Harry Potter e a Fúria dos Deuses escrita por almeidalef


Capítulo 3
Capítulo III - O Beco Diagonal


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal, sei que é chato, mas eu tenho que agradecer. Vocês estão me surpreendendo, eu nunca imaginaria que a fic teria tanto reconhecimento quanto este que está tendo. Muito obrigado! Quero agradecer especialmente aos leitores que favoritaram e comentaram, também quero dedicar esse terceiro capítulo à três pessoas: TapaNaCaraDaSociedade, Bia Silvestre e ACYukorviic!

Segue o terceiro capítulo. Espero que gostem!



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No dia seguinte, Tom acordou Percy com um sorriso banguela e uma xícara de chá. O garoto levou várias horas para se acostumar àquela estranha atmosfera que pairava sob O Caldeirão Furado. Grover irrompeu no quarto, vestindo uma camisa avermelhada e um chapéu apertado contra a cabeça, escondendo seus chifres de sátiro.

– Tenho uma coisa para... - começou Percy, antes que algum som saísse da boca entreaberta de Grover, mas fora interrompido por Rachel e Annabeth, que os puxaram, apressadas, para o bar.

Eles desceram para tomar café, e encontraram Hagrid lendo a primeira página do Profeta Diário com a grande testa peluda franzida e Nico sentando à mesa onde várias senhoras de aspecto severo conversavam entretidas com o garoto.

– Que é que você ia me dizer, Percy? - perguntou Grover a Percy quando se sentaram próximo de Hagrid.

– Depois - murmurou Percy na hora em que Nico juntou-se a eles.

Hagrid baixou o jornal para cumprimentá-los, enquanto Tom trazia em suas mãos uma bandeja onde havia pãezinhos e biscoitos disputando espaço com xícaras de chá fumegando. Percy não teve mais oportunidades de falar com Grover nem com Annabeth no caos d'O Caldeirão Furado; ficaram demasiado ocupados, prestando atenção nas explicações de Hagrid de onde encontrariam os materiais escolares do quarto ano.

Depois do café-da-manhã - que na opinião de Percy, estava maravilhoso, porém entristeceu-se ao ver que não haveria nada azul para comer -, eles atravessaram o bar e saíram num pequeno pátio murado, onde não havia nada exceto uma lata de lixo e um pouco de mato.

–... é, mas você deve tomar cuidado com estes - Hagrid interrompeu a explicação de que os unicórnios adultos são menos cordiais com garotos do que os bebês, e começou a tatear seu grande casaco preto e sujo. - Agora, cadê o meu guarda-chuva?

Entrementes, Hagrid contava tijolos na parede por cima da lata de lixo.

– Três para cima... dois para o lado... - murmurou. - Certo, cheguem para trás.

Ele bateu na parede três vezes com a ponta do guarda-chuva. E o tijolo que tocou estremeceu, então torceu-se. No meio apareceu um buraquinho, que se foi alargando cada vez mais. Um segundo depois se viram diante de um arco bastante grande até para Hagrid, um arco que abria para uma rua de pedras irregulares, serpeava e desaparecia de vista.

– Bem-vindos - disse Hagrid - ao Beco Diagonal.

Ao ver as caras estupefatas que os cercavam, Hagrid abriu um sorriso bondoso, porém quase imperceptível por entre as barbas. Todos atravessaram o arco. Grover deu uma olhadela rápida por cima do ombro e viu o arco encolher e virar uma parede sólida, novamente.

O sol refulgia numa pilha de caldeirões à porta da loja mais próxima. Caldeirões - Todos os Tamanhos - Cobre, Latão, Estanho, Prata - Automexediço - Dobrável, dizia um letreiro acima.

– Vocês vão precisar de um - disse Hagrid -, mas temos de trocar os seus dinheiros primeiro.

Annabeth desejou ter oito olhos, e fez uma careta, pois lembrou-se de aranhas... Percy virava a cabeça para todo o lado enquanto caminhavam na rua, tentando ver tudo ao mesmo tempo: as lojas, as coisas às portas, as pessoas fazendo compras. Uma mulher gorducha do lado de fora de uma farmácia abanou a cabeça quando passaram por ela e disse:

– Fígado de dragão, dezessete sicles, trinta gramas, eles endoidaram...

– O que são sicles, Hagrid? - perguntou Rachel, correndo para acompanhar o passo do gigante.

– Ah!, me desculpem. Bem, as moedas de ouro são galeões - explicou ele. - Dezessete sicles de prata fazem um galeão e vinte e nove nuques de bronze fazem um sicle, é bem simples.

Percy fez uma careta enquanto pensava, e concluiu que não era nada simples.

Um pio baixo e suave veio de uma loja escura com um letreiro onde se lia "Empório de Corujas - douradas, das-torres, do campo, marrons e brancas." Havia lojas que vendiam vestes, lojas que vendiam telescópios e estranhos instrumentos de prata que Percy nunca vira antes, janelas com pilhas de barris contendo baços de morcegos e olhos de enguias, pilhas mal equilibradas de livros de feitiços, penas de aves para escrever e rolos de pergaminhos, vidros de poções, globos de...

– Gringotes! - anunciou Hagrid.

Tinham chegado a um edifício muito branco que se erguia acima das lojinhas. Parado diante das portas de bronze polido, usando um uniforme vermelho e dourado, havia um duende. Ele era bem mais baixo que Percy e seus amigos. Tinha uma cara escura e inteligente, uma barba em ponta e, Grover reparou, arrepiando-se, mãos e pés muito compridos. O duende os cumprimentou com uma reverência quando entraram. Em seguida se depararam com um segundo par de portas, desta vez de prata, onde havia gravado o seguinte:

Entrem, estranhos, mas prestem atenção
Ao que espera o pecado da ambição,
Porque os que tiram o que não ganharam
Terão é que pagar muito caro,
Assim, se procuram sob o nosso chão
Um tesouro que nunca enterraram,
Ladrão, você foi avisado, cuidado,
pois vai encontrar mais do que procurou.

Dois duendes se curvaram quando eles passaram pelas portas de prata e desembocaram em um grande saguão de mármore. Havia mais de cem duendes sentados em banquinhos altos atrás de um longo balcão, escrevendo em grandes livros-caixas, examinando pedras preciosas com óculos de joalheiro. Havia ao redor do saguão portas demais para contar, e outros tantos duendes acompanhavam as pessoas que entravam e saíam por elas. Hagrid e os demais se dirigiram ao balcão onde havia um duende de cara amarrada pesando moedas em balanças de latão para uma família.

– Bom-dia - disse Hagrid à família que estava sendo atendida pelo duende. - Olá, Hermione!

Percy sentiu sua cabeça ser pisoteada por uma multidão de centauros. "Era essa a garota do sonho...", pensou ele, escondendo-se atrás do grande braço de Hagrid, para que ninguém percebesse a sua inquietação.

– Bom-dia, Hagrid - falou uma menina de cabelos castanhos e volumosos e de dentes anormalmente grandes. - Quem são esses?

– Esses são Percy, Grover, Nico, Rachel e Annabeth - contou Hagrid apontando um por um ao dizer seus nomes. - Alunos novos...

– Não são grandes demais para serem alunos do primeiro ano? - perguntou Hermione, olhando para todos com um grande sorriso cheio de dentes.

– Quartanistas... - contou Hagrid, meio nervoso. - Ah, você entenderá melhor amanhã, Hermione. Peço a você - cochichou, aproximando-se da garota -, que não conte a ninguém que os viu, O.K.?

– Pode deixar.

Neste momento, os pais de Hermione a chamaram. Haviam trocado o dinheiro de trouxas por dinheiro de bruxo e se despediram de todos para dar início as compras. Rapidamente, Hagrid dirigiu-se para a frente da bancada.

– Bom-dia! - disse, caloroso, ao duende que o encarou entediado. - Viemos trocar esses dracmas de ouro por galeões.

– O senhor tem as moedas?

– Tenho em algum lugar - disse Hagrid e começou a esvaziar os bolsos em cima do balcão, espalhando um punhado de molhos de chaves, fichas de metal, rolinhos de barbante, balas de hortelã, saquinhos de chá, biscoitos de cachorro mofados em cima da balança de latão do duende, que franziu o grande e pontiagudo nariz, incomodado. Percy observou o duende do lado direito pesar um monte de esmeraldas do tamanho de carvões em brasa para uma bruxa corcunda.

"Achei!", exclamou Hagrid, finalmente, chocalhando um saquinho de couro marrom cheio, fazendo tilintar as moedas.

O duende apanhou o saco e desamarrou o fio de barbante que o fechava. Despejou seu conteúdo sob a balança de latão enquanto vários dracmas, sicles e nuques saíam de uma ranhura.

– Parece estar em ordem - disse o duende, com uma voz esganiçada, devolvendo o saquinho para Hagrid que voltou a enchê-lo com as moedas de bruxo.

– Tem certeza de que o valor está certo, Hagrid? - indagou Nico, com um leve tom de desconfiança na voz.

– Mas é claro que está, garoto insolente! - vociferou o duende, parecendo ofendidíssimo. - Gringotes nunca roubaria de seus clientes!

– Me desculpe, senhor - falou Hagrid, rapidamente, socando seus pertences nos vários bolsos de seu grande casaco preto e empurrando os garotos para a porta de entrada. - Nunca se metam com duendes, vocês. São criaturas inteligentes porém nada amistosas.

Saíram de Gringotes e pararam na grande escada de mármore na entrada do edifício.

– Alguém trouxe a lista de materiais deste ano? - perguntou Hagrid.

– Ah - sobressaltou-se Rachel, levando as mãos ao cós da jeans que vestia -, aqui está!

– Ótimo. Aí tem a lista de tudo o que vocês vão precisar.

Rachel desdobrou um pedaço de papel e leu:

ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS

Uniforme
Os estudantes do quarto ano precisam de:

1. Três conjuntos de vestes comuns de trabalho (pretas)
2. Um chapéu pontudo simples (preto) para uso diário
3. Um par de luvas protetoras (couro de dragão ou similar)
4. Uma capa de inverno (preta com fechos prateados)
As roupas do aluno devem ter etiquetas com seu nome.

Livros
Os alunos devem comprar um exemplar de cada um dos seguintes:
Livro padrão de feitiços (4ª série) de Miranda Goshawk
História da magia de Batilda Bagshot
O livro monstruoso dos monstros (Vão precisar para a minha matéria, contou Hagrid, orgulhoso.)
Teoria da magia de Adalberto Waffling
Guia de transfiguração para iniciantes de Emerico Switch
Mil ervas e fungos mágicos de Filida Spore
Bebidas e poções mágicas de Arsênio Jigger
Animais fantásticos & onde habitam de Newton Scamander
Esclarecendo o futuro de Cassandra Vablatsky
As forças das trevas: Um guia de autoproteção de Quintino Trimble

Outros Equipamentos:

1 varinha mágica
1 caldeirão (estanho, tamanho padrão 2)
1 conjunto de frascos
1 telescópio
1 balança de latão
Os alunos podem ainda trazer uma coruja OU um gato OU um sapo.

– Vamos comprar logo seus uniformes - falou Hagrid, indicando com a cabeça a loja Madame Malkin - Roupas para Todas as Ocasiões.

Madame Malkin era uma bruxa baixa, gorda e sorridente, toda vestida de amarelo.

– Hogwarts, queridos? - perguntou quando o grupo adentrou na loja. - Tenho tudo aqui.

Um a um, foram levados para os fundos da loja para medirem seus uniformes.

Em seguida, Hagrid os levou para a Sorveteria Florean Fortescue onde todos compraram sundaes de diversos sabores. (O de Percy era azul, e tinha gosto de cupcake.) Engoliram com voracidade seus sorvetes à sombra dos guarda-sóis de cores vivas à porta das lojas, em que crianças e adultos mostravam uns aos outros as compras que tinham feito ("é um lunascópio, meu amigo - é o fim dessa história de mexer em tabelas lunares, me entende?"). Seguiram para comprar os caldeirões e umas balanças bonitas para pesar os ingredientes das poções e um telescópio desmontável de latão. Visitaram a farmácia, que era bem fascinante para compensar seu cheiro desagradável, uma mistura de ovo estragado e repolho podre. Havia no chão barricas de coisas viscosas, frascos com ervas, raízes secas e pós coloridos cobriam as paredes, feixes de penas, fieiras de dentes e garras retorcidas pendiam do teto. Enquanto Hagrid pedia ao homem atrás do balcão um conjunto de ingredientes básicos para preparar poções, Percy, Annabeth e Grover examinavam chifres de prata de unicórnios, a vinte e um galeões cada, e, Nico e Rachel minúsculos olhos faiscantes de besouros (cinco nuques uma concha). Terminado os sorvetes, foram comprar os livros para o ano letivo.

Quando entraram em um loja chamada Floreios e Borrões, onde as prateleiras estavam abarrotadas até o teto com livros do tamanho de paralelepípedos encadernados em couro, livros do tamanho de selos postais com capas de seda; livros cobertos de símbolos curiosos e alguns livros sem nada, Hagrid teve que arrastar Grover e Percy para longe do Pragas e Contrapragas (Encante os seus amigos e confunda os seus inimigos com as últimas vinganças: perda de cabelos, pernas bambas, língua presa e muitas, muitas mais) do Prof.º Vindicto Viridiano. Logo depois, o gerente veio correndo ao seu encontro.

– Hogwarts, pessoal? - perguntou o homem sem rodeios. - Vieram comprar os seus livros?

– Sim - disse Grover dando uma olhadela na lista. - Preciso...

– Saiam do caminho - disse o gerente, pálido, empurrando-os para o lado com impaciência. Indo em direção a uma grande gaiola de ferro com uns cem exemplares de O livro monstruoso dos monstros. Páginas arrancadas voavam para todo o lado, enquanto os livros se agrediam e se atracavam em furiosas lutas livres e mordidas agressivas. O gerente puxou um par de luvas muito grossas, apanhou um bengalão nodoso e rumou para a porta da gaiola em que estavam os livros de couro esverdeado.

– Espere aí - disse Hagrid depressa -, deixe que eu cuido disto.

Hagrid abriu a gaiola na altura em que dois livros monstruosos tinham agarrado um terceiro e começavam a destruí-lo. Rapidamente, ele apanhou um dos livros e rasgou a fita adesiva que o prendia. O livro tentou morder, mas Hagrid passou seu gigantesco dedo indicador pela lombada, o livro estremeceu, se abriu e permaneceu quieto em sua mão. Fazendo o mesmo com cinco dos livros da gaiola, Hagrid os entregou ao gerente para efetuar a compra.

– Graças a Deus - uma expressão de imenso alívio havia se espalhado pelo rosto do gerente. - Já fui mordido sete vezes esta manhã...

Um barulho alto de papel rasgado cortou o ar; um amontoado de livros agarravam-se e rasgavam-se maldosamente.

– Parem com isso! Parem com isso! - exclamou o gerente, enfiando a bengala pelas grades e separando os livros à força. - Nunca mais vou ter essas coisas em estoque, nunca mais! Tem sido uma loucura! Pensei que já tínhamos visto o pior quando compramos duzentos exemplares de O livro invisível da invisibilidade, custaram uma fortuna e nunca achamos os livros... Bem... tem mais alguma coisa em que possa lhes servir?

– Tem - disse Grover, afastando-se cuidadosamente da gaiola e consultando a lista de livros -, precisamos de Esclarecendo o futuro, de Cassandra Vablatsky.

– Ah, estes estão por aqui - falou o gerente descalçando as luvas e conduzindo-os ao fundo da loja, onde havia um canto reservado para esse assunto. Em uma mesinha estavam empilhados livros como Prevendo o imprevisível: proteja-se contra choques e  Bolas rachadas: quando a sorte se transforma em azar.

"Aqui está", disse o gerente que subira em um escadote e trazia junto ao corpo uma pilha de livros grossos, encadernados de preto. "Esclarecendo o futuro. Um bom guia para todos os métodos básicos de adivinhação do futuro, quiromancia, bolas de cristal, tripas de aves..."

Mas interrompeu-se ao notar que o olhar de Nico havia pousado em outro livro, que fazia parte de um arranjo em outra mesinha: Presságios de morte: o que fazer quando se sabe que vai acontecer o pior.

– Ah, eu não leria isso se fosse você - disse o gerente de passagem, procurando ver se era ali onde Nico realmente estava olhando. - Você vai começar a ver presságios de morte por todo lado. Só isso já é suficiente para matar a pessoa de medo.

– E se eu fosse você - começou Nico, observando o gerente, sombriamente -, não desceria essa escada com uma pilha de livros novamente...

– Bem - disse Hagrid ao ver o gerente, meio atordoado, arregalar os olhos -, por que vocês não esperam lá fora enquanto eu termino de comprar o que precisam, hein?

Hagrid saiu da Floreios e Borrões dez minutos depois, com alguns livros nos caldeirões que haviam comprado e outros debaixo do imenso braço, e, juntando-se aos garotos, que esperavam lá fora, dirigiu-se até Annabeth que espremia o nariz, ansiosa, na vitrine do Empório de Corujas. Entraram na loja, que era escura e cheio de ruídos e brilhos e olhos que cintilavam como joias. O chão era repleto de palha, titica de coruja e esqueletos de ratos e arganazes que as corujas regurgitavam.

Annabeth agora carregava uma grande gaiola. Uma bela coruja de penas cinzentas e olhos verdes piava alegremente.

Logo depois, atravessaram a rua apinhada de bruxos e bruxas para ir à Animais Mágicos.

Não havia muito espaço dentro da loja. Cada centímetro das paredes estava escondido por gaiolas. Era malcheirosa e barulhenta porque os ocupantes das gaiolas guinchavam, palravam, sibilavam. A bruxa ao balcão estava ocupada ensinando a um garoto de rosto redondo como cuidar de um sapo para que ele não fugisse, por isso, Nico, Rachel e Grover aguardaram, examinando as gaiolas. Havia dois enormes sapos roxos que engoliam, com um ruído aquoso, um banquete de moscas-varejeiras mortas. Uma tartaruga gigante, o casco incrustado de pedras preciosas, cintilava junto à janela. Lesmas venenosas, cor de laranja, subiam lentamente pela parede do seu aquário, e um coelho branco e gordo não parava de se transformar em cartola de cetim e novamente em coelho, com um grande estalo. Havia ainda gatos de todas as cores, uma gaiola barulhenta de corvos, uma cesta de engraçadas bolas de pelo creme que zuniam alto, e, em cima do balcão, um gaiolão de ratos negros e luzidios que brincavam de dar saltos se apoiando nos longos rabos lisos.

O garoto do sapo fujão saiu e Hagrid aproximou-se do balcão.

– Viemos comprar alguns animais - disse à bruxa. - Hogwarts...

Vinte minutos depois, eles saíram da Animais Mágicos. Nico carregando um gato de pelos ralos e pretos e olhos amarelados que esfregava-se no braço do garoto; Rachel uma pequenina bola felpuda de pelos em tons rosados e espessos que girava delicadamente no fundo de sua gaiola emitindo guinchos agudos; e Grover um grande sapo arroxeado que coaxava timidamente.

– Agora só falta Olivaras - anunciou Hagrid, rouco -, a única loja de varinhas, Olivaras, e vocês precisam ter varinhas.

A última loja era estreita e feiosa. Letras de ouro descascadas sobre a porta diziam Olivaras: Artesãos de Varinhas de Qualidade desde 382 A.C. Havia uma única varinha sobre uma almofada púrpura desbotada, na vitrine empoeirada.

Um sininho tocou em algum lugar no fundo da loja quando eles entraram. Era uma lojinha mínima, vazia, exceto por uma única cadeira alta e estreita em que Hagrid se sentou para esperar. Havia estantes apinhadas de milhares de caixas estreitas arrumadas com cuidado que tocavam o teto. A própria poeira e o silêncio ali pareciam retinir com uma magia secreta.

– Boa-tarde - disse uma voz suave. Grover se assustou. Hagrid apenas sorriu.

Havia um velho parado diante deles, os olhos grandes e muito claros brilhando como duas luas na penumbra da loja.

– Ahn... olá - disse Annabeth, sem jeito.

– Ah, sim - disse o homem. - Sim, sim. Achei que ia vê-los em breve.

O Sr. Olivaras dirigiu-se até o balcão e, para total alívio de Annabeth, que havia sido chamada primeiro, ele viu Hagrid.

– Hagrid! Hagrid, Hagrid! Que bom ver você de novo... Carvalho, quarenta centímetros, meio mole, não era?

– Era, sim senhor.

– Boa varinha, aquela. Mas suponho que a tenham partido ao meio quando o expulsaram? - disse o Sr. Olivaras, repentinamente sério.

– Hum... partiram, é verdade - disse Hagrid, balançando os pés. - Mas ainda guardo os pedaços - acrescentou animado.

– Mas você não os usa, usa? - perguntou o Sr. Olivaras, severo.

– Ah, não senhor - respondeu depressa Hagrid, apertando o braço da cadeira alta, tentando expulsar lembranças.

– Hum - resmungou o Sr. Olivaras, lançando um olhar penetrante a Hagrid. - Bom, agora, Srta. Annabeth, vamos ver. - E tirou uma longa fita métrica com números prateados do bolso. - Qual é o braço da varinha?

– Hum, bem, sou destra. - respondeu Annabeth.

– Estique o braço. Isso. - Ele mediu Annabeth do ombro ao dedo, depois do pulso ao cotovelo, do ombro ao chão, do joelho à axila e ao redor da cabeça. Enquanto media, disse: - Toda varinha Olivaras tem o miolo feito de uma poderosa substância mágica, Srta. Chase. Usamos pelos de unicórnio, penas de cauda de fênix e cordas de coração de dragão. Não há duas varinhas Olivaras iguais, como não há unicórnios, dragões nem fênix iguais. E é claro, a senhorita jamais conseguirá resultados tão bons com a varinha de outro bruxo.

Annabeth de repente percebeu que a fita métrica, que a media entre as narinas, estava medindo sozinha. O Sr. Olivaras andava rapidamente em volta das prateleiras, descendo caixas.

– Já está bom - falou, e a fita métrica afrouxou e caiu formando um montinho no chão. - Certo, então, Srta. Chase. Experimente esta. Bordo e corda de coração de dragão. Vinte e dois centímetros. Boa e flexível. Apanhe e experimente.

Annabeth apanhou a varinha, mas o Sr. Olivaras a tirou de sua mão quase imediatamente.

– Salgueiro e pelo de unicórnio. Vinte e sete centímetros. Inflexível.

Annabeth apanhou a varinha. Sentiu um repentino arrepio nos dedos. Ergueu a varinha acima da cabeça, baixou-a cortando o ar empoeirado com um zunido, e uma torrente de faíscas pretas e azuis saíram da ponta como um fogo de artifício, atirando fagulhas luminosas que dançavam nas paredes.

Hagrid bateu palmas entusiasmado e o Sr. Olivaras exclamou:

– Bravo! Mesmo, ah, muito bom.

Mais calmos, um por um dirigiu-se ao balcão, foi medido e experimentou as varinhas até encontrar a que melhor lhe convinha.

"Creio que esta, Srta. Dare. Faia e pelo de unicórnio. Um pouco flexível. Vinte e cinco centímetros" "Estupendo, Srta., realmente impressionante!"

"Mogno e corda de coração de dragão, Sr. Underwood. Flexível. Trinta centímetros." "Esplêndido, sim, sim! Grandes feitos, Sr. Grover, grandes feitos..."

"Tente esta Sr. di Ângelo. Azevinho e pena de fênix. Inflexível. Trinta e três centímetros." "Curioso..."

"Experimente esta, Sr. Jackson. Redwood e pena de fênix. Vinte e oito centímetros. Boa e maleável. " "Muito bem! Combinação interessante..."

Pagaram sete galeões em cada varinha e o Sr. Olivaras curvou-se à saída deles.

O sol de fim de tarde quase chegara ao horizonte quando eles refizeram o caminho para sair do Beco Diagonal, atravessar a parede e passar novamente pelo Caldeirão Furado, agora vazio. Hagrid pediu para que fossem arrumar suas malas com o que haviam comprado, pois amanhã embarcariam para Hogwarts. Percy subiu as escadas fazendo barulho, carregando, em uma das mãos, o caldeirão repleto de livros e vestes. Despejou seus livros em cima da cama e largou-se em cima dos lençóis acinzentados e confortáveis. Alguém estivera ali limpando o quarto; as janelas abertas deixavam entrar o pôr do sol. Percy ouviu os ônibus passarem lá embaixo, na rua que ele não via, e o som dos transeuntes invisíveis no Beco Diagonal. Começou a lembrar-se do Acampamento Meio-Sangue... de sua mãe e suas deliciosas comidas azuis... um rapaz de cabelos pretos e olhos verdes, que sorria malevolamente... a voz... conhecida... que chamava seu nome... alguém chorando...


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Notas finais do capítulo

Esperando seu review ansiosamente!