La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 20
De repente, sua vida pode desmoronar...




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"De repente, sua vida pode desmoronar no estalar dos dedos"
João Guimarães Rosa


- Mon dieu, c'est merveilleux (meu deus, é maravilhoso)! - Penha vibrava e batia palmas diante do computador onde passava o vídeo que foi gravado mais cedo naquele dia. Até Agnes sorria ao ver a angustia, confusão e medo no rosto da Mônica. Ela via e revia o vídeo várias vezes e parecia não enjoar nunca. A diversão, claro, só começava quando o Cebola chegou e viu sua frágil princesa jogada no chão.

- Sua louca, o que você fez com ela? – ele gritou colérico.
- Tá doido? Eu não fiz nada!
- Mentirosa! Olha só como ela ficou! Como você não fez nada?
- Ela tava assim quando cheguei.

Furioso, ele a empurrou com toda força e gritou.

- Se tava de bronca comigo, que descontasse em mim, não nela!
- Já disse que não fiz nada, seu tosco!
- Pelo menos assume o que fez!
- Não vou assumir uma coisa que eu não fiz!

Cebola estava transtornado, falava sem parar e agitava os braços como louco.

- Eu nunca mais vou te perdoar por isso, nunca! Ouviu? Nunca! Você morreu pra mim, acabou de vez!
- Cebola, não fala isso! Eu juro que não fiz nada! Por favor, acredita em mim!
- Vai jurar nos quintos dos infernos! E some da minha frente! Maldito o dia em que te conheci, você só estraga a minha vida!
- Oh, essa é a melhor parte! Olha só a carra dela! – Penha voltou o vídeo algumas vezes só para rever e saborear a cena mais um pouco.

Ao ouvir outro choro de Irene, Cebola deixou Mônica de lado e abaixou-se para apanhá-la, tomando-a em seus braços e saiu correndo dali com os outros alunos atrás. Mônica também correu para outra direção e aos poucos o grupo foi dispersando. Fim da diversão.

- Ah, como eu estou feliz!
- Seu plano realmente funcionou dessa vez. Não vejo como ela poderá sair dessa.
- Porque não há como sair dessa! Mon plan es perfeito! Agorra me conte de novo tudo o que você viu na dirretorria!

Se enchendo de paciência, Agnes contou a história novamente. E novamente Penha ria e vibrava como se estivesse ouvindo tudo pela primeira vez.

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Irene estava deitada na cama do seu quarto quando Cebola apareceu com um grande buquê de flores e um urso de pelúcia.

- Oi! Que surpresa!
- Vim ver como você está, se precisa de alguma coisa.
- Agora que você chegou eu estou bem. Ai! Cuidado... – ela falou quando ele foi beijar seus lábios. Não era bom deixá-lo chegar muito perto ou ia perceber que era tudo maquiagem.
- Fique tranqüila que agora tudo vai ficar bem.
- Você não liga da Mônica ter sido expulsa?
- Não. Foi merecido. Dessa vez ela foi longe demais e tem que ser punida. Agora ela nunca mais vai fazer isso com ninguém!

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Deitada na cama do seu quarto, Mônica olhava para o teto. Seus olhos doíam de tanto chorar enquanto relembrava tudo o que tinha acontecido na diretoria.

Depois da suposta briga com Irene, ela foi chamada na diretoria junto com seus pais e os pais da outra, que chorava sem parar com o rosto cheio de hematomas e sangue na roupa. Foi uma loucura, tudo parecia mais um pesadelo confuso e tenebroso, daqueles que deixavam uma impressão desagradável por horas e até dias.

- Olha o que fez com a nossa filha! Vamos chamar a polícia agora mesmo!
- Eu não fiz nada com ela! Mãe, eu juro que não encostei um dedo nela!
- Mentirosa! Eu queria conversar com você numa boa e olha o que fez comigo! Se ninguém chegasse, você teria me matado! – Irene falou aos berros, se escondendo atrás dos seus pais como se tivesse medo de apanhar novamente.

Sua mãe parecia atordoada. Embora quisesse acreditar na filha, ela tinha que admitir que aqueles ferimentos não tinham saído do nada.

- Pois nós vamos a delegacia agora mesmo prestar queixa contra a selvagem da sua filha! – o pai da Irene falou. Mônica não se deixou intimidar com isso.
- É bom mesmo! Aí eles vão fazer exame de corpo delito e todo mundo vai ver que eu tô falando a verdade!

Irene gelou de medo na hora. Se fizessem exames, todos iam descobrir que tudo aquilo não passava de maquiagem. Ela não podia deixar isso acontecer.

- Não, por favor, delegacia não! Só quero ir pra casa! – ela chorou.
- Ué, você tá com medo de quê? De todo mundo descobrir sua mentira? – Mônica falou olhando-a diretamente e seu pai se colocou entre as duas.
- Não fale assim com a minha filha, senão...
- Senão o que? Se encostar a mão na minha filha, você apanha!
- Agora estou vendo que tipo de família vocês são!

Ao ver que as coisas estavam fugindo do controle, a diretora mandou que todos ficassem quietos e tomou uma decisão radical. Por mais que Mônica alegasse inocência, todos os fatos estavam contra ela. Não só o que aconteceu naquele dia, como vários outros eventos, seu histórico de brigas no colégio e a conhecida hostilidade que já tinha por aquela moça. Tudo aquilo era prova mais que suficiente e ela não tinha mais dúvidas.

Expulsão. Não dava para permitir que Mônica continuasse estudando naquele colégio e ela imaginou que aquilo seria punição suficiente.

Chegando em casa, ela viu que as coisas ainda iam piorar quando seus pais lhe perguntaram por que tinha feito aquilo.

- Mas eu não fiz nada! Nem encostei a mão nela!
- Mônica, por favor! Eu quero acreditar em você, mas está difícil! Aquela moça não se machucou sozinha, então alguma coisa aconteceu! – sua mãe falou tentando arrancar a verdade da sua filha.
- Você sempre foi muito briguenta e parte disso é culpa nossa! Devíamos ter feito algo enquanto era tempo!
- Já disse que não fui eu!

Os dois balançaram a cabeça negativamente e Souza falou mostrando grande tristeza e pesar.

- Estamos decepcionados com você, filha. Não por ter batido naquela moça e sim por não nos dizer a verdade. Nós não criamos uma mentirosa. Vá para seu quarto e de agora em diante, está proibida de sair de casa!

E ela estava lá desde então, não saindo para nada. O castigo não era somente ficar presa no quarto. Seu celular foi confiscado e o computador desligado. Nada de televisão, nem internet, nem nada. Aos poucos ela foi ficando muito ansiosa por ter que permanecer trancada ali enquanto sua vida desmoronava sem que algo pudesse ser feito. Não agüentando mais, Mônica resolveu contrariar as ordens dos seus pais e sair do quarto.

Do alto da escada, percebeu que eles estavam conversando na sala e abaixou-se para ouvir tudo sem ser vista. A conversa que chegou aos seus ouvidos fez com que uma dor muito forte afligisse seu coração e as lágrimas pareciam queimar enquanto desciam pelo seu rosto. Não dava para acreditar que seus pais estavam falando aquelas coisas!

- Céus, que loucura! O que está acontecendo com nossa filha afinal de contas? – Souza perguntou visivelmente cansado. Ele até pareceu ter envelhecido uns cinco anos.
- O que vamos fazer agora? – Sua mãe perguntou. – Ela não pode ficar sem escola, senão vai repetir de ano!
- Amanhã vou procurar outras escolas na cidade, mas é difícil aceitarem alunos no meio do ano. Ainda mais um que foi expulso por causa de brigas!
- Meu Deus... por que a Mônica foi fazer aquilo? Só por causa do Cebola?
- Aquele idiota nem vale tanto assim! Tem muitos rapazes no mundo, por que ela tem que ficar com a cabeça virada por causa dele?

Ela ouvia tudo apertando os lábios para conter os soluços. Certo, seus pais realmente não acreditavam em sua inocência. Eles nem sequer cogitavam essa possibilidade. Ela era culpada e pronto. Antes de sair dali, ela ainda ouviu seu pai comentando.

- Minha nossa, o que mais falta acontecer? Por que ela tem sempre que causar tanta confusão?
- Às vezes queria que ela fosse como outras garotas. – sua mãe falou e ela não quis ouvir mais nada.

Além de não acreditar nela, seus pais também estavam decepcionados e até desejavam que ela fosse outra pessoa. Não, eles não a aceitavam como ela era. Talvez nem lhe amassem mais. E como amar uma filha tão complicada e problemática?

Sua vida estava totalmente destroçada. Sem amigos, sem o Cebola, sem ninguém que acreditasse em sua inocência e até seus pais estavam lhe virando as costas, deixando de vê-la como filha para tratá-la como um fardo a ser carregado. Não havia nenhuma chance de as coisas melhorarem, nenhuma luz no fim do túnel. Era inútil lutar e ela decidiu que não ia fazer mais nada, apenas se deixar levar pela correnteza.

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O quarto de hóspedes estava arrumado. Era bem simples, tendo somente um guarda-roupa velho, porém bem conservado, uma cama rústica e um criado mudo. O quarto era pequeno e não permitia muitos luxos. E sua futura hospede certamente não ia precisar daquilo.

Finalmente Araci descobriu de quem se tratava quando na noite anterior viu em seus sonhos uma jovem no mais completo desespero. Que coisa mais triste! Ela estava mesmo no fundo do poço, totalmente perdida e derrotada. Era alguém que estava precisando muito da sua ajuda.

- Era por isso que o vento soprava para mim. Bem... quando se está no fundo do poço, só tem saída por cima!


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