La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 27
A maquiagem diz-nos mais que o rosto




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“A maquiagem diz-nos mais que o rosto”
Oscar Wilde


- Lá vai ela. Ih, não encara não, disfarça! – uma garota falou para outra quando viram Mônica passar pelo corredor. Aquela ali tinha fama de valentona, então ninguém ali queria correr o risco de acabar apanhando dela.

Mônica seguiu para a sala de aula e se acomodou em seu lugar de sempre, mantendo a cabeça baixa como que ocupada com seus cadernos. Por que ninguém entendia que ela não queria saber de confusão? Araci estava certa. As pessoas se deixavam levar por qualquer fofoca sem nenhum questionamento. Pelo menos aquelas duas não eram da sua sala.

A aula começou. Aula de português. As matérias daquele colégio estavam atrasadas em relação as do Limoeiro, o que era ruim. Daquela forma, ela ia deixar de estudar muitas coisas. Se em que pelo menos era possível rever o conteúdo do semestre passado e que ela não tinha entendido direito. Isso, claro, se o professor estivesse com paciência para explicar.

Os professores daquela escola eram mal pagos, trabalhavam sob condições difíceis, tinham que agüentar uma turma indisciplinada e nem sempre era fácil se manter motivado para fazer um bom trabalho.

Quando deu a hora do recreio, ela deparou-se com Gisele, aquela chata, e sua turminha. Elas apenas a encararam sem fazer nada. Era como se quisessem fazer algo, mas tivessem medo. Até que o Toni tinha certa dose de razão. Sua má fama a protegia.

Após merendar com dificuldade aquela sopa de macarrão sem gosto, ela foi para o pequeno pátio onde guardavam as bicicletas e sentou-se no chão encostando-se no muro e ficou ali pensando na vida.

- Oi, você quer? – Mônica olhou para cima e viu, em pé diante dela, uma garota segurando uma lata de refrigerante.
- Er...
- Pode matar. Eu já tô cheia.

Como estava mesmo com sede, ela aceitou a lata e agradeceu. A garota sentou-se do seu lado.

- Você é de outra cidade, não é?
- Sou. Meu nome é Mônica.
- O meu é Sueli. Mas eu não gosto muito desse nome não, parece nome de patricinha! O pessoal aqui me chama de Sue.
- Sue fica legal.   

Sue era uma garota mais ou menos da mesma altura que Mônica, só que com um visual bem diferente das outras alunas do colégio. Seus cabelos iam até os ombros e eram pretos tingidos com mechas verdes. A calça dela era jeans azul com alguns pequenos desenhos de caveiras nas laterais. Ela parecia ter um estilo bem próprio. Tirando isso, era uma garota de beleza comum, com a pele meio sardenta.

- Você tá gostando da escola? Parece que o pessoal anda meio de lado com você. – ela falou tentando puxar assunto.
- É por causa daquelas fotos lá no facebook.
- Aquela foto da garota que aparece toda machucada e de olho roxo?

Mônica fez que sim com a cabeça, imaginando que aquela garota ia sair correndo dali a qualquer momento. Mas Sue não fez nada disso.

- E o povo acha mesmo que você bateu nela? Não é brincadeira não?
- Brincadeira? Claro que não! Eu até fui expulsa da escola por causa daquilo!
- Sério? Todo mundo acreditou mesmo que você bateu nela?
- Ué, você não acredita? – ela perguntou surpresa.
- Claro que não! Aquela maquiagem ficou muito mal feita! Achei que fosse só zoação.
- Maquiagem? – ouvir aquilo a fez pular de susto. – Como você sabe?

Sue tirou seu smartphone do bolso e mostrou algumas fotos para Mônica.

- Tá vendo? Eu mexo com maquiagem, só que maquiagem cenográfica.
- Heim?
- Tipo maquiagem de monstro, zumbi, alienígenas... essas coisas que a gente vê nos filmes.
- E você sabe fazer isso?
- Sei. Dá uma olhada!

Mônica pegou o aparelho e viu as fotos de alguns trabalhos da moça.

- Quem é o menino?
- Meu irmão caçula. Eu vivo fazendo ele de cobaia!
- Essa do machucado no olho ficou muito realista, até deu uma coisa ruim no estômago! Onde você aprendeu a fazer isso?
- Fazendo, olhando, pesquisando na internet. Meu sonho é poder fazer um curso de verdade e até trabalhar num grande filme.

A conversa estava boa, mas Mônica resolveu voltar ao assunto.

- É por isso que você acha que os machucados da Irene são falsos?
- Claro! Aquele olho roxo ficou ridículo! Parece que alguém bateu um carimbo ali! E aquele sangue falso no nariz? Ah, tem dó! Eu enxergo sangue falso de longe!
- Os arranhões são verdadeiros, e a roupa rasgada também...
- Qualquer um pode se arranhar, não é coisa do outro mundo. E esses rasgões parecem que foram feitos com algum objeto cortante. Não é aquela coisa que foi rasgada no meio de uma briga. E aquele cabelo de mega hair nem foi mexido direito!

Mônica bufou de raiva, sentindo uma vontade enorme de fazer ferimentos reais na cara da Irene.

- Que ódio, viu? Então foi por isso que ela não quis fazer o exame de corpo delito!
- Se fizesse, todo mundo ia descobrir. E aí, você vai fazer alguma coisa?

Ela voltou a ficar desanimada.

- Fazer o quê? Ninguém vai acreditar em mim. Nem meus pais acreditaram!
- Que barra...

O sinal anunciando o fim do intervalo tocou e cada uma foi para sua sala. Apesar de muito zangada por saber da farsa da Irene, pelo menos Mônica se sentia bem melhor por ter feito uma amiga.

Sue também foi para sua sala bem satisfeita. As garotas daquela escola não gostavam seu jeito de ser e até faziam fofocas com seu nome por causa do seu visual diferente e seu hobbie extravagante. A Mônica, por outro lado, parecia lhe entender bem.


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