.

Uma boa parte da manhã passei recebendo ligações de Suzanna e Lauren. Não falamos sobre Isaac e foi melhor assim, tanto para Lauren quanto para mim. Como eu havia recebido alta esta manhã, Isobel decidiu que eu iria me livrar de todos os afazeres, inclusive a livraria e não adiantava o quanto eu implorasse, sua resposta era sempre um “não” cantante.

Subi o jeans preto no alto do quadril e fechei o zíper, peguei uma blusa de mangas compridas azul clara e deixei meu cabelo cair em um liso absoluto nos meus ombros, eu tinha olheiras na pele e parecia cansada, mas tirando isso, não havia ferimento algum, eu não sentia dores e minhas mãos estavam curadas, como se os machucados que ganhei naquela manhã fossem uma ilusão.

Suavitate Illusio, lembrei.

Peguei meu horario livre depois do almoço para pesquisar essa frase na internet. Era uma expressão em latim que queria dizer Encanto de Ilusão, algo nas palavras que conjurei naquele dia fizeram com que Lewis entrasse num efeito de ilusão, eu o fiz sentir distante, em mundo paralelo. E eu não sabia como tinha sido capaz de conjurar esse feitiço, mas mesmo que eu fosse uma emissária, parte de mim ainda era descendente de Meredith, uma bruxa. Fechei a página e fiquei olhando para a tela do meu computador pelos proximos minutos.

Eu tinha que vê-lo. A parte ligada a ele estava necessitando vê-lo, mesmo que as palavras de Isobel tenham me confortado no hospital, eu tinha o desejo de ir até ele, queria além de poder olhar nos seus olhos eu mesma, saber o que acontecera, ele tinha que saber o que eu tinha feito com Lewis, de qualquer forma, eu precisava contá-lo.

Empurrei a cadeira e peguei meu casaco de dentro do armário junto com o meu celular, fechei a porta do quarto e desci as escadas correndo. Isobel tinha se segurado para não voltar ao hospital, mas hoje era dia de plantão e como Rick estava livre, ela percebeu que eu ficaria segura em casa com ele e Megan.

– Para onde vai nessa velocidade?

Eu vi tio Rick parado perto de uma pilha de papéis em cima da mesa, ele nunca usa óculos, mas hoje foi diferente. Eles estavam bem posicionados no dorso do nariz, tinha armação preta e era levemente arredondados nos lados.

– Hm, ei tio Rick. – sorri, indo em sua direção e fazendo a expressão mais doce que eu podia. – Eu estava pensando em sair...

Ele franziu a testa.

– Sair? O quê? Não! Nathalie! – isso foi um pouco confuso. – Quero dizer, você acabou de receber alta do hospital, nem pense nisso moçinha.

– Mas tio Rick... – choraminguei. – Dormi por dois dias, é como se eu estivesse mofando, eu quero sair, ver pessoas, me mecher sabe?

– Você pode se mecher me ajudando com essas papeladas, o que acha?

Pela sua expressão, eu teria que fazer muito esforço para tentar sair de casa. Puxei uma cadeira e me sentei enquanto rio Rick ajustava uma pasta ainda em pé.

– O que são isso?

– Além das aulas de calculo na faculdade, eu fiquei de rever alguns pagamentos, contas e débitos, para o bem das economias. – ele me respondeu, ajustando os oculos.

– Eles vão te pagar por isso?

Rick riu.

– Acho que não, mas nem tudo é dinheiro Nathalie, eu gosto disso.

– Eu entendo. – folheei uma página. – Mas não é legal acumular função tio, o senhor já tem demais.

Ele me passou mais uma pasta e eu a ajeitei numa caixa que estava do outro lado da mesa, nela estava escrito Faculdade Norte Pole. Eu a olhei com um pouco de tédio, eu sabia que seria uma missão quase impossivel tentar convencer tio Rick a me deixar sair quando eu tinha acabado de ter alta do hospital, mas eu podia tentar.

– Hm, o que você ia fazer? Quando estava saindo? – ele me perguntou, Rick sempre foi mais maleável que meus outros tios, ou seja, ele sempre queria ver um sorriso no meu rosto.

– Eu estava pensando em pegar Suze no bar da tia dela. – menti. – E ir até a casa de Lauren, sabe, seguro, porque é uma casa de um policial.

Rick franziu a testa.

– Seguro? Essa palavra você desconhece ultimamente.

Ele tinha razão, mas eu estava me esforçando.

– Elas me ligaram depois que tia Isobel saiu, ficamos conversando por horas, Lauren até estava feliz, eu achei que ia demorar vê-la depois de tudo que aconteceu...

Rick assentiu.

– Mas, agora estou estamos todas bem. – sorri que doía as bochechas.

– Sim, mas dra. Medison disse que você terá que fazer outras sessões Nathalie.

Eu fiz cara feia.

– De novo?

– Sim, de novo. Pelo seu bem e pelo bem de nossas sanidades Nathalie, você não quer que eu tenha um ataque do coração antes dos cinquenta anos, ou quer?

Isso tinha sido uma piada, mas tio Rick nunca foi bom com piada. Seus olhos azuis me cercavam de todos os lados, eu tinha que concordar de qualquer forma.

– Tudo bem. A dra. Medison é legal. – eu disse maleável.

Rick tirou mais alguns papéis e puxou uma caneta, ele estava fazendo alguns calculos quando me viu tamborilando os dedos na mesa e olhando para o teto, com expressão de tédio.

– Tudo bem. – ele disse, jogando os papeis na mesa. – Eu quero que você me ligue quando estiver na casa de Lauren, quero que me ligue até mesmo quando for pegar Suzanna, entendeu?

Eu pulei da cadeira.

– Sério? Céus! – eu fui até ele e o envolvi com meus braços e beijei suas bochechas. – Eu prometo tio, prometo, prometo.

Ele riu enquanto me abraçava.

– Não faça nada fora do comum, tudo bem?

Apenas ir atrás de um meio vampiro, ou seja, nada incomum.

– Tudo bem. Onde estão as chaves do neon?

– Maison deixou o carro quando soube que você ia ter alta. Estão na mesa de entrada. Juizo Nathalie! – ele pediu, enquanto eu corria pelo corredor. – E não corra assim mais.

Eu sorri na sua direção, puxei as chaves e saí, indo em direção a garagem.

Mesmo que eu tivesse ido até a mansão dos McDowell uma vez, era dificil não se lembrar do conjuto de casas que certamente seria o triplo do valor que eu estaria pensando neste exato momento. Dobrei em algumas ruas e chequei o relógio algumas vezes, eu estava indo rápido demais para que que saísse das quatro e meia da tarde.

As primeiras mansões finalmente apareceram, estava do mesmo jeito que vim a alguns dias atrás, as mesmas familias, jardins bem cuidado independente do tempo, exceto a neve que cobria toda a rua, telhados de casa e a maior parte da vegetação. Estacionei o neon quase no fim da rua, onde a casa de Andrew ficava. Fechei a porta atrás de mim e serrei as mãos, é como se eu tivesse um lampejo de medo, não apenas isso, é como se eu não tivesse coragem de seguir em frente. Eu estava... nervosa.

Essa era a palavra certa.

Peguei meu celular e disquei para Rick, por precaução antes que ele resolva ligar para Isobel, transtornado por eu não ter dado sinal de vida, quando chamou e ninguém atendeu, resolvi deixar uma mensagem.

– Rick, sou eu, hm, estou na Suze, ela está ajudando Grace com os pedidos, acho que vou ficar aqui por enquanto, ahm, eu ligarei depois. Não se preocupe e não preocupe Isobel, te amo, tchau. – e desliguei.

Coloquei o celular no bolso e entrei pelo tapete de pedras da entrada agora cobertos por neve espessa e alta, embora eu perceba que eles tenham alguém para cuidar disso, avistei alguns equipamentos de jardiganem perto de umas vasos enormes enquanto eu passava. Subi os degraus do alpendre e toquei a companhia quando me aproximei. A sensação de nervosismo aumentou demasiadamente, eu estava ensaiando meu sorriso, estava ensaiando o que dizer, estava ensaiando respirar quando o visse, mas ainda assim parecia que eu ia explodir.

Dei meu melhor sorriso e ignorei a velocidade do meu coração quando a porta se abriu e Estenio apareceu, calça jeans e uma camisa de crochê mais cara que muita peça de roupa do meu guarda-roupa. Ele estava mais surpreso do que eu estava em relação a decepção, Estenio tentou até sorrir, mas fora impossivel.

– Péssima hora? – perguntei, engolindo seco.

– Não, claro que não. – Estenio estava desconfortável, mas mesmo assim abriu espaço para a minha entrada. – Vamos, entre.

Eu estava quase desistindo disso se ele não tivesse realmente tentado ser cortês. O que havia acontecido?

Entrei por um corredor de paredes na cor marrom avermelhada, me lembrava avelã, quadros de tinta a oleo decoravam as paredes, enquanto estatuas desenhavam o corredor largo e quase sem fim. Anjos e rostos tristes por todas as partes, certamente Rebecca deveria ser uma amante da história mundial. Quando finalmente o corredor terminou, uma escada em espiral com tapete vermelho sangue se prosseguia até o andar de cima, cujo certamente levarei muito tempo para eu ultrapassar. A decoração não havia mudado, é como se eu fosse jogada para algum filme medieval ou até mesmo como se eu fosse recebida pelo Drácula. Um sofá em formato de “L” circundava a grande sala, um tapete marrom com desenhos em espiral e figuras geométricas lhe davam movimento sobrenatural, mas era de uma total beleza que fiquei olhando por bastante tempo, até perceber, depois de vários quadros de desenhos inimagináveis, percebi que os McDowells não tinham uma televisão e muito menos algo para colocá-la, muito pelo contrário, o espaço vazio onde ela deveria ficar se encontrava uma lareira de laterais de marmore vermelho e preto, encaixadas como se fossem peças de um jogo.

E, atrás da enorme lareira, se via uma parede totalmente coberta por uma janela, exceto que as cortinas vermelho escuro cobriam metade de cada lado, mas eu podia ver a inexistência de casas do outro lado, porque era a ultima casa do bairro antes de uma rua a esquerda, onde certamente Estenio deve ter pego naquele dia que trouxe Andrew para a casa. Além desses fatos, um paino preto estava escondido embaixo de um pano vermelho, só o percebi quando virei para trás, onde Estenio estava se aproximando.

Eu ainda não tinha visto nem Andrew e nem Adam.

– É lindo. – sussurrei. – A casa.

Ele sorriu e dessa vez não parecia nada forçado, ele tinha jogado para longe a tensão que houve quando me encontrou tocando a campanhia.

– Rebecca fez questão de decorá-la, acho que ela sabia que mais cedo ou mais tarde voltariamos para cá. – ele estalou os dedos e veio até o meu lado, olhamos para a mesmo objeto, o piano. – Ela tocava.

Eu fiz que sim com a cabeça.

– Eu toco, Adam detesta e Andrew dificilmente está aqui para me ouvir, então, na maior parte do tempo, ele está coberto.

– Eu queria tocar, Jeffrey me ensinou algumas coisas, mas com o tempo eu fui esquecendo.

Nós nos silenciamos por longos segundos, até que ele se mecheu e foi direto ao piano. Ele dobrou o pano para trás e se sentou.

– Eu teria o prazer te ensiná-la, pela primeira vez alguém está se voluntariando para me ouvir. – ele sorriu como se fosse um garoto, uma feição que dificilmente eu via nos irmãos McDowell.

Eu me aproximei e sentei perto de uma poltrona real, de braços grossos e com elevações douradas enquanto o assento era de um vermelho maça. Virei-me para Estenio e vi que ele estava realmente animado com a ideia de tocar.

– Me lembra os velhos tempos. – ele disse, tocando a primeira nota que invadiu por um segundo lento a sala. – Na Inglaterra tinhamos uma mansão como essa, mais protegida por causa da fortaleza do Triarco que era bem distante dos grandes centros, perto do oceano e de um campo gigante esquecido pela população humana. Rebecca tocava para nós quando crianças, ainda humanos e tediosos.

Eu sorri.

– Andrew ficava com as mãos em volta do rosto no primeiro degrau da sala, enquanto Adam estava sempre emburrado escorado na escada vendo nossa mãe tocar e Edwin e eu no sofá adimirando também. Andrew nunca teve paciência para aprender. Porque era um trabalho lento e com dedicação, ele sempre foi impaciente e impulsivo.

– Bem diferente do que você é. – suspeitei.

Ele encolheu os ombros em sinal de conssentimento, tocou algumas notas que acabara de inventar, enquanto pensava.

– Adam era sempre carrancudo, porque era o único que sabia sobre... O que nós tornaríamos. Quando foi o primeiro a chegar na idade madura, isso depende de como nosso corpo irá receber a mutação, Rebecca e Edwin resolveram nos contar nosso destino. Foi dificil no começo, nós tinhamos a ideia do que os humanos pensavam sobre nós, o que a igreja pensava sobre nós. Mas passamos por cima disso.

Ele me olhou por cima do ombro e sorriu, eu ainda estava prestando atenção. Ele continuou tocando alguma musica que deveria ser antiga demais para os meus ouvidos.

– Estenio... – eu o chamei, ele rapidamente cessou os dedos. – Desculpe. – eu disse corando.

– Não, tudo bem, o que ia perguntar?

– Ahm, como era essa fortaleza?

Ele fez um segundo de silêncio, estava pensativo enquanto ajeitava algumas notas e refescava os pensametos.

– Vinum é uma fortaleza longe dos conhecimentos da politica inglesa, mas perto o suficiente da divisão com a Escócia. Vampiros antigos a ergueram depois de uma trágica revolta que aconteceu a centenas de anos atrás, fora chamado de a A Maldição, sangue de humanos e outras criaturas foram derramados, o que foi capaz de convencer à nós de que não estávamos seguros. Chamaram a fortaleza de Vinum em homanagem ao sangue derramado de seus guerreiros, deliciosos e adocicados como vinho, em latim. Pelo menos é o que nos contaram enquanto morávamos lá.

– Nunca souberam da maldição? – eu perguntei quando Estenio fechou o piano e se levantou para puxar o tecido.

– Houve rumores, mas não ligamos, na verdade, eu prefiro assim, o passado condena nossas memórias Nathalie, porque nunca conseguimos esquecer. Somos vampiros cheios de memórias horripilantes e trágicas, para o bem de nossa sanidade é melhor não sabermos de toda a verdade.

Eu me junto até ele, pensando em sua resposta. Estenio de demora mais um pouco ao puxar o tecido vermelho pelo piano e me seguindo com o olhar depois.

– Bem, já que está aqui, quer algo para beber? Comer? – sua pergunta é de uma tal sutileza, mesmo quando sei que não seguimos a mesma dieta.

– Eu estou bem. – disse cautelosamente, estava bem realmente.

– Mas quer ir direto ao assunto. – ele me completou, sorrindo e aliviando nossas expressões.

– Isobel disse que viu Andrew comentando qualquer coisa que estaria aqui.

Ele assentiu.

– Ele tinha estado aqui, algumas horas atrás na verdade. – ele me responde. – Mas não disse quando voltaria.

Eu fiquei decepcionado mesmo que eu já soubesse disso.

– Eu precisava vê-lo.

– Tenho certeza que sim. – ele ficou triste de repente. – Mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer...

Nós fomos interrompidos por passos no corredor, eu olhei para frente com uma certa quantidade de esperança, até que Adam apareceu segurando seu casaco na mão esquerda e com a outra manuseava sua pasta até que nos viu, não parecia surpreso, parecia mais preocupado. Suas expressões nunca mudavam, sempre tão sérias e carrancudas, como Estenio detalhou quando ele era criança.

– Não devia estar repousando srta. White?

Sua voz pode ser completamente cautelosa, mas vejo que ele está sempre sendo sério demais ou até mesmo arrogante.

O’Connel, por favor. – pedi impacientemente.

Estenio riu. Eu não o entendi e Adam pareceu furioso com o seu divertimento.

– White chama menos atenção que O’Connel Nathalie, e tudo que vampiros e emissários não querem é atenção. – ele despejou seu casaco e sua bolsa no sofá.

– Eu já ouvi isso uma vez. – respondi.

– Devia aprender. – ele parou a minha frente, mais alto, mais forte e mais presunçoso. Era uma parte de Andrew que eu odiava, e Adam era repleta dela.

– Onde estão seus modos, irmão? – Estenio bateu levemente no seu ombro.

Adam finalmente relaxou, mas seus olhos castanhos me encaravam intensamente, não foi cortês e nem chegou perto de um interesse diferente, ele me encarava como sempre, como se eu fosse um problema ou como se eu o irritasse profundamente.

– Me admira Isobel ter deixado-a sair.

– Falei com Rick. – lhe respondi, mesmo que não lhe devesse respostas. – E estou bem.

– Não somos tão imprestáveis assim.

Ele se afastou um pouco e olhou para o piano, ele deve ter percebido que havia sido mechido ali, mas o que me deixou curiosa foi o que ele quis insinuar.

– O que quis dizer com isso?

– Andrew lhe deu seu sangue. – me respondeu de frente. – Normalmente ele é muito eficaz em curar feridas.

– Andrew? O quê?

– Não se preocupe, - Estenio chamou minha atenção. – isso é muito comum, doar o nosso sangue, quase não notamos a diferença

Eu conssenti ainda perdida, como isso poderia ser possivel?

– Ele nunca te falou sobre isso?

– Sobre as curiosidades de ser um vampiro? Não. – murmurei sendo ironica.

Estenio riu em divertimento.

– Bem, passaram tanto tempo juntos que eu achei que vocês faziam outra coisa, como conversar. – ele piscou para mim e me ultrapassou.

Eu o segui, mas não disse nada porque estava tomando tempo para a sensação de estar corando passar. Eu não tinha ideia como alguém conseguia estar ao lado dele sem explodir ou aguentar suas piadas sarcásticas. Adam me deu um olhar estudioso e tediosamente encarou Estenio.

– Vocês estão conversando a muito tempo?

– Ela chegou a alguns minutos antes de você.

–Então já disse que Andrew não está a ela? – Adam sorriu ironico e me deu as costas, andou até a lareira e começou a cutucá-la, reascendo-a.

Eu o encarei com muita raiva e antes que eu pudesse ir até ele, Estenio me parou, tentando ser mais prudente do que eu estava sendo. Eu o ignorei.

– Você está falando como se eu não estivesse aqui. – murmurei.

– Claro que não estou, mas posso fazer isso se quiser.

Eu fiquei furiosa.

– Por que tenho a sensação que você sabe realmente onde Andrew está?

– Porque é verdade. – ele deu de ombros.

– Adam... – Estenio o repreendeu.

Ele mal o ouviu.

– Você e meu irmão tem muito o que conversar, mas se ele não te procurou, deve haver um propósito para isso.

Enfureci-me com a sua falta de simpatia e educação.

– Você tem como ser um pouco menos gentil? – resmunguei fazendo cara feia.

Adam me responderia com algumas de suas grosserias se Estenio não o interrompesse primeiro.

– Por favor Adam, até eu que sou seu irmão e convivo com o seu lado mal humorado a muito tempo estou querendo arrancar o seu coração, imagine Nathalie?

Eu tive que rir. Adam odiou, mas não me irritou mais.

– Eu preciso falar com Andrew, se vocês me permitirem, mas fazendo descaso disso vou achar que ele está com mais problemas do que eu esperava. – pedi, mas nenhum deles pareceu ceder ao meu pedido. – Por favor?

– O que acha? – Estenio lhe perguntou em segredo.

Eles se entreolharam por um longo segundo, até que pela primeira vez Adam fazendo algo - entre aspas – bom para mim.

– Se eu arrumar encrenca com Andrew, a culpa é sua. Me dê suas chaves. – ele se aproximou e esticou a mão.

– O quê?

– Vou te levar aonde Andrew está, é um pouco sigiloso, vou levá-la e voltarei pela floresta. Agora as chaves. – ele mandou desta vez.

Eu fiz cara feia, mas a entreguei. Não era sempre que Adam estava sendo gentil – de uma forma muito erronea – comigo.

– Foi bom conversar com você Estenio. – eu disse em despedida.

– Eu também. Volte para eu poder ensiná-la a tocar piano.

Adam foi primeiro, abriu a porta para mim e saímos logo depois de irmos até o neon. Nós estávamos pegando o mesmo caminho que se ia para a mansão, a estrada que liga Sponvilly e North Pole. A neve que castigava ainda, me fez lembrar do acidente, eu quase fui sugada pelas memórias quando Adam segurou meu braço.

– Primeiro passo: diga não.

– O quê?

– Diga a não ao seu medo. Feche os olhos e se recuse a ver as memórias, as lembranças. Isso funciona, você sabe como cada uma delas acontecesse e depois de um tempo você se conforma e para ter teme-las.

– É o que você faz? – perguntei.

– É o que todo vampiro faz. Se você tem um passado ruim, suas memórias serão sempre ruins, a maioria desliga essa parte, outros enfrentam ou se deixam ser dominados.

– Eu não quero ser dominada. – eu disse rapidamente.

– Então diga isso a elas.

Eu fiz o que ele pediu. O trecho de acidente estava próximo, eu conseguia observar um bocado de arvores destruidas do outro lado da estrada, eu me neguei a lembrar ou sentir medo por isso. Ele estava certo, eu conseguia dizer não, conseguia ter o controle da situação. Depois que passamos do trecho de arvores partidas, fiquei encarando Adam por dois longos segundos, seu cabelo médio e cobreado estava mais curto, muito mais do que estava quando cheguei na cidade e suas expressões ainda eram carrancudas, como se ele não tivesse outra.

– Você está me encarando.

Ruborizei.

– Algum problema? – ele me perguntou.

– Na verdade... – comecei. – Eu poderia lhe fazer uma pergunta?

– Contanto que não seja sobre o Andrew...

– Não é. – não diretamente, pensei.

– Então vai fundo.

– Por que você me odeia?

Seus olhos caramelados me encararam com surpresa, até que ele riu de repente, me deixando altamente furiosa e constrangida.

– Eu não te odeio Nathalie, o que a faz pensar assim?

– Bem, você deixa muito claro quando fala comigo, como se eu fosse um projeto ruim.

– Eu sou um vampiro Nathalie, de que projeto você quer que eu tenha preconceito? – ele sorriu, sua feição rejuveneceu alguns anos. – Eu trato todas as pessoas assim, não consigo ser racionalmente simpatico.

– Mas você poderia tentar de vez em quando.

– Eu vou pensar nisso. – ele me olhou. – E na verdade, já fiz isso com você, não diretamente, mas estive tentando ser legal. Como naquela vez que Billy e eu visitamos o hospital atrás de algumas informações, deixei propositalmente minha pasta para que você estivesse a parte da investigação.

Isso fazia todo o sentido agora.

– Por quê?

– Porque... – ele se pausou. – Eu estava com pena do Andrew, você não teve que aguentar suas fúrias, eu tive. E além do mais, era justo você saber do segredo dele para poder saber quem você é de verdade.

Eu pensei sobre o que ele disse.

– Obrigada. – sussurrei. – Já é o começo para uma bela amizade. – respondi sorrindo.

– Vamos ver, o futuro é incerto.

Sua resposta me deixou confusa.

Nós dobramos a direita e entramos por um caminho desconhecido, a floresta cobria os lados e parecia que a qualquer momento seriamos sugados pela vegetação, pelos galhos, até chegar ao nada. Quando finalmente Adam parou, eu vi o que estava me esperando.

Uma casa de madeira de andar estava no centro de um campo coberto por neve e gardênias. O cheiro do Andrew. Havia uma estrada descoberta e segura para passar, na qual Adam seguiu depois que eu não fiz esforço algum para me mover. Quando ele estacionou, eu despertei.

– Esse lugar é maravilho.

– Realmente. – respondeu-me. – Meus pais tiveram um jardineiro, ele vendeu a casa a alguns anos e depois de umas reformas, esse foi o resultado.

– Então é aqui que ele está?

Adam abriu a porta do carro antes de me responder, eu fiz o mesmo. Ele andou rapidamente até onde eu me encontrava e me passou as chaves.

– É onde ele se esconde a maior parte do tempo. Está segura aqui. – ele me informou, dando alguns passos para trás.

– Espere, ahm. – eu fui até ele, me sentido desconfortável.

– O quê?

– Obrigada. Por confiar em mim.

Adam sorriu e piscou para mim em conssentimento.

– Essa casa é dos meus pais, veja lá o que vocês irão fazer atrás dessas paredes. – o velho Adam se despediu, correndo pelo gramado de neve e gardênias até sumir entra as folhagens da arvore.

Eu tinha ficado envergonhada, claro, mas não deu tempo para que eu o odiasse porque agora eu estava sozinha e finalmente ia vê-lo. Andei em direção a entrada da grande casa, era completamente diferente da mansão, sem luxo, sem estatuas, era completamente limpa e simples, eu me sentia confortável aqui. Pensei em bater na porta, mas ela não estava trancada e ruía enquanto o vento batia nela, fazendo-a ir e voltar. Eu puxei a maçaneta e entrei.

O bege das paredes me invadiu a visão, a decoração era gentil, jarros de flores decoravam o corredor junto com luminárias em formas geométricas, uma sala bem menor do que a da mansão estava a frente quando caminhei para dentro. Um piano, uma TV e um sofá imperial se encontravam perfeitamente posicionados antes um pouco da escada tambem em espiral, mas nada de tapete vermelho ou a aparência de estar visitando uma casa de realeza. Tamborilei as chaves no alto da minha coxa e admirei um segundo a mais, até que a porta dos fundos ruiu aparecendo uma figura imersa em pensamentos.

Andrew vestia calças Levi’s pret e uma blusa de mangas curtas preta, seu cabelo estava maior, mas a diferença era quase minima e era tão perfeito quando o vento batia na sua face os fios se emaranhavam tornando-o mais humano, mais desleixado, mas sem sombra de duvidas muito atraente. Atraí seu olhar quando tentei dar um passo a frente, seus lábios se abriram em algum cumprimento, mas o máximo que fizemos foi encarar um outro como se tudo fosse apenas uma miragem.

Meu coração acelerou e não pude segurar a emoção, meus olhos já estavam marejados e quando ele sussurrou meu nome, chamando-me, eu corri pelo corredor e pulei em seus braços. Ele agarrou minha cintura e me apertou, sua boca beijando meus cabelos e a minha grudada no pano de sua blusa.

– Eu senti tanto a sua falta. – sussurrei.

– Eu também. – ele acariciou minhas costas. – Eu não parei de pensar em você um segundo, baby.

– Achei que nunca mais ia vê-lo.

– Baby... Isso nunca aconteceria.

Segurei firme em seus braços e deixei-me chorar depois de toda a pressão que aprisionei dentro de mim mesma, eu queria descarregá-la porque agora estava tudo bem de novo, ele estava aqui e não era como se eu estivesse dizendo-lhe adeus.

– Venha, sente-se, você quer beber alguma coisa? – Andrew segurou meus ombros e limpou minhas lágrimas.

Eu andei ao seu lado até o sofá, depois de alguns minutos, ele estava dividindo comigo uma bebida quente que ele tinha preparado, mesmo protegida contra o frio, eu não podia ignorar como aqui era bem mais insuportável. Ele esfregous os dedos nos meus braços e me colocou deitada em seu peito.

– Como veio parar aqui?

Eu olhei para cima, para seus olhos. Orbitas escuras cheias de segredos que temerei nunca descobri-los.

– Persuadir Adam a me trazer.

Andrew riu.

– Como você o fez? – seus lábios estavam curvados em um sorriso angelical de menino.

– Implorei, usei meus dons de uma garota em desespero.

– Ah, isso é o suficiente para quebrar a parede gélida do coração de Adam.

– Ele me disse uma coisa. – começei e sua sua expressão congelou em segundos. – Sobre você ter me curado.

– Isso? – ele relaxou. – Bem, é só algo que podemos fazer com frequência.

– Você salvou a minha vida Andrew, é mais do que “só algo que vocês podem fazer”.

Ele beijou meus lábios, terno e apaixonado.

– Eu não poderia vê-la sagrando em meus braços, sentindo dor, eu tinha que fazer algo.

– E fez. – dessa vez foi eu quem o beijou. – E agora por que não me conta o que aconteceu? Eu não lembro de nada.

– É muito cedo ainda, baby. – ele desviou muito rapidamente.

– Mas e Lewis? Ele fugiu? Você deu uma chance a ele? Ele confessou todos os crimes?

Andrew desfez de meus braços e se sentou ereto no sofá, olhando para frente enquanto eu o encarava por respostas.

– Aconteceu alguma coisa. – afirmei. – Por que não está me contando?

– É complicado, baby.

– Eu posso entender, estamos nisso juntos, lembra? Posso superar qualquer coisa, olhe como estou agora, superei muitas perdas na minha vida, posso compreender o que é que você tenha feito para calar o Lewis.

Caminhou suas mãos pelo rosto até o cabelo, aparentemente nervoso.

– Não é o que eu fiz Nathalie, - ele me olhou. – é o que fizeram para mim.

Eu me calei.

– Subestimei o Lewis, desde o principio.

– Conte-me de uma vez And, por favor. – implorei, pousando minhas mãos nas suas, apoiadas em sua perna.

Ele inspirou como se precisasse do ar.

– Depois que você estava longe o suficiente para se salvar, eu não me lembro demais nada quando o carro explodiu. Consegui me puxar para fora do banco e acordei a alguns metros dentro da floresta muito ferido.

– Lewis me garantiu que estava morto. – eu disse. – De todas as formas que pode me dizer para me torturar.

– Talvez ele pensasse nisso, eu estive mesmo perto da morte, mas mesmo assim, arranjei forças para me forçar a levantar e procurar algo que me fosse o suficiente para sobreviver aos ferimentos. – ele se pausou e fitou seus dedos apreensivamente. – Com os meus sentidos aflorados, eu pude sentir a sua aproximação, estava correndo na floresta e cheguei a conclusão que você tinha conseguido fugir. Quando nos encontramos finalmente, você havia caído em meus braços. Achei que tivesse sido o seu fim, seu sangue estava nas roupas dele, nas suas, por toda a parte, não sei como conseguiu se livrar dele antes que morresse.

– Eu o enfeitiçei. – eu disse chamando sua atenção.

– Como?

– Acho que Meredithe se comunicou comigo Andrew. Ela me fez dizer algumas palavras e no mesmo segundo Lewis agia como se fosse sugado para outra dimensão, me salvei por isso.

– Você deve ter conjurado um feitiço de ilusão por isso ele estava um pouco tonto quando decidi enfrentá-lo. Achei que estava morta, tentei confrontá-lo, mas tudo que Lewis fez foi desviar em alguns movimentos sem esforço.

– Por quê? – perguntei incrédula.

– Lewis não queria lutar comigo, eu era apenas a sua ultima carta do jogo. – sua expressão era tão fria quanto a temperatura que caiu sobre aquela sala. - As vitimas, os ataques, a festa, a sua vinda, fora tudo parte do plano.

– Mas que plano And?

– Me culpar. – ele não me olhou. – Na mesma noite que seu pai viajou para Anchorange, Lewis me pediu que o ajudesse com alguns vampiros fora de controle. Nós tinhámos um vigilante do triarco nas nossas terras, se algo saísse do limite, nós certamente seríamos os culpados. Mas não foi isso que aconteceu. Lewis não apareceu, eu estava exatamente no mesmo lugar que o carro do seu pai explodiu, eu não sabia sobre o acidente até o proximo dia. Eu não era apenas suspeito, eu fui visto como culpado.

– M-mas você não fez nada disso, não machucou meu pai, os policias o absolveram logo em seguida, você não é o culpado.

– Eu não estava falando de ser visto como culpado pela lei humana, Nathalie. Eu fui o culpado pelos olhos do triarco. – sua voz suou fria e arrebatadora para os meus ouvidos. – Vitima após vítima, sabe qual era o ponto comum de cada elas? Eu. Estive com Amber e Rachel, estive no cemitério naquela madrugada que Isaac morreu, quando você se conectou comigo, eu estive sendo vigiado todo esse tempo. Nosso acidente e seu sequestro foram o suficiente para decidirem que eu estava colocando nossa identidade em risco.

– Isso não pode ser possivel. – levei as mãos ao rosto. – Você conversou com eles? Contou-os a verdade?

– Eu não pude, teve testemunhas e Lewis fora uma delas.

Engasgei nas minhas proprias palavras e não disse nada.

– O Triarco tem certeza que eu sou o responsável por tudo isso, que sou responsável por deixar nossa espécie em perigo. Isso é um crime para nossa fortaleza.

Encarei seus olhos.

– O que isso quer dizer? Você terá que pagar algo a eles? Dinheiro? Terá que encontrar um jeito dos humanos esquecerem isso?

Andrew acariciou meu rosto e me olhou como se eu fosse ingenua.

– Só tem um castigo para um vampiro que espõe a espécie. – ele segurou minhas mãos. – A Renegação.

Congelei.

– O que isso quer dizer?

– Que eu vou embora. Estou definitivamente banido de Sponvilly pelos proximos vinte anos.


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Notas finais do capítulo

o triarco não é como os volturis nao em crepusculo, é uma fortaleza, uma cidade de vampiros sobreviventes de uma maldição, cuja qual eu abordarei no ultimo volume (to pensando em fazer uma trilogia) enfim, o que acharam?



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