Os Dois Lados Da Moeda escrita por Sameen Shaw


Capítulo 3
Real Enemy


Notas iniciais do capítulo

"I am better with you, Watson. I am sharper. I am more focused. Difficult to say why, exactly. Perhaps, in time, I’ll solve that, as well.” - Sherlock Holmes.



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No dia seguinte Capitão Gregson chegou a delegacia e observou que Sherlock ainda não havia aparecido para trabalhar e nem tinha tido notícias dele, aquilo era incomum para ele pois Holmes sempre ligara para avisar sobre o caso ou se algo surgisse, mesmo o Capitão sabendo que ele precisava de espaço para absorver tudo que estava acontecendo à sua volta, não podia ignorar o fato dele não ter dado algum sinal.

O Capitão antes de direcionar-se a sua sala avistou Detetive Bell e o abordou para uma conversa.  

— Capitão. – Disse Bell acenando para ele.

— Você tem entrado em contato com o Sherlock desde ontem? – Perguntou o Capitão Gregson ao detetive.

— Não, deixei uma caixa de evidências para que ele pudesse dar uma olhada, mas ele não estava em casa. Com todos esses acontecimentos talvez ele só esteja seguindo alguma pista sobre Watson.

— Ontem ele desligou na minha cara, disse algo sobre alguém estar com ela, não entendi a referência. Pensei na Joan, mas ele teria nos informado sobre o paradeiro dela caso algo estivesse acontecendo.

— Você quer que eu vá vê-lo? Eu posso fazer isso e depois volto aqui com notícias e me ponho a par do caso.

— Claro, seria de grande ajuda.

— Eu ligo dando notícias. – Replicou Bell pegando o elevador para ir até o estacionamento da delegacia pegar o carro.

Chegando lá foi surpreendido por um cara que carregava uma arma e o pediu para entrar no carro sem hesitar, mas antes de entrar no carro deixou o celular de Bell jogado no chão para que não corressem o risco de serem rastreados e ao mesmo tempo tentava ficar fora do alcance das câmeras, enquanto se aproximava para colocar o capuz em Bell, o detetive deu-lhe um golpe para desestabilizá-lo e tentou pegar a arma escondida no bolso de seu casaco.

— Jogada errada, joga a arma no chão. – Disse o capanga ironicamente apontando uma arma para Bell.

Bell jogou a arma como ele havia pedido, levantou as mãos e o homem jogou-lhe um saco.

— Agora coloque-o na cabeça e não tente mais nada ou eu acabo com você aqui mesmo.

Bell colocou o saco e o capanga amarrou suas mãos e o colocou dentro do carro que logo em seguida deu partida. O caminho todo foi silencioso, até chegarem na casa abandonada onde Sherlock e Watson estavam.

— Devo lembrar a vocês que só um sairá vivo daqui. Eu sinto que apreciarei bastante essa luta. – Moriarty falou sarcasticamente.

O capanga tomou partido e andou em direção à Watson e ela se pôs em alerta, embora tenha feito aulas de defesa pessoal não podia negar que seu oponente era maior, mais forte e ainda trabalhava para Moriarty. Ele se aproximou e deu-lhe um golpe desestabilizando-a, mas ela logo se recompôs e andou em direção à ele dando-lhe um golpe na barriga, mas isso não o desestabilizou e revidou com sua força golpeando-a no estômago o que a deixou sem reação e caindo no chão, desnorteada, o capanga se aproveitando da vantagem e subiu em cima dela e colocou as mãos em seu pescoço tentando estrangulá-la. Watson não conseguia mais reagir, apenas não tinha mais forças.

— Seu covarde! Ele vai matar ela, acabe com isso, por favor eu lhe imploro! – Sherlock gritava desesperadamente com lágrimas nos olhos.

— Booh! Estou entediado, achei que teria mais emoção e toda aquela coisa de filme, afinal eu achei que você a estava treinando. Enfim, desamarre-o também. – Moriarty falava sarcasticamente.

Após ser desamarrado ele correu de encontro a Watson que estava deitada no chão, descordada e com a pulsação fraca. Fez respiração boca a boca, mas não tinha resposta alguma. Sherlock debruçou-se em cima dela, como se isso fosse dar-lhe forças, estaria totalmente derrotado se a perdesse. Rapidamente voltou a fazer a respiração, quando finalmente Watson reagiu e Sherlock segurou sua mão, a colocando em seus braços e passando a mão em seus cabelos negros, tinha a sensação de alívio, não havia perdido ela.

— Você apreciou o nosso pequeno show Sherlock? Tenho em mente vários jogos que fariam você ir ao limite e mostrar de quantas maneiras diferentes eu posso te vencer. – De repente a voz masculina que atendia por Moriarty havia desaparecido, agora, uma voz feminina, um sotaque britânico e familiar inundava o ambiente.

Ao escutar aquelas palavras, aquele sotaque, aquela voz, Sherlock estremeceu e ainda olhando para Joan que se recuperava em seus braços assimilava a voz.

— Irene? – Disse com a voz trêmula, fazendo uma cara como se não acreditasse que aquilo era real.

— Está surpreso, não está? Por um momento achei que você não fosse vir, acho que subestimei sua capacidade de amar. – Falou Moriarty em tom amargo.

— Como você pôde? Por muito tempo lamentei sua morte, carreguei uma culpa comigo e você estava apenas jogando com a minha vida, assistindo eu afundar cada vez mais caindo em desgraça, a que custo?

— Eu não podia arriscar, conforme você se aproximava eu temia que tudo fosse descoberto. Eu tinha que achar um jeito de tirar você do caminho e matar Irene me pareceu conveniente, considerando que você se apaixonou por ela, só não podia prever que você fosse chegar ao fundo do poço de uma forma patética.

— Eu estava cego demais para ver a situação. Como fui estúpido a esse ponto? Em algum ponto você deve ter deslizado e eu não estive pleno para perceber com quem eu realmente estava.

— Sherlock, olhe para mim. Não a deixe entrar em sua mente, ela só precisa disso para desestabilizar você. – Disse Watson com a voz fraca tentando fazer com que ele não perdesse a linha mesmo sendo difícil não fazer isso diante a situação em que se encontrara.

— Que reconfortante Sherlock, quase me esqueci dela por um momento, o seu ponto fraco. Aliás, o que foi que você viu nela? Uma possibilidade de contemplar a existência de alguém que não é como nós? Posso dizer que realmente você chegou ao fundo do poço. – Provocou Moriarty.

Ao ouvi-la tudo o que Sherlock conseguia pensar é como ela havia manipulado sua vida e que encontrando-se numa situação como essa, ele descobriu quem realmente Moriarty era. Ao desviar seu olhar para Watson viu que ela estava com dor e decidiu ignorar qualquer coisa que viesse de M.

— Você está com dor. – Afirmava Sherlock.
— Nada que eu não possa aguentar.

— Deixe-me dar uma olhada. – Insistiu Sherlock preocupado.

— Eu era médica e posso afirmar que devo ter quebrado uma ou talvez duas costelas mas irei melhorar.

— Você sempre quer me questionar. Darei uma olhada para ter certeza de que não há nenhum perigo interno, caso você tenha esquecido também entendo de anatomia humana.

Sherlock levantou a blusa de Joan e passou a mão onde se situavam as costelas e como afirmara Joan, estavam quebradas.

— Você está certa. Duas costelas quebradas e não dá para saber algum dano além desse, mas com sorte apenas as costelas.

— Vejo que meu capanga lhe deixou algumas lembranças, mas olhando por outro lado bom da situação, você pelo menos não morreu. Veja só, concedi a você mais uma chance de viver. – Moriarty ironizava.

— Queria lembra-la de que temos um trato. Deixe-a ir, você não precisa mais dela, tem a mim agora. – Sherlock interceptou o início de conversa da Moriarty com Joan.

— Eu disse que você podia tê-la de volta, mas ela ainda é uma peça do nosso jogo. Nunca disse que a deixaria viva ou a libertaria, mas tudo ao seu tempo meu caro.

— Ela precisa de cuidados médicos, o que você quer para deixá-la livre?

— Finalmente estamos chegando onde eu queria. Posso atender a esse seu pedido, mas você precisa aceitar o que eu irei lhe propor, afinal, a vida dela depende disso. – Respondeu Moriarty.

— Seja o que for, eu aceito só a deixe ser cuidada em um hospital.

— Cuidado Sherlock, amar nos torna fracos, olhe só para você implorando pela vida de outra pessoa, ela não é como nós. Nós não somos assim.

— Amar não me torna fraco, me torna humano. Como você bem sabe eu sempre expressei meu pessimismo quanto a particularidade humana e seu potencial de crueldade. Olhando para você eu sinto pena, pois tudo que um dia cheguei a acreditar vejo em você. Ao desmistificar esse conceito aprendi a dar valor às coisas que jamais considerei ter em minha vida, e ela é uma delas. – Expressou Sherlock com veemência.

— Sim, sim e todas essas tolices sobre as pessoas comuns.

— Vamos direto ao ponto, não estamos aqui para filosofar sobre a vida humana! – Disse Sherlock impacientemente.

— Eu quero que você venha comigo e deixe este país para trás, um novo recomeço. Você e eu somos iguais, brilhantes, superiores e você tem utilidade no meu mundo. – Moriarty falava com convicção.

— Eu e você iguais? Você se esqueceu de que não sou um assassino de sangue frio.

— Meu caro, quanto mais o tempo avançar, mais ela estará fadada ao destino traçado a ela. Acho que para agilizar sua decisão você precisa de um pouco mais de incentivo.

Um dos capangas de Moriarty trazia Bell amarrado e o fez ajoelhar perto de Watson e Sherlock, com uma arma apontada para sua cabeça.

— Detetive Bell. – Sherlock falava incrédulo.

— Não temos tempo para familiarização, você já pode fazer sua escolha. Eu não teria problema em matar os dois e tirá-los do meu caminho, o que resolveria parte do meu problema, mas a escolha é sua.

— Eu vou com você, deixe eles irem. Eu farei o que precisar, mas tenho que ter certeza de que não fará nada com eles. – Sherlock sabia que não podia confiar em sua nêmeses, mas precisava se assegurar que eles iriam ficar vivos.

— Eu perguntei quem fica vivo, um deles sairá daqui já que Watson não terminou sua luta conforme o planejado. – Moriarty usava um tom frio e calmo.

— Sua filha da mãe, você vai pagar com sua vida, eu irei matar...

Um tiro havia sido disparado interrompendo Sherlock e Bell encontrava-se agonizando no chão, era tarde demais para escolher, Moriarty já o tinha feito.

Sherlock foi em direção à Bell pressionando a lesão em sua barriga, mas ele estava sangrando muito, não havia mais nada a se fazer.

— Beeeeeeeeeell, não! Não! – Sherlock gritava com os olhos em lágrimas, não podia acreditar que perdera um dos poucos que fazia parte de sua vida, um amigo.

Watson estava em choque, acabara de ver Marcus sendo baleado e agonizando lá e não conseguia ajudá-lo.

— Peguem eles, precisamos nos mover. – Moriarty deu a ordem a seus capangas e eles a acataram.

Um deles ligou para a polícia e deixou um aviso e a fita da gravação do que havia acontecido aquela noite ao lado do corpo para que encontrassem, especificamente o Capitão Gregson.

Rapidamente estavam dentro de um carro e lá se encontrava Moriarty. Sherlock não pode conter a sua expressão de raiva que era nítida e Watson estava em seus braços, tudo havia acontecido tão rápido e lá estavam eles, sob o poder de uma psicopata e que tinha em suas mãos a vida de ambos.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo já está sendo escrito e logo postarei aqui. Espero que vocês gostem desse capítulo e agradeço a vocês pela paciência.
PS: Eu também queria agradecer pelos comentários maravilhosos na história que vocês deixaram, eu me senti muito feliz por lendo. Muito obrigada pessoal.