La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 62
Chega de velhas desculpas e velhas atitudes!


Notas iniciais do capítulo

É isso aí, pessoal! Esse foi o último capítulo. Espero que tenham gostado. A quem acompanhou até aqui, meu muito obrigado pelos comentários e recomendações, são muito importantes pra mim.

Até a próxima fanfic!



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“Chega de velhas desculpas e velhas atitudes! Que o ano novo traga vida nova, como o rio que sai lavando e levando tudo por onde passa”
Wanderleia Isabel



- Ela passará por um período de reabilitação e depois disso será encaminhada para reencarnar. – Seu superior falou, esclarecendo as dúvidas do Ângelo.
- Não tem perigo de ela fugir e voltar pra Terra?
- Dessa vez não. Tiramos toda aquela energia negativa que lhe dava forças e agora ela precisa se reequilibrar.
- Quando ela vai reencarnar?
- Daqui a uns dez ou doze anos, vai depender da pessoa que irá recebê-la como filha.
- Será que vai dar certo? Elas foram amigas uma vez, só que depois tudo desandou e a Agnes tomou raiva dela.
- É por isso que elas terão que se entender como mãe e filha. Será um período de aprendizado para ambas.

Ângelo saiu dali bem aliviado ao saber que Agnes não ia mais trazer problemas para ninguém. Ele consultou o relógio e viu que eram nove da noite. Hora da festa de reinauguração da padaria do seu Quinzão.

- Melhor eu me apressar. A Magali falou que vai ter bolinhas de queijo!

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“É hoje que eu falo com ela! Dessa vez não vai ter erro!” Cebola pensou consigo mesmo no caminho para a padaria do seu Quinzão junto com seus pais.

- Nervoso, filho? – Seu Cebola perguntou ao ver que o rapaz estava tenso.
- Er... eu tô de boa! – ele falou tentando não mostrar sua insegurança.
- Vocês dois tem se entendido bem nesses dias. Vai dar certo sim. – D. Cebola falou tentando incentivá-lo.

Ele continuou o caminho em silêncio. Sua mãe estava certa. Ele e a Mônica estavam mesmo se entendendo bem. Só que o pai dela estava complicando as coisas para o seu lado. Se não fosse por isso, ele já teria conversado com ela há mais tempo.

Será que ela ia aceitar seu pedido? E se dissesse não? Era seu maior medo. Ela disse que o tinha perdoado, mas não queria que as coisas voltassem a ser como antes, por isso ele pretendia dar aquele passo adiante. Sua fixação em derrotá-la tinha se tornado coisa do passado. Afinal, ele estava para completar dezesseis anos, não podia mais agir como um garotinho de sete.

Ainda assim ele tinha medo de sua rejeição. Tudo precisava ser bem calculado para não ter erro. Será que tinha como ela voltar a amá-lo novamente?

- Olha, tá crescendo um brotinho! – Maria Cebolinha falou apontando para o tronco de uma árvore que tinha sido serrada porque seus galhos se emaranhavam na rede elétrica.
- Sim, filha, é bonitinho. – Sua mãe falou puxando a menina pela mão.

Cebola parou um pouco e ficou olhando aquele broto. Era pequeno, delicado e qualquer coisa poderia destruí-lo. Igual ao sentimento da Mônica. Ele teria que cuidar e proteger até que voltasse a ser uma árvore novamente. Ia ser um grande desafio, mas era disso mesmo que ele gostava.

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Na padaria do seu Quinzão, pai e filho andavam de um lado para outro empenhados em servir os convidados, ambos muito felizes com a reinauguração da padaria. A reforma tinha ficado muito boa e eles compraram muitas coisas novas, deixando o lugar com aparência mais moderna e elegante.

- Hummm! Esses docinhos estão uma delícia! – Magali falou devorando uma bandeja.
- E a sua dieta saudável?
- Começo amanhã, palavra!

Cascão também chegou perto delas comendo um salgado com copo de refrigerante.

- A festa tá boa mesmo! E o rango é de primeira!
- Meu fofucho só faz coisas de primeira!
- E o Cebola? – Mônica perguntou.
- Tá vindo aí, daqui a pouco ele chega.
- Ué, por que esse interesse?

O rosto dela ficou vermelho com o tom malicioso que Magali tinha dado a pergunta e procurou desconversar. Mas não adiantou muito porque ela viu o rapaz entrando junto com seus pais e ficou mais vermelha ainda.

Cebola ficou olhando para ela feito um bobo, com o rosto também vermelho e o coração aos pulos. E daquela vez a emoção era real, não aquela coisa confusa e desordenada que ele tinha sentido pela Irene. Dava para saber o que ele sentia e o quanto sentia, não havia dúvidas: ele a amava mais do que qualquer outra coisa no mundo e ia fazer de tudo para reconquistá-la.

- E aí, gente? Festa maneila (cof, cof) maneira! – ele falou tentando disfarçar seu embaraço, mas o troca-letras o denunciou.
- Oi, tudo bem? – Mônica perguntou meio sem jeito e os quatro procuraram aproveitar a festa comendo, bebendo e conversando. Os dois sempre trocavam olhares e sorrisos, o que deixava ambos com o rosto vermelho.

De longe, DC observava os dois em silêncio.

- Você tá bolado com os dois? – Nimbus perguntou ao ver a quietude do irmão.
- Tô de boa, tranqüilo. A Sue falou que vai visitar a Mônica lá pelo dia quinze. Aí eu vou conhecer ela pessoalmente!

Com o intermédio da Mônica, DC conheceu Sue e logo ficou encantado com aquela garota maluquinha e seu hobby tão diferente e incomum. E o fato de ela morar longe não o desanimou nem um pouco. Já que a maioria das pessoas evitava relacionamentos a distância, ele pretendia seguir o caminho contrário.

Não dava para saber se ia ou não dar certo porque tudo estava muito no início, mas era uma forma de seguir em frente.

- Eu não entendo...
- O quê?
- Quando soube que a Mônica tinha dado o fora no Cebola, por que não chegou nela? Era sua chance de ouro, cara!
- Pode ser, mas eu queria que o Cebola também tivesse a chance dele, que tentasse conquistar ela de verdade.
- E parece que ele conseguiu, agora você não vai ter mais chance.

DC deu de ombros.

- Ele estava disposto a morrer junto com ela. Não tem como eu competir com isso. – ele falou encerrando aquele assunto.

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Cebola rodeava, conversava aqui, olhava dali e não conseguia uma chance de conversar a sós com a Mônica porque seu pai não parecia muito disposto a colaborar. Que coisa chata!

- Chame-a para conversar lá fora. – Seu Cebola aconselhou. – Deixe que eu me entendo com o Souza.
- Acho que ele me odeia!
- Claro que não, filho! E nem pode, ele te conhece desde pequeno! Eu vou lá conversar com ele e tudo vai se resolver, não se preocupe.
- Valeu, pai!

Seu pai pegou duas taças de champanhe e foi conversar com o pai da Mônica. Quando viu que Souza não ia causar problemas, ele respirou fundo e tomou uma atitude.

- Magali, rola de eu seqüestrar a Mônica um pouco? – ele falou em tom de brincadeira para disfarçar o nervosismo. Não deu muito certo porque as garotas começaram a dar gritinhos e a bater palmas, deixando ambos mais vermelhos que tomate.

Ele a pegou pela mão e os dois foram quase correndo para o lado de fora. Que pessoal mais escandaloso aquele!

A noite estava bonita, embora ainda fizesse um pouco de frio já que o clima não tinha normalizado totalmente. Mas era um frio agradável, que não incomodava.

Os dois ficaram em silêncio por uns instantes e Cebola tentou puxar assunto.

- A padaria do seu Quinzão ficou uma beleza, não ficou?
- Ah, sim! Eles capricharam! E a comida tá ótima!
- Pois é...

Mais uma vez o silêncio e Cebola não sabia se cruzava os braços, colocava as mãos nos bolsos ou atrás das costas.

- Er... tipo assim...
- Heim?
- Pena que o Ângelo não achou o Capitão Feio! Ele ainda vai voltar pra atrapalhar a gente! – ele falou com um pouco de suor escorrendo pela sua testa, sem saber como chegar diretamente ao assunto.
- Pois é.
- Mas pega nada não, quando ele aparecer, a gente vai dar um jeito e... – Mônica acabou se cansando de tanta conversa inútil e o pegou pela gola da camisa, puxando-o bruscamente para junto de si e encostando os lábios nos dele.

O rapaz levou um susto, mas logo relaxou e a envolveu num abraço forte, aprofundando o beijo. Ele não fazia idéia de que estava com tanta saudade assim. Foi um beijo muito diferente do que ele tinha dado nela anteriormente, era urgente e desesperado. Até a própria Mônica ficou surpresa com tanto ardor.

- Cê... – ela murmurou quando seus lábios se separaram um pouco.
- Eu adoro quando você me chama de Cê! Mô, eu sei que fui um tremendo idiota, mas se me der uma chance prometo fazer de tudo para que você não se arrependa nem por um segundo de ter voltado a ser minha namorada.

A voz morreu na sua garganta, suas pernas tremiam como gelatina, o coração parecia perto de atravessar o peito e seus olhos se encheram de lágrimas.

- V-você está f-falando sério? Olha, não precisa fazer isso se não quiser...

Ele a calou com outro beijo e voltou a falar.

- Estou fazendo porque quero. Se eu não fosse tão tapado, já teria feito isso há muito tempo. Mô você quer namorar comigo?

Ela não pensou nem por dois segundos e falou lhe dando um forte abraço.

- Sim, é claro que sim!

Cebola correspondeu seu abraço com toda força que pode reunir, sem se importar com as lágrimas que caíam dos seus olhos. Daquela vez eram de felicidade.

- Ai gsuis me abana! Vocês estão namorando de novo? Que tudo, espera só até o pessoal ver esse mega-vídeo!
- Como é que é? Você ficou doida? – Mônica falou quase partindo para cima da Denise.
- Genteeeee! Venham ver esse bafão! – ela gritou correndo de volta para a padaria, deixando Mônica soltando fumaça pelas orelhas e Cebola com um acesso de risos. Aquela ruiva não tinha a menor vergonha mesmo!
- Você tá rindo, é? Viu só o que ela acabou de fazer? Grrrrr! Aquela ali me paga!

Ele voltou a abraçá-la e pousou um beijo na sua testa.

- Tranqüilo, Mô! Está certo que o pessoal vai pegar no nosso pé pelo resto do ano, mas quem liga?
- Tá bom, vou poupar a vida dela só porque estou feliz. Vem, vamos voltar pra dentro antes que meu pai venha me buscar. Aí você já viu, né?

Sem que ela percebesse, ele engoliu ruidosamente ao pensar que em breve teria que enfrentar a fera. Bem, ia valer a pena. Os dois voltaram para dentro da padaria, sob aplausos de toda a turma. Ambos ficaram sem jeito, ainda mais com Denise mostrando o vídeo gravado pelo céu celular para todo mundo.

De longe, Irene sorria feliz em ver que eles tinham se acertado. Ela até pensou em lhes dar os parabéns, mas achou melhor não abusar da sorte. Um rapaz bem vestido se aproximou dela segurando dois copos de refrigerante.

- Aceita um?
- Obrigada.
- Você está sozinha?
- Vim com meus pais... – ela falou meio sem jeito.
- Qual é o seu nome?
- Irene. E o seu?
- Roberto Daniel Junior, prazer.

Ela apertou a mão dele e os dois continuaram conversando animadamente.

A festa estava sendo um sucesso e todos estavam felizes. No meio daquela agitação, Mônica sentiu um cheiro familiar, cheiro de lírios. Por um instante ela viu a imagem de Araci contemplando o campo de lírios. A velha índia voltou-se para ela e lhe deu um sorriso, acenando a cabeça levemente. Isso lhe fez saber que estava no caminho certo.

Quando chegou o ano novo, todos comemoraram cheios de esperança no coração.

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O tempo passou depressa e já tinha chegado o mês de março.

De quatro, ela esfregava o chão do banheiro com uma escova de dentes. Seus joelhos estavam esfolados, as mãos cheias de calos e as unhas em estado de miséria. As unhas que Agnes tinha arrancado ainda não tinham crescido totalmente e as outras tinham se quebrado.

Seus cabelos ainda estavam curtos porque quando tinham crescido um pouco, aquela criatura psicopata tinha raspado novamente só por diversão. E quando ela pensou que sua vida não tinha como piorar, eis que seus pais lhe chamaram para uma conversa séria e soltaram a bomba. Na verdade, um bombardeio.

Por causa dos processos contra ela, eles tiveram um enorme prejuízo. Foi preciso vender três mansões para pagar todas as indenizações e demais despesas. Por causa disso, uma decisão radical foi tomada.

- Nós relaxamos muito com sua educação. – seu pai falou muito sério e sua mãe o apoiou.
- Achamos que te dar tudo ia te fazer feliz, mas isso foi um erro! Então de hoje em diante, muitas coisas vão mudar nessa casa.

E mudaram mesmo. Todas as suas regalias foram cortadas, cartões de crédito cancelados, as jóias foram tomadas e eles decidiram que ela não ia mais mandar naquela mansão e nem aterrorizar os empregados como fazia antes.

Só que aquilo não foi o pior. Como ela tinha o gênio muito difícil e era excessivamente mimada, eles decidiram que a solução era interná-la em um colégio, onde teria uma disciplina muito rígida, sem grandes mordomias e assim aprenderia a ser mais dócil.

E lá estava ela, num dos internatos mais rígidos da Europa. A nova escola ficava em Portugal e o ambiente ali era muito formal, com rotinas e horários rigorosos. E quem quebrasse as regras era punido severamente.

- Não terminaste o serviço? – uma voz estridente falou, acompanhada de risos de outras duas vozes. Eram suas colegas de quarto, três garotas nascidas em Lisboa e que estudavam ali desde o primário.

Como era muito mimada, antipática e ríspida ao tratar as pessoas, Penha acabou conquistando a antipatia das suas colegas. Depois de muitas brigas e incidentes, aquelas três decidiram que estava na hora de colocar aquela metida em seu lugar, forçando-a a fazer os trabalhos pesados e sujos.

- Eu terminaria mais depressa se não tivesse que usar uma escova de dentes! – Penha falou com sua arrogância de sempre.
- Oh! Ela me respondeu? Foi isso mesmo que eu escutei?
- Foi sim!
- Eu também estou a ouvir!
- Respondi mesmo, vocês estão abusando! Por acaso sabem quem é meu pai? Ele é muito rico, tem mansões pelo mundo inteiro e... – um chute foi desferido em seu traseiro, fazendo-a cair no chão.
- Por acaso seu paizinho está aqui para ajudar-te? Que eu saiba, não!
- Esperamos que tudo esteja limpo quando voltarmos, senão...

Elas saíram dali dando risadas, deixando Penha remoendo sua revolta e insatisfação. Nem seu olhar do desprezo funcionava mais, ninguém lhe respeitava e agora ela estava sendo tratada da mesma forma que ela tratava as empregadas na sua mansão.

Por um instante, ela culpou a Mônica por tudo o que tinha lhe acontecido.

- Eu ainda acabo com aquela miserável! Ela me paga!

Ela continuou limpando e resmungando quando uma sombra apareceu na parede de azulejos, enchendo-a de arrepios desagradáveis. Num instante, ela limpou sua mente daqueles pensamentos de vingança e continuou seu trabalho rapidamente.

Araci deu uma risada e saiu dali satisfeita em ver que aquela criatura mimada estava tomando jeito, ainda que aos poucos e muito devagar.

- Tudo bem. As pessoas mudam. Elas sempre mudam.


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