Escola de Fadas-saggezza escrita por Kami


Capítulo 9
Sexta Lição,parte II- Lendas Romenas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/40050/chapter/9

Melissa e Marya estavam tão entretidas conversando que ignoravam o tempo e terceira  pessoa na sala.Marya gostava de fotografias e fazer montagens com figuras.Tinha dezenas de álbuns com fotos dos castelos da Romênia.

 

A família dela estava no ramo do turismo.Possuíam albergues,organizavam excursões e festivais.Ela morava no maior dos albergues com os pais.Para a vergonha de Marya,usavam o mito dos vampiros como chamariz.Todos os anos promoviam o Baile dos Vampiros. Belos rapazes fantasiados de Drácula e garotas com vestidos da era vitoriana convidavam os visitantes para dançar.Os atores usavam maquiagem e caninos falso quando se apresentavam para o publico.

 

-Acho legal fazerem uma festa á fantasia todo anos?-observou Melissa.

 

-O problema é que minha vida era uma festa á fantasia.Meu pai usa uma capa preta e vermelha para recepcionar os hospedes.Todos tínhamos que usar fantasias dentro de casa.-falou Marya com indignação.

 

-Mas por quê?

 

-Foi idéia do meu tio.Segundo ele,os turistas esperam um ar de mistério.Um ambiente do século IXX. 

 

-Mas fora de casa você não precisava da fantasia?Certo?-Melissa não demonstrava mas estava confusa.Será que Marya considerava seu vestido,tiras de couro e correntes como uma roupa normal?

 

-Não fazia muita diferença.Todos na escola me chamavam de condessa Zaleska.Filha do Drácula.Princesa dos vampiros.Até os professores as vezes chamavam.

 

Melissa sentiu uma pontada de inveja.Enquanto ela só tinha levado um vida comum, Marya parecia ter levado uma vida mais interessante. Melissa nunca chamou a atenção dos colegas na escola.Nunca foi popular ou excluída.Fica curiosa imaginando como seria receber atenção,mesmo que fosse de forma negativa.

 

-Pior eram os garotos.Só tinha cretinos!

 

-O que eles faziam?

 

-Me davam cantadas dizendo coisas do tipo “no seu caixão ou no meu”, “não precisa morder só o pescoço”, “vamos fazer morceginhos”.

 

-Pelo menos você era popular na escola.-Melissa preciso de esforço para não rir das cantadas.

 

-Eles só queriam se exibir! Tirar onda! Mostrar que tinham uma namorada vampira.Só queriam isso!-Marya abriu a boca e mostrou um par de longos dentes caninos.

 

-Nossa! São de verdade?-Melissa percebeu tarde demais como a questão era idiota.

 

-É claro que são de verdade! Mas caninos grandes não fazem de mim uma vampira.

 

-Desculpa.Eu sou uma ignorante quando o assunto envolve moifees!

 

 -Tudo bem! Não é a primeira vez que eu assusto as pessoas com esses “dentinhos”.

 

-Já procurou um dentista? Talvez pudesse reduzir um pouco.

 

-Os meus pais enchem o saco quando eu falo em mexer nos dentes.Eles dizem os dentes são saudáveis e mexer nele pode estragar a minha mordida!

 

As duas riram quando ouviram a palavra “mordida”.Melissa percebeu já havia passado 1 hora desde que entrou na sala.Até agora ninguém tinha parecido e dado informações sobre o teste.

 

-Ser um moifee na Romênia não é fácil!-Mayra parecia estar fazendo uma confissão.

 

-Mas você falou que moifees recebem um status especial.

 

-As angulares recebem.E o status só vale dentro da família.-Marya demonstrou um  olhar de revoltada.

 

-E quem foi a angular da sua família?-Melissa sabia que a pergunta não era apropriada mas a curiosidade prevaleceu.

 

-Minha tia, Lamira.Irmã mais nova do meu pai.É só 9 anos mais velha do que eu.No aniversario todos os adultos da família tem de realizar a vontade dela.

 

-E por que ela recebe esse tratamento?

 

-Uma lenda fala de uma fada e um fazendeiro que se apaixonaram. Desse amor nasceu uma linda criança.Os três viveram felizes por um tempo, mas uma dia a fada e criança partiram.O fazendeiro sofreu muito e passou a se dedicar apenas ao trabalho.Sua fazenda tinha os campos mais férteis e os rebanhos mais produtivos de toda a Romênia.Era como se todas as estações fossem primavera nos campos dele.A prosperidade atraiu o ódio de pessoas invejosas. Um dia o fazendeiro foi atacado,sua colheita queimada,os animais roubados e casa destruída. Ele sobreviveu mas tinha perdido tudo.As pessoas de vila, que eram os responsáveis pelo ataque, o acusaram de ser amaldiçoado e o expulsaram.Ele vagou faminto,ferido e desamparado até uma outra vila.Os moradores sabiam o que tinham acontecido com ele e quem eram os responsáveis.Queriam ajudar mas ficaram com medo.Se o acolhessem poderiam entrar em desavença com a outra vila.Apenas uma mulher se ofereceu para cuidar dele.Era idosa e solitária.Ela perderá o marido e filho muitos anos atrás.O fazendeiro acabou morrendo apesar dos cuidados da idosa.No final ela foi obrigada a enterrar o corpo sem ajuda, ninguém queria se envolver.Após terminar de cobrir o corpo,com muito esforço, uma menina apareceu diante dela. Era linda como uma princesa dos contos de fada.Agradeceu a mulher por ter cuidado de seu pai e ofereceu um desejo como recompensa.Ela desejou uma fortuna para que pudesse partir para outro lugar. Uma vila sem pessoas cruéis e covardes.Quando retornou para sua casa encontrou uma bolsa cheia de moedas de ouro e uma carruagem,com um cocheiro envolto em mantos vermelhos. Pegou o ouro e entrou na carruagem.O cocheiro partiu sem trocar uma palavra com sua passageira.

 

-Então as pessoas acreditam que crianças moifees concedem desejos?-Melissa estava entusiasma com o conto.Imaginava todas as milhares de estórias que iria conhecer em Saggezza.Era estimulante pensar que de alguma maneira ela estava ligada a todos elas.

 

-Essa é apenas metade da estória.O resto é menos agradável.-Marya tinha um sorriso sinistro nos lábios.

 

-Falam que depois que idosa partiu uma tempestade devastou as duas vilas.Tanto a das pessoas cruéis quanto a dos covardes.

 

-Depois do que fizeram com o coitado do fazendeiro não mereciam um final feliz!-Melissa sabia que os contos de fada sempre têm uma lição de moral.Os maus sempre acabam sendo castigados.Mesmo que o castigo seja exagerado.

 

-Nem a velha teve um final feliz! Muitos viajantes falam ter visto uma carruagem,guiada por um homem vermelho,surgir e desaparecer do nada.Os cavalos correm mais que carros.Os que conseguiram ver o interior dizem que o passageiro ou passageira é um esqueleto coberto de jóias douradas.

 

-Ela virou uma assombração?Como?-Melissa não gostou de ouvir um conto de fadas virou uma estória de terror.

 

-Ela desejou chegar em uma vila sem pessoas cruéis e covardes?Será que existe uma vila ou cidade assim?E se o cocheiro só pudesse parar quando chegassem ao seu destino? O que aconteceria com o passageiro de uma carruagem que nunca para?

 

-Eu achava que só havia estórias de vampiro na Romênia!-Melissa tentava não demonstrar o choque com o destino da podre idosa.A única pessoa generosa e com coragem em duas vila merecia um destino melhor.

 

-Os contos de vampiro são os mais populares.Existem muitos contos sobre fadas e moifees em todo leste europeu.

 

-São todos macabros ou algum tem final feliz?

 

-Depende de como você define o que é feliz. Quer conhecer o conto de Leska? A princesa das fadas do sangue.-O sorriso sinistro cresceu. Marya realmente adora contar estórias. Especialmente as que espantavam.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo


• O conto sobre o fazendeiro e a idosa foi invenção minha,Tem elementos de contos que ouvi muito tempo atrás mas nem por isso deixa de ter originalidade.

• Minha intenção original era apresentar o teste de afinidade nesse capítulo.Porém achei que precisava desenvolver mais a personagem Marya Zaleska.Mostrar um pouco de seu passado e personalidade.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escola de Fadas-saggezza" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.