La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 50
Aquele que muito confia...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/401642/chapter/50


“Aquele que muito confia, muito se decepciona”
Autor desconhecido


O vídeo era de boa qualidade e não deixava a menor dúvida. Dava para ver e ouvir tudo perfeitamente.

A gravação começou mostrando a imagem da Penha ajeitando a câmera. Logo em seguida Irene chegou, elas começaram a conversar e depois Penha lhe fez maquiagem simulando ferimentos e hematomas no rosto.

- Non se esqueça de gritar bastante, isso é essencial!
- Acha que todo mundo vai acreditar?
- Se você souber fazer direito, oui! Essa maquiagem vai convencer todo mundo! Agorra deixa eu fazer mais uma coisa.


Depois Penha rasgou suas roupas, arranhou e até lhe deu tapas no rosto. Em seguida saiu correndo dali e pouco depois Mônica chegou.

Foi quando começou o teatro. Irene gritava por socorro ao mesmo tempo que tentava simular na Mônica sinais de briga arranhando seu rosto, rasgando suas roupas ou desarrumando seus cabelos. Ela apenas tentava segurá-la e dava para ver claramente que não tinha lhe dado um único tapa sequer. Quando alguns alunos começaram a chegar, Irene se jogou no chão e ficou chorando e implorando para que Mônica não lhe batesse mais.  

E as coisas pioraram quando ele viu a si mesmo dizendo palavras duras e cruéis.

- Eu nunca mais vou te perdoar por isso, nunca! Ouviu? Nunca! Você morreu pra mim, acabou de vez!
- Cebola, não fala isso! Eu juro que não fiz nada! Por favor, acredita em mim!
- Vai jurar nos quintos dos infernos! E some da minha frente! Maldito o dia em que te conheci, você só estraga a minha vida!


Ele arregalou os olhos e mal podia acreditar no que tinha acabado de ouvir.

- Caramba! Eu falei mesmo essas coisas?
- Tá tudo aí, devidamente gravado e registrado. Não dá pra duvidar mais.

Quando o vídeo acabou, ele e fechou o navegador espumando de raiva por ter acreditado naquela farsa. Ele não conseguia acreditar que Irene, sua amiga, tinha armado toda aquela mentira contra a Mônica, causando sua expulsão do colégio.

- Ela não pode ter feito isso!
- Uma imagem vale mais que mil palavras. Não é o que dizem?
- Como eu podia imaginar que ela tava de amizade com a Penha? Isso é loucura!
- Até o Licurgo diria que sim. E aí? O que vai fazer agora?

Ele não soube o que responder. Ir falar com a Irene ou pedir desculpas para a Mônica? Falar com a Irene talvez não fosse boa idéia porque ele estava furioso demais e poderia acabar fazendo besteira. E falar com a Mônica também estava difícil porque ele simplesmente não tinha coragem para encará-la. Só que ele também não queria ficar sem fazer nada.

- Deixa só eu esfriar a cabeça porque tá difícil demais! Eu fiquei contra a Mônica pra defender a Irene! Dá pra acreditar?
- Pois é.
- Mas isso tem que ter uma explicação, tem que ter! Vai ver a Irene fez isso pra se vingar daquelas mensagens que a Mônica deixou no face dela e...
- O Franja conseguiu provar que não foi a Mônica quem mandou aquelas mensagens.
- Como é?

Cascão falou sobre a investigação que Mônica vinha fazendo há um tempo e também das descobertas do Franja conseguindo seus dados de acesso ao facebook. Ele falou até do plano dela de publicar aquele vídeo no Youtube da Penha. Cebola ouvia tudo boquiaberto não conseguindo acreditar que ela tinha conseguido pensar em tudo aquilo praticamente sozinha.

- Então foi a Penha quem mandou aquelas mensagens pra Irene?
- Foi. Ela fez isso pra Irene ficar com raiva da Mônica e ajudar na sua vingança. E ela caiu porque não conhece aquela jararaca.

Cebola sentou-se na cama com a cabeça entre as mãos sentindo como se tivessem lhe dado um soco na boca do estômago. Como ele pode ter sido tão idiota? Por que não desconfiou de nada?

De repente, tudo ficou muito claro. Irene nunca quis namorar com ele, nunca o amou. Só fez aquilo para se vingar da Mônica. E ele não desconfiou nem mesmo quando ela apareceu na sua frente igual a Hortência. Pensando melhor, era absurdo demais ela ter mudado o visual tão repentinamente a ponto de se parecer com uma personagem de game.

A semelhança, o jeito de falar, de agir... tudo foi planejado e ele nem se deu conta. Ele achava que estava no controle da situação sendo que na verdade estava sendo manipulado feito um boneco! Durante todo esse tempo ele foi apenas um joguete nas mãos dos outros e nem desconfiou, sempre se achando inteligente demais para ser enganado.

Aquilo foi um golpe direto na sua auto-estima.

__________________________________________________________

Souza e Luiza soltavam fogo pelas ventas e ameaçavam processar meio mundo enquanto a diretora tentava acalmar as duas feras.

- Isso é um absurdo! Nossa filha foi acusada de coisas que não fez e a senhora nem se deu o trabalho de investigar essa história direito! – Souza falava espumando de raiva. Sua esposa também não ficou atrás.
- Nós vamos processar esse colégio! E vamos processar vocês também por calunia e difamação!

Os pais da Irene tentavam se defender em vão.

- Nós não sabíamos! E nossa filha só fez essas coisas por causa da perseguição da sua!
- Por acaso você tem consciência do que sua filha fez com a nossa? Viu como ela sofreu nesses meses por ter sido expulsa do colégio, humilhada e afastada dos amigos? Acha mesmo que essa briguinha entre elas justifica esse golpe tão baixo? É essa a educação que vocês dão para sua filha?- Luiza foi falando de uma vez não dando chance para que ninguém falasse.

Do lado de fora, Irene chorava no mais completo desespero. Sua farsa foi descoberta e ela tremia de medo com o que poderia lhe acontecer. O pior era que Penha não podia fazer nada para lhe ajudar. A única coisa que sua amiga fez ao descobrir o vídeo na sua conta foi ter um ataque de histeria e lhe xingar de vários nomes terríveis em português e francês.

Ela ainda se lembrava do choque ao olhar o blog da Denise e ver aquele vídeo que ainda por cima estava cheio de comentários raivosos. Uma tonelada deles. O que tinha dado na cabeça da Penha para gravar aquilo? Depois, ao sair na rua, ela se deparou com todos os amigos da Mônica, cada um mais furioso que o outro. Até Cebola estava muito zangado com ela e não queria lhe dar apoio nenhum.

- Como você faz isso com a Mônica? – ele gritou furioso.
- Ela me prejudicou primeiro com aquelas mensagens horríveis! – ela tentou se defender e Magali falou.
- Já tá provado que não foi ela! O Franja investigou e a gente sabe que foi a Penha quem escreveu aquilo tudo!

Aquilo sim foi uma grande decepção. E depois de saber a verdade sobre a briga da Penha com a Mônica, ela percebeu o quanto tinha sido enganada. Era tarde demais. A bomba tinha estourado e ela ia receber a maior parte do impacto. Penha era rica e podia contratar os melhores advogados. O que ela, garota de classe média, poderia fazer?

Mônica chegou no corredor e Irene se encolheu em um canto.

- Larga de ser boba. Eu não vou fazer nada com você. Não resolvo as coisas desse jeito. – a moça falou sentando-se na cadeira de espera.  
- Eu... eu não sabia... ela me enganou.
- Sei como é. Aquele olhar do desprezo pega qualquer um.
- Pensei que você tivesse me mandado aquelas mensagens.
- Mas não foi. Eu ia fazer as pazes com você na festa da Isa.

Irene voltou a chorar mais ainda ao ver que tinha estragado tudo por acreditar nas mentiras daquela louca.

- Que ódio! Não acredito que fui tão burra!

Mônica a olhou sentindo muita pena. Era só uma pobre coitada que teve o azar de se envolver com a pessoa errada. E um pouco daquilo era culpa dela. Se não fosse sua birra, aquela situação teria sido evitada.

- Desculpa. – ela falou de cabeça baixa.
- C-como?
- Me desculpa. Eu fui muito chata com você e me sinto culpada por toda essa confusão. Não queria que nada disso acontecesse.
- Mas aconteceu e eu tô muito encrencada!
- Vou ver se falo com meus pais e a diretora. Conheço a Penha muito bem e sei como ela pode manipular as pessoas. De repente dá pra aliviar sua barra e você não será expulsa da escola.
- Vai fazer isso por mim? Mas eu te prejudiquei muito!
- As coisas acontecem quando tem que acontecer. Agora eu estou muito bem e não quero mais saber desse negocio de vingança. Só falei do vídeo com meus pais porque precisava esclarecer tudo. De jeito nenhum era minha intenção vingar de você ou te prejudicar.

A outra ficou de boca aberta. A Mônica era a última pessoa de quem Irene esperava alguma compreensão.

Sentindo-se mais segura, ela voltou a se sentar e encolheu-se toda de medo e também de frio. Mônica também tremia um pouco e assoprava as mãos tentando se aquecer.

- Tá ficando cada vez mais frio! – ela sussurrou mais para si mesma do que para Irene e procurou se proteger do jeito que pode.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!