Grey's Anatomy - Meant To Be escrita por Tatiane Almeida


Capítulo 1
Um pouco de tequila pode cair bem - Cap. Um


Notas iniciais do capítulo

O primeiro capítulo mostra Cristina de Meredith. Tomei como base o inicio da nona temporada (:



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Qual a razão disso tudo? Da vida? Qual o motivo de estarmos vivos? Porque ficamos anos vagando por ai, e depois, simplesmente morremos?

Porque médicos salvam vidas? Salvamos porque talvez elas estejam destinadas a algo grande? Ou pelo simples fato de amarmos abrir o corpo de um ser humano e ter o sangue de outra pessoa em nossas mãos? Sentir um coração entre meus dedos tê-lo em minhas mãos é realmente uma sensação indescritível. Preciso admitir.

Odeio não ter resposta para as minhas perguntas.

Talvez nós médicos, salvamos vidas apenas por salvar e não há razão alguma nisso.

Dr. Thomas morreu ontem. O estranho é que não consigo sentir que isso realmente aconteceu. Quando se torna real para nós que alguém querido se foi?

É ver um caixão que abriga um corpo frio e literalmente sem vida alguma? Ou é quando você quer ligar, conversar, rir, então se lembra de que não pode. Aquela pessoa não vai atender sua ligação, por mais que você queira.

Que triste, tive uma estranha vontade de ligar para Dr. Thomas agora. Bem... Ele já não pode mais atender.

Não consegui ficar em Minnesota por muito tempo depois de sua morte. Vejo mortos quase todos os dias, então isso não me assusta ou me traumatiza. O problema era ter que olha-lo imóvel e pálido e desejar que se mexesse. Só um pouquinho. Sentia uma agonia terrível, uma sensação estranha no peito. O que me incomodou. Então eu fui embora. Estou voltando para casa.

Não sei em que em que momento eu me apeguei ao Dr. Thomas. Ou talvez não tenha. Talvez esteja apenas sensibilizada com sua morte inesperada.

Ela riu consigo mesma.

Morte inesperada. (Riu de novo) E por acaso, existe morte esperada, planejada e organizada?

Era nisso que Cristina Yang pensava logo de manhã, assim que chegou de Minnesota para Seattle. Tinha decidido ir embora de Seattle para ficar longe de Owen e seu filho. O filho que ela não queria ter tido. E mesmo o tendo, não ficou para ajudar Owen a cria-lo.

Andando a passos lentos, no meio de tantas pessoas no aeroporto Cristina pensava em como seu tempo em Minnesota tinha sido breve. Ainda não sabia dizer se havia se sentido em casa e confortável lá. Sentia mais como se tivesse feito uma viagem curta.

Pensou em seu filho, que nem se quer sabia quem era sua mãe. E se perguntou se Owen havido falado dela para ele. Nunca negou para ninguém que queria ter abortado. Só que fraquejou, quando o homem que amava pediu para que não o fizesse. Owen implorou, e isso fez o coração de Cristina amolecer. Quem diria. Tantas pessoas ainda dizendo que ela não tinha um.

Sabia que isso acabaria em divorcio porque ela não queria ter o bebê, mas o teve mesmo assim.

Os olhos de Owen haviam lagrimejado quando Cristina disse que estava gravida. Cinco minutos depois ele já estava planejando como juntaria dinheiro para a faculdade no bebê, dali alguns anos. Ela não teve coragem de dizer a ele que não queria a criança. E não disse. Pelo menos não naquela semana.

O dia estava lindo, radiante e vivo. Mas algo dentro de Cristina estava um pouco sombrio e morto. Ela não trocou de roupa, não comeu, não foi ao banheiro, não quis fazer nada. Apenas se deitou em cima de sua antiga cama e abraçou o travesseiro, quase como se ele fosse real, quase como se tivesse sentimentos. O cheiro de Owen ainda estava nos lençóis, ela podia sentir. (Mesmo que aqueles lençóis estivessem mofando ali há dias).

Ou talvez fosse apenas coisa de sua cabeça. Sua cabeça mexendo com o seu coração. Cristina já não pensava nele há algumas horas, e agora parecia impossível poder tira-lo de seus pensamentos por um longo tempo.

Pensou em ligar para Meredith, sua melhor amiga. Quem sabe alguém entendesse isso. Esse sentimento de não estar triste, muito menos feliz. Era como se estivesse oca e adormecida, embora não estivesse dormindo. Era como se fosse um brinquedo velho, cansado de brincar. Mas Cristina não ligou, não gostava de falar de seus sentimentos. Não era vergonha, simplesmente não dizia.

Acabou não fazendo nada, não conseguiu se mexer. Tentou forçar seu corpo a se levantar e ir tomar um banho, mas não conseguiu, parecia já não conseguir controlar a si mesma. Estava cansada.

Apenas continuou ali deitada, deixando aquele lindo dia passar em branco. As horas foram passando e Cristina desejou poder dormir internamente. Descansar o coração, adormecer a alma. Só por algumas horas. Dias. Semanas. Por meses. Anos quem sabe. Ou quem sabe planejar sua morte para breve. Ela riu consigo mesma.

Não posso morrer agora, pensou. Ainda tenho muitas cirurgias brilhantes e raras pra fazer.

Meredith subiu as escadas da casa de Cristina apressada. Seus passos faziam um barulho absurdo que ecoavam pelo espaço pequeno. Não tinha precisado tocar a campainha, pois tinha uma copia da chave. Quando viu Cristina deitada na cama onde costumava dormir com Owen, não se surpreendeu.

- Idiota – gritou – Eu estava te esperando no aeroporto – resmungou Meredith um pouco irritada, mas logo esboçou um sorriso.

Cristina riu.

- Cala a boca. E me diz que trousse algo pra eu beber. E quando eu digo algo, quero dizer alguma coisa alcoólica.

Meredith se deitou ao lado de Cristina e não respondeu. Começou a encarar o teto do apartamento e a se perder em pensamentos também. Deveria contar a ela? Ou deveria esperar o momento certo? Existia o tal momento certo?

Por muito tempo, ambas não disseram nada. Não precisava. Uma estava ali pela outra de certa forma e isso bastava para as duas.

- Eu trousse tequila – disse Meredith depois de longos minutos em silêncio.

- Tanto faz, acho que tequila serve – falou Cristina.

Meredith foi até a cozinha pegar a tequila e os copos.

- Sem copos, me de logo a garrafa toda.

- Cristina! – exclamou Meredith rindo.

- Até parece que não me conhece.

Por mais que estivesse rindo, não era exatamente felicidade que Meredith sentia. Sempre tentava ser otimista, e por mais que não admitisse, em meio a tanta tragédia que já aconteceu ao seu redor e com ela, tinha muito medo que algo de ruim acontecesse com o seu bebê.

Havia descoberto sobre a gravida já fazia algum tempo, mas não contou a Cristina ainda, embora fosse sua melhor amiga. Deu a garrafa de tequila a ela e colocou um pouco de suco de laranja com gelo em um copo.

- Você não vai beber? – indagou Cristina.

- Eu... Cristina eu – Meredith pensou em dizer a ela que estava gravida. Não conseguiu – Eu vou trabalhar daqui a pouco. Então...

Cristina apenas assentiu enquanto dava um gole longo na garrafa de tequila.

Meredith sentia que apenas não deveria cantar vitória antes da hora. Tinha medo de ser feliz, e inesperadamente algo ruim acontecer. Se bem que, já tinha passado por tanta coisa que parecia impossível que mais alguma coisa de ruim fosse possível acontecer. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado @tatialmeidajc (:



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