Meu Doce (In)Desejado escrita por Buzaid
Notas iniciais do capítulo
adorei as reviews que o primeiro capítulo recebeu!!!! espero que esse também recebaa :P
Henry pigarreou e logo caminhou até a mesa. Seus chinelos de borracha ricocheteavam no chão a cada passo, causando um barulho irritante que ecoava na vastidão da sala. Sentou-se ao lado de Carolina - segundo as marcações reais que Victória mesmo tinha feito. Ele não ousou dizer mais nada, uma vez que sua mãe e Albert dominaram toda a conversa que precedeu o jantar e a conversa que se prolongou ao longo do mesmo.
Carolina parecia atenta e interessada no que diziam, enquanto Henry apenas fingia ouvir. Aquele jantar fora concebido por Victória com o único intuito, informal, de apresentar seu filho à princesa do sul, tanto que nenhum primeiro ministro ou parlamentar havia sido convidado, apenas as duas famílias reais. Entretanto o rei Albert e a rainha Victória envolveram-se em idéias e suposições sobre o casamento e o novo reino de Llyoal. Pensavam em outros acordos políticos e até cogitavam algumas idéias que envolviam a União Européia e o Conselho de Segurança da ONU.
- Desculpe a interrupção. - A rainha Luzia clamou enquanto o marido dava um longo e cansativo discurso sobre a atual situação econômica européia. Albert logo fitou-a, assim como Victória, Henry e sua filha, Carolina. A sobremesa havia sido servida faziam apenas alguns minutos. - Perdoem-me por ser tão importuna nesse momento, contudo acho que Vossas Majestades esqueceram o verdadeiro intuito desse jantar... - Afirmou. - Era para Henry e Carolina se conhecerem melhor, porém ficaram calados desde o instante que começamos a comer. - Completou.
Henry não fazia questão alguma de conhecer Carolina, até cogitou a possibilidade de afirmar isso em voz alta. Mesmo ele a tendo achado atraente, não via o porquê de ter de se casar com ela. Aqueles malditos protocolos reais sempre o atrapalhavam...
- Vossa Majestade está certíssima! - Victória concordou envergonhada. Ela sempre perdia o controle e começava a tagarelar quando o assunto lhe era de muito interesse. - Acho que agora é tarde demais para que façam isso durante o jantar, não é mesmo?! - Zombou fazendo Luzia e Albert sorrirem divertidos. - Contudo não vejo porquê não o façam durante um agradável passeio pelos jardins do palácio... - Henry franziu o cenho na medida que fuzilava a mãe. Carolina pode notar o quão desconfortável ele havia ficado.
- Ótima idéia, Majestade. - A jovem princesa afirmou para a surpresa do futuro noivo. Havia certa ironia em suas palavras e ele pode notá-la.
- Fico feliz que tenha gostado da idéia, querida. - Victória sorriu. - Porque não vão agora? - Sugeriu.
- Mas eu ainda não comi a sobremesa! - Henry exclamou. Estava sendo infantil, novamente. Os soberanos do Sul encaravam o jovem príncipe ainda com um certo ar de desaprovação. Victória fitou o filho e logo afirmou:
- Guardamos um pedaço de torta para vocês, querido! - Victória sorriu tentando parecer paciente. Contudo Henry percebeu a frieza com que a mãe lhe falava. - Vamos leve sua noiva para conhecer o palácio, Henry! - Ordenou sutilmente.
Com o semblante rígido e os lábios perfeitamente alinhados em uma carranca Henry levantou-se. Fuzilou Victória, que sorria com as mãos entrelaçadas frente ao corpo. Albert e Luzia já não carregavam aquele olhar de desaprovação em seus rostos, porém, secretamente, tinham dúvidas de que um dia sua filha seria feliz com aquele homem... ou devo dizer, menino.
- Vamos então? - Henry, fazendo-se de cavalheiro, ofereceu um braço à Carolina.
- Claro! - A princesa sorriu falsamente e aceitou o braço de seu futuro marido.
Sem dizer nada os dois caminharam até a saída. O casal sabia que estava sendo observado até o momento em que os guardas reais fecharam a elegante porta de madeira que ligava o salão de jantar com um corredor demasiadamente infinito...
Por um breve segundo o olhar celestial de Carolina se perdeu por aquele corredor. A jovem princesa parecia querer desvendar tudo o que aquele palácio guardava. Ela olhava atentamente para o luxuoso tapete vermelho, que se perdia à sua frente, notou também as flores extremamente vivas dentro de cada vaso posto à baixo dos elegantes espelhos, que estavam na família por gerações. Havia também algumas esculturas e alguns quadros, que Carolina julgou ser de alguns ancestrais dos Caldwell.
Era inevitável pensar que aquele não era seu lugar. Por mais que estivesse fazendo um sacrifício pelo povo llyonense e pela sua família, Carolina não podia deixar de pensar que seu lugar não era naquele palácio ao lado daquele homem tão grosseiro e infantil. Um aperto envolvia seu coração durante o segundo em que sua mente borbulhava de questionamentos e indagações. Era mais do que estranha a sensação que o peso daquela responsabilidade tinha sobre seus ombros...
- Você vai ficar parada ai? - Henry indagou enquanto fitava a princesa. Ela chacoalhou a cabeça, como se voltasse para a realidade.
- Não, Alteza! Mostre-me sua humilde residência. - Falou irônica ao soltar-se do príncipe.
- Com prazer... - Henry respondeu com o mesmo tom.
Embora o palácio de North Whintchersbarg fosse exageradamente grande não havia muito o que ser visto ali. Digo, tudo era mergulhado no mais profundo e tradicional luxo, contudo não era nada com o que a princesa já não estivesse acostumada a ver no seu dia-a-dia...
O último lugar que Henry pretendia apresentar à sua futura noiva era o jardim de gardênias, o preferido de Victória. Ele ficava ao norte do palácio e além de enormes arranjos e arbustos de gardênias brancas e rosas também tinha uma elegante fonte de pedra e alguns bancos de madeira.
- E esse é outro jardim... - Henry disse dando de ombros. Sentia-se como um guia num daqueles tours de turistas que, de vez em nunca, passava pelo palácio.
- Hum... - Carolina exclamou no mesmo tom de "entusiasmo" que o príncipe. Ela observou o jardim por alguns instantes mas não pode deixar de achá-lo comum... Para ela, uma princesa, não havia nada de especial em um lugar como aquele. Sua residência, o palácio de South Whintchersbarg, também guardava lugares como aquele jardim.
- Você não fala muito, né?! - Henry observou após alguns instantes de silêncio. Carolina encarou-o sem muito gosto no olhar e logo rebateu:
- Digamos que hoje não é o melhor dia da minha vida. - Seu tom era seco.
- Idem. - O jovem príncipe completou. Em seguida soltou uma risada sarcástica, como se zombasse de Carolina. Ela revirou os olhos:
- Acho que o seu caso é pouco diferente. - Agora fora a vez da princesa soltar um riso sarcástico.
- O que quis dizer com isso? - Henry indagou sem muito entender.
- Alteza, você está levando tudo isso como uma grande piada... à começar pelos seus trajes, digamos que ridículos. Depois sua atitude sarcástica a cada palavra dirigida à mim ou à sua mãe. - Carolina mantinha seu corpo ereto à frente de Henry. Seus braços estavam delicadamente cruzados impondo certa distância entre os dois. - Tenho certeza absoluta que meus pais estão tendo dúvidas sobre esse casamento, e acredite isso não é algo que você queira que eles tenham... - Henry cerrou brevemente os olhos, como se procurasse por paciência dentro de si.
- Carol... - Disse, irônico. - Eu sou totalmente contra esse casamento e ficaria muito feliz mesmo se seus pais quisessem cancelá-lo. - Sorriu rapidamente, com sátira.
- Henry, quem saíra perdendo será você mesmo! - A princesa afirmou, apagando o sorriso do rosto do príncipe. - Pense bem... Llyoal do Sul tem uma economia muito mais avançada e desenvolvida do que o Norte. E além do nosso território ser maior, a visão que a União Européia e os Estados Unidos têm sobre nós é muito mais positiva. Concluí-se então que nada mais justo do que dois soberanos vindos do sul para governar o novo reino de Llyoal e acredite... meus pais apenas concordaram com um nortista no governo pela amizade que eles tem com sua mãe. Mas também acho que não seria um problema em rompê-la... - Carolina respirou fundo enquanto observava o semblante de Henry se enrijecer. - Então, ainda acha que eu falo pouco? - Zombou.
- Acho que você é uma petulante, sabia? Me destratar dessa forma na minha própria casa! Isso sim, é falta de educação. - Estava indignado. - E além disso, Vossa Alteza, acho que está enganada sobre alguns fatos que citou à pouco... - Henry esforçava-se ao máximo para conseguir um tom mais superior e elegante do que Carolina, mesmo que seus trajes não ajudassem em nada. - Uma das clausulas do documento de reunificação é que no governo tenha um soberano sulista e outro nortista, ou seja, eu e você. - Sorriu vitorioso.
- Henry, um soberano sulista e um nortista não significa ao certo eu e muito menos você. - Carolina rebateu. - Tenho certeza de que o posto de rainha já está guardado para mim, eu respeito os protocolos e a tradição, mas tenho lá minhas dúvidas de que você se encaixe como Rei dessa nação!
- Pense como quiser... Sua opinião é insignificante, minha cara! - Henry deu de ombros.
- Você é insignificante! - A jovem corrigiu.
- E é com esse homem tão insignificante que você vai se casar! - O príncipe não queria parar com os argumentos e a briga. Carolina o havia irritado e muito!
- Como eu disse à pouco, não sabemos se esse casamento ainda vai acontecer... Você não é digno para ser um mero camponês, quem dirá rei do novo reino de Llyoal... - Provocou. Henry sentiu o sangue ferver, seu rosto estava vermelho. Mesmo assim conseguia continuar impressionantemente lindo.
- Escute bem o que eu vou dizer. - Afirmou ao se aproximar da jovem princesa. Abaixou seu rosto de forma à ficar da altura do rosto dela. Ela podia sentir o hálito quente do príncipe bater contra sua pele alva e macia. A distância entre os dois era mínima... - Vejo que você está certa de que vai se tornar rainha e bem, eu também estou certo de que serei rei... Ou seja, esse casamento vai acontecer, Carolzinha. - Henry pousou suas mãos sobre os ombros tensos de Carolina. -Agora, se você continuar com essa atitude contra seu noivinho aqui eu juro que tornarei esse casamento um inferno para você! - Ameaçou-a.
- Faço das suas as minhas palavras! - Carolina retrucou sem ao menos balbuciar. Ela mantinha o olhar fixado nos olhos de Henry tentando mostrar superioridade.
- Que bom que estamos entendidos, então! - O príncipe soltou, sem delicadeza alguma, os ombros de sua futura esposa. - Vamos voltar, querida! - Afirmou satírico.
Carolina apenas bufou evitando prolongar a briga. Em seguida tentou alcançar Henry, que já caminhava de volta para o salão de jantar.... O barulho irritante e deselegante dos chinelos de borracha dele parecia ter aumentado de velocidade e intensidade, o eco entre as paredes de pedra dos corredores era ainda maior.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!