– Pelos deuses que seja real!

Milo findava o beijo um tanto preocupado de estar sonhando com ela, não seria nada surpreso para ele que fosse, ultimamente seus sonhos o perturbavam mesmo que estivesse acordado, mas geralmente eles eram torturantes, banhados de sangue e frio. Este com toda certeza era melhor e muito mais duradouro do que os poucos que atravessavam seus pesadelos chamando por ele, lhe acariciando pele e o aninhando nos braços, mas logo sendo substituído pela dor e desespero de ver o frio congelar o corpo que ele abraçava e ver a decepção nos olhos dela, por ele não ser forte o suficiente para salvá-la. Esperou agora o momento que ele acordava apavorado, mas este não veio.

– É real!- ele sentia o calor do corpo dela junta ao seu, ele sentia sua respiração alterada, ele ouvia seus corações batendo descompassados, ele sentia as lágrimas molhando seu peito, ele sentia sua própria vida entre os seus braços.

– Você está bem, você voltou- ela chorava baixinho, ora abraçando ora passando as mãos pelo rosto e corpo dele, vendo se não estava machucado- Desculpe por não ter estado lá quando voltaram, eu, eu...- enterrou rosto em seu peito novamente e chorou mais um bocado, enquanto que o Cavaleiro afagava suas costas- Eu fiquei tão perdida sem você, tão infeliz que...

– Eu amo você - Shina ergueu os olhos para os rosto dele, para vê-lo sorrindo.

Nunca havia dito que a amava, não com palavras, ela sim muitas e muitas vezes e repetiria outras tantas, mas para Shina suas carícias, seus beijos, seus olhares e até mesmo a tentativa de fazê-la o odiar dias antes dele ir ao inferno diziam isso, por isso a Amazona não lhe cobrava palavras, elas não eram necessárias, não vindas de seu Cavaleiro.

– Eu amo você- ele repetiu saboreando as palavras na boca, subindo a mão pelas costas dela pousando-a em sua nuca, trazendo para mais um beijo.

O corpo dos dois vibram com o contato das línguas, ambos querendo demonstrar todo o amor que sentiam, ambos vivos.

...

Milo acordou no meio da noite mais uma vez, meio desorientado devido ao sono interrompido, olhou ao redor do quarto acostumando os olhos à escuridão, levantou-se e foi para cozinha.

Já estava virando rotina isso, acordar sozinho de madrugada e ir para cozinha, ele não gostava muito disso.

– Shina - falou recostado na porta da cozinha, vendo a mulher, sua mulher comendo bolinhos de maçã- Venha para cama

– Mas eu ainda não acabei - ela disse dengosa- Só mais esses e eu vou, pode ir- disse fazendo uns gestos com uma mão enquanto que a outra pegava um pãozinho.

Milo suspirou alto, já tinha feito aquilo, mas na ocasião ela devorava uma torta de pêssego e demorara mais do que o suportável. Chegando aonde ela estava, ele apanhou a cesta de pão a segurou pela mão e a levou para o quarto.

– Pronto, pode comer!- disse sentando na cama apoiando as costas e colocando ela em seu colo.

Shina nem protestou ajeitou-se nele pegando outro pãozinho e Milo acariciava sua volumosa barriga.

Fim.