La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 25
O tempo não pára...




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“O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...”
Mario Quintana

No quarto da Mônica, Luiza estava sentada na cama segurando um bicho de pelúcia e com os olhos cheios de lágrimas. Souza não sabia o que era pior: a saudade da filha ou ver sua esposa tão deprimida.   

- Querida, por favor, não gosto de te ver assim! – falou sentando-se do seu lado e colocando o braço ao redor do seu ombro.
- Eu não me conformo. Estou tão triste sem a Mônica! Será que vai dar tudo certo? E se ela não conseguir fazer novos amigos?
- Ela sempre foi boa em fazer amigos. O que me preocupa é se ela vai se ajustar ao trabalho na chácara. E também não gosto nem um pouco de saber que ela terá de estudar a noite.
- Também não gosto, mas D. Araci falou que lá é seguro e não tem perigo. Ainda assim... ah, dói tanto!

Ela começou a chorar e ele acabou não agüentando. Na frente da Mônica, eles conseguiram segurar a emoção para não deixarem a filha triste, mas sozinhos e sem ela em casa, tudo ficou mais difícil.

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- Ah, filhinha... não fique assim! – Lili falou para Magali que devorava uma grande taça de sorvete entre um suspiro e outro.
- Eu tô sentindo falta da Mônica!
- Vocês podem falar por e-mail.
- Que e-mail, mãe? Ela foi pro meio do mato. Não deve ter nem eletricidade ali, quanto mais internet!

Lili não soube o que dizer e Magali continuou comendo. Pelo menos comer ajudava a abrandar a tristeza de ficar sem sua melhor amiga.

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Irene deu alguns retoques na maquiagem, satisfeita por não precisar mais simular aqueles ferimentos. Com o passar dos dias, ela se maquiava menos como se seu rosto estivesse curando dos hematomas. Afinal, ela não podia aparecer com o rosto marcado num dia e limpo no outro, senão todos iam descobrir e ela poderia se meter numa encrenca muito grande. Agora ela não precisava simular mais nada.

Tirando esse detalhe, sua vida tinha melhorado bastante. Por ser namorada do Cebola, ela acabou sendo aceita na turma apesar da resistência inicial. Eles a viam em parte como culpada por toda aquela confusão. No entanto, Cebola convenceu todo mundo que Mônica foi a única culpada por ter sido orgulhosa demais para aceitar perder e descontou suas frustrações na Irene. Como ninguém tinha nada contra ela, acabaram aceitando-a na turma.

Agora ela não ficava mais isolada como antes, pois tinha feito amigas, podia conversar com todos livremente e seu namoro com o Cebola estava indo bem, apesar de não gostar muito de se vestir como colegial japonesa.

Pelo menos ele era um bom namorado, sempre cuidando dela e lhe tratando como algo frágil e delicado. E já que na ausência da Mônica ele tinha se tornado o líder da turma, ao lado dele ela também ganhou seu lugar de destaque.

“Se ela não quis me aceitar na turma, então vou ficar no lugar dela!” era a lógica que ela não hesitava em aplicar todos os dias.

Satisfeita com o resultado que via no espelho, ela pegou o pacote onde tinha colocado um lanche feito pelas próprias mãos e foi para o colégio. Era dia de treino do time de futebol e ela queria ir ver o Cebola e levar alguma coisa gostosa para ele comer.

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Penha acessava o computador a procura da escola onde Mônica ia estudar e encontrou uma página no facebook com poucas curtidas e somente algumas fotos de qualidade ruim tiradas com o celular.

- Quelle horreur(que horror)! É aqui onde ela está estudando?
- Sim, é essa a escola.

Ela deu uma olhada nas fotos e falou torcendo o nariz.

- Isso non es uma escola, es um burraco cheio de mortos de fome! Que degradaçón!
- Você não queria ver a Mônica no fundo do poço?
- Fundo do poço? Non... isso está abaixo do fundo do poço. Eu me matarria se tivesse que ficar no meio desses mendigos.

Ao ver alguns alunos no portão de entrada, Penha concluiu que eram pessoas pobres e se tinha uma coisa que ela odiava com todas as forças era pobreza. Então, na sua cabeça, ter que estudar entre aquele pessoal era um dos piores castigos, por isso acabou perdendo o interesse pela Mônica. Chutar cachorro morto não tinha graça e ela se sentia satisfeita com sua vingança.

Pensando assim, ela fechou a página e foi se ocupar com suas futilidades costumeiras. A Agnes cabia apenas aguardar o momento de fazer seu ritual de convocação. Ela mal podia esperar.

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- Cebola, olha a bola!
- Heim? Ahhhh! – uma bola lhe acertou em cheio, deixando uma marca redonda na sua testa.
- Cara, você tá distraído demais! Assim não dá! - Titi reclamou parando o treino temporariamente. – Anda, vai descansar um pouco.

Cebola foi lavar o rosto e tomar um pouco de água para refrescar. O que estava acontecendo com ele? Por que não conseguia se concentrar em nada?

“Poxa... faz um mês que a Mônica foi embora.” ele pensou consigo mesmo esfregando o rosto com a água fria. “Como será que ela tá?”

Ele encostou-se na parede do banheiro e ficou ali pensando. Por que não conseguia tirá-la da cabeça? O que houve entre eles acabou. Agora tinha uma linda e doce namorada que era tudo o que ele queria e também podia fazer o que quisesse sem o controle constante da Mônica. E sem ela, ele tinha se tornado o líder da turma. Então por que não se sentia feliz? Era como se faltasse algo, o que era absurdo. Não faltava nada.

“Droga! Eu devo estar ficando maluco, só pode! Não, preciso me concentrar! Agora tô namorando a Irene, ela é linda, perfeita e maravilhosa! Um dia eu serei rico, poderoso e o dono do mundo!” ele tentou imaginar a si mesmo como um líder mundial, tendo ao seu lado a mais linda e perfeita primeira dama que alguém poderia desejar. Mas de alguma forma a imagem da Mônica insistia em aparecer na sua cabeça.

- Ô Careca, tá tudo legal aí?
- Claro! Por que não estaria?
- Sei lá, tô só perguntando. O treino acabou.

Os rapazes foram entrando no vestiário para tomar banho e trocar de roupa e Cebola resolveu se lavar também.

Na saída, Irene o esperava com um sorriso meigo no rosto.

- Oi, lindo! – ela o cumprimentou com um beijo carinhoso e ele procurou se animar.
- Oi, beleza?
- O treino acabou?
- Já sim.
- Então você deve estar com fome. Olha o que eu fiz!

Os dois foram até a arquibancada e Irene desembalou o lanche que tinha feito para ele. Sanduíche de blanquet de peru com queijo prato, alface e tomate acompanhado por uma lata de coca-cola. A parte, ela tinha trazido mostarda e catchup. De sobremesa, mini-torta de chocolate com nozes.

- Uau, isso é um banquete!
- Gostou? Fiz especialmente pra você!

Ele comeu o lanche com apetite, achando tudo muito gostoso. A Mônica nunca tinha cozinhado nada para ele a não ser aquelas receitas malucas e horríveis que de vez em quando ela fazia quando criança e o obrigava a comer. Era por isso que ele não tinha o direito de reclamar. Além de bonita, perfeita, carinhosa e meiga, Irene também era uma garota prendada e habilidosa. O que mais ele podia querer?

Por isso ele resolveu ignorar aquele aperto desagradável em seu coração, tentando enterrar aquele sentimento bem fundo na esperança de que acabasse desaparecendo. Mal sabia ele que esse sentimento ruim ia voltar para lhe assombrar várias e várias vezes.


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