POV - Hermione

Durante os dias de "treinamento" do Ronald, fiquei acompanhando as notícias sobre ele que vinham de Cho e Luna. Eu ficava muito impressionada quando elas contavam os progressos que ele havia feito, e a maneira como ele estava mudando aos poucos.

Outra forma de acompanhar o trajeto de Rony, era lendo o caderno em que ele escrevia tudo o que achou das tarefas. Eu ficava encantada enquanto lia as coisas que ele havia escrito, cada detalhe, o que ele sentiu... Mal parecia aquele Ronald com quem eu falei pela primeira vez na biblioteca há algum tempo atrás.

Foi gratificante pra mim saber que aquilo tudo tinha começado só porque ele queria me conquistar. Eu me senti como se eu tivesse sido o "empurrãozinho" que faltava para que ele decidisse ser uma pessoa melhor, não só por mim mas por ele mesmo.

Quando li o último texto de Ronald sobre a última tarefa, confesso que chorei. Chorei ao imaginar as pessoas gritando e o culpando por coisas ruins que aconteceram em suas vidas, chorei ao imaginar ele tendo que engolir tudo aquilo sem dizer uma palavra, sabendo que estava errado.

Por mais que ele realmente tivesse machucado todas aquelas pessoas de uma forma ou outra, eu não consigo nem imaginar ter que vê-lo sofrer. Magoado consigo mesmo e com as coisas que fez.

Eu não o via desde o dia em que ele me agarrou na frente da faculdade, e parecia que meu corpo inteiro o chamava. Não conseguia parar de pensar nele por um só segundo, eu desejava ter meu corpo colado ao dele, eu desejava ter meus lábios junto aos dele. Eu desejava Ronald Weasley mais que tudo.

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Na terça-feira, quando cheguei à faculdade com as meninas, a primeira coisa que vi foram os cabelos ruivos bagunçados pelo vento.

Ele estava de pé em um banco que ficava na área externa da faculdade, e uma multidão se forma em sua volta.

– Aquele é o meu irmão? - Gina perguntou

– É sim. - Luna confirmou - Temos que ver o que está acontecendo

Saímos correndo e paramos junto a multidão que estava ali. Ronald falava enquanto todos ouviam.

– ...então gente, é um lugar muito especial. Queria que todos fossem lá um dia. Se vocês visitassem, tenho certeza de que se encantariam tanto quanto eu. Mas ultimamente eles estão sem dinheiro, e se continuarem assim, o Lar pode fechar. Vocês podem não entender agora, mas aquele lugar é muito importante, e eu nem posso suportar a ideia de ver todas aquelas crianças sendo tiradas dali

– Ele está falando do Lar para Crianças que visitamos no sábado, o St. Mungus! - Cho sussurrou

– Vocês visitaram um Lar para Crianças? Vocês saíram com o meu irmão? - Gina perguntou

– Longa história, Gina. - Luna falou

– Mas é que eu não...

– Shhh, vamos ouvir - reclamei

– Pensando nisso, conversei com o Reitor Snape e ele concordou em colocar urnas espalhadas por toda a faculdade, em que vocês podem depositar qualquer quantia em dinheiro. - Rony continuou a falar - Se vocês pudessem espalhar a ideia para os seus amigos que não estão aqui, iria ser bem legal. E outra coisa, queremos organizar doações. Quem puder doar materiais de higiene, brinquedos, livros, roupas... doem! Vocês podem deixar as doações comigo e eu me encarrego de levar tudo para lá.

– Quando podemos começar a doar, Rony? - alguém perguntou

– Qualquer dia, eu sempre vou estar disponível para receber as doações. Eu quero muito ajudar o St. Mungus, e espero que vocês compartilhem o mesmo desejo que eu. Bem, é só isso, obrigado pela atenção.

As pessoas bateram palma e começaram a se espalhar.

Ronald desceu do banco e finalmente me viu. Ele me fitou por alguns segundos, até que Gina correu até ele.

– O que é que foi aquilo? Você ajudando um Lar para Crianças?

– É, eu sei. Eu acho que estou mudando, maninha... pra melhor - ele a abraçou

– Rony, isso foi incrível! Eu não pensei que você iria mesmo insistir na ideia de ajudá-los - Luna foi até ele

– Claro que eu insisti. Aquele foi o lugar mais legal em que eu já estive, e eu quero ajudar o St. Mungus a continuar de pé!

– Isso foi muito legal da sua parte. Olha, fico cada vez mais orgulhosa - Cho disse

Ronald riu, e então se voltou para mim

– Não vai me cumprimentar? - perguntou

– Ah, claro. Parabéns, aquilo foi bem legal. - dei alguns passos em sua direção

– Obrigado. Eu gostaria de te levar lá qualquer dia, é um lugar incrível, você iria amar!

– Eu gostaria muito de ir. Quando puder me levar, estarei a disposição.

– Tudo bem.

– Ei, Cho! Gina! Eu quero mostrar uma coisa para vocês, vamos até ali - Luna chamou as meninas e deu uma piscadinha pra mim, entendi que ela queria me deixar a sós com Ronald

– Espero que todos colaborem com a doação e tudo mais... Vai ser legal poder ajudar o St. Mungus - Rony veio andando lentamente em minha direção, com as mãos nos bolsos, tentando parecer despreocupado

– Eu não acho que você terá problemas com isso, você os animou a ajudar.

– Tomara!

– Eu confesso que estou muito surpresa com sua atitude. Acho que você realmente mudou.

– Espero que você realmente ache isso, pois é o que eu mais quero!

– Olha, eu tenho que te contar uma coisa - falei

– O quê?

– Eu sei sobre as tarefas, sobre o treinamento, etc...

– Bem, eu imaginei que Cho e Luna te contariam

– É, mas eu tenho lido o que você escreve naquele caderno.

– Sério?! - ele pareceu surpreso

– Sim.

– Nossa. Eu não sabia que você lia. Acho que é meio embaraçoso...

– Não precisa ficar com vergonha. Eu amei tudo o que você escreveu. E eu me emocionei de verdade enquanto lia, pois tudo o que você escreveu foi tão sincero. Era como se eu olhasse dentro do seu coração.

– Que bom que você acha isso, porque eu realmente fui muito sincero em tudo que escrevi.

– Eu sei. E eu acho, Rony, que você não mudou... e sim, se revelou. Esse lado bondoso, generoso, amável e gentil que você está mostrando, sempre existiu aqui– coloquei minha mão sobre o lado esquerdo do seu peito

– Aqui, Hermione. - ele colocou a mão por cima da minha - É aqui que esse lado está, e é aqui que eu quero que você esteja. Pra sempre.

Senti meu coração palpitar freneticamente. E o dele fez o mesmo.

– Eu só queria poder ficar com você, e olha onde eu estou! Me importando com os outros, fazendo de tudo pra ajudar crianças que eu mal conheço, promovendo doações para quem precisa... Tudo isso foi por você! - ele se aproximou

– Eu fico tão feliz por saber que eu te ajudei, mesmo que indiretamente. E agora, Ronald, eu tenho certeza que quero ter você aqui. Peguei a mão dele e a coloquei em cima do meu coração.

– Eu esperei tanto tempo pra te ouvir dizer isso - ele falou e me levantou, colocando meus pés em cima dos seus.

Não hesitei e o beijei fervorosamente, como se eu precisasse daquilo para sobreviver.

Eu queria estar com ele. E eu estaria com ele, pelo resto da minha vida.