Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 49
[Especial] Coelhos e Gatos...Isso Dá Certo


Notas iniciais do capítulo

Oooi, gente :3
Bom, eu estou aqui (como vocês puderam perceber) com um capítulo especial!
Por favor, não me matem. Eu sei das ~tretas~ da Katrina, só que o clima estava muito tenso, então eu e a Sofi decidimos fazer esse capítulo com todo amor e carinho para vocês.
Deu trabalho? Oooh se deu. Mas valeu a pena :3 SAHUUSAHUASHUAS
Lembram da Mellany? Então, ela estará presente aqui, weee!
Deem uma olhada na fic da Sofia, porque realmente vale a pena:
http://fanfiction.com.br/historia/407353/Seize_The_Day
Bom, isso é tudo, espero que vocês gostem,
Boa Leitura ♥
PS: O capítulo tá ENORME AHUSAHUSAHUASHHASU Do jeito que vocês gostam, hein? HUSAHUSAHUASHUASHUAS



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E hoje seria mais um dia de confusões.

Por quê? Simplesmente porque Mellany e Katrina estavam juntas. Dá a entender que essas duas farão bastante confusão e desgraça por aí.

As duas, juntamente com Alicia, Jô, Jonas e Marcela, estavam andando pelo shopping. Jô se dera bem com Katrina, já que ela era parecida com Mellany, então as três ficaram conversando até que perceberam o resto do grupo parado em frente a uma loja de roupas. Mais especificamente, uma loja bem feminina. Jonas ali no meio não se incomodou com a escolha da loja. Na verdade, parecia ser quem mais estava amando.

Assim que o grupo entrou lá, Mellany, Katrina e Jô estavam prestes a escapar, porém Jô também entrou na loja.

-Que merda você tá fazendo? - Mellany sibilou para a amiga, para evitar que suas fugas fossem descobertas, e a morena deu um suspiro.

-Preciso comprar um presente para uma prima. Tortura, eu sei, a maldita é patricinha. Se eu comprar algo pra pregar uma peça nela ou algo assim novamente, meu pai me mata.

-Hm... Pois é, sorte aí - Katrina disse, então a ruiva puxou Mellany pelo braço e ambas se afastaram o mais rápido possível da loja.

Quando já estavam a uma boa distância da loja de terrores, as duas não conseguiram evitar o riso.

Katrina olhou Mellany e olhou de relance para trás.

- Conseguimos despistá-las. Vamos tomar um sorvete?

Mellany sorriu, enlaçou seu braço no de Katrina e então as duas foram andando em direção a uma sorveteria.

-Acho que não vão sentir nossa falta por um bom tempo. Longo tempo. Quer dizer, acho que se eles não ficarem pobres lá é um bom sinal. - disse, olhando para frente e notando que a sorveteria do shopping estava a poucos metros de distância.

Então, do nada - literalmente - um homem que devia ter uns quarenta anos no máximo, praticamente careca e bem gordo apareceu na frente das agressivas, com um sorriso sem vergonha.

-As duas jovens se interessariam em um par de ingressos para um festival de rock? - ele disse, com a voz calma e grossa. Não se sabe se é por sorte ou o que quer que seja, mas esse homem havia acertado em cheio.

- Pra já, moço. – Katrina disse, abrindo um sorriso enorme. – Mas... Como se sabem, nada é de graça.

O homem sorriu.

- Ainda bem que você sabe. – Ele juntou as mãos atrás da cintura. – Vocês têm que... Divulgar nossa loja. Simples, não?

Katrina e Mellany juntaram as sobrancelhas.

- Estou com um mau pressentimento. – Elas disseram ao mesmo tempo, um pouco perplexas.

O homem apenas sorriu e fez sinal para que ambas o acompanhassem, andando cerca de dois metros à frente delas.

- Esse sorrisinho não me engana, tem coisa aí - Mellany sussurrou, ainda com o mau pressentimento - Quem sabe a macumba não nos atinge e é uma loja maneira de rock.

Katrina assentiu.

- Ou uma loja ilegal com objetos de tortura. Sempre quis dar com o chicote nas costas de alguém. – Ela sussurrou.

Mellany abriu um sorriso.

-Também. Quem sabe uma loja de tatuagens e piercings. Eu estava mesmo a fim de furar outro piercing. Também sou bem experiente em fazer isso. - disse, com um sorriso de canto, então olhou para o rosto de Katrina - Aliás, você nunca teve vontade de colocar um piercing, alargador, nem nada do gênero? Acho que combinaria bem com você.

Katrina assentiu, tentando relembrar momentos em que disse isso para sua mãe.

- Não é que eu nunca tive vontade. É verdade que eu acho que esses negócios são adoráveis, mas não acho que combinam muito comigo. Não iria gostar e o arrancaria com um alicate na terceira semana. Ou minha mãe faria isso por mim, nunca se sabe.

Mellany deu um suspiro.

-Bem, que pena. Minha avó nunca realmente gostou, mas ela não se incomoda com meus gostos. De qualquer jeito, se um dia mudar de ideia, conta comigo. - Disse, com um sorriso torto.

Nesse momento, ambas pararam bruscamente por causa da repentina parada do homem. Já haviam atravessado um corredor e subido um andar, agora estavam em frente a um...

Maid Café.

- Merda. – Resmungaram juntas.

Katrina estava pronta para voar daquele lugar, mas o homem lhe pegou pelo ombro.

- Está mesmo pronta para abandonar um show e um evento com puros cantores de rock?

Katrina engasgou e se virou furiosa para o homem.

- Se eu não estivesse de bom-humor hoje, meu senhor... Te mandaria se ferrar. Mas, já mandando, vá se ferrar. E sim, eu faço essa merda. Porque uma roupinha com babados não irá me fazer desistir. Não mesmo. – Ela apontou para o homem e para o café, absoluta com a sua decisão.

Enquanto isso, Mellany deu uma olhada dentro do Café. Repleto de um bando de... Bem, basicamente, pessoas que nunca teriam namorada. E eles não pareciam olhar para as garçonetes de maneira respeitável, se é que entendem.

-E se simplesmente comprássemos os ingressos em vez de fazer isso? - Perguntou, com um olhar desafiador, mas o homem apenas deu uma risada de deboche.

-É aí que está, minha cara loira oxigenada. Estamos precisando de publicidade e de pessoas para a publicidade, mais especificamente, garotas como vocês, e vocês precisam dos ingressos que estão esgotados. Só irão encontrar para comprar em um preço inacreditavelmente alto. Parece que estamos em um barco sem saída para ambos.

-Se não estivéssemos nessa situação, tenha certeza de que iria apanhar. Na verdade, talvez apanhe depois.

Katrina assentiu.

- Não vejo a hora de dar um belo chute nessas suas nádegas cheias de gordura.

O homem deu um sorriso torto, pensando que talvez tivesse escolhido as garotas erradas para tal coisa.

-Bem, não podem pular fora agora. - Ele disse, voltando ao sorriso anterior. Então, virou as garotas para frente da loja, onde uma atendente com roupa de empregada segurava fantasias um tanto... Constrangedoras para ambas. Mellany e Katrina se entreolharam, boquiabertas.

- Sou Mr. Hannah, espero que se divirtam no trabalho.

As duas piscaram.

Com toda certeza não iriam.

As meninas foram pegas e arrastadas até dentro daquele Café. Os clientes pararam bruscamente de comer e ficaram as encarando enquanto elas iam para os fundos do estabelecimento.

A garçonete da roupa de empregada as guiou até os fundos onde havia uma série de armários, talvez os lugares onde guardem seus pertences. Timidamente, pendurou as fantasias em um cabide e fechou a porta, deixando Mellany e Katrina sozinhas. As garotas olharam as fantasias e depois uma para a outra.

-Isso é constrangedor - Mellany disse, puxando a ponta da saia dos vestidos com uma cara de nojo - Quem veste o quê?

Katrina assentiu, com ceticismo.

- Isso é pior do que encoxar avó no tanque. – Katrina observou as fantasias e soltou um suspiro. – Fica com a menos pior. Estou acostumada com essas tralhas.

A “menos pior”, era uma fantasia de coelha. Era um vestido preto curtíssimo regata, uma meia fina, um par de orelhinhas de coelho pretas de veludo, um par de sapatos de salto também negros e luvas compridas.

A de Katrina era de gatinha. Um par de orelhas cor-de-rosa bem discretos estava junto a um vestido curto preto, cheio de trançados cor-de-rosa no tórax. Uma meia preta que ia até o joelho estava disposta ao lado. Um par de sapatilhas estava discretamente colocado sob o vestido.

Um calafrio percorreu as espinhas de ambas.

- Ai meu coração. – Disseram, juntas.

*

Depois de um tempo, ambas já estavam vestidas. Nem precisa comentar a reação que tiveram ao olhar no espelho, porque é melhor livrar a mente de vocês disso. Depois de mais cinco minutos para uma falha tentativa de preparo psicológico, Katrina e Mellany estavam em frente à loja recebendo as instruções de Mr. Hannah.

-Deem uma volta pelo shopping segurando essas placas e tentando ao máximo atrair clientes. Depois de umas voltas, voltem para fazer papel de garçonetes - disse, depois voltou para dentro da loja.

-Parece mais papel de doentes mentais - Mellany comentou, olhando para sua placa com a mesma cara de nojo que teve ao ver os vestidos.

A placa de Mellany era rosa bebê cheia de glitter e desenhos de coelhinhos simples com o nome do Café. Já a de Katrina era lavanda e, em vez de coelhos, patas de gato. As duas nesse momento estavam se perguntando mentalmente que merda estavam fazendo.

*

No “passeio” pelo shopping, as duas mais brincaram de se bater com as placas do que realmente fazer alguma publicidade.

É óbvio que duas garotas bonitas, vestidas impertinentemente, brincando com duas placas que cegam de tanto glitter, chamaram a atenção das pessoas que passeavam tranquilamente pelos corredores.

Katrina, embalada na brincadeira, decidiu atacar sua placa em sua companheira. Mellany se abaixou em um movimento rápido, e a placa foi bem na cara de...

Bem, Allan Wincher segurou a placa com os dentes, assustado e em choque.

Mellany olhou assustada para Allan, depois para Katrina, depois para a placa.

-Macumbas rolam soltas hoje. - disse, se referindo a maneira que Allan segurou a placa, o fato de ter encontrado justamente vestindo aquelas roupas. A Coelha olhou para o teto e esticou os braços - Macumbeiros de plantão, por que não procuram um alvo melhor?

Allan já havia soltado a placa, então olhou para a roupa de ambas. Passou os olhos em Mellany da cabeça aos pés e a mesma se escondeu atrás de Katrina, enquanto Allan cobria os lábios com a mão para abafar um riso.

- Não devia estar de vaca? - ele a provocou, com um sorriso torto. Mellany esticou o braço e mostrou o dedo médio para ele.

- Vai se foder. Na verdade, some da minha frente e depois vai pra esquina se foder. Anda logo, xô - ela disse, pegando a placa e acertando-o até que se afastasse na última frase. Por conta do excesso de purpurina, a blusa de Allan ficou um tanto quanto brilhante.

Katrina encarou Pedro, cética.

Ele pegou a placa que estava na mão do amigo e a apreciou por alguns instantes. Depois ele voltou a atenção na megera.

- Não deveria estar vestida de bruxa? – Ele disse, para disfarçar suas verdadeiras emoções. Pedro não estava nada contente em ver Katrina em uma roupa tão “abusada”, e com orelhinhas de gato para completar a ganancia dos homens. – Com um manto bem comprido, nariz bem feio e essa sua personalidade para espantar o pessoal?

Katrina, bem no fundo, estava esperando um comentário mais favorável. Mas, satisfeita com a brincadeira, apenas sorriu.

- Por um ingresso limitado, faço qualquer merda.

Pedro levantou uma sobrancelha.

- Qualquer coisa?

Ela piscou.

- Com limites, é claro. Como... – Ela pensou por alguns instantes. - Babá. Crianças são o demônio encarnado.

Pedro riu, com a resposta nada esperada.

- Não sei se isso é ingenuidade ou você que é malvada demais. – Resmungou.

Allan deu um sorriso torto, tirando um pouco da purpurina da blusa.

-Acho que ambas são meio insanas. - disse, tocando o ombro do loiro. Mellany abriu a boca para discordar, mas não havia argumentos.

-É, nisso temos que concordar.

Katrina balançou a cabeça em positiva, um pouco contrariada.

- É. Somos insanas. Melhor do que essas minas sem sal. Nos amem.

- Nós... Já amamos. – Os dois resmungaram juntos.

Katrina estalou a língua.

- Porra, Pedro. Beija a minha bunda. – Ela disse.

Katrina pegou Mellany pelo braço e as duas deram meia volta, indo em direção as escadas rolantes. Foram pisando pesadamente, e de um jeito brusco.

Pedro juntou as sobrancelhas, e Allan olhou para ele, assustado.

- Sério? – Pedro gritou para a megera. – Vamos ao banheiro se é assim.

Allan começou a dar risada, enquanto a cobra parou bruscamente de andar. Katrina fechou a cara e girou a coluna, mostrando logo depois o dedo do meio para ele.

- Acho que isso é um não. – O italiano resmungou, cabisbaixo.

Mellany apenas ria enquanto acompanhava a megera. Logo, cansadas de andar por aí daquela maneira constrangedora, resolveram voltar ao Café. Assim que chegaram lá, foram recebidas por aplausos dos clientes que pareciam ter dobrado de tamanho. Logo, o velho apareceu.

- Ainda bem que voltaram, está aparecendo clientes até do inferno! - ele disse, segurando-as pelos ombros - Agora é hora de vocês serem as garçonetes.

- Cu. - as duas resmungaram, enquanto eram puxadas para a cozinha.

O velho as puxaram em direção ao portal vermelho, e as jogou dentro da sala com cheiro estranho.

Várias garçonetes pegavam bandejas cheias de comida e passavam pelas duas que nem um raio. Algumas estavam de patins, e foi aí que Katrina avistou sua prima.

Érica era o tipo de pessoa legal. Pelo menos com os seus irmãos caçulas. Ela trabalhava em todos os lugares possíveis, tudo para sustentar seus irmãozinhos. Ela estava de patins, e quando avistou a prima, parou bruscamente e a fitou, um pouco curiosa e se perguntando internamente o que raios ela fazia naquele lugar.

- Olá, Katrina. Desde quando faz cosplay? – Ela indagou, olhando a prima de cima para baixo.

Katrina soltou um suspiro e colocou a mão na cabeça de Mellany.

- Estávamos dando um rolé no shopping quando aquele velho barrigudo dos infernos nos pegou e nos subornou para que trabalhássemos nesse lugar infestado por gente gorda. – Quando ela parou de tocar em sua própria ferida, fez sua voz casual. – Como estão os pequenos?

Érica abriu um sorrisinho.

- Até que estão bem. Thiago começou a comer a beirada da nossa mesa.

Katrina assentiu, um pouco satisfeita.

- Belos dentes ele deve ter.

- Isso é porque você ainda não o viu mastigar o seu dedo.

E quando avistou Mellany, abriu um sorriso que só os Dias podem fazer.

- Guria, já te vi em algum lugar. Uma foto, acho. Mas talvez eu esteja errada. – Érica ficou olhando a garota por alguns segundos. – Não, eu já te vi. – Ela olhou para a Katrina. – Cuidado com essa pimenta, baixinha. Ela é muito ardida.

Érica deu um último sorriso e deslizou entre as duas.

Mellany olhou para Katrina.

-Devo estar famosa. - Mellany disse, se referindo ao fato de Érica dizer já ter a visto. Embora não tenha ideia de como ou por quê, resolveu esquecer isso. - Acho que já me acostumei com pimentas. - disse, apontando para si mesma, com um sorriso de canto.

Katrina, antes que pudesse responder, foi interrompida pelo velho, que estava com um par de patins para ambas.

-Espero que esteja no número adequado. Bem, calcem e veremos como irão se sair. - disse, entregando-as os patins.

Katrina e Mellany se entreolharam, então se sentaram em uma mesa vazia com bancos de couro vermelho. Elas começaram a calçar os patins que, por sorte, eram do número correto para ambas.

-Sabe andar de patins? - Mellany murmurou.

Katrina, após fechar todas as travas, olhou para a colega.

- O que você acha? – Ela sorriu. – Nunca andei, mas também nunca me interessei. Mas vou tentar.

Katrina se apoiou no ombro de Mellany, e se levantou com dificuldade. Ela tomou impulso e deslizou pelo corredor. Quando estava quase parando, agarrou uma garçonete por trás, para não cair.

A garota ficou pasma e olhou para trás, perplexa. Katrina sorriu.

- Oi. Você vem sempre aqui?

A garçonete piscou algumas vezes, sem entender nada, antes de Katrina parar de apertá-la. A megera segurou na cadeira ao seu lado e voltou o olhar para Mellany, que sorria ao ver a cena. A ruiva sorriu de volta e tomou impulso, deslizando de volta aos aposentos da amiga.

Quando chegou lá, apertou Mellany pelo ossinho dos joelhos e sorriu.

- É mais fácil do que parece. Voa, colega.

Mellany riu, depois de dobrar a perna por puro impulso pelo toque no joelho, então apoiou no ombro da amiga e se levantou. A soltou e esticou os braços, conseguindo equilíbrio facilmente.

Como os patins eram de quatro rodas, não teve dificuldades em deslizar pelo corredor. Porém, no momento em que voltou, não conseguiu frear e quase deu de cara com uma bandeja lotada que era carregada por uma garçonete.

Com a bandeja a dois centímetros de distância de seu rosto, Mellany abaixou e girou por baixo da bandeja, voltando para o lado de Katrina. Piscou algumas vezes antes de ter noção do que fizera.

-Pomba gira.

Katrina riu e bateu palmas de leve. Ela se levantou e fitou Mellany por algum tempo.

- Agora sabemos que não beijaremos o chão. Pronta para derramar de propósito sopa de alho na cabeça desses gordos safadinhos?

-E também cuspir nos pedidos dos safados. - Mellany completou, com um sorriso, enquanto enlaçava seu braço no da amiga. - Pronta.

As duas mal saíram pela porta quando uma garçonete colocou uma bandeja na mão de cada uma.

- Essa. – Ela apontou para a Katrina. – É a mesa seis. Essa – Ela apontou para Mellany. – Mesa dez. Não atrasem.

As duas assentiram e cada uma tomou seu rumo.

Katrina foi direto numa mesa com três gordinhos abraçados com travesseiros, e neles, estavam desenhos de garotas seminuas. Katrina estreitou os olhos e colocou a bandeja em cima da mesa.

Na bandeja, sete omeletes estavam dispostas em pratos azuis. Ao lado dos pratos, potinhos de acrílico cheios de ketchup estavam enfeitando a bandeja. Três copos grandes de refrigerante com canudos estavam lá também.

Bem do fundo da alma, Katrina teve que cuspir aquelas palavras. Ela colocou a mão esquerda na cintura e forçou um sorriso.

- Mais alguma coisa?

Os gordinhos olharam para ela.

- Poderia escrever alguma coisa na minha omelete com ketchup? – Um deles disse, com o maior brilho nos olhos.

A megera sorriu malvadamente.

- Claro, querido.

Ela mergulhou o dedo no pote com ketchup e não teve decência ao escrever tal sentença.

“Vai tomar no cu”

Isso que ela escreveu. Após deixar sua marca ali, lambeu o dedo de uma forma bem atrevida e piscou para o pobre menino.

- Bom apetite.

Ela fechou a cara novamente e saiu de perto o mais rápido que pode, deixando para trás um garotinho choroso.

Mellany foi até a mesa dez, na qual havia dois casais: dois caras gordos e duas jovens que pareciam não se encaixar com eles. Os dois caras riam e conversavam, enquanto as garotas pareciam meio desconfortáveis. Ela colocou a bandeja na mesa e olhou seu conteúdo. Quatro milk-shakes: Dois de chocolate e dois de morango. Mellany olhou para os quatro, que prestavam atenção nela.

-Qual vai para quem? - perguntou, apontando os milk-shakes. Uma das garotas deu um pequeno sorriso.

-Os de morango são para mim e para ela. - respondeu, apontando para a outra garota que usava o cabelo preso em um rabo de cavalo. Mellany assentiu e distribuiu os milk-shakes, enquanto colocava a bandeja embaixo do braço.

-Mais alguma coisa? - disse, com um sorriso grande nem tão falso, rindo da desgraça das duas garotas ali. Provavelmente, deviam estar ali à força. Um dos caras com óculos enormes deu um sorriso malicioso.

-Claro. - disse, então olhou para seu amigo, que deu um riso que parecia estar cheio de catarro na garganta. - Gostaria que desse um pulo bem no meu colinho, Coelhinha. - disse, dando tapinhas na sua perna.

Mellany arregalou os olhos, enquanto as garotas davam suspiros pesados.

-Vai ir outra coisa para sua perna. - disse, então pegou o milk-shake do gordo e jogou bem no lugar que ele havia apontado. O copo era grande, então o gordo ficou encharcado do quadril para baixo.

-Bom apetite. - falou, com um sorriso "meigo", então patinou de volta para a cozinha, deixando para trás quatro pessoas entrando em uma briga.

As duas voltaram a se encontrar na cozinha, e quando ficaram paralelamente dispostas, se entreolharam.

- Tenso. – Disseram ao mesmo tempo.

Katrina tirou a tiara com orelhinhas e coçou a cabeça, irritada com os fiozinhos que roçavam em sua orelha.

A garçonete que as atendeu anteriormente bateu em um sininho e colocou outras bandejas em suas mãos.

As meninas bufaram e olharam com desdém aquilo.

- Não aguento mais. – Katrina resmungou. – E olha que eu estou aqui dentro por apenas uns dez minutos. Podia acontecer alguma coisa, tipo um furacão. – Então ela se ligou de uma coisa. – Se eu começar a rodar agora... Matarei pessoas?

Mellany pensou por um segundo, então respondeu.

-Depende. Se tiver facas nas mãos, quem sabe consegue. Se animar, eu te ajudo. - disse, então se prepararam para ir servir as mesas novamente, sob o olhar feio da garçonete, já que estavam de papo fiado.

No momento em que saíram pela porta da cozinha, olharam para a entrada da loja e viram algo nada agradável.

As duas garotas que ficavam na porta estavam recebendo ninguém mais ninguém menos que Pedro e Allan.

Katrina e Mellany congelaram, então olharam uma para outra, então para os garotos novamente.

-Merda. - disseram juntas.

*

Os dois, para elas, desgraçados, se sentaram em uma das primeiras mesas, ao lado da porta. Eles se sentaram paralelamente, e Pedro apoiou o queixo na mão, decididamente vidrado nas roupas da megera.

Katrina ficou tão desconfortável, mas tão desconfortável com aquele olhar e sorriso tão presunçosos que a perseguiam todos os dias, que não se aguentou.

Foi na direção dele, patinando rapidamente e o fitou com ódio transbordando pelas orelhas.

Ela deu um soco forte na mesa.

- Por que raios você está aqui? – Ela grunhiu.

Pedro deu de ombros.

- Porque eu quero. E nesse instante, você está sendo um bichano muito rude. Tente miar com mais sutileza. Podem te confundir com um tigre. – Ele definitivamente adorava ver aquela sobrancelha esquerda se mexer sozinha.

Katrina ficou tão nervosa que seus punhos começaram a tremer. Ela estava pronta para meter um soco naquela cara perfeitamente presunçosa e cínica de Pedro, que por dentro, estava querendo dar uma boa acariciada naquelas orelhas de veludo.

Ela se inclinou para encará-lo.

- Eu não consigo fazer as coisas direito com a merda desse seu olhar nas minhas costas. Pare. De. Me. Encarar. – Ela disse pausadamente. Katrina colocou seu indicador no peito dele, e o fitou, furiosa. – Tá certo?

Pedro deu uma pequena olhada para Allan, que fingia observar o cardápio, contendo um sorriso.

- Se você se inclinar tanto assim, as pessoas podem ver sua calcinha. – Ele disse e piscou para alguém atrás da megera.

Katrina começou a piscar. Ela havia se esquecido completamente que estava de vestido. E um curto para valer. Ela ficou normal, e se virou devagar para encarar os donos de várias fotos que continham uma calcinha preta e cheia de bolinhas vermelhas.

Ela estava pronta para matar alguém, e definitivamente não mediria esforços para tal.

Mellany apenas ficou observando, apoiando seu braço na cabeça de Allan. Ele então, finalmente, olhou para ela, com um sorriso torto.

-Virei banquinho de apoio? - perguntou, olhando para cima, fazendo o braço dela ir parar em sua testa.

-Sim, a única coisa de útil que você faz. - ela respondeu, com o rosto inexpressivo. Allan deu um riso abafado.

-Não é só isso, você também é minha propriedade, Vaquinha Coelha.

Mellany enrugou o nariz, com ódio, o que fez com que Allan risse novamente.

-É você também se encaixa no papel de coelha.

Agora com raiva, a "Coelhinha" acertou o cotovelo na testa do moreno, que fez uma careta, então tirou o braço.

-Só com você sentado para eu apoiar em você, seu poste. Aliás, pare de olhar para os meus peitos. - ela disse, cruzando os braços e se virando, ao perceber onde o olhar dele estava.

-Então não posso te olhar? - perguntou, na maior cara de pau.

-Não te dei essa permissão. - Mellany respondeu, secamente, sentindo novamente que aquilo que usava faltava peças, da mesma maneira que sentiu no momento que colocou.

-Bom, se eu não tenho, quem dirá os outros. - Allan disse, olhando feio para os caras que haviam tirado as fotos de Katrina, desta vez com fotos do traseiro nada bem encaixado naquela saia de Mellany. Ela ficou vermelha e os encarou.

Com os olhares das garotas dessa maneira, os dois garotos se encolheram. As agressoras já poderiam ter os matado só com os olhos, se isso fosse possível. Antes de mais nada, pegaram os celulares e olharam as fotos, tiradas de maneira bem estratégica.

Elas, então, partiram os celulares ao meio, sem usar tanto esforço.

Após fazerem isso, Katrina olhou para os destroços em sua mão. Depois olhou para o dono do celular.

Ele estava desesperado, como se o celular fosse sua vida. A megera fez a maior cara de boazinha do universo, o que, em outras palavras, significa: corre.

- Parece que você gostava tanto desse celular... – Ela disse em um tom doce, extremamente falso. Katrina deslizou pela mesa e se sentou no colo do sujeito.

Pedro ainda estava dando risinhos, mas ao ver aquela cena, se endireitou no banco de couro vermelho e fitou os dois, confuso demais para acreditar no que estava vendo.

- Sim... – O garoto fungou. – Tinha várias fotos de família aí. Além de ter suas belas pernas.

Katrina sorriu e passou a mão na cabeça dele.

- Ah... Pobrezinho. A tia Katrina foi malvada, né? – Ela fungou.

O garoto assentiu e afundou a cabeça em seus seios.

- Bom... – Ela continuou, ainda no tom falsamente adocicado. – Já que você gostava tanto dele... Você poderia comê-lo, certo?

O garoto parou de fungar e a encarou, assustado.

- Mas...

- Mas nada. – Seu tom de voz voltou ao tom de sempre, e Katrina não perdeu tempo. – Come essa merda, seu bosta.

A megera simplesmente enfiou o aparelho dentro da boca do jovem. Ela olhou para os três, enquanto empurrava o metal garganta adentro do rapaz.

Pedro não sabia se ficava surpreso, feliz ou desesperado.

Katrina achou que era crueldade demais, então derramou a Coca dentro da boca dele, para ajudá-lo na digestão.

Até Mellany ficou um pouco surpresa.

Depois que o jovem simplesmente caiu de cara na mesa, Katrina afagou seus cabelos ralos.

- É, comigo também é assim. – A megera começou. – Às vezes a comida não cai bem.

Mellany, após se recuperar do pequeno choque, olhou para o outro garoto, que chacoalhava seu amigo loucamente. Infelizmente, o garoto não acordava.

Ao perceber o olhar nada amigável de Mellany, ele jogou as mãos para o alto, como se fosse ser revistado por policiais.

-Oh, ficou com medinho? - ela disse, se agachando na frente dele e fazendo beicinho. O garoto assustado e suado assentiu.

-Que peninha. - Mellany disse, então fechou a cara novamente. - Deem o fora daqui.

-M-mas...

-Já pagaram, não é?

-N-nós nem fizemos nossos p-pedidos...

-Foda-se. Já fizeram mais do que deviam fazer. Fora. - Apontou para a saída do estabelecimento, já em pé. O garoto agarrou a mochila, tremendo muito.

-E-estamos ind-

-Ah, espera. - esticou a mão, aberta. - Me dá trezentos.

O garoto ficou sem fala. Abriu a boca para argumentar, mas Mellany o interrompeu.

-É, idiota, trezentos reais, vocês tiraram as fotos e agora tem que pagar.

-M-mas as fotos e os celulares...

-Cala a boca. Dinheiro. Ou senão... - Mellany disse, pegando o garoto pela gola da blusa.

- Melhor ir logo, ela não é tão gentil como eu. – Katrina comentou, casualmente apoiada no corpo inconsciente do garoto.

O garoto engoliu em seco e abriu a carteira, sob o olhar de Mellany, que ainda o segurava, então gaguejou.

-E-eu não...

-Vai passar logo ou vou ter que roubar esses cartões aí?

-Não, n-não vai... - Vacilante, tirou duas notas de cem e duas de cinquenta, colocando cuidadosamente na mão estendida da garota, então foi posto ao chão.

-Ótimo. - Disse, colocando o dinheiro no sutiã. - Fora.

O garoto assentiu, ainda tremendo, então pegou seu amigo nas costas e os dois palhaços saíram da loja.

-Cuidado para não roubarem seu dinheiro, Vaquinha. - Allan disse, apoiado na mão, já que havia assistido tudo. Mellany revirou os olhos e o encarou.

-Nem ouse colocar as mãos onde ele está.

-Que pena, era esse o objetivo.

*

No fim, cada uma ficou com cento e cinquenta reais. Katrina era mais radical, colocando o dinheiro na dobra da calcinha.

As duas não aguentavam mais ficarem sob os olhares pervertidos dos clientes, principalmente os olhares de certos desgraçados.

Quando as duas chegaram ao limite, Katrina foi a primeira – como sempre – a demonstrar seu ódio por tudo aquilo.

Bateu palmas bem alto e pegou Mellany pelo braço, a levando até a cozinha.

A sentou no banquinho de metal e ficou caminhando de um lado para o outro.

- Chega, Mellany. – Ela disse, pensativa. – Estou cansada dessa merda toda. Já bolei um plano para sairmos daqui. Quebramos um copo e ameaçamos o dono desse inferno. Se ele não nos der os ingressos, o mataremos com um corte profundo na garganta. Discreto e seguro.

Mellany ia dizer alguma coisa, mas o velho saiu de trás da porta e as fitou, cético.

- Vocês podem sair daqui se... Fizerem um joguinho. Aí... Vocês podem ir embora. Sem matar ninguém. – Ele gaguejou algumas vezes.

Katrina e Mellany se entreolharam.

- Vai dar merda. – Resmungaram, juntas.

O velho sorriu, um pouco mais tranquilo com a ideia de que - talvez - continuasse vivo.

-Não é nada demais. É um jogo que sempre fazemos. Venham. - Disse, puxando as garotas pelo braço.

Os três foram até uma parede do lado direito do café, um lugar que podia ser visto por todo o estabelecimento. Ele pegou um giz que estava em um quadro negro, então bateu palmas para que as conversas paralelas parassem e todos prestassem atenção nele. Assim feito, deu um largo sorriso.

-É a hora do Pocky Game! Para quem não sabe como funciona, iremos usar o famoso Pocky - Ele começou, recebendo na mão por uma das garçonetes uma caixa de Pocky. - Para ele. Duas garçonetes irão ter que segurar um dos lados deles com a boca e dois sortudos irão ter que ficar no outro, disputando quem fica com o doce! Hoje, nossas garçonetes escolhidas serão as doces Mel e Kit Kat! - Ele disse, anotando o nome de ambas no quadro.

As duas não sabiam se riam ou choravam com aquilo tudo ou com o péssimo trocadilho.

O velho pegou um saco de plástico cheio de papeis dobrados.

-Bem, todos colocaram seus nomes, certo? Então, lá vai! Os sortudos serão... - Ele colocou a mão no saco e tirou de lá dois papeis. Os desdobrou e serrou os olhos para ler os nomes, então sorriu para o público - cheio de expectativa - novamente - Camilo e Murilo!

Katrina quase caiu para trás.

Os nerds espinhentos e com óculos verdes apareceram, sorrindo, enquanto os invejosos batiam palmas. Eles se aproximaram das garotas.

-Que porr... - Katrina quase berrou, então Murilo, à sua frente, deu um pequeno sorriso.

-Que coincidência te encontrar por aqui, Katrina. Espero que esteja cuidando bem da blusa, mas essa roupa fica melhor em você. - Ele disse, olhando sem nenhuma vergonha de cima a baixo para Katrina. Ela tentou, com fracasso, tampar seus seios.

Mellany, sem entender muito bem, encarou o garoto cinco centímetros mais baixo à sua frente, com os braços cruzados.

-O-oi... - Ele disse, com um pequeno sorriso, com o rosto avermelhado. Então olhou para seu amigo. - Ei, Murilo! Vamos finalmente beijar garotas! - Murilo olhou para ele, com o rosto também vermelho.

-Eu sei! É incrível! - Então trocaram risinhos de nervosismo.

-Macumbas. - Mellany resmungou.

-Em todos os lugares. - Katrina completou, então olhou para a amiga, que também a olhava.

-Vamos mesmo fazer isso? - Mellany perguntou.

-Irão se quiserem os ingressos. - O velho disse, se metendo entre elas.

-Acho que devíamos ter matado ele antes.

Enquanto isso, Allan e Pedro olhavam, nada confortáveis, a situação.

Pedro decidiu não olhar aquilo, então simplesmente ficou encarando o seu café.

Seus olhos se estreitaram ao ouvir vivas dos clientes enquanto o nome de Katrina era mencionado tantas vezes.

Ele não suportaria aquilo nem ferrando.

- Não acha que é difícil? – Perguntou ao colega. – Ela nem imagina o quanto eu sofro por ela. Pensa que eu sou... De ferro, enquanto eu estou aqui, praticamente sangrando.

Allan parou de mexer o açúcar em sua bebida e olhou para o amigo, que parecia inconsolável. Ele esticou o braço e tocou o de Pedro.

-É esse, meu amigo, o preço dos sentimentos. É só desistir deles, como eu. - disse, então deu um sorriso sem graça e voltou a mexer o café. - Desculpe. Não sou bom em consolos. A não ser que você seja uma garota e queira um beijo de consolação.

Pedro parou de prestar atenção nas conversas e começou a dar risada.

- Acho que não precisa ser necessariamente uma garota para querer um beijo de consolação seu. – Pedro piscou com o próprio comentário e olhou para o teto. – Meu Deus. Em que ponto eu cheguei?

Allan riu, colocando a colher que usava para mexer o café de lado.

-Se estiver carente e bolado como você, às vezes precisa. - Disse, tomando um gole da bebida, depois olhando novamente para o amigo. - Se quiser, podemos fazer alguma coisa. Sabe, para impedir e tal. Elas não parecem estar muito a fim de discordar de alguma intervenção.

Com a proposta casualmente dita, uma luz no fim do túnel se iluminou para o italiano. Ele se afundou no encosto do sofá, e se ajeitou no banco de couro. Logo depois, se endireitou e espalmou a mesa, certo do que deveria fazer.

- Tudo. Menos deixar minha Katrina fazer uma coisa tão tosca quanto essa. Se fizer coisas toscas, que ao menos seja comigo.

Ele se levantou e andou alguns passos. Logo parou e olhou para Allan, que estava confuso.

- Ela, obviamente se recusará a fazer essa merda de jogo comigo. Então... Vamos improvisar.

Allan riu e levantou, indo atrás do amigo, mesmo sem saber o que o loiro planejava. Certamente, ele seria capaz de qualquer loucura por Katrina.

-Improvisar como? - Perguntou, então pensou no que talvez pudesse ter sido a ideia dele. - Não me diga que...

Pedro se virou e olhou o companheiro.

- Cuidado com o que imagina. – Ele riu.

Enquanto os dois discutiam e se aproximavam do lugar onde as duas estavam, Katrina e Mellany estavam mais do que em um conflito interno.

O primeiro olhar de desdenho foi o de Katrina para o seu parceiro.

Ele não esperou mais e colocou a ponta do palitinho na boca, esperançoso. Ele fez um sinal para que ela viesse, mas Katrina apenas juntou as sobrancelhas.

- Meu Deus. – Ela resmungou. – Cadê os raios nesse momento?

Murilo se aproximou dela, e Katrina fechou a cara e lançou um olhar terrível para o coitado.

- Se aproxima mais de mim e vou enfiar esse troço no teu ouvido.

Murilo ficou decepcionado e tirou o palito da boca, encarando a megera com tristeza.

Agora foi a vez de Mellany.

Camilo pegou o doce, com certa timidez, então o colocou na boca e fechou os olhos com força, ficando na ponta dos pés, poucos centímetros de Mellany.

Ela então segurou o doce e o partiu em farelos.

-Nem fodendo.

Camilo olhou para o chão, envergonhado, enquanto os outros clientes riam da desgraça dos nerds.

O velho suspirou, passando a mão nos cabelos ralos, enquanto o público não parava quieto. Com certeza, aquele jogo não iria acontecer. Não dessa maneira. Ele olhou para Katrina e Mellany, que permaneciam de cara fechadas, com os braços cruzados. Depois para os garotos, que cochichavam, com certeza decepcionados. Ele então se aproximou das garotas. Teria problemas se o jogo não acontecesse; e elas também.

-Vocês tem que fazer isso. Ou então nada de ingressos. - Ele disse, segurando-as pelos ombros. As garotas se entreolharam e engoliram em seco.

-Vamos mesmo fazer isso? - Allan murmurou perto da orelha de Pedro. O mesmo deu um sorriso cativante e se pôs à frente.

-Isso não está dando certo, porque nenhuma das duas está a fim de fazer isso. Como são bem teimosas, não vai funcionar. - Disse, tentando esconder um sorriso, enquanto todos o olhavam. Foi uma das primeiras vezes que Katrina se sentia agradecida ao italiano. Allan então também deu um passo a frente.

-Mas elas precisam fazer isso, foram as escolhidas! - O velho insistiu, então foi fuzilado pelo olhar não só das garotas, mas de Pedro e Allan também.

-Bem, há outro jeito que elas iriam aceitar. - Allan disse, com seu sorriso torto de sempre, com as mãos nos bolsos.

Agora, absolutamente todos voltaram à atenção para os jovens. Alguns já haviam entendido a ideia, porém Mellany, Katrina e o velho não.

-Como? - Ele perguntou.

Pedro sorriu novamente.

-É só elas fazerem o jogo entre si.

O público entrou em loucura.

-Não sei se... - O velho começou, mas foi interrompido por vaias e torcidas de "Deixa! Deixa! Deixa!" em um ritmo único. Nesse momento, ele entendeu que iria fazer mais sucesso que um jogo de Pocky comum.

Katrina e Mellany olharam uma para outra, então esboçaram um sorriso de canto.

-Melhorou. - As duas resmungaram.

Mellany pegou um Pocky e colocou a ponta em sua boca, então Katrina se aproximou e mordeu a outra. O público vibrou duas vezes mais. Pedro e Allan não pareciam muito incomodados agora, até porque, era melhor a garota que se gosta beijando outra do que a ver beijando outro cara. Claro, se ela for hétero.

-Prontas? - O velho perguntou. Elas assentiram, de leve, para o doce não quebrar. - Muito bem, já!

Elas então começaram a comer o Pocky, cada vez mais aproximando seus rostos. O público não poderia estar vibrando mais, até vieram pessoas de outros lugares do shopping ver o porquê da confusão. Claro, todos eram homens.

Assim que o doce ficou com um centímetro de cumprimento e os lábios de Mellany e Katrina já haviam se encontrado, começou uma batalha de línguas para ver quem ficaria com o resto. Não é preciso citar novamente que todos amaram.

Assim que elas se separaram e limparam o contorno dos lábios sujos de chocolate, começaram a pedir para repetirem.

Então alguém gritou:

-Beijo de lésbicas!

Mellany olhou para o dono da voz e deu um sorriso malicioso, ansiosa para ver a reação de todos -principalmente de Allan- com o que diria a seguir:

-Eu sou bi, meu querido!

O público vibrou e gritou ainda mais. Allan, Pedro e Katrina ficaram de queixo caído.

A megera pigarreou e olhou para a colega.

- Se eu fosse lésbica, te levaria para casa agora. – Ela riu e deu um tapa nas costas de Mellany.

Allan olhou boquiaberto para o amigo, que também tinha a mesma reação.

-Talvez não tenha sido uma boa ideia.

Pedro colocou a mão na boca enquanto apertava os olhos para rir.

- Não. Foi uma excelente ideia. Melhor do que deixar a cobra engolir o coitado. – Ele gritou para que Katrina ouvisse, e escondesse a preocupação anterior.

Katrina se virou para ele e lhe deu língua. Ela começou a chacoalhá-la e sibilou:

- Tssss.

Ninguém aguentou. Todos caíram na gargalhada e Katrina riu inocentemente, feito uma criança.

Mellany apenas se deliciou das cenas, então Allan fez um desconfortável comentário:

-Não sabia que você também curtia pepecas! - A provocou, segurando para não cair na gargalhada. Mellany entortou os lábios.

-Porém eu sempre soube que você curte pepinos! - Respondeu, então todos riram mais ainda. Allan também, apesar de ter levado uma cortada meio tensa.

Quando todos estavam felizes e satisfeitos, uma garçonete bateu no ombro das duas.

- O horário de serviço de vocês duas já acabou. Se troquem. Rápido.

As meninas se entreolharam e um sorriso se espalhou pelo lábio de ambas. As duas esticaram as mãos e as bateram em forma de vitória.

*

Quando já estavam trocadas e aliviadas, as meninas despencaram no banco duro de madeira. Katrina balançou as pernas e se esticou no banco, ficando com o tronco para fora.

- Vamos sumir daqui. Glória.

-Aleluia. Já passei do meu limite no momento em que coloquei aquela roupa. - Disse Mellany, abraçando sua jaqueta de couro.

O velho apareceu e esticou o braço, com os tão esperados ingressos nas mãos.

-Tudo valeu a pena. - Murmuraram, esticando os braços para pegarem os papeis valiosos. Então, o velho voltou atrás.

-Sabem, a porta daqui estará sempre aberta para vocês, se um dia quiserem vol-

-Não, obrigada. - Mellany e Katrina praticamente gritaram, tirando os ingressos da mão do velho e correndo para fora da loja o mais rápido possível.

-Voltem semp... - A empregada na porta começou, mas foi interrompida por dois furacões.

-Até nunca mais! - Mellany gritou, então Katrina riu e a completou.

- Liberdade!

Então deram de cara com Jô, Jonas, Marcela e Alicia.

-Finalmente! Onde estavam? - Alicia perguntou, talvez um pouco preocupada. As agressivas se entreolharam.

- Estávamos fazendo uma... Parada bem doida. – Katrina pigarreou e passou a mão nos cabelos ralos, que estavam despenteados. – Um lance aí.

Marcela e Jonas se entreolharam.

- Tem caroço nesse angu. – Jonas se manifestou, abrindo os braços e colocando as mãos sobre os ombros da megera. – Pode falar, amor. Acredite, quando estava no ginásio, os garotos viviam falando seus segredos e babados para mim. Depois a gente fazia uma coisa muito legal. – Ele começou a piscar, como se aquela memória fosse a coisa mais “delícia” do mundo. – Voltando. Pode contar.

Katrina juntou as sobrancelhas e o fitou.

- Desnecessário. E o que fizemos não é da conta de vocês. Esse segredo morrerá junto conosco para sempre.

- Katrina e Mellany bancaram as garçonetes indecentes vestidas de cosplay. – Soltou Pedro, apoiando os cotovelos nos ombros da megera. – Katrina estava em especial provocante, admito.

Katrina rugiu e se virou para ele, o pegando pelo colarinho. Os dois começaram a discutir e brigar, e Marcela e Jonas ficaram em choque.

- Gente. – Disseram.

-E a Mellany estava com uma fantasia de coelha que parecia da Playboy. - Allan brotou ali, apoiando-se na cabeça de Mellany. A mesma ficou vermelha e deu um tapa em seu braço então, assim como Katrina e Pedro, os dois começaram a brigar.

-Parece até que tem um espelho ali. - Jô murmurou para Alicia, Jonas e Marcela, enquanto os três observavam as brigas praticamente idênticas dos casais.

Quando estavam realmente quase saindo no pau, uma moça cutucou o ombro de Katrina. Ela se virou, putíssima, mas percebeu que era a garçonete que usou de apoio para não cair quando estava usando os patins.

Ela deu um sorriso tímido, e colocou um cartão no decote dela.

- Me liga. – Ela riu. – Estarei esperando.

A mocinha saiu, apressada, pelo shopping. Todos olharam Katrina, confusos.

- Gente. – Pedro exclamou, em tom de brincadeira. – Olha só a megera conquistando corações.

Katrina riu e olhou para ele.

- Vai se ferrar. – Ela disse entre um riso. A megera enfiou o cartão no sutiã, junto com seu dinheiro. – Talvez eu ligue. Mas sou imprevisível. – Ela deu de ombros.

Mellany riu, então pegou o cartão de Katrina e deu uma olhada.

-Quem sabe eu também ligue. Era gatinha. - Então devolveu o cartão para Katrina que, provavelmente, não iria querer permitir novamente tal intimidade, sabendo a opção de Mellany.

Assim que percebeu os olhares dos que não sabiam -Alicia, Jonas e Jô- disse:

-Bi.

-Ah. - Exclamaram, ao mesmo tempo. Jô então pareceu ter se lembrado de algo, então tirou um ingresso de sua bolsa e deu um pulinho de animação, mostrando-o para as agressivas.

-Vamos? Vamos? É um festival de rock. - Disse, com um sorriso no rosto. Katrina e Mellany analisaram o ingresso e quase tiveram um infarto.

-Onde. Conseguiu. Isso? - Mellany perguntou, a beira de dar um grito. Jô não entendeu, mas respondeu mesmo assim.

-Em uma loja que vende coisas de rock. Estavam vendendo os ingressos lá e... Opa! Perfeito. - Disse a morena, abraçando o ingresso. As duas quase desabaram no chão.

Mellany deu um grito de frustração e bateu o pé com toda força no chão. Mesmo com tênis, o impacto foi tão forte que ela sentiu dor.

-Tudo aquilo por nada. - Choramingou, apoiando o rosto no ombro de Allan. - Tá usando perfume demais. - Murmurou, em seguida, porém continuava angustiada.

O queixo de Katrina despencou e ela sentiu uma vertigem. A megera deu três passos para trás, e quase despencou no chão. Pedro pensou rápido e a pegou por baixo dos braços, apertando suas próprias mãos rentes ao tórax da megera. Ela ficou com os joelhos moles, e Pedro foi obrigado a levantá-la, para que a coitada pudesse ficar de pé.

- Eu... – Ela começou. – Eu vou matar alguém... Assim que eu conseguir ficar de pé. – Ela disse, apontando para o Café.

Marcela começou a rir e cruzou os braços.

- Fizeram tudo isso a toa. Mas bem... Não adianta chorar pelo leite derramado, certo? Fizeram o que fizeram, mas tenho certeza que se aproveitaram da situação e chutaram alguém.

Mellany e Katrina conseguiram abrir um sorriso.

- Quase isso. – Disseram, juntas.

*

Um tempo depois, todos estavam no show. Até mesmo Allan e Pedro, para a desgraça das duas.

Várias bandas "fodas" - pela descrição delas e de Jô - tocaram, e as que não puderam apresentar foram representadas por uns caras que faziam covers muito bem feitos.

Depois de quase quatro horas, nem todos eles haviam aguentado ver o show todo. Foram, então, comprar comida, enquanto Mellany e Katrina esperavam sentadas na mesa da lanchonete do lugar, enquanto absorviam tudo que havia acontecido.

Elas então olharam uma para a outra.

- Cachorro. – Mellany disse, do nada.

Katrina piscou e sorriu.

- Música.

- Crianças. – Mellany fez uma careta ao dizer.

Katrina deu um breve riso.

- Piercings.

- TV.

Então, em uma breve fração de segundos, elas disseram:

- Vida.


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Notas finais do capítulo

Oi, gente. AUHHASUHSAUHUAS
Confesso que esse foi um dos melhores capítulos que nós duas fizemos. SAUHHSAUHSAHUASHUAS
Esse especial tá diwo, falo mesmo. ASHUHASUHASHUA Deu uma trabalheira danada, mas valeu a pena! Espero de coração que vocês realmente tenham gostado, e visitem a fic dela, é muito boa e muito bem escrita.
Irá ter (eu acho u-u) Mais especiais desse, mas... Vocês têm que falar se gostaram ou não, certo? u-u
Gente, é isso. Espero que tenham gostado (já disse isso HUASASHUS),
Comentem Bastante! ♥