La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 3
De todas as doenças do espírito humano...




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"De todas as doenças do espírito humano, a fúria de dominar é a mais terrível"
Voltaire


Na casa da Mônica, Cebola observava em silêncio enquanto as garotas escreviam nomes nos convites para a festinha de aniversário que pretendiam fazer para Isa. Foi algo de última hora, decidido entre uma conversa e outra na sala de aula.

- Gente, será que não tem perigo da Isa saber? – Marina perguntou parando um pouco de escrever para descansar a mão.
- A gente tá fazendo de tudo pra ela não desconfiar, né? – Magali respondeu e Mônica tentou tranqüilizá-las.
- É o primeiro ano dela aqui, acho que ela não espera isso da gente. Aí vai ser mais fácil.
- E a surpresa vai ser melhor ainda! – Cascuda falou empolgada. Isa era tão boa amiga para todos que elas resolveram lhe fazer aquela festa como uma forma de dizer que ela estava definitivamente na turma.

Ao ver a Mônica estava de bom humor, Cebola aproximou-se da mesa como quem não queria nada e tentou puxar conversa.

- Vocês vão convidar a galera toda? – Ele perguntou tentando introduzir o assunto problemático.
- Vamos, né? Vê lá se a gente vai deixar alguém da turma de fora!
- Isso ia ser chato mesmo. Acho que ninguém devia ser excluído.
- Claro que não!

Ela continuou escrevendo e ele calou-se por um tempo para escolher bem as palavras e evitar um ataque de fúria.

- Aqui... você falou que não é certo deixar ninguém de fora.
- E? – ela parou o que estava fazendo e olhou para ele.
- E... tipo assim... quer dizer... eu tava pensando aqui se vocês não podiam convidar a... a...

O rosto dela fechou na mesma hora ao imaginar de quem ele estava falando.

- Você tá falando da Irene por acaso?

De repente, o clima ficou pesado. As garotas, que antes conversavam alegremente, se calaram na mesma hora imaginando o escândalo que Mônica estava prestes a fazer. E elas não se decepcionaram nem um pouco ao verem a amiga se levantando rapidamente com o rosto vermelho e soltando fogo pelas ventas.

- Você quer que eu convide a Irene pra nossa festa? Aquela sirigaita oferecida?
- Peraí, Mônica! Você falou que não era certo deixar ninguém de fora!
- Ninguém da turma. DA TURMA! E aquela ali não é da nossa turma de jeito nenhum!
- Como assim? Naquele dia você até falou que ela era clássica na nossa turma e...
- Isso foi antes daquela intrometida querer me dar lição de moral por causa de uma foto que nem era verdade!

Cebola coçou a cabeça, pensando numa forma de acabar com aquela confusão.

- Olha, não foi culpa da Irene não, tá legal? Eu é que devia ter acreditado em você! Ela só queria me ajudar!
- Pois ela acabou atrapalhando! Aquela ali devia pensar muito bem antes de falar do que não sabe!
- Ela não tinha como saber, pára com isso!
- Quem não quer saber sou eu! Ela não vai e ponto final!
- Se ela não for, então eu também não vou!

Todos se afastaram da mesa e Mônica foi para cima do Cebola, erguendo-o no ar pela gola da blusa.

- Como você se atreve a ficar do lado daquela piriguete?
- Ela não te fez nada, não é justo você tratá-la daquela forma! Que coisa, Mônica, você parece criança!
- Quem parece criança aqui é você que fica se apaixonando por joguinhos!
- Eu já te pedi desculpas, caramba! Vai jogar isso na minha cara até quando? E me coloca no chão agora mesmo!

Foi preciso intervenção das garotas, muita lábia e argumentos para acalmá-la antes que alguém saísse ferido. O humor dela, que até então estava bom, piorou consideravelmente e uma a uma as garotas foram indo embora.

- Poxa, Mônica, faz isso com ela não!
- Você sabe muito bem que eu não gosto dela!
- Isso precisa mudar!
- Não precisa não! Eu não sou obrigada a gostar de ninguém! E se você vier com essa conversa pra cima de mim outra vez, vai levar umas bifas, eu tô avisando!

Cebola engoliu em seco quando ela lhe mostrou o punho fechado. Há tempos ela não lhe ameaçava daquele jeito. O que tinha dado naquela criatura para ficar tão rabugenta e antipática?

Como não pode fazer nada, ele achou melhor sair dali enquanto ainda estava inteiro e tentar retomar o assunto quando ela estivesse mais calma. O rosto triste da Irene não saía da sua cabeça e ele não queria falhar com ela.

Dentro da casa da Mônica, Magali tinha ficado com ela para ver se conseguia vencer aquela teimosia sobre-humana.

- Mô, pensa bem! Não é justo tratar a coitada da Irene desse jeito. Ela é gente boa!
- Gente boa, mas fica andando com o Cebola mesmo sabendo que eu não gosto disso! Até parece que ela tá me desafiando!
- Credo, de onde você tirou isso? Eles são só amigos, nada mais!
- Sei... conhecendo aquele ali como eu conheço...
- Então a culpa é dele, não dela!
- Se ela valesse alguma coisa, não ficaria dando corda pra ele!
- Ai, por favor! Eu já falei que você precisa dar um jeito nesse seu ciúme! Assim ninguém agüenta! O Cebola já tá ficando de saco cheio.

Mônica se remexeu inquietamente, abraçando o Sansão com mais força. Magali não deixava de ter razão naquele ponto. Por causa do seu mau humor, teimosia e autoritarismo, Cebola tem se afastado dela ultimamente. Há tempos eles não iam ao cinema e nem estudavam juntos. Talvez fosse hora de mudar aquilo, mas ela não pretendia ceder em nada com relação à Irene. Aquilo já era muito abuso.

- Eu não sei por que o Cebola faz tanta questão dela, isso também tá me enchendo o saco!
- Ele não fica controlando suas amizades, fica?
- Não, só que eu não saio por aí dando trela pra qualquer um!
- Ele não tá dando trela pra ninguém, por favor! É só amizade! Nossa, tá difícil conversar com você hoje, heim!
- Difícil? Só porque eu não quero aquela garota na nossa festa?
- Você não quer, mas e o resto do pessoal? Vai querer falar por todo mundo agora?
- Ela não é nossa amiga de infância, então ninguém devia fazer questão dela!
- Oi? A Isa também não é nossa amiga de infância, esqueceu? E mesmo assim estamos até fazendo uma festinha pra ela!
- Acontece que a Isa não fica dando de cima de ninguém!

Por pouco Magali não arrancou seus cabelos. Céus, como estava difícil colocar alguma coisa dentro daquela cabeça dura! Por fim, ela perdeu a paciência e falou colocando as mãos na cintura e olhando para Mônica com cara de zangada.

- Escuta aqui, Mô! Eu sou sua amiga e gosto muito de você, mas não concordo de jeito nenhum com o que você vem fazendo com a turma!
- Eu? Eu não tô fazendo nada pra ninguém!
- Tá sim! Fica querendo mandar em todo mundo, achando que é nossa chefe e você não é chefe de ninguém! Eu tô cansada e aposto que o pessoal tá cansado também!
- Não é isso!
- É o que então? Agora você quer controlar até nossas amizades! Ninguém tá podendo conversar com a Irene porque você não deixa! Desde quando você tem o direito de nos proibir de falar com os outros?
- Magali... é que o Cebola...
- Deixa o Cebola viver a vida dele, que coisa! Ele não tá fazendo nada de errado!
- Como não? Fica olhando outras meninas, até se apaixonou por um joguinho besta e vive pisando na bola comigo!
- Ué, então por que continua atrás dele?

Ouvir aquilo foi um choque.

- É isso mesmo! Se não tá bom, então pára de ficar atrás dele e arruma outro, mas não fica controlando a vida dele desse jeito não! E nem a nossa, isso tá ficando chato demais!

Mônica fechou a cara, seu rosto ficou vermelho e Magali viu que tinha falado um pouco demais.

Naquele momento, ela não percebeu que estava sendo observada por um par de olhos verdes e sombrios.


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