La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 28
A impotência é antes de tudo...




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“A impotência é antes de tudo,uma lição de humildade.Procure meditar a respeito das coisas que interiormente lhe bloqueia”
Fernanda Tomaz

O sol estava a pino e fazia bastante calor. Claro, era meio dia e Mônica trabalhava capinando alguns matinhos que estavam crescendo na horta. Quando terminou o serviço, ela parou e olhou as próprias mãos. Estavam ficando calejadas por causa do serviço pesado. E suas unhas estavam no toco, sem nenhum esmalte e com as cutículas grandes. No início ela tinha ficado apavorada, mas depois se conformou. Pelo menos trabalhar lhe distraía da sua tristeza.

“Como será que o Cebola tá? Hunf, aposto que nem deve estar lembrando que eu existo! Agora ele tá lá com aquela piriguete mentirosa! Grrr, que raiva!”.

- O que não tem remédio, remediado está. – uma voz falou tirando-a dos seus pensamentos.
- Heim?
- É uma coisa que minha mãe sempre falava e vejo que ela tem razão. Não vale a pena se torturar com coisas que não tem conserto.

O rosto dela entristeceu. Será que seu relacionamento com o Cebola não tinha mais nenhum conserto?

- Sabe o que me deixa mais bolada? É não poder fazer nada pra arrumar essa confusão! Eu me sinto tão... tão...
- Impotente?
- É! Isso mesmo!
- Entendo. Você sempre foi uma garota que resolvia qualquer problema por maior que fosse.
- A senhora me entende? É por isso que eu me sinto tão mal assim! É horrível não poder fazer nada!
- Sei. E você não consegue lidar com essa sensação de impotência porque é algo novo, não é?
- Nunca senti isso antes. Ai, que porcaria viu? Por que essas coisas foram me acontecer? Por que estou passando por tudo isso?
- Para seu aprendizado.
- Como assim?

A senhora saiu dali, sendo seguida pela Mônica. As duas foram para a varanda e Araci sentou-se na cadeira de vime enquanto Mônica se ajeitou no degrau da escadinha.

- Tudo o que acontece na nossa vida é para nosso aprendizado e evolução. Você está passando por essa experiência porque precisa aprender alguma coisa com ela. se não precisasse, teria sido poupada.

Mônica a olhava com cara de pateta, mostrando que não tinha entendido nada. Araci tentou explicar.

- Toda experiência, feliz ou não, é para nosso aprendizado. Se a vida permite que certas coisas aconteçam é porque há um objetivo útil e importante para nós.
- Nunca ninguém me falou isso!
- É porque a maioria das pessoas não sabe. Geralmente acham que é castigo, azar, destino e perdem tempo se lamentando. Só que isso não ajuda em nada.
- E o que ajuda?
- Descobrir o que você precisa melhorar e aprender com essa experiência. Se o objetivo de tudo é o aprendizado, podemos concluir que a experiência ruim perderá o sentido assim que você aprender tudo o que precisa.

Ela pensou um pouco, coçou o queixo, cismou consigo mesma e perguntou esperançosa.

- Se eu aprender tudo, os problemas vão se resolver? Aí eles vão descobrir que não fiz nada com a Irene?

Araci continuou olhando para o jardim com o olhar distante e respondeu.

- Não posso te dizer com certeza irá acontecer porque o futuro é uma coisa certa. Mas posso garantir que as coisas irão se encaminhar da melhor forma. Tudo é feito para o nosso bem, embora no início pareça algo doloroso.
- E se aprender, não vou mais sofrer de novo?
- Não esse mesmo tipo de experiência. Mas tenha em mente que sempre teremos problemas e desafios pela frente.
- Ah, tá... mesmo assim vou me esforçar pra aprender. Se eu pegar o jeito desse, consigo encarar os outros também.

Um vento agradável soprou trazendo o perfume das flores e as duas ficaram ali em silêncio por um tempo antes de voltarem a seus afazeres.

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Ele chegou em seu covil cansado, porém muito satisfeito com o saque daquele dia. Um saco de dinheiro foi jogado em cima da mesa e ele se pôs a contar as notas.

- Ainda não é suficiente. – Feio disse ao terminar e somar o resultado com o que já tinha. – Preciso de mais, muito mais! Vejamos...

Havia boas opções naquela cidade que ele poderia explorar. Não somente bancos como também joalherias, museus repletos com obras de arte valiosas e também a casa dos mais ricos e abastados.

Em uma grande folha de papel, ele tinha feito uma lista com todo o material necessário, separando entre os que deviam ser comprados e os que podiam ser roubados. Pelos seus cálculos, seu plano só poderia ser colocado em ação em janeiro do próximo ano, o que era péssimo. Paciência não era uma das suas qualidades.

- Preciso arrumar uma forma de acelerar isso, senão vou estar velho quando terminar tudo!

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Aquela olhada que Cebola tinha dado na bela morena que passou perto deles foi muito bem percebida e Irene teve que fazer um esforço muito grande para se manter calma como sempre. Ela tinha que admitir que Mônica não deixava de ter razão quando se irritava com esse comportamento dele. Será que ele não era capaz nem de respeitar a garota que estava do seu lado?

“Estranho... será que ela não viu? Se viu, por que não falou nada? que besteira, eu devia estar achando bom, isso sim!” Cebola pensou consigo mesmo sem entender por que tinha ficado contrariado com a falta de reação da Irene. Ora, ele sempre ficava irritado quando a Mônica brigava com ele, então devia era agradecer por ter uma namorada tranqüila que não se estressava com aquelas coisas.

Mas algo ali estava errado e ele não sabia dizer o que era. Talvez porque não houvesse problema nenhum mesmo. Por que haveria? Irene sempre fazia tudo para agradá-lo, sempre sorrindo, bem humorada e carinhosa. Ela nunca o contrariava, nunca brigava. Quando ele fazia algo de errado, ela fingia que não tinha visto nada ou apenas sorria e dizia que tudo estava bem.

Ela suportava com graça e elegância coisas que fariam a Mônica lhe dar uma tremenda surra. Por que, então, ele não estava satisfeito? Por que essas atitudes lhe deixavam irritado? Seria ele algum tipo de masoquista que gostava de ser mandado pela Mônica? Claro que não! Qual era o problema?

Sua cabeça começou a dar voltas e ele procurou se distrair olhando as revistas de games de uma banca. Irene ficou pacientemente ao seu lado folheando algumas revistas e tudo parecia tranqüilo. Só por fora, já que por dentro ele se revirava totalmente.

Fingindo ler uma reportagem sobre moda, Irene se esforçava para não armar um escândalo. Que sujeito mais descarado! Depois de sair olhando várias garotas, ele agia como se não tivesse acontecido nada! O pior era ter que agüentar aquilo por medo de terminar e ele ir correndo atrás da Mônica. Se isso acontecesse, seus dias na turma estariam contados com certeza. E mesmo que ele não voltasse com a dentuça, ainda haveria o risco de todos a deixarem de lado por causa dele. Que situação!

O que ela mais detestava naquilo tudo era a sensação de que ele estava mais brincando de boneca ao tentar transformá-la naquela personagem do jogo. Cebola até já chegou a chamá-la de Hortência várias vezes. Quando ela corrigia, ele dizia que foi apenas fruto da sua imaginação e sempre ficava por isso mesmo.

Há muito ela tinha percebido que ele não a amava e sim a tal da Hortência. Que sujeito mais esquisito! Será que ele tinha algum problema? Nenhuma pessoa normal se apaixona por personagens de games e ela estava percebendo aos poucos que todas as queixas da Mônica eram justificadas. Não era qualquer garota que agüentava aquilo.  


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