Por Alexy:

Que droga! É só isso que eu podia pensar... Eu já fiz muita merda, mas eu não to preparado pra lidar com essa. Eu sou louco por ela, cada pedacinho de mim ama essa menina, deseja essa menina, e eu não sei viver sem ela.

Eu estou disposto a jogar tudo que eu sinto no lixo, fingir que nada aconteceu, e voltar a ser o amiguinho gay que ela queria ter, se eu puder ter o carinho e a confiança dela de volta, eu não posso perder ela.

Acordei muito atordoado no outro dia, eu tinha medo, muito medo.

Me arrumei e fui até a escola. Era impossível colocar uma expressão convincente para as pessoas, eu nem estava preocupado com isso. Não tentei disfarçar minha tristeza, nem esconder a cara de choro, eu realmente estava louco por ela e estava preparado para deixa-la, caso ela não quisesse mais me ver. Eu a enganei!

Quando cheguei na sala, eu notei que ela não havia chegado, então sentei e esperei... A primeira aula já havia começado e nem sinal dela... No meio da segunda aula ela chegou. Tinha fortes olheiras e eu soube que não fui o único que não conseguiu dormir bem.

Ela se sentou longe de mim, eu percebi que talvez ela não quisesse nem mesmo se aproximar de mim, achei que ela precisava do seu próprio espaço, não era hora de tentar me impor, ela não me queria e eu tinha que aceitar aquilo, pelo visto ela havia escolhido outro.

Próximo ao horário do intervalo, eu pedi para sair da sala mais cedo, e o professor um pouco chocado com a minha aparência acabada acabou concordando, eu fui para o banheiro, lavar o rosto, mas nada tirava a sensação que eu já conhecia, de coração partido.

Eu já havia gostado de outra garota... Ela se exibia para as amigas de como eu era atraente, do dinheiro de minha família, do meu jeito descontraído, mas eu nunca fui suficiente, nas minhas costas ela falava muito mal de mim, que só estava comigo pelas aparências e me traia sempre que tinha a oportunidade, mas um dia ela jogou na minha cara que eu era um moleque infantil e que ela precisava de um homem, e eu era só diversão. Ela me humilhou, e eu entendo perfeitamente o que a Mie sentiu com o Viktor, passei por algo muito parecido, ao encontrar minha suposta namorada agarrada a um cara mal encarado, e dizer que ele me superava em TODOS os atributos, ela fez questão de frisar a palavra. Desde então é por isso que eu nunca quis que outra garota se aproximasse de mim! Não queria ser usado de novo. Eu amava muito essa menina, e quer saber? A dor que eu senti com essa garota nem se compara a dor que estou sentindo agora, ao medo de perder Mieko porque eu escondi quem eu era, e não fui suficientemente sincero com ela.

Quando voltei para a sala, quase no fim do intervalo, os materiais dela estavam lá, mas ela não estava... Então lembrei que era o dia que Jade trabalhava no colégio e me desesperei... Eu não posso deixar acabar assim!

Corri para fora da sala em direção ao clube de jardinagem, como se minha vida dependesse disso, ignorei aos gritos de Nathaniel para que eu não corresse nos corredores e como eu desconfiava, ela e Jade estavam juntos, mas eu cheguei tarde demais, ele se despedia dela com um beijo... No rosto? Mas eles não estavam juntos agora? Talvez ele só seja tímido...

No momento em que ele saiu de perto dela, corri até ela e a puxei pelo pulso para um lugar mais reservado.

— Mie, me perdoa, por favor! Tá tudo bem pra mim se você me quer só como seu amigo, e também está tudo bem pra mim se você quiser surtar e me bater até a raiva passar, mas por favor não me deixa, eu sou apaixonado por você, eu não ia suportar te perder, por favor Mie. Você é tudo pra mim, eu não conseguiria te esquecer, sério. Você é tudo pra mim, meu mundo inteiro é você. Me dá uma chance? – As lágrimas escorrem do meu rosto e eu olho pro alto, tentando para-las.

Eu esperei pelo fora inevitável, quando ela levantou a mão. Fechei os olhos esperando pela ardência do tapa, mas ela simplesmente não veio.  Eu abri os olhos e...

Ela se aproximou e me beijou, de um jeito mágico, como da primeira vez que eu beijei ela, no baile... Ela se afastou e colocou uma mão no meu rosto sorrindo, eu não queria abrir os olhos, tinha medo que não passasse de um sonho, e ficamos assim, até que o sinal nos obrigou a sair dali.

— Mie, o que vai ser de... – Comecei...

— Shhhh Alexy, nós já estamos juntos, a única coisa que muda, é que agora nós dois sabemos disso! – Ela sorriu, e depositou um selinho no meu rosto.

— Tem mais uma coisa que eu não te contei... Eu... Lembra as fotos que te mostrei, do baile? Então... Eu só tirei elas pra mostrar pra você... Na verdade, sabe o cara que te beijou aquele dia? Era eu... Desculpa! – Disse, pondo pra fora de uma vez o que eu guardava pra mim a tanto tempo.

— Você? COMO ASSIM ERA VOCÊ O TEMPO TODO E VOCÊ NÃO ME DISSE NADA?  Ainda beeeem que era você! Eu estava com medo que fosse o Jade! Então no fim, eu estou exatamente com quem eu devia estar... – Mie disse alegre, e até aliviada, ainda bem que tudo está como devia estar, eu temi que dessa vez tudo desse errado...

— É melhor a gente voltar... – Eu disse...

— Sim, é melhor... – E com isso ela me deu a mão e voltamos nesse grude até a sala, onde ela pegou os materiais para sentar comigo.

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1 semana depois:

— EXTRA, EXTRA: “CASAL INUSITADO AGITA OS COREDORES DE SWEET AMORIS” – Gritava Peggy, com seus estúpidos jornais, tentando atrair audiência, o que parecia funcionar, já que a maioria dos alunos carregava consigo um exemplar pra saber da vida alheia.

Eu e Mie não demos satisfação para ninguém além dos nossos amigos, mas a forma como nos tratávamos, e as pegações que algumas pessoas acabavam flagrando começaram a provocar burburinhos nos corredores, e Peggy insistiu para que déssemos uma entrevista explicando o que ocorreu com os melhores amigos que começaram a ter um contato mais intimo do que o de costume. Acabamos concordando, para apagar o mito sobre minha sexualidade de vez da escola! Eu não vou dizer que passei a agir menos gay, meu jeito de ser é assim, vivo, animado, descontraído, e sempre cheio de opiniões pra dar... Agora eu só não preciso mais usar apelidinhos e voz afetada pra fazer tudo isso!

Peggy desmentiu tudo, contando que estávamos num caso amoroso escondido fazia um tempo, e disse que minhas atitudes “duvidáveis” eram apenas para disfarçar e ocultar o romance!

Acabamos ficando com cara de casal de filme, e muitos mitos foram criados a nosso respeito... Diziam que quem se declarasse no clube de jardinagem escondido de todos teria um amor eterno e muitas outras bobagens sem sentido, mas eu estou feliz, e todos os nossos amigos também estão.