La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 7
Para mentir, apenas duas coisas são necessárias




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/401642/chapter/7


"Para mentir, apenas duas coisas são necessárias: alguém que minta e alguém que escute a mentira"
Homer Simpson

Era fim de tarde e o tempo estava fechado, talvez para combinar com seu estado de espírito. Cebola não a procurou, talvez para evitar mais problemas com a Mônica. E ela também não queria falar nem com ele, nem com ninguém. Queria apenas um pouco de sossego para colocar as idéias no lugar. O que ela poderia fazer para melhorar sua situação com a Mônica? Por mais que pensasse, nenhuma solução aparecia. Nada ia consertar toda aquela confusão e ela chegou a cogitar a possibilidade de mudar de escola. Não havia mais nada para ela no Colégio do Limoeiro.

__________________________________________________________

Uma jovem elegantemente vestida caminhava pelo parque falando pelo celular. Ela usava roupas de uma famosa grife francesa e andava como uma miss na passarela. Os rapazes a olhavam com grande interesse e as moças com desagrado, mas ela não prestava atenção em ninguém.

– Tem certeza de que ela veio parra cá? – perguntou fingindo que conversava com alguém no celular. Só assim para poder conversar com Agnes em público sem se passar por louca.
– Sim. Ela foi naquela direção.

Atrás de alguns arbustos, ela viu uma moça loira de cabelos curtos sentada em um banco. Ela parecia chorar. Muito bem. Hora de colocar em prática as aulas de teatro que ela tinha feito quando vivia em Paris.

Bonsoir (boa tarde) querrida. Está tudo bem com você?

Irene ficou surpresa com aquela moça tão bonita e elegante na sua frente se dirigindo a ela com tanta intimidade.

– Eu... eu conheço você?
– Oh, mon Dieu! Excusez moir (me desculpe) pour mon grosserria! Mon nom es Penha, enchantée (encantada)!
– Er... prazer, meu nome é...
Irrene, n'est-ce pas (não é)?
– Como você sabe?
– Ah, querrida... acredito que o bairro inteirro sabe depois daquele escândalo em frente ao colégio.

A loira ficou com o rosto vermelho de vergonha.

– Olha, aquilo não foi culpa minha, eu não tinha feito nada e...
S'il vous plaît (por favor), non precisa explicar! Eu sei que non es culpa sua cherry.
– Sabe? Como?
– Porque eu conheço muito bem a Mônica parra saber que a culpa es somente dela! Ah, aquela desclassificada escandalosa! Sempre destilando seu ódio contra garrotas mais bonitas e charmosas do que ela! E pelo visto, a nova vítima es vous.
– Não sei se entendi.
Clarro que non, parra isso eu tenho que te contar toda a histórria, mas é tão triste... nem sei se consigo lembrar! – ela falou enxugando uma pequena lágrima que tinha rolado dos seus olhos. Agnes não se impressionou, pois sabia que era puro fingimento. Mas Irene acabou caindo no truque.
– O que ela te fez? Se quiser desabafar...

Penha se aproveitou da receptividade da outra e resolveu contar todo o seu suposto drama.

– Sabe, eu fui a primeira namorrada do Cebolinha. Hoje vocês o chamam de Cebola, n'est-ce pas?
– Nossa, você namorou o Cebola? Sério? Pensei que ele só tivesse namorado com a Mônica!
– Foi algo rápido, non durrou nem um dia!
– Por quê? Vocês brigaram?
– Sim, tudo por causa da Mônica que deu um jeito de nos infernizar até acabar com o nosso namorro.

Irene ouviu, entre lágrimas, uma história muito triste de como Penha e Cebola se gostavam, mas tiveram que se separar por causa da Mônica. Também contou que Mônica maltratou a ela e suas amigas no passado e também do reencontro dela com o Cebola depois que cresceram e de como, mais uma vez, sua inimiga tinha estragado tudo separando os dois novamente.

Penha foi distorcendo os fatos de tal forma a colocar Mônica como vilã e ela como vítima. Ela até chegou a levantar um pouco a peruca para mostrar a Irene o estrago que Mônica tinha feito nela, deixando a moça chocada.

“Tola ingênua...” Agnes pensou observando as reações da moça. Como ela podia ser tão boba em acreditar naquela história confusa e mal contada? Claro, Penha era uma excelente mentirosa e conseguia fingir tão bem que convencia até o mais cético dos mortais. E aquelas lágrimas de crocodilo que ela derramava não deixavam nenhuma dúvida.

– Coitadinha, eu sinto muito! Nossa, a Mônica tão cruel assim?
– Muito cruel, querrida! Agorra eu estou sem minhas melhorres amigas. Agnes morreu, pobrezinha... e Sofia acabou indo parra o lado dela e ficando contra mim. Eu perdi o Cebola, mes lindos cabelos, fiquei com essa cicatriz horrorrosa na cabeça... ah, tantas coisas! Ela estragou minha vida totalmente!
– Nem consigo imaginar uma coisa dessas.

__________________________________________________________

Cebola ouvia em silêncio enquanto Mônica, com o rosto vermelho e os olhos inchados de tanto chorar, se desculpava pelo seu comportamento horrível e pelo que tinha feito com Irene.

– Agora eu sei que você não tem nada com ela, sinto muito. Olha, você pode conversar com ela quando quiser que eu não ligo mais. Se você fala que não tem nada com ela, então eu acredito porque confio em você.

Ele, que estava pronto para brigar, ficou até desarmado ao ouvir essas palavras e ver que ela parecia mesmo arrependida.

– Puxa... eu nem sei o que dizer. Mas confia em mim quando digo que não tenho nada com ela, nada mesmo!
– Sim, eu acredito. Não quero mais ficar te controlando e nem pegando no seu pé. É muito chato isso.
– Ainda bem que pensa assim.
– Toma. Entrega esse convite pra Irene. Domingo eu me desculpo com ela na festa da Isa.
– Vou entregar pra ela hoje mesmo sem falta.
– Tá bom, não deixa pra última hora que hoje já é sexta.

__________________________________________________________

Sim, o plano estava dando certo e Penha resolveu ir para a próxima fase. Ela enxugou as lágrimas e olhou para Irene com uma versão menos agressiva do seu olhar do desprezo. O suficiente apenas para envolver a moça e deixá-la sugestionável as suas palavras.

– Ah, você consegue imaginar sim, porque ela está te fazendo o mesmo que fez comigo!

Irene teve um sobressalto.

– Mesmo? Então não era coisa só da minha cabeça? Você percebeu isso?
Clarro que sim, cherry! Isso está mais do que óbvio!
– Ah, não! O que eu faço?

Vendo que Irene tinha mordido a isca, Penha resolveu ir direto ao assunto.

– Por isso eu acho que nós deverríamos fazer alguma coisa.
– Nós? Como?
– Uma bela lição parra ela nunca mais maltratar ninguém na vida! Ela precisa aprender como é dolorroso perder todos os amigos e o rapaz de que gosta.
– Você tá falando de vingança? Ah, sei lá... não acho certo ficar vingando dos outros.
– Acha certo o que ela fez comigo e está fazendo com você?
– Não, acontece que... que... eu ainda não sei se quero fazer esse tipo de coisa!

“É realmente uma tola fraca e patética”. A francesa pensou consigo mesma sentindo repulsa e desprezo pela moça chorosa. Ela detestava pessoas fracas e sem atitude. Vendo que Irene vacilava muito e estava insegura, ela achou melhor não pressionar ou a moça ia acabar desmoronando de vez, perdendo toda a utilidade.

– Eu não querro te pressionar, mon cherry. Sei que acha horrível se vingar de uma pessoa. Mas pense bem: se ninguém deter a Mônica, ela continuarrá tornando as pessoas ao seu redor infelizes! Non es vingança. Es justiça!
– É tudo tão complicado! Nem sei o que pensar!
– Vá parra casa, pense bem e depois me responda. Aqui está meu cartão, cherry. Pode me ligar a qualquer horra do dia ou da noite. Estarrei esperrando.
– Tá bom.

Ela levantou-se e deu dois beijinhos no rosto da Irene, como se fossem velhas amigas e se despediu.

– Até logo, querrida!

Irene ficou olhando-a se afastar. Ela era tão bonita e requintada! E ao mesmo tempo, era uma pessoa doce, sensível que e se importava com os outros. Quem sabe elas não poderiam ser boas amigas? Considerando o rumo que as coisas estavam tomando, ela ia mesmo precisar de uma boa amizade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!