La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 56
A crueldade é um dos prazeres...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/401642/chapter/56


“A crueldade é um dos prazeres mais antigos da humanidade”
Friedrich Nietzsche

Astronauta ia rastreando toda a atmosfera terrestre buscando informações da origem daquele distúrbio. Era como se aquilo viesse do nada, o que era muito estranho.

Xabéu acompanhava tudo muito preocupada com sua família. Se o mundo entrasse em uma era do gelo, o que seria deles e de toda a turma?

– Algum resultado alferes? – Astronauta perguntou.
– Não senhor. Está difícil rastrear a atmosfera por causa da interferência dos satélites da Terra. São quase três mil satélites, é muita coisa!
– Espero que alguém lá embaixo esteja com mais sorte. – Xabéu falou. – Ou as conseqüências serão terríveis!

__________________________________________________________

Em seu quarto, Cebola estava quebrando a cabeça tentando pensar em um bom plano para reconquistar a confiança da Mônica, o que não ia ser nada fácil. Seu pai havia lhe explicado que confiança perdida era como vaso quebrado. Não tinha conserto. Só que ele não ia desistir tão fácil.

– Se não dá pra consertar o vaso quebrado, então eu tenho que dar outro pra ela! E tem que ser maior, melhor e mais bonito!

Ele sabia que palavras não iam adiantar mais, tinha que ser algo concreto e sólido. Algo que não deixasse a menor sombra de dúvidas. Embora não conseguisse imaginar qual seria o caminho, ele estava disposto a fazer qualquer coisa provar que era digno dela e estava a sua altura. Como fazer isso? A única solução era fazer algo para salvar a Terra.

– Eu preciso achar o Capitão Feio. Ou então a Penha, ela deve ter alguma pista do esconderijo dele. Droga, onde ela tá? Será que ninguém mais viu o que aconteceu?

Uma idéia lhe ocorreu e ele saiu em disparada para a casa da Mônica. Se seu palpite estivesse certo, talvez fosse possível conseguir alguma pista sobre a Penha. Quando tocou a campainha, um sujeito de cara muito feia o atendeu.

B-boa t-tarde seu Souza... a M-Mônica tá em casa?

Ele torceu o nariz e olhou o rapaz de cima a baixo.

– O que quer com a minha filha?
Glup! Eu só quelo fazer uma pergunta pla ela! É sélio!
– Querido, por favor! – Luiza falou ao ver que o rapaz estava em pânico. – Olha os modos!
– Hunf! Estou de olho em você, moleque!
– A Mônica está no quarto dela. Você pode subir.
O-obligado, D. Luiza. – ele foi saindo dali sob o olhar zangado de Souza. Certo, depois de tudo o que tinha feito, não dava para esperar uma recepção calorosa.

Chegando no quarto da Mônica, ele bateu levemente na porta e entrou.

– Cebola? O que foi? Ih, é o meu pai né? – ela falou ao ver que o rapaz estava tremendo de medo.
– Deixa pla lá... cof cof! Eu vim te fazer uma pergunta. Parece que você andou fazendo amizade com uma empregada lá da casa da Penha, é verdade?
– Tá falando da Joana? Pois é, ela me ajudou um monte.
– Quem sabe ela não tem alguma informação do que aconteceu? Os empregados costumam ouvir muitas coisas dos patrões.
– Ela não trabalha mais ali. Mas ainda tenho o celular dela. Vou ligar pra ver se consigo alguma coisa.

Ela discou o numero e depois de alguns toques a pessoa do outro lado atendeu.

– Joana? Oi, como vai? É a Mônica, lembra de mim? Aqui, eu só tô ligando pra te pedir uma informação. É o seguinte: enquanto você tava na casa da penha, por acaso não notou nenhuma conversa sobre o seqüestro dela? Ah, é? E aí?

À medida que Joana falava, Mônica respondia com monossílabos, deixando Cebola bem nervoso.

– E aí? Ela sabe? – ele tentou perguntar e ela levantou uma das mãos pedindo silêncio.
– Puxa, que interessante! Ele falou mesmo isso? É?
– Fala logo! – ele sussurrou mordendo a camisa de tanto nervosismo.

Mônica ainda conversou mais um pouco, perguntando como ela estava em seu novo emprego e só depois de uns cinco minutos de conversa desligou o celular e voltou-se para o rapaz que estava para morrer de tanta curiosidade.

– E aí? Ela falou alguma coisa?
– Falou sim e eu já sei o que aconteceu.
– E o que aconteceu?
– Agnes.

__________________________________________________________

– Ah, que coisa... eu devia ter providenciado um avental. Agora minha roupa ficou toda suja! – Agnes falou displicentemente, ignorando o choro e os gritos da Penha que se contorcia de dor presa pelas correias da cama. – Ora, vamos! Vai fazer todo esse escândalo por causa de uma unha quebrada? Você é muito chorona mesmo!

As mãos da moça sangravam muito porque além de ter arrancado duas de suas unhas com um boticão, Agnes tinha feito vários cortes em sua palma.

– Esses cortes parecem profundos. Está doendo, querida? Heim? Não? Ora, então vamos resolver isso! – ela foi até a mesa, pegou um pote de sal e foi despejando aos poucos nas suas mãos como um cozinheiro que tempera a comida. Os gritos da Penha aumentaram mais ainda.

– Isso, grite bastante! Você sabe que eu adoro quando meus pássaros cantam! Se eu soubesse que isso fosse tão bom, teria experimentado antes. Acho até que vou trazer novos pássaros para minha casa de vez em quando, o que acha?

Penha só gritava e chorava, nem conseguia mais entender as palavras da outra.

– Bom que você concorda, amiga! Oh, essa não! Está na hora de ir, que coisa! O tempo passa rápido demais quando nos divertimos.

Ela desatou as correias e, na sua forma monstruosa, segurou-a com os tentáculos e atirou com força para dentro da gaiola, trancando logo em seguida.

Depois ela voltou ao normal outra vez e com um pouco de concentração suas roupas ficaram limpas novamente. Agnes colocou um braço dentro da gaiola e passou um dedo suavemente no rosto da Penha, que se encolheu toda implorando para que ela não lhe machucasse mais.

– Você está triste por eu ter que ir embora? Por favor, não chore! Eu prometo que voltarei em breve para brincarmos juntas.

Dito aquilo, ela desapareceu no ar deixando sua vítima com sua dor e desespero.

__________________________________________________________

– Tem certeza de que é por aqui? Esse lugar é sinistro demais! – Cascão falou olhando para os lados. Magali também estava assustada.
– Credo, que lugar para construir uma casa! Parece até aqueles filmes!
– O caminho que eu lembro é esse aqui e até que não mudou muita coisa. Tomem cuidado com o tronco, viu?
(Cebola) – Que tronco? Ai! Pindarolas!!!
– Esse tronco! Você machucou? – ela o ajudou a se levantar, limpando suas roupas.
– Tranqüilo. Mas avisa antes, beleza? Bem antes!
– Aff, tá bom. Agora vamos e tem um barranco lá na frente! Vê se não vai cair dessa vez!

Cascão não teve dificuldade nenhuma e foi descendo ajudando Magali. Cebola e Mônica também conseguiram descer sem grandes incidentes e logo estavam diante da casa da Agnes, que parecia estar mais sombria que antes.

– Credo, Mô! Você entrou mesmo aí? Parece assustador! – Aquela casa estava ainda mais feia e assustadora do que há uns anos atrás, quando ela entrou ali com Dudu para libertar os pássaros que Agnes tinha prendido.
– Entrei pra salvar os porcos alados. Será que a Penha tá mesmo aí, Cebola?
– Bem, esse seria o único lugar onde Agnes iria levá-la.

Pelo que Joana tinha lhe contado, o chofer afirmava ter visto um grande monstro cheio de tentáculos atravessando o telhado da casa e levando Penha para longe. Ninguém acreditou nele, mas pela descrição que a mulher tinha dado, Mônica deduziu se tratar de Agnes.

– Por que ela teria raptado a Penha? Achei que fossem amigas. – Magali perguntou.
(Mônica) - Aí eu não sei. Alguma coisa deve ter acontecido.
(Cascão) – E a gente vai mesmo entrar aí? Cruz credo!
(Cebola) – Ainda não. Estamos esperando mais uma pessoa.
(Cascão) – Quem?
– E aí, galera? – uma voz falou do alto e todos ficaram aliviados.
– Ângelo!

Antes de entrarem naquela aventura, Cebola deu um jeito de chamar Ângelo para o caso de encontrarem Agnes. Ele era o único que podia lutar com ela.

(Ângelo) - Acha mesmo que ela tá aí Cebola?
– Acho. E também acho que ela pode saber onde fica o esconderijo do Feio.
– Tomara, porque tá muito difícil achar ele!

Eles entraram com Ângelo empunhando sua espada. O lugar estava sujo, empoeirado, repleto com teias de aranha e móveis quebrados. A porta para o porão continuava quebrada também, indicando que ninguém tinha se dado o trabalho de concertá-la.

(Cascão) – Será que ela tá mesmo aqui?
– Deve estar e... espera! Tô ouvindo alguma coisa!

Eles apuraram os ouvidos e perceberam a voz abafada de alguém vindo do porão.

– É a Agnes? – Magali perguntou roendo as unhas.
– Só tem um jeito de saber. – Mônica respondeu descendo as escadas sem esperar por ninguém. Cebola foi logo atrás e segurou pelo braço.
– Ô, peraí! Pode ser perigoso.
– Ela não tá aqui. Mas vejam quem está! – ela apontou para uma grande gaiola pendurada no teto e que estava a meio metro do chão. Lá dentro eles viram uma garota enrolada num cobertor velho, chorando e tremendo de frio. – Penha!



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!