O Choro Das Ninfas escrita por Pessoana33


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei muito apostar. E já estou com este capítulo a mais de uma semana (os capítulos de Juliette dão cabo de mim emocionalmente, e EU nunca sei que palavras hei-de usar.)
Só consegui acabar hoje.
Um Capítulo acabadinho de sair dO forno x'DD



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Juliette

Aplausos que eu não quero ouvir. Tomara que as suas mãos caem como as folhas caem no Outono. Quero o silêncio. Quero que haja paz sobre mim. Eu não sei há quanto tempo eu desejo um final feliz. Sempre acreditei que um dia seria levada desta vida, e seria a pessoa que tenho dentro de mim. Mas a cada dia que passa e cada dia que envelheço torno-me menos eu, e torno-me o que todos eles esperem que eu me torne. Um objecto sem valor escondido num canto qualquer.

Fecho os olhos. Não há mais dor, e todas as pessoas ao meu redor desaparecem. Os aplausos cessem e agora só ouço o silêncio.

– Acorda.- Alguém grita em meus ouvidos. – Pai, não a quero esta estragada. – Diz uma voz indignada.

Eu tento abrir os olhos, mas eles parecem que estão costurados em meu rosto. Será que me tornei cega, e terei de ver o negro para todo sempre? Eu quero ver, mesmo que tenha de ver as coisas horríveis em todos os meus dias. Porque se eu não conseguir ver, a minha vida pode se tornar num inferno sem fim. Já não bastava os homens poderem-me tocar? Se Warner conseguiu, os outros também conseguirão. Tenho medo de ser tocada. Tenho medo de ser tocada por rostos que nunca irei ver.

– Filho não a toques.- Berra uma voz adulta.

E dedos magrelos percorrem o meu braço.

Não me toquem. Gritos dispersam em minha mente, enquanto minha boca permanece fechada.

– Ai, ela queima. – A voz irritante choraminga.

Deixo de ouvir as vozes, e adormeço.

Uma criança chora, no meio da escuridão. – Papai.- Ela chama por alguém. E esse alguém abre a porta e de repente entra uma fresta de luz por todo o quarto. Vejo uma criança deitada numa cama confortável. Seus olhos cheios, e seu rosto molhado.

O homem senta-se ao lado do menino e limpa as lágrimas dos seus olhos. E o menino sorri.

– Não tenhas medo, porque papai esta aqui.- Diz o homem de cabelos negros.

– Papai, o monstro ia pegar-me.- No rosto do menino havia pavor.

– Foi só um pesadelo.- O homem passa a mão pelos cabelos do filho.

– Mas os monstros eram tão reais.- Afirma o menino.

– Eles não são reais. Monstros não existem.- Homem beija o rosto do filho. - Agora dorme.

O menino fecha os olhos, e eu abri os meus e acordei.

E a primeira coisa que vejo é o horror. O horror em seu esplendor. E doí só de olhar. Fecho os olhos com a esperança de acordar deste pesadelo. Mas quando abri de novo, a imagem não mudou, até pelo contrário parecia tudo mais vivido mais real.

Vejo mulheres em caixas de metal. Vejo mulheres penduradas pelos seus braços, e os seus corpos balançam como se não houvesse peso neles. Alguns rostos desfalecidos. Alguns corpos mortos. Outros incompletos com membros em imputados. Mulheres de olhos vendados. Nunca pensei que o pesadelo pudesse ser tão real.

O cheiro de carne apodrecida e sangue envelhecido estendesse no ar.

E eu não consigo respirar.

O medo apoderou-se de mim e todo meu corpo estremece com o pensamento da dor que eu irei sentir.

Será que estou no covil do Diabo?

– Finalmente a Bela adormecida acordou. – Diz uma mulher de cabelos ruivos, e os seus braços sustentam o seu corpo pendurado, e seus olhos estão vendados. – Bem-vinda ao paraíso Princesa.

– Onde estamos? – Pergunto e minha voz sai tremida.

– No Paraíso.- Gargalha mulher como se tudo isso fosse uma piada.

– Quem esta frente deste lugar? Quem é o seu dono? – Tento mexer-me, mas não consigo, e reparo que estou deitada numa maca e todo meu corpo é mobilizado por correntes.

– O senhor Ermeson é o nosso dono. Ele é um tipo muito simpático, dá para ver como ele gosta de agradar os seus hóspedes.- Responde sarcasticamente.

Não lhe pergunto mais nada. Também não há mais nada para perguntar. Fico em silêncio. Olho para os meus pés, porque não consigo olhar para elas. Porque se olhar para elas irei ver o que não quero ver, e mil terrores irão esquartejar minha mente.

– Chamo Jena. E qual é o teu nome menina intocável? – A pergunta soa um tanto hostil.

– Menina intocável. – Respondo-lhe amargamente.

Suas gargalhadas estripam o silêncio. E mais gargalhadas misturam a dela, mais e mais, e esse som incomoda-me, deixa-me atordoada, e é como se mil vozes invadissem minha mente, e todas elas arrancassem os meus pensamentos para fora de mim. Minha mente sangra. Fico doente.

– Parrem com isso.- Grito, e o meu grito arrasta-se por todo este lugar.

– Parar com o quê? – Pergunta uma voz masculina. Procuro pelo homem, mas não o encontro.

E as gargalhadas se foram.

As mulheres ficam em silêncio.

– Quem é você? – Pergunto para a voz sem rosto.

– Ela engraçada, Papai. – Ouço a voz de uma criança.

E as vozes ganham forma.

Um homem alto de cabelos grisalhos, um menino pequeno com sorriso inocente nos lábios, saem das sombras.

– Pode-me chamar de amo. – Diz o homem alto, e eu presumo que ele seja o senhor Ermeson.

– Pai, ela é minha. – Repreende o menino. Sinto como se essa criança fosse toda errada.

– Eu não sou de ninguém.- Digo com firmeza. E o sorriso do menino dilata-se por causa das minhas palavras.

– Ela é indomável.- Menino chega mais perto, e consigo ver os seus olhos despromovidos de qualquer emoção. Não, estou enganada. Há maldade reflectida em seu rosto. – Vai ser divertido.

– Não a podes tocar, filho.- Diz o senhor Ermeson.

– Não preciso de toca-la para divertir-me.- Ele pega num objeto pontiagudo, e aproxima-se de mim.

– Juliette pronta para a diversão? – Pergunta-me com uma expressão maliciosa.

Ele desliza o objeto sobre as minhas pernas nuas, sinto aspereza e a frieza do metal. Quero fugir. Quero libertar-me dos meus opressores. Quero deixar para trás esta vida vazia.

Tento libertar-me das correntes que pregaram em mim. Mexo e remexo. Mas continuo presa.

O menino levanta o objeto com as duas mãos. Vejo o seu sorriso malicioso. E depois sinto uma dor pungente. Mordo a língua, para impedir o grito, minha boca enche de sangue. Eu não irei gritar, eu não posso presenteá-los com o meu sofrimento. Lágrimas acumulam-se nos cantos dos meus olhos, e eu vejo tudo embaçado.

– Só tens de gritar, Juliette, e eu paro.- Afirma o menino, enquanto levanta objeto ensanguentado.

Não grito, permaneço calada. Olho para a minha perna direita, e vejo sangue a escorrer para fora de mim. Um buraco em meu joelho.

Sem aviso prévio o menino fura a minha coxa. Fecho olhos, e estrangulo o grito. Eu não irei gritar, mesmo que eles furam todo o meu corpo. Uma lágrima escorrega para fora do meu olho.

– Ei pirralho, eu tenho umas boas cordas vocais, não me queres ouvir?- Berra a mulher de cabelos ruivos.

– A minha voz é doce.- Diz outra mulher.

Uma mulher grita.

– Meu grito soa melhor.- Resmunga outra, e depois ela berra.

– CALEM-SE.- Ordena o senhor Ermeson.

– Ei pirralho, á quanto tempo não brincas comigo? - Contínua a mulher ruiva.- Eu posso ouvir teus pensamentos mais imundos. Tu nunca poderás tocar nela mas em mim poderás tocar, e eu prometo dar aquilo que essa aí não te pode dar.

O menino olha para mulher ruiva. Seus olhos fixam no corpo despido dela. Ele caminha em passos ansiosos. E com o objeto de metal corta o ventre dela. Ela berra de agonia. E ele sorri inocentemente, como se ele estivesse satisfeito por vê-la sofrer, por ouvi-la chorar.

– Pai, manda alguém levar esta aqui para o meu quarto.- Pede o menino e depois sai por uma porta que eu não sabia que existia.

Eu sonhei com uma criança que sonhava com monstros, mas seu pai garantiu que eles não existiam. Ele mentiu, porque eles realmente existem.


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Notas finais do capítulo

Pobrezinha de Juliette, que esta nas mãos se uma criançinha endiabrada.(eu ainda não arranjei um nome apropriado para criança, quem quiser deixar sugestões eu aceito de boa vontade).
Prevejo que Juliette ainda irá sofrer um bom pedaço (quando é que ela não sofre?) alguém que salve Juliette deste inferno. A onde estas Romeu? x'DDD


—--> Estou a pensar seriamente em elaborar uma nova fic do livro "a desconstrução de Mara Dyer". Boa ideia ou má ideia? :$$