Outubro E A Solidão escrita por Janis Joplin


Capítulo 1
Gritante taciturno


Notas iniciais do capítulo

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Eu sou Outubro.

E, pra iniciar esse grande composto de nada, não sabia quem era e quem queria ser. Não sabia. Eu era um itinerante noturno pelas linhas do meu caderno de poesias. Jogava com as letras em papéis velhos, e elas sempre ganhavam. Eu é que perdia o real para o surreal.

Eles corriam felizes lá fora, brincando de bola, sem se preocupar, e eu buscava o obscuro na quietude do nada. Eu era um Outubro quieto e sem amigos. Mas nunca fui ingrata quanto à minha solidão. O 'só' é aconchegante e te abraça sempre. O 'só' sempre será o seu amigo – isso me faz pensar que enquanto sós, nunca estamos sós.

Outubro outono, outrora. Ou sempre.

Cresci em meio à frases de autoajuda e adventismo imposto sem pudor, que horror. E ainda diziam-se livres, presos à uma grande âncora chamada religião. Não os culpo. Mas foi aqui que aprendi. E cresci.


Ainda ouço as outras crianças sem pais gritando feito loucos lá fora, eles não se importam com a terra molhada encharcando seus sapatos novos. Ninguém se importa.


A caneta dança por entre meus dedos, a dissonante música embriagada das fiéis atrapalha a minha criatividade, mas eu estou voando em minha cadeira rangente de madeira por enquanto. Pássaros fictíceos me chamando para um passeio, e meus pés descalços se aquecendo no chão bruto. Continuo escrevendo e viajando em meus garranchos irregulares.


Eu tenho uma insurgência dentro de mim, eu sou um microcosmo de quatorze anos, com uma máscara daquele que sempre sorri, e se esconde atrás dos que se destacam. Uma mente cheia de perguntas, mas uma boca tão calada. E um professor tão impostor.

A solidão tampa meus olhos e me carrega para o caminho, eu só queria saber qual deles.

Meu cérebro é um satélite que é deveras orbitador. E agora apenas você sabe disso. Pra todos, um mero risco de tinta preta, pra mim, um refúgio. Palavras, se vocês não existissem, eu as inventaria, como Rembrandt as reinventou, tão belamente reinventado […] e eu irei continuar com o segredo secreto e lacrado, mas meu coração continuará se emaculando, até o meu tempo acabar. Eu sou uma constante mudança, eu ainda surpreenderei. Sou inocente - serei.

Quebras mentais em minha incógnita pensante. Qual será o próximo?


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